Luiz Carlos da Vila, compositor de alta patente

 

          Compositor de alta patente, passeia no uso das palavras e dos versos. Nei Lopes escreveu, com a competência de quem é mestrado no samba,  que o pagode atual (genérico de samba),  é repetitivo e sem malícia. Luiz Carlos da Vila compõe com muita malícia e variação, mostrando como se faz de fato e fazendo parceria com a opinião correta de Nei Lopes. Não sei o quanto é preciso realizar para entrar na seleta lista dos grandes compositores,  mas se depender de mim,  ele já está inserido. Faz parte do primeiro quadro.
          Sinceramente, comecei a conhecer seu trabalho com o disco "A luz do vencedor – onde homenageia Candeia. Um dos melhores discos que adquiri nesses últimos anos. Difícil pular alguma faixa, ouço todas até hoje, de cabo à rabo. Nada ali é comercial, tudo é puro, a fina flor do samba. Nesse disco percebi sua preocupação com a qualidade, desde a capa até a escolha do repertório, passando, logicamente, pela musicalidade marcante e envolvente. Somar a divina criação do mestre Candeia com a interpretação de Luiz Carlos da Vila, uma interpretação simples, mas de qualidade indiscutível, só poderia gerar coisa boa. Esse disco e outros que escutei apenas confirmaram a sua capacidade de sambista autêntico.
          Artista de enorme talento e de tão pouca mídia. Poeta do ritmo restrito aos que apreciam o samba verdadeiro. Infelizes os que não conhecem Luiz Carlos da Vila e se deixam levar pelas imposições comerciais do mercado e do modismo. Ficam idolatrando falsos ídolos de barro, ouvindo músicas e letras de baixa qualidade e desconhecem jóias preciosas. Sempre admirei um compositor que carrega a sua bandeira, que faz dos seus versos e rimas o seu ganha pão, mas, ao mesmo tempo,  o faz com fidelidade à suas raízes e origens, não se deixando levar pela mídia do consumo. Fazendo  realmente aquilo que se propõe e gosta, não entrando na onda do comercial.
Valeu, Luiz! O grito forte desse nosso samba verdadeiro e puro. E o nosso samba, querido samba, continua forte como um baobá nas mãos e mentes desses poetas extraordinários. Que a chama da inspiração nunca se apague e presenteie sempre nossos ouvidos com suas pérolas.

José Ricardo Leite
Especial para o Portal Academia do Samba

 

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