FICHA TÉCNICA 2009

 

Carnavalesco     Ewerton Domingos
Diretor de Carnaval     Joel Toledo e Edson Marinho
Diretor de Harmonia     Jorge Luis Torres Braga (Jorge Piu-Piu)
Diretor de Evolução     Jorge Luis Torres Braga (Jorge Piu-Piu)
Diretor de Bateria     Mestre Thiago Eires (Cuca)
Puxador de Samba Enredo     Kayque Santos
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Carlos Augusto (Junior) e Marcela
Segundo Casal de M.S. e P. B.     Rafael e Rebeca
Resp. Comissão de Frente     Fernando Rebello
Resp. Ala das Baianas     ................................................................
Resp. Ala de Passistas     José Alexandre
Rainha da Bateria     Bianca
Princesa da Bateria     Júlia Nascimento
Madrinha da Bateria     Emily Oliveira
Musa da Bateria     Marcele Ferreira
Padrinho da Bateria     Mestre Esteves

 

SINOPSE 2009

De França Antártica a Paris dos Trópicos

Síntese do Enredo:

          A temática escolhida pela Agremiação faz uma leitura histórica do Rio de Janeiro desde a invasão francesa até o início do século XX com a vontade do Prefeito Pereira Passos em remodelizar a Cidade do Rio de Janeiro em uma nova Metrópole. A escola mostrará a invasão francesa e sua visão que tinham do Novo Mundo, a invasão cultural com a chegada da missão artística francesa e sua influência nas Arte Brasileira na pintura, escultura e arquitetura; Posteriormente o período em que Sarah Bernard esteve no Brasil e finalmente quando o Prefeito Pereira Passos com sua visão européia transforma a cidade em Paris dos Trópicos.

Sinopse:

Setor – A França abaixo da linha do Equador

          Estamos no Rio de Janeiro no ano de 1555, mais precisamente na Baía de Guanabara. Franceses aportam na nossa então morada, cerca de 100 homens comandados por Nicolas de Villegagnon ficam na ilha que hoje possui seu nome e com o objetivo de colonização de toda essa terra... Totalmente exótica aos seus olhos, uma terra sem males, com cores fortes, muitos mistérios, muitos desejos e grandes temores passam por suas cabeças. Seria o paraíso perdido? O Jardim do Éden, presente nas escrituras sagradas “é impossível encontrar um amarelo mais excelente” do que o do peito do tucano; as cores das araras vão de "ouro fino" a "azul fino" ou "fino escarlate"; comentam.
          Tudo é fino e brilhante, pois que remete, nas entrelinhas, ao tema do ouro. Isto... Eles se encontram então na idade do Ouro, nesta terra fausta com tantas novidades. O pau-brasil é uma ambição, a descoberta de ouro no sertão das Minas Gerais aumentou a cobiça de corsários franceses aos domínios de Portugal, atraindo-os para o litoral da Região Sudeste.
          André de Thevelt, um dos navegadores franceses, assinala a presença de ouro no Brasil, ao relatar o depoimento de um preso, conforme o qual "a abundância de ouro é tamanha, que os habitantes do país acham ouro nos riachos que descem das montanhas, em pedras que trocam entre si, e das quais fazem colares para as crianças". A fantasia do Eldorado nesta terra se torna constante no imaginário destes franceses. Até os nativos indígenas tamoios se tornam simpáticos aos invasores que os presenteiam com quinquilharias, considerando que não gostam nem um pouco da idéia de trabalho escravo imposta pelos portugueses. São apelidados pelos simpáticos franceses como “o bom selvagem”. Porém nem tudo é um mar de rosas nesta terra, pois para colonizar a terra firme, era necessário sair da Ilha de Serigipe (a atual ilha de Villegagnon) que era o local da defesa da França Antártica, isto mesmo, o Rio de Janeiro foi nomeado por Villegagnon como tal, pois anti-árkos significa oposto à Ursa maior, ou seja, do outro lado do mundo. Mas voltando a problemática, era necessário povoar a França Antártica, e o número pessoas era predominantemente masculino, Villegagnon determinou que os colonos franceses se casassem com as nativas, gerando assim o início de uma miscigenação. Lamentavelmente esta lua de mel não durou muito, a França Antártica viveu aproximadamente 10 anos. Portugueses enciumados com essa paquera dos franceses com o Brasil os expulsaram liderados por Estácio de Sá e Mem de Sá, fundando assim em 1 de março a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Findando este relacionamento da França com o Rio de Janeiro... Será?

Setor – A invasão cultural

          No início do século XIX, os exércitos de Napoleão Bonaparte invadiram Portugal, obrigando D. João VI (rei de Portugal), sua família e sua corte (nobres, artistas, empregados, etc.) a virem para o Brasil. D. João VI, preocupado com o desenvolvimento cultural, trouxe para cá material para montar a primeira gráfica brasileira, onde foram impressos diversos livros e um jornal chamado A Gazeta do Rio de Janeiro. Nesse momento, o Brasil recebe forte influência cultural européia, intensificada ainda mais com a chegada de um grupo de artistas franceses (1816) encarregado da fundação da Academia de Belas Artes (1826), na qual os alunos poderiam aprender as artes e os ofícios artísticos. Esse grupo ficou conhecido como Missão Artística Francesa, liderados pelo francês Joachin Lebreton. Os artistas da Missão pintavam, desenhavam, esculpiam e construíam à moda européia, obedeciam ao estilo neoclássico, um estilo artístico que propunha a volta aos padrões da arte clássica (greco-romana) da Antigüidade. Os pintores franceses que vieram ficaram encantados, motivados pela paisagem luminosa e pela existência de uma população exótica e cheia de costumes a serem retratados. Um desses artistas chamava-se Jean-Baptiste Debret que foi chamado "a alma da Missão Francesa". Ele foi desenhista, aquarelista, pintor cenográfico, decorador, professor de pintura e organizador da primeira exposição de arte no Brasil (1829). Em 1818 trabalhou no projeto de ornamentação da cidade do Rio de Janeiro para os festejos da aclamação de D.João VI como rei de Portugal, Brasil e Algarves, esta ornamentação, possuía monumentos como Arcos do Triunfo, e desfiles de alegorias que mostravam deuses gregos abençoando a corte portuguesa no Brasil. É em Viagem pitoresca ao Brasil, coleção composta de três volumes com um total de 150 ilustrações, que ele retrata e descreve a sociedade brasileira. Seus temas preferidos são a nobreza e as cenas do cotidiano brasileiro e suas obras nos dão uma excelente idéia da sociedade brasileira do século XIX. No campo da arquitetura, a Missão Francesa desenvolveu aqui o estilo neoclássico, abandonando os princípios barrocos. O principal responsável por essa mudança foi o arquiteto Grandjean de Montigny, autor do projeto do prédio da Academia de Belas-Artes. Embora com o apoio real, a missão encontrou resistência entre os acadêmicos portugueses, ainda executores do estilo que se intitularia mais tarde como o Barroco, pois traziam as linhas puras, neoclássicas, em uso na França. Lebreton então o líder da Academia falecera. Como diretor da Academia Imperial de Belas Artes, foi nomeado o português, professor de Desenho, Henrique José da Silva, artista conservador, ferrenho crítico dos franceses, no que se descreve como golpe mortal dado às Belas Artes no Brasil. O seu primeiro gesto foi liberar os franceses de suas obrigações como professores. As críticas já haviam provocado o retorno à França de Nicolas-Antoine Taunay em 1821 (ano da morte de Napoleão), substituído por seu filho, Félix Taunay. Em 1831, Debret também retornaria à França. Mesmo com a saída dos franceses da Academia, nossos costumes não estariam distanciados da França até então centro do mundo, desta vez uma única francesa chega o Rio de Janeiro e deixa a todos encantados. Veio ao Brasil quatro vezes, as duas primeiras ainda durante o reinado de D. Pedro II. Sarah Bernard, a grande estrela dos palcos franceses que era aclamada por toda a Europa. Sua peça de maior sucesso aqui foi “A Dama das Camélias” de Alexandre Dumas.A Cidade do Rio de Janeiro não encantou a atriz, acostumada com o melhor dos ares europeus; ela diz em carta para um amigo, à celebridade alfineta o imperador que havia ocupado o camarote sem passar pela bilheteria:
          - O Imperador do Brasil parece que é pobre demais para comprar uma assinatura. Toda noite chega ao teatro numa carruagem puxada por quatro mulas ofegantes. E que carruagem! Tão absurda quanto seus guardas esfarrapados. Esses galantes brasileiros parecem que estão sempre brincando. Brincam de construir casas, de abrir estradas, de apagar incêndios, de ser entusiásticos... A vida aqui é feia – oh, muito feia.

3° Setor – Nasce Paris no Rio de Janeiro

          Entre 1903 e 1906, um furacão tomou conta da cidade do Rio de Janeiro. O prefeito Francisco Pereira Passos, inspirado em Paris, iniciou a maior reforma da então capital federal. A idéia era “civilizar” a cidade e apagar o seu passado colonial. O Rio seria a vitrine do país, livre de epidemias e da falta de higiene. Pereira Passos teve plenos poderes. Engenheiro que agiu como ditador. Pôs abaixo 2.500 imóveis, abriu e alargou 250 ruas, mobilizando 1.800 operários. Era o “bota abaixo”, gritava o povo, reclamando do prefeito que “fugiu do hospício”. Ao assumir, Passos baixou leis que davam idéia do que viria. Queria acabar com os costumes “bárbaros” e “incultos”. Em janeiro de 1903 ficava proibido cuspir nos chão dos bondes; também proibia ordenhar vacas na rua, costume carioca de oferecer leite de porta em porta com a vaca a tiracolo; casas tinham que ser bem iluminadas, e ventiladas; eram obrigadas a ter janelas; carne não poderia ficar exposta em frente dos açougues. Assim, meio a truculência, a Belle Époque chegou ao Brasil. Essa reforma urbanística aos moldes de Paris acabou fazendo com que a classe burguesa se interessasse pelos costumes parisienses, tomar chá, passear pela Avenida Central com suas vestimentas inspiradas nas últimas modas francesas; leques, perfumes, cartolas e bengalas. Toda a Avenida Central estava agora com ares franceses; o Teatro Municipal construído por Charles Garnier era cópia exata do Ópera de Paris no melhor da arquitetura eclética. A cidade do Rio de Janeiro tinha ares Art Nouveau era agora uma metrópole. Desta vez os costumes e a aparência francesa invadiam o centro do Rio de Janeiro, a cidade passou a ser conhecida como a Paris dos trópicos, bela e admirada pela sua natureza exuberante que também possuía a sua magia surgindo como uma borboleta saindo de sua crisálida. A cidade do Rio de Janeiro agora era a Paris localizada entre os trópicos.

Ewerton Domingos

Organograma de desfile:
  • Comissão de Frente – A chegada dos franceses na Baía de Guanabara e a sua relação com os Índios Tamoios.
  • 1º casal de Mestre-Sala e Porta-bandeira – Ouro e pedras preciosas, a ambição dos franceses.
  • Carro 01 - Abre Alas – O Eldorado
  • Ala 01 – O ouro em terras brasileiras
  • Ala 02 – A natureza exótica e colorida
  • Ala 03 – O índio tamoio
  • Ala 04 – A miscigenação, índios e franceses
  • Ala 05 – Os portugueses
  • Ala 06 – A chegada da Família Real e seus costumes europeus
  • Carro 02 – A ornamentação do Rio de Janeiro e festejos de aclamação de D. João VI
  • Ala 07 – Debret e a Missão Artística francesa
  • Ala 08 – Lebreton e a arquitetura francesa
  • Ala 09 - Bateria – Marc Ferrez, o fotógrafo
  • Ala 10 - Ala de Passistas – Sarah Bernard e o teatro francês no Brasil
  • Ala 11 – O Bota Abaixo
  • Ala 12 – O Rio de Janeiro francês
  • Ala 13 – Ala de Baianas – Perfumaria francesa no Rio
  • Ala 14 – O estilo Art Noveau, Paris dos trópicos

 

SAMBA ENREDO                                                2009
Enredo     De França Antártica a Paris dos Trópicos
Compositores     Claudinho Russo e Robertinho

Rio de Janeiro salve São Sebastião
Terra adorada idolatrada
Que encantou Villegagnon
Repleta de fauna e flora
Famosa por seu pau -Brasil
Seus rios banhados em ouro
Guardavam tesouros do nosso Brasil

Com a miscigenação
Aumentando nosso povo
Como é belo nosso índio
Que beleza de tesouro

Com a guerra em Portugal
A família real se instalou no Brasil
Fundaram o primeiro jornal
A missão francesa então surgiu
Desenhistas e grandes pintores
Retratavam as belezas do país
A Europa aqui se encontrava
E o Rio se transformava em vitrine de Paris

Nesse enredo genial
O meu Brasil é a tela
Nosso clima tropical
Deixa a cidade mais bela
O meu sonho eu vi brilhar em aquarela
Pintou a Nova Geração na passarela