FICHA TÉCNICA 1986

 

Carnavalesco     José Lima Galvão e Gil Ricon
Diretor de Carnaval     ................................................................
Diretor de Harmonia     ...............................................................
Diretor de Evolução     .............................................................
Diretor de Bateria     Áureo Cordeiro Ramos (Mestre Áureo)
Puxador de Samba Enredo     Aroldo Melodia
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     ................................................................
Segundo Casal de M.S. e P. B.     ................................................................
Resp. Comissão de Frente     ................................................................
Resp. Ala das Baianas     ................................................................
Resp. Ala das Crianças     ................................................................
Resp. Galeria de Velha Guarda     ................................................................

 

SINOPSE 1986

E você, o que é que dá?

Justificativa:

          A Comissão de Carnaval do G.R.E.S. Acadêmicos de Santa Cruz optou por um tema que estivesse intimamente ligado as renovadas esperanças de um Brasil melhor. Por ser um momento novo, é também um momento difícil. Em razão disso, nada mais justo que levantar o astral, valorizando as coisas nossas, nossa terra, nossa gente.
          Mais do que uma terra de extensas fronteiras, mais do que uma terra de lindas paisagens, o Brasil é uma terra de grandes contrastes. Florestas, caatingas, pampas, planaltos, litoral, etc., tudo isso é o nosso país.
          Dessa grande complexidade advém riquezas das mais variadas fazendo dessa terra um lugar incomum.
          Ora errando, ora acertando, o Brasil caminha rumo ao seu grandioso destino. Esse futuro dependerá da participação de cada brasileiro, de cada município, de cada estado.
          Imaginamos o Brasil como uma grande família que tem possibilidades, mas para se tornar forte e poderosa, precisa de um verdadeiro mutirão onde cada um contribui com uma parcela, oferecendo o que pode para que a grandeza seja de todos.
          "E você, o que é que dá?" É um tributo aos estados brasileiros, às suas riquezas, folclore, costumes, misticismos, etc., e a tudo que eles ofereceram para a grandeza do Brasil.
          Não poderíamos, por várias razões, destacar todos estados e suas riquezas; nem todas poderiam oferecer plasticidade em se tratando de Carnaval.
          E como se trata de um enredo e não de um trabalho científico, ficamos à vontade para escolher alguns estados para figurar no painel.
          Optamos pelas coisas que nos favorecessem no aspecto plástico-visual e que, ao mesmo tempo, conseguissem simbolizar uma realidade brasileira.
          Os caminhos e descaminhos para esta realização foram muitos. O que resultou, entretanto, deixa-nos satisfeitos.
          Ao povo e ao júri deixamos o julgamento e a convicção de que saberão nos compreender.
          Como representantes da Zona Rural do Grande Rio, trazemos para a passarela do Samba a nossa alegria e a nossa arte, como contribuição para grandeza desta festa espetacular.

Sinopse:

          “E você, o que é que dá?” é uma viagem cultural de setenta minutos sobre o Brasil.
          Características de determinados estados serão aqui registrados em razão de serem ou terem sido marcantes no desenvolvimento de nossa terra. Passado e presente estarão juntos porque não há presente sem passado.
          A nossa terra, que deslumbrou os portugueses a ponto de dizerem que “tudo que se planta dá” (“A terra... tal maneira é graciosa que querendo-a aproveitar dar-se-à nela tudo.”), é, na verdade uma bela exaltação à natureza. Mas, em razão de sua grande extensão, diferentes relevos, solos e condições climáticas, nem sempre tudo o que se planta dá...
          Inegavelmente essa grande extensão de terra, envolvida por diferentes condições climáticas, permite que se tenha uma variada gama de culturas agrícolas como também de produção de minerais.
          Em alguns lugares como a Amazônia, há densas florestas, muitos rios e muitas chuvas. Em outros, há poucos rios, não chove com regularidade e, como conseqüência, a vegetação é pobre. Um extenso litoral de lindas praias favorece a pesca. Em outras regiões o clima é ameno e a terra é fértil.
          Nos campos e nas praias, nas cidades e nas florestas, nas regiões atingidas pela seca, somos mais de cento e vinte milhões, vivendo de maneira diferente de acordo com o relevo, clima, etc., e com as influências mais marcantes das culturas formadoras da nossa nação “mestiça”.
          Para compreender como é a vida nesse imenso país é preciso conhecer o trabalho dessa gente brasileira e o que ela produz.
          Em síntese, a Escola de Samba Acadêmicos de Santa Cruz vai para a avenida exaltar figuras, costumes e produtos regionais que são do conhecimento do povo.
          Sabemos que há muito o Paraná passou à frente na produção de café, entretanto, não se pode falar em café sem lembrar imediatamente de São Paulo que durante dezenas de anos, levantou a bandeira de sua produção elevando a economia brasileira a uma situação de prestígio internacional.
          Na mesma situação a Bahia que por tantos foi a “milagreira” do petróleo, hoje liderado pelo Estado do Rio de Janeiro, no município de Campos.
          Ao colocar, em nosso desfile, a Bahia ligada ao petróleo, estamos prestando uma homenagem ao estado pioneiro na extração dessa riqueza natural.
          Abrindo-se o palco da imaginação vamos encontrar um pouco da realidade brasileira, tendo como apresentador o Zé Carioca que nos mostrará uma história em quadros – um painel carnavalesco – chamado “E você, o que é que dá?
          O trabalho de nossa gente
          Como tudo começou
          A história nos mostra que as atividades agrícolas sempre foram importantes no desenvolvimento da nossa terra.
          O plantio de cana-de-açúcar e sua transformação nos engenhos constituem a primeira atividade agrícola estável do país.
          O progresso na produção de açúcar foi avançando por toda parte. Levantavam-se novos engenhos, cultivava-se mais a terra, empregavam-se novos capitais, buscavam-se mais escravos, produzia-se melhor açúcar, exportava-se mais.
          Mais tarde, com a descoberta das minas de ouro a prosperidade desloca-se para outra região. Rompem-se os padrões de vida econômica e a agricultura é abandonada, entrando em decadência.
          Passado o ciclo do ouro, volta-se à agricultura – base de toda estrutura colonial. O algodão é, ao lado, da cana-de-açúcar, o grande fator de renascimento agrícola. Paralelamente, outras plantas, alguns em estado nativo, são objeto de cultivo, notadamente a mandioca.
          Por esse tempo o café já começava a representar seu papel na economia nacional.
          Se a cana-de-açúcar chegou a ser, a certa altura, a maior exploração tropical do mundo, ao café foi reservado papel idêntico, já no Brasil independente.
          Numa lente caminhada do norte para o sul, a cultura do café, nos fins do século XVIII, avassala grandes áreas nas províncias do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais e notadamente São Paulo.
          Tal como se dera com a lavoura da cana, a do café utiliza, em proporções nunca antes vistas, o braço escravo.
          Assim, o Brasil se tornou durante dezenas de anos, desde o século passado, o maior produtor de café do mundo até perder essa posição privilegiada.
          Em época mais recente, o cultivo do café se irradiou para o norte e oeste do Paraná, seu maior produtor na atualidade.
          Milhões de brasileiros vivem de atividades rurais, trabalhando a terra e criando gados. Entretanto, o Brasil ainda pode produzir mais e melhor.
          A agricultura, por fornecer a base da alimentação de quase toda a humanidade, deve ser encarada seriamente. Como em nosso território a agricultura apresenta diferentes estágios de evolução, o Governo Federal, através do Ministério da agricultura, procura estimular a produção e orientar os agricultores para que usem métodos de trabalhos mais eficientes para o aprimoramento das diferentes culturas, abrindo, cada vez mais, novos horizontes para o Brasil.
          É preciso também que o trabalhador do campo tenha melhores condições de vida para que não abandone o seu trabalho e venha tentar a triste sorte na cidade grande.

E você, o que é que dá?

          Como país tropical, o Brasil é exuberante na produção de ABACAXI... CAJU... BANANA...

Abacaxi

          Não há terras mais propícias à cultura do abacaxi que as nossas. Isto se confirma pelo seu plantio em todo território nacional, destacando-se principalmente os estados de Minas Gerais, São Paulo, Paraíba, Pernambuco e Rio de Janeiro.

Caju

          Contam que, entre os tupis, a frutificação do cajueiro marcava o fim de um ano e o começo de outro, razão pela qual contavam a idade com castanhas de caju. Daí a expressão “ter tantos cajus” significar “ter tantos anos”.
          O verdadeiro fruto do caju é a castanha, em forma de rim, e a parte carnosa, amarela ou avermelhada, é o pedúnculo da flor. As duas partes têm variada aplicação. Com o pedúnculo se fazem doces em pasta, doce cristalizado, geléia, suco, xarope, licor e aguardente.
          Da castanha, que contém elevado teor energético, são extraídos vários subprodutos. Além disso, é gostosíssima para acompanhar aperitivos, como também utilizada em pratos doces e salgados.
          Das folhas às raízes, o cajueiro é usado na medicina popular, no fabrico de instrumentos de carpintaria, etc.
          Ceará, Pernambuco, Maranhão, Paraíba, Rio Grande do Norte, Sergipe e Alagoas, destacam-se como grandes produtores.

Banana

          É uma das grandes riquezas do Brasil. Quase todos os estados a cultivam, mas é entre o sul do Rio de Janeiro e Santa Catarina que se vêem as maiores plantações.
          Da bananeira não são apenas aproveitados os frutos, mas também as fibras longas e amarelas, sedosas e brilhantes para diversos usos tais como tapetes, cordoaria, tecidos, cortinas, etc.
          Banana crua, cozida, assada, frita ou em doces, seja prata, nanica, da terra, ou qualquer outra espécie, é sem dúvida a fruta mais popular do Brasil.
          É tão forte a sua presença, que ela figura no anedotário do povo, nos gestos malcriados, na adjetivação das pessoas sem vontade própria e nos ditos do tipo – Vá plantar bananas!
          Vale lembrar que, precisamente, a partir daqui de Santa Cruz o cultivo da banana é forte no Estado do rio de janeiro, destacando-se os municípios de Itaguaí, Mangaratiba, Angra dos Reis, etc.

Cana-de-açúcar

          Como já vimos, a cana-de-açúcar foi o primeiro produto agrícola do Brasil, que se tornou, em meados do século XVIII, seu maior produtor no mundo.
          Vegetal nativo de regiões quentes foi introduzido em nossa terra, pelos portugueses, no início da colonização. Surgiram os primeiros engenhos e, em torno deles, cresceram vilas e cidades.
Pertenciam a poderosos fazendeiros que moravam na casa-grande, com sua numerosa família.
          O açúcar era um produto raro e muito cobiçado na Europa. Esse período da cana-de-açúcar deixou marcas profundas na formação sócio-econômica do Brasil. Hoje, os antigos engenhos foram substituídos por modernas usinas, onde trabalham milhares de operários.
          Submetida ao simples processo de esmagamento, a cana fornece de 60 a 75% de seu suco doce (garapa ou caldo de cana), base de quase todos os subprodutos desse vegetal.
          Esse caldo é uma bebida refrigerante, agradável, diurética e rica em sais minerais. A evaporação da garapa fornece um melado ou xarope que, submetido a diferentes tratamentos, dá diversos tipos de açúcar: refinado, cristal, mascavo, rapadura, etc.
          O resíduo líquido é o melaço que contém o açúcar não cristalizável (glicose). É desse melaço que obtém, por destilação, álcool e aguardente de cana e, por fermentação, o rum.
          Do melaço ainda se extrai o álcool (cloridrato de betaína), empregado em farmacologia. O resíduo final – vinhaça, vinhoto, caxixi ou tiborna – é utilizado como adubo.
          O bagaço pode ser aproveitado na fabricação de papel e as cinzas desse bagaço fornecem um excelente adubo.
          Além de todas essas utilidades, a cana também é usada na alimentação do gado.
          Vale acrescentar que, há alguns anos atrás, o Governo deu prioridade e destinou mais recursos à cultura da cana para produzir álcool, em grande escala, como opção alternativa para combustão, em virtude da crise e do petróleo. Hoje, os carros à álcool são uma realidade no Brasil.

Amazonas

          No norte do Brasil encontramos a Amazônia – a mais vasta floresta equatorial do mundo – que já foi chamada “Pulmão do Mundo”.
          Abrangendo os estados do norte e parte dos estados do centro-oeste, a Amazônia é uma floresta heterogênea graças a sua posição geográfica e à grande variedade de vegetais. Seu clima é úmido por causa da vegetação e principalmente por causa de seus rios. É a região que mais chove no país.
          Imagine árvores gigantescas, muito próximas uma das outras, impedindo, muitas vezes, a passagem do sol. Há plantas das mais variadas espécies: desde altas florestas como a seringueira e o castanheiro, às mais delicadas orquídeas.
          Nos ares, na terra e nas águas, a vida animal é intensa: insetos de várias espécies, aves de plumagem colorida, répteis, macacos, tamanduás, onças-pintadas e muitos outros. Isto, sem falar no fabuloso mundo de peixes que habitam os rios.
          Muitos naturalistas têm estudado a flora e a fauna da Amazônia e afirmaram que ela é uma das regiões mais ricas do mundo. Todavia, toda essa riqueza é ainda pouco explorada. A floresta é difícil de ser penetrada e chega a ser mesmo um desafio ao homem, que procura retirar dela os recursos para viver.
          Nem tudo é floresta. Há em certos lugares, campos com vegetação diferente, poucas árvores, arbustos de galhos retorcidos e solo coberto de capim. São os cerrados, zona de criação do gado bovino.
          Os primeiros donos da terra – os índios – formam uma parte da população vivendo em aldeias na floresta. Há também muitos caboclos (descendentes de índios e brancos). Trabalham como vaqueiros ou retirando da floresta aquilo que ela pode oferecer: látex, frutos, madeira, etc.
          A produção de mandioca, arroz, feijão, milho, etc., é insuficiente para o abastecimento da população.
          Látex, madeiras, ferro, manganês e outras coisas mais não podem ser utilizados como aparecem na natureza. Mas há pouquíssimas fábricas para transformar essas matérias-primas e o transporte terrestre é insuficiente.
          O Governo criou incentivos para que as pessoas apliquem dinheiro na região e ajudem o seu desenvolvimento.
          A Amazônia é uma grande reserva do país – uma região do futuro. Um desafio ao trabalho, à inteligência e a técnica do brasileiro.
          Falar no Amazonas é falar na Região Amazônica, sua fauna e sua flora.

São Paulo

          Em São Paulo está o maior parque industrial da América Latina. Sua importância é grande, tanto pelo número de indústria como pela sua qualidade.
          Na agricultura também é destaque, figurando como grande produtor em quase todas as culturas: cana-de-açúcar, café, algodão, milho e muitas outras.
          O típico cafezinho brasileiro que revigora o ânimo entre um trabalho e outro, que estimula o organismo cansado é uma deliciosa bebida.
          Foi introduzido no Brasil por Francisco de Melo Palheta que, em 1727, trouxe algumas mudas e semente da Guiana Francesa e distribuiu entre lavradores do Pará.
          Em 1760, o cafeeiro foi levado para o rio de Janeiro, passando para São Paulo onde se espalhou caminhando depois para o Paraná.
          Foi uma marcha gloriosa que alterou a fisionomia do Estado: onde era mata virgem apareceram os cafezais; foram surgindo grandes fazendas e novas cidades.
          Pouco a pouco o progresso chegava ao interior, com novas estradas e aumento da população.
          Tornou-se então o produto básico de nossa economia e o principal produto na exportação. Todos queriam plantar e colher café.
          Veio então a superprodução de 1929 que fez com que abaixasse muito o preço do café exportado. Para regularizar a produção novamente, foi preciso queimar milhões e milhões de sacas.
          Esta fase foi catastrófica pois tudo no Brasil girava em torno do café, que exercia influência nos costumes, na literatura, nos acontecimentos políticos e muito mais.
          O café continua sendo grande riqueza do país, mas alguma coisa mudou. Agora, o Paraná é o seu maior produtor. Entretanto, São Paulo continua com a fama; possivelmente, pelo longo tempo que ficou na liderança.

Minas Gerais

          A época do ouro, como principal riqueza das terras minerais, pertence ao passado. Mas a mineração continua sendo uma atividade importante.
          Hoje cuida-se de um mineral não menos importante – o ferro. Existem em Minas Gerais verdadeiras montanhas de ferro e de outros minerais que vem sendo bastante explorados.
          Em tempos passados, com a expansão dos canaviais surgiu a criação de gado. Mais tarde, a pecuária ampliou a sua função inicial, interiorizando cada vez mais.
          A pecuária é hoje uma das principais riquezas do Brasil. Conforme a região, o clima e as pastagens, são criadas várias raças de gado: em Minas Gerais o principal rebanho é de gado zebu. Mas no sul do território mineiro, graças a criação do gado holandês (mais comum no sul do Brasil) desenvolveu-se a grande produção de leite e a indústria de laticínios que é exportada para outros estados.

Bahia

          Após ter sido transformada em sede do governo geral, teve início na Bahia um período de colonização que ultrapassou a mera posse de terra.
          Chegou a ser, na primeira metade do século XVIII, a capitania mais rica do Brasil com os engenhos de açúcar, a farinha de mandioca, o fumo e o gado do sertão.
          Com o avanço da produção açucareira, era intenso o ir e vir de navios negreiros trazendo braços para a lavoura.
          Da África, exuberante de crenças e magia, vieram os negros trazendo consigo todas as raízes dessa cultura, bruscamente violada.
          Como escravos eram obrigados a praticar religião dos seus senhores; por outro lado, não podiam de deixar de lado seus princípios religiosos. Assim, foram nascendo, aos poucos, os cultos afro-brasileiros, onde as rezas eram dirigidas aos santos católicos, mas invocando os orixás africanos.
          A série de cultos, seja candomblé ou qualquer outro nome que tenha assumido por esse Brasil a fora, tornou-se uma prática religiosa de milhões de pessoas, de todas as classes, de todas as cores, credos políticos e até religiosos. Talvez porque o afro tenha, em si, algo mágico que envolve e satisfaz as impossibilidades das pessoas.
          De todos os estados, é a Bahia que possui maior número de costumes e tradições de origem africana. Seus cantos, danças e comidas típicas lembram a gente africana que ali chegou e viveu.
          A economia baiana baseia-se nas atividades agropastoris, que ocupam grande parte da população, destacando-se cana-de-açúcar, côco da baía, fumo, feijão, milho, mamona, mandioca, etc.
          Grandes extensões de terras são utilizadas pela pecuária, praticada em todo o estado, mesmo nas áreas de grande lavoura comercial.
          Vamos destacar na Bahia a riqueza negra que possibilitou novos rumos para a economia brasileira. Estamos falando do Poço Lobato, primeiro poço de petróleo descoberto no Brasil, em 21 de janeiro de 1939, a uma profundidade de 214 metros. Outros foram sendo descobertos mais tarde.
          Desde então, o governo intensificou as pesquisas de petróleo no país, criando o Conselho Nacional de Petróleo. Diante da crescente necessidade de petróleo, cuja importação se tornava cada vez mais cara, e em razão do nosso desenvolvimento industrial, foi criada a Petrobrás, a qual compete o monopólio de exploração do território nacional.
          Nas refinarias o petróleo é destilado produzindo, além da gasolina, outros derivados de extraordinário consumo: querosene, óleo diesel, óleos lubrificantes, éter de petróleo, benzina, gás combustível, etc.
          Ao petróleo que existe nas bacias sedimentares brasileiras depende o fortalecimento da economia nacional, a valorização do nosso cruzeiro, o aproveitamento dos nossos imensos recursos naturais.
          Atualmente o maior produtor de petróleo é o Estado do Rio de Janeiro, na bacia de Campos.

Nordeste

          A Região Nordeste é muito povoada. A maioria das pessoas vive nas áreas rurais, trabalhando a terra e criando gado. Nos lugares onde chove com regularidade, há melhores condições de vida e, portanto, mais gente.
          No litoral, muitos vivem da pesca. Moram à beira-mar, em casas geralmente feitas de tronco e palha de coqueiro. Levam vida simples, inteiramente dedicada ao mar. São os jangadeiros.
          Dos coqueirais que enfeitam as praia, aproveita-se o fruto. O côco é muito usado na cozinha nordestina. Seu fruto é aproveitado na indústria e transformado em suco e doce. A castanha do caju torrada, salgada e embalada é um produto de exportação.
          Ainda no litoral, muitas pessoas vivem da extração de sal. As principais salinas estão no Rio Grande do Norte, que é o maior produtor de sal do país.
          Frutos de diversas espécies, como o abacaxi e o tomate, são cultivados e industrializados. Também são cultivados o fumo, o cacau, o algodão, a carnaubeira, o coqueiro-babaçu e outros.
          A zona da cana-de-açúcar, outrora a maior riqueza do Brasil, é a mais povoada no nordeste, destacando-se Pernambuco como maior produtor da região.
          No sertão o clima é quente e semi-árido e a vida é muito difícil. A chuva é esperada ansiosamente. Às vezes, ela não vem. A água dos rios seca, o gado morre e as pessoas são obrigadas a abandonar seus lares para sobreviver. São os retirantes. Mas o sertanejo é gente de fibra, só abandonando a sua terra quando a seca torna impossível a sua vida. Mesmo assim, pensa sempre em voltar...
          A caatinga é um tipo de vegetação que resiste a falta d’água. Cactos espinhentos, mandacaru, xiquexique e algumas árvores como o juazeiro e a carnaubeira são algumas espécies.
          Com o gado, quase sempre solto na caatinga, o vaqueiro protege-se dos espinhos da vegetação vestindo-se todo de couro, do chapéu às alparcatas.
          Nas músicas e nas danças que o vaqueiro tanto aprecia, o boi é sempre lembrado. O bumba-meu-boi é um belo exemplo da dança popular da região.

Rio Grande do Sul

          Trabalha-se muito no Rio Grande do Sul. A população é numerosa, a terra é fértil e bem aproveitada.
          Naquelas bandas, a agricultura se desenvolveu com os imigrantes europeus, chegados à região no século passado. Em pequenas propriedades, eles começaram a cultivar a terra, retirando dela tudo o que ela dá: feijão, arroz, mandioca, milho, batata, soja, etc.
          Nessas terras do sul, o inverno é rigoroso. Em certos lugares, cai neve. Esse fenômeno para muitos brasileiros é um espetáculo admirável. Entretanto, as geadas causam grandes prejuízos à lavoura.
          O clima favorece a cultura de cereais como o trigo, o centeio e o arroz. Frutas de clima temperado, como pêssegos, figos e, principalmente, uvas são cultivadas na região.
          Em várias regiões, os imigrantes, principalmente italianos, se dedicaram a plantação da uva com também a fabricação de vinhos, de qualidade cada vez mais apurada.

Rio de Janeiro

          Quando os franceses invadiram a Baía de Guanabara, os portugueses trataram de defender as suas terras. Para isso, fundaram ali uma cidade. E assim começo a história da cidade do Rio de Janeiro – a mais bela do Brasil.
          Já foi capital do país, cidade-estado e agora capital do novo Estado do Rio de Janeiro.
          É uma antiga cidade com mais de quatrocentos anos, que se faz cada vez mais moderna. Isso é possível graças aos trabalhos dos homens que aí constroem aterros, praças, jardins, túneis, viadutos, avenidas, etc. Possui um porto bem aparelhado, bons aeroportos e importantes rodovias e ferrovias que ligam a todas as regiões do país.
          Possui também inúmeras escolas, universidades, bibliotecas e museus, sendo considerada o mais importante centro cultural do país.
          Turistas de todo o mundo se encantam com a beleza de suas paisagens, em que se conjugam, harmoniosamente, mar e montanha.
          E mais: praias lindas e famosas, um céu sempre azul, um sol brilhante e um jeito de festa sempre brincando no ar. Por tudo isto é chamada, com justa razão, Cidade Maravilhosa.
          O Estado do Rio de Janeiro tem uma posição importante na economia brasileira produzindo petróleo, cana-de-açúcar, banana, etc.
          É considerado também o segundo parque industrial do país onde se destacam as indústrias de produtos alimentícios, farmacêuticos, têxteis, químicos, construção naval, etc.
          Entretanto, de tudo que o rio de Janeiro dá, destacamos o Carnaval e o samba que permitem que o turismo também seja uma atividade econômica de grande porte.
          Mais uma vez, como acontece todos os anos, o Rio já é a capital do Samba.
          Começa a pairar no ar um clima de alegria desenfreada que enlouquece milhares de pessoas. Bailes populares, desfiles de escolas de samba, blocos, clubes carnavalescos, clubes de frevo e ranchos, corsos, concursos de fantasia, etc., são incrementados para tornar o Carnaval mais empolgante.
          Mas o ponto alto da festa é o desfile das grandes Escolas de Samba, no Sambódromo. Lá, desfilantes e público, sambando e cantando, formam uma corrente coletiva de entusiasmo, um espetáculo único no mundo.
          A Passarela se cobre de todas as cores e brilhos e deixa passar a evolução dos mestres-salas e porta-bandeiras, os requebros dos passistas, a beleza das mulatas ao som da grande riqueza que é o SAMBA.

José Lima Galvão, autor do enredo

Roteiro:

Alegoria 1- Abre-alas: Palco para abrir o desfile das riquezas de alguns estados. Zé Carioca apresenta o desfile. (Carro)
Alegoria 2- Escultura negra: Representando a agricultura e a contribuição do negro. Frutos tropicais. (Tripé)
Alegoria 3- Carros de bois: Trazendo cana-de-açúcar para simbolizar a agricultura do passado (açúcar) e o presente (álcool). (Tripé)
Alegoria 4- Bananas: Destaque da agricultura. (Tripé)
Alegoria 5- Amazonas: Representação da Natureza. Flora e Fauna. Aves, macacos e jacarés. (Carreta de destaques)
Alegoria 6- Minas Gerais: Leite, queijo, manteiga representando a produção mineira. (Carro)
Alegoria 7- São Paulo: Bule, xícara representando a grande riqueza produzida por São Paulo. (Tripé)
Alegoria 8-Nordeste: Estandarte - Burrinhas (símbolos característicos). (Tripé)
Alegoria 9– Rio de Janeiro: Mulatas representando o carnaval e o Samba, produtos de exportação carioca. (Carro)
Alegoria 10- Bahia: Torres de Petróleo – Tributo ao estado pioneiro na exploração do petróleo – Poço de Lobato. (Tripé)
Alegoria 11- Totens: Simbolizando a influência da religião africana na Bahia. Orixás (Tripé)
Alegoria 12- Rio Grande do Sul: Uvas, barril de vinho. Elementos representativos das riquezas gaúchas.

 

SAMBA ENREDO                                              1986
Enredo     E você o que é que dá?
Compositores

    Aroldo Melodia, N’Angelo, Renato Nobre, Maya, Nilson, Colored e Brucutu

Eta terra boa é o meu Brasil (porque)
Tudo que se planta dá
São Paulo dá um gostoso café
Pra gente saborear (mais que legal)
E na terra do Tancredo
Eu bebo sem medo o leite que tem lá
É no Rio de Janeiro, meu amor
Que o samba rola sem parar

Mexe mulata
Ôba! Ôba! Que bumbum
Cafajestes empolgados
Entram no Ziriguidum

(Ô Bahia...)

Bahia
Deu petróleo, Martha Rocha e algo mais
Um vinho no capricho é legal
E a festa da uva é colossal
Com o progresso se alastrando
Surgiu Itaipu Bi-Nacional
Graças ao projeto Carajás
O incentivo... às indústrias minerais

Dou minha alegria
Nesta festa que seduz
Hoje sou a simpatia
E meu nome é Santa Cruz