FICHA TÉCNICA 1990

 

Carnavalesco     José Félix
Diretor de Carnaval     Gustavo Diamante (Quiro)
Diretor de Harmonia     Carlos Roberto de Souza (Roberto Fumaça)
Diretor de Evolução     Carlos Roberto de Souza (Roberto Fumaça)
Diretor de Bateria     Áureo Cordeiro Ramos (Mestre Áureo)
Puxador de Samba Enredo     Carlos Miguel Marques (Carlinhos de Pilares)
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Alex Oliveira Souza e Irene Oliveira
Segundo Casal de M.S. e P. B.     Marco Aurélio (Marquinho Simpatia) e Natália Nascimento (Nalinha)
Resp. Comissão de Frente     Jussara Pádua
Resp. Ala das Baianas     Comissão de Carnaval
Resp. Ala das Crianças     Departamento Feminino

 

SINOPSE 1990

Os heróis da resistência

Sinopse:

Abertura

          Em 1990 a Acadêmicos de Santa Cruz volta ao 1º grupo e abre o carnaval cantando mais uma vez a liberdade. Como no carnaval passado, nosso enredo este ano é uma justa homenagem aos que, apesar de todas as ameaças, enfrentaram o autoritarismo, a ditadura e o silêncio imposto pelos militares e pelos que se escondiam por detrás destes, e com o risco das suas próprias vidas denunciaram à nação os crimes, a tortura, a corrupção, a incompetência e, principalmente a impunidade. O nosso enredo é a história destes brasileiros e suas lutas em defesa da liberdade e da democracia. São heróis modernos, heróis da nossa história, HERÓIS DA RESISTÊNCIA patriótica no resgate da nossa cidadania.

Histórico

          Sérgio Porto foi o primeiro a denunciar a ditadura. Com humor e irreverência desmantelou o castelo de hipocrisia erguido pelo governo militar de 1964. Mas Sérgio Porto se foi, e os poderosos continuaram por aqui. Entretanto, a semente de Sérgio Porto encontrou no Rio de janeiro solo fértil. Este solo foi um grupo de jovens jornalistas, e suas histórias cantaremos em nosso carnaval.
          - Em 1964 teve o golpe militar.
          Em 1969 teve o golpe dentro do golpe. Os militares e seus prepostos engrossaram mesmo e disseram: “Não tem pra ninguém!” E não teve mesmo.
          Censura total na imprensa.
          A liberdade dançou.
          Os jornais não falavam nada: poemas de Camões, páginas em branco e a previsão do tempo no lugar das notícias importantes.
          O pau comia e ninguém sabia, e quem sabia não podia falar.
          A censura era exercida dentro dos jornais. O país do AI-5 era um país triste.
          Aí, um grupo de jovens jornalistas inspirados no inesquecível Sérgio Porto (Stanislaw Ponte Preta) resolveu botar a boca no mundo.
          Assim nasceu a IMPRENSA NANICA. Inspirados no jornal “A Carapuça”, o grupo formado por: Jaguar, Claudius, tarso de Castro, Ziraldo, Millôr Fernandes, Fortuna, Sérgio Cabral, Henfil, Paulo Francis, Ivan Lessa e Luís Carlos Maciel fundou o PASQUIM.
          As bruxas estavam soltas, e o Pasquim surgia para dar nome a elas.
          O pasquim saiu para ser um jornal de deboche, de denúncia, um jornal de Ipanema, um jornal pra dizer nas entrelinhas que ninguém estava satisfeito com aquela coisa de ficar de bico calado, chorando em casa. Era a única trincheira na imprensa contra o silêncio imposto pelas nossas “otoridades”.

Virou paixão nacional

          O Pasquim vendeu adoidado, mudou a cabeça da rapaziada, mudou os costumes, mudou a maneira da imprensa brasileira escrever e foi um dos momentos mais importantes da história da imprensa brasileira.

E tudo isso dando risada!

          A dor estava doendo, todo mundo estava sofrendo e o Pasquim botava o riso na rua. E aí, quando perguntaram ao pessoal do pasquim se a espada enfiada no povo do peito do povo brasileiro não doía, a turma respondia:
          - SÓ DÓI QUANDO EU RIO.
          Seis meses depois de lançado, o Pasquim também começou a ser censurado como todos os outros jornais. Foi apreendido várias vezes, jogaram duas bombas no jornal, prenderam vários de seus colaboradores diversas vezes. Uma dessas prisões, a que levou todo mundo de uma só vez, como não podia ser anunciada, foi chamada de GRIPE. TODO MUNDO FICOU GRIPADO! Alguns conseguiram escapar à “epidemia” indo tomar novos ares em outros países, mas a maioria ficou por aqui.
          O Pasquim entrevistava todo mundo que tinha alguma coisa pra dizer, e trazia também as mulheres bonitas da época. Foi numa dessas entrevistas que surgiu LEILA DINIZ, a moça que fez a cabeça da rapaziada de Ipanema.
          A luta do Pasquim não foi só contra a censura e a repressão. O Pasquim lutou pela Anistia, foi da linha de frente desta luta. E foi o Pasquim que disse na época das trevas: “Brasil, ame-o ou deixe-o: o último a sair apague a luz do aeroporto. Depois foi buscar de volta seus companheiros, um por um, no aeroporto.
          O Pasquim foi também o espaço dos Hippies, no Brasil. Foi o jornal que lanço na imprensa brasileira o Udigrudi, movimento de vanguarda cultural.
          O Pasquim foi ainda o primeiro jornal no Brasil a falar em Ecologia, muito antes de se pensar nisso no país.

Conclusão

          O Pasquim nasceu em plena ditadura, no momento em que a palavra livre, a inteligência, a liberdade de ir e vir e o direito à crítica estavam proibidos. O combate à ditadura era feito através da ironia, da charge, da caricatura, do escrito alegre, leve e irreverente.
          O pasquim foi e é um Jornal de Humor: tanto que o Brasil inteiro lia as ANEDOTAS DO PASQUIM.
          O Pasquim usou o humor para combater a tirania.
          Segundo Tom Jobim, o Pasquim foi o “marginal que deu certo”.
          O Pasquim nasceu pra dizer que não se entregava.

“te entrega, Corisco.
Eu não me entrego não.
Não sou passarinho
Pra morrer na escravidão.”

Sessões do Pasquim

          AS PASQUINOVELAS: Histórias em quadrinhos escritas e feitas em fotos.
          GIP GIP NHECO NHECO: Era uma seção de frases onde todos os humoristas de hoje buscam inspiração.
          AS DICAS
          CHOPINICS

Personagens Principais

          OS FRADINHOS: que eram frades sacanas
          A GRAÚNA: ave nordestina que espelhava a eterna esperança do povo nordestino.
          O BODE ORELANA: que significava o coronelismo do nordeste.
          O CANGACEIRO ZEFERINO: significava o lampião acovardado dos tempos modernos.
          SIG – O RATINHO: símbolo do Pasquim. Rato filósofo, sacana, que sabe das coisas.
          A ANTA DE TÊNIS: uma anta idiota que nunca entendia o que acontecia.
          GASTÃO, O VOMITADOR: um personagem que vomitava toda vez que ouvia alguém dizer besteira.
          BORIS, UM HOMEM BROONCO: um cara sem pernas, sacana que só ele.
          A BICHA DO PASQUIM: Uma bicha misteriosa, que ninguém sabia quem era.

Os heróis da resistência

          JAGUAR: Humorista e fundador do jornal. Considerado um dos maiores desenhistas de humor do mundo.
          TARSO DE CASTRO: Jornalista de talento, grande editor.
          ZIRALDO: Humorista, criador de Jeremias o bom; da Supermãe e do Mineirinho, o comequieto.
Criador da Turma do Pererê e do Menino Maluquinho.
          MILLÔR FERNANDES Humorista, teatrólogo e tradutor. Considerado um filósofo.
          FORTUNA: Humorista, era quem paginava o jornal.
          CLAUDIUS: Humorista.
          PAULO FRANCIS: Jornalista corajoso e de vanguarda.
          IVAN LESSA: O pai de todos os jovens humoristas que andam por aí.

Juca Colagrossi e José Félix

 

SAMBA ENREDO                                                1990
Enredo     Os heróis da resistência
Compositores     Zé Carlos, Carlos Henri, Carlinhos de Pilares, Doda, Mocinho e Luís Sérgio
Oh! Divina luz que nos conduz
Com bom humor e irreverência
Hoje ninguém vai nos "gripar"
Somos os heróis da resitência
Vamos "pasquinar", recordar
Sorrir sem censura
Botar a boca no mundo, buscar bem fundo
Sem a tal da ditadura

Soltavam as bruxas, o pau comia
De golpe em golpe, quanta covardia!

Venha com a gente, povão
Abra o seu coração
Para o Pasquim, o "pequenino imortal"
Simbolizado pelo sacana ratinho
Mesmo bombardeado, virou paixão nacional
Aí, na palidez da folha
Imprimimos peresonagens geniais
Lindas mulheres espelhando nossas páginas
Ipanema foi o centro cultural
Hoje, essa história é carnaval

Gip, gip, nheco, nheco
Por favor não apague a luz!
Goze desta liberdade
Nos braços da Santa Cruz