FICHA TÉCNICA 1991 |
Carnavalesco | José Félix |
Diretor de Carnaval | Paulo César Cardoso |
Diretor de Harmonia | Marco Antônio Santos (Marquinho) |
Diretor de Evolução | Marco Antônio Santos (Marquinho) |
Diretor de Bateria | Áureo Cordeiro Ramos (Mestre Áureo) e José Carlos |
Puxador de Samba Enredo | Sobrinho |
Primeiro Casal de M.S. e P. B. | Jerônimo e Neide |
Segundo Casal de M.S. e P. B. | ................................................................ |
Resp. Comissão de Frente | ................................................................ |
Resp. Ala das Baianas | ................................................................ |
Resp. Ala das Crianças | ................................................................ |
SINOPSE 1991 |
O Boca do Inferno Sinopse: Gregório de Matos nasceu na cidade de Salvador, Bahia, em decantado berço de ouro. Filho de fidalgo português, senhor do engenho na Patatiba, no Recôncavo, que moía com muitos escravos. Estudou Humanidades com os Jesuítas. Desde moço foi poeta.
Jovem, foi para Coimbra e teve o privilégio de ser um dos primeiros Doutores Brasileiros da velha Universidade.
Ali, aprendeu a Lei e conheceu os versos de Camões, de outros poetas
antigos e dos italianos influentes à época. Bacharel, viveu vinte
anos em Lisboa, onde casou e foi juiz. Mas a sua sátira que apenas
brotava, feria quem estava por perto do poder. Ao recusar a nomeação
de inquisidor dos Crimes do Governador do Rio de janeiro, perde o
favor da corte e é forçado a voltar à Pátria.
Caído em desgraça pelo Governo da Colônia e pela Igreja, a quem
criticava, Gregório de Matos passa a viver da Advocacia. Entra para
o Partido Liberal e começa a fazer oposição ao poder colonial. Seus
amigos são intelectuais e políticos de espírito nativista, os
senhores de engenho espoliados pelo comércio português e pelos
agiotas e seu verso se enche da implacável condenação “ao roubo, à
justiça e à tirania”. Viaja por toda a Bahia, conversa, agita, faz
política, livra seu verso que ganha linguagem própria, com palavras
que negros, índios e brancos cunharam na Bahia.
O poder também o reconhece e tenta seu trunfo maior para remílo:
oferece-lhe a batina em troca da língua maldizente. Gregório de
matos recusa o negócio já sem medo da pobreza a que estava
condenado.
Até então as autoridades limitavam-se a demiti-lo de cargos e funções, a negar-lhe favores, a obrigá-lo à pobreza. De vez em quando, breves prisões e ameaças de agressões, mas o poeta popular não se cala contra eles.
As autoridades civis, militares e eclesiásticas, os senhores do comércio e agora até mesmo os senhores de engenhos, não podem perdoar a esse branco que se diz “escravo e canalha” de pretas e mulatas, que mistura-se à ralé e aos elementos da reação anticolonial. Gregório é preso e degradado: vai preso num navio que leva cavalos para Benguela e que voltará de Angola com escravos.
Em Angola ajuda o Governador a sufocar uma rebelião e como
recompensa permitem que volte do degredo. Impedido de voltar à Bahia
é recambiado ao recife. Gregório continua a sua luta contra a
exploração colonial, contra a injustiça da lei corrupta, contra a
moral hipócrita e o preconceito.
Morre Gregório de Matos Guerra que viveu aqui na terra, entre o céu
e o inferno, o pecado e a penitência, o mal e o bem, o burlesco e o
sagrado, de bem falar e maldizer.
Mas a luta contra a opressão, as injustiças e preconceitos, é certo,
não começou nem terminou com a voz livre d’O Boca do inferno.
Aprendida a lição de liberdade contida em sua poesia, outros mais ou
menos malditos – seguiram seus passos. É o caso de Manoel Bequimão,
de Tiradentes e dos poetas da Inconfidência. Dos heróis da
Conjuração dos Alfaiates, de Frei Caneca, dos balaios, Cabanos e
Sabinos, de José Alencar, de Martins Pena, Mário de Andrade, de José
do patrocínio, de Antônio Conselheiro e tantos ouros, que formariam,
ao lado de Gregório de Matos uma infernal galeria de contestação.
São vozes da liberdade.
Paulo César Cardoso
Roteiro do desfile:
Setor 1 – Bahia dos colonizadores
Setor 2 – Bahia Gregoriana
Setor 3 – Angola: O Exílio do Poeta
Setor 4 – Recife vê o poeta morrer
Setor 5 – Vozes de contestação
Setor 6 – A Poesia de Gregório de Matos
Setor 7 – A GAHETEIRA (árvores sagradas do Candomblé)
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SAMBA ENREDO 1991 | |
Enredo | O Boca do Inferno |
Compositores | Tião da Roça, Doda, Luiz Sérgio, Mocinho, Giovanni e Carlos Henry [Grupo Simpatia] |
Floresceu seu ideal lá na
Bahia Onde o poder da fidalguia Sufocava o meu Brasil pela raiz Surgiu no seio da sociedade Lutando pela igualdade Contra o preconceito social Um jovem inteligente De versos maldizentes Com exemplos marcantes Que o povo aderiu Fluiu no peito do poeta a esperança Gregório é Miserê, é abastança Penitência do mal, luta de um bem querer Seus versos tinham tal sabedoria Era a mão da chibata a tirania
Em noite de festa na fazenda o terreirão Essa terra tem moral Ecoou pelos ares, despertou os
palmares |