Quo Vadis, meu negro
de ouro
Sinopse:
No tempo que nem o tempo sabe quanto tempo faz, a superfície do
nosso planeta era muito diferente da atual.
Os mares e rios mudaram de lugar.
A Terra sofreu e ainda sofre erosão pelo vento e pela chuva; é
levada pelos rios e mares, e reduzida a sedimentos que se formam em
outros lugares.
Neste movimento formador de novas terras, minúsculos animais,
sementes, algas e seres marinhos vão sendo soterrados transformando
suas vidas em energia, em combustíveis fósseis por milhões e milhões
de anos.
É daí, do ventre da terra, que surge a fonte de todo o movimento e
evolução da civilização – o petróleo, o ouro negro, a energia-mãe,
que dita os caminhos da humanidade e determina a qualidade da vida
dos homens – aquele e quem o G.R.E.S. Acadêmicos de Santa Cruz
presta sua homenagem neste carnaval de 1993 alertando ao povo os
caminhos futuros a que possam encaminhar o petróleo brasileiro.
Durante muitos séculos, as únicas fontes alternativas de energia
muscular foram a queima de madeira, as rodas d’água e os moinhos de
vento.
Se não se sabe quando o petróleo despertou a atenção do homem,
sabe-se que desde a antiguidade ele já era conhecido.
Chamado ora de betume, ora de asfalto, ora ainda de alcatrão, lama,
resina, azeite, nafta, óleo de rocha, bálsamo da terra, piche, óleo
de terra, múmia, bréia, óleo de Medeia, óleo de Sêneca, óleo de
Rangun ou nafta da Pérsia, a História nos conta que o petróleo foi
utilizado nas construções como nos jardins suspensos da Babilônia,
nas edificações das Pirâmides e das cidades Persas.
Os gregos, os romanos, e os incas dele se utilizavam para fins
bélicos.
Salomão utilizou argamassa à base de petróleo para erigir seu templo
e os fenícios, a exemplo de Noé com sua arca, para impermeabilizar
suas embarcações.
Mortos eram embalsamados, cisternas e esgotos calafetados, ruas e
palácios iluminados.
1º Setor: A evolução histórica do petróleo
A história do petróleo é a própria história da humanidade com suas
lutas, guerras e disputas. Ter o petróleo é ter o poder.
Assim foi e assim é.
Em meados do século XIX, o vapor começa a ser substituído pelo
petróleo, como fonte de energia. Os motores de combustão são nova
fonte de progresso e causam um novo momento na Revolução Industrial.
As grandes companhias petrolíferas, e as mais famosas são conhecidas
como “AS SETE IRMÃS” (ALEGORIA), não tinham interesse que outros
países desenvolvessem suas técnicas de produção de petróleo.
Os verdadeiros impérios produtores, entendem-se comercialmente e se
organizam em sindicato para distribuírem entre si os mercados e
determinarem os preços, suprimindo a livre concorrência.
O Brasil não escapou das garras do monstro de sete cabeças.
Por muito tempo o forte poder do cartel multinacional afirmou por si
e pela boca de subornados prepostos, que aqui não existia petróleo.
Que o cenário brasileiro não era favorável a exploração em águas
continentais, rasas ou profundas.
Mentira. A formação geológica do país informava que em nosso subsolo
tinha petróleo. Queriam eles fechar os olhos dos brasileiros para a
mais importante fonte de energia, de progresso, e porque não,
sustentáculo máximo da soberania de um país.
Mas a força popular se mostrou presente e foi à luta. Intelectuais,
estudantes, políticos e jornalistas, todos se uniram pela
nacionalização das riquezas do nosso subsolo e através da mais
desassombrada das campanhas, a sociedade consagrou o lema “o
petróleo é nosso”. A saga parecia terminar em 1953, quando Getúlio
Vargas assina a lei que determina que todo o petróleo do Brasil seja
dos brasileiros e em seu benefício seja utilizado.
O movimento popular nacionalista vencia o mostro imperialista e seus
aliados entreguistas e gravava na mente de todos os brasileiros o
que MONTEIRO LOBATO, há alguns anos antes, havia dito em um conto
seu “O POÇO DO VISCONDE”:
“O
petróleo é o sangue da terra;
É a alma da indústria moderna;
É a soberania. É a dominação. Tê-lo é ter o sésamo abridos de
todas as portas. Não tê-lo é ser escravo."
E a indústria brasileira do petróleo começou a desenvolver. Poços
foram perfurados. Plataformas marítimas instaladas (ALEGORIAS) –
Dado importante: O Brasil mantém o recorde de maior construtor de
plataforma marítima para extração do petróleo além de ter o recorde
de país que mais extrai petróleo em águas profundas. – A Empresa-Mãe
faz jorrar petróleo na Bahia, em Sergipe, nas Alagoas, no Ceará, no
Espírito Santo, no Rio Grande do Norte e do Sul, no rio de Janeiro,
em são Paulo, no Paraná e no Amazonas. Tanto em terra quanto no mar.
2º Setor: O petróleo no Brasil
Com o petróleo, matéria-prima fundamental, vieram seus derivados: a
gasolina, o querosene, o óleo diesel e o gás de cozinha. Tudo
brasileiro. Dele são retirados subprodutos que distribuem-se por
centenas de artigos. São as tintas para escrever e pintar, são
vernizes, resinas e removedores. São os cremes, ungüentos e
remédios. São os pneus, câmaras de ar e lonas de freio. São
perfumes, batons e esmaltes. São compensados, aglomerados e fórmica
para móveis. São sapatos, botas, capas, guarda-chuvas e brinquedos.
São tecidos sintéticos, nylon e espuma para colchões. São chicletes,
óleos para indústria de alimentos e conservantes de enlatados.
3º Setor: O petróleo no dia a dia
Em quase tudo ele está presente. Em casa ou no trabalho. Na
alimentação, na saúde, no vestuário, nos transportes e no lazer do
povo.
Sim, no lazer! Tanto que está aqui conosco, no Carnaval. Nos
“couros” de nossos tamborins, taróis, repiques, cuícas e pandeiros.
Nas lantejoulas, acetatos e espelhos coloridos de nossas fantasias.
Nos lamês e brecados de nossos destaques, no isopor e colas de
nossas esculturas e nos compensados e plásticos, tintas e esmaltes de
nossas alegorias (ALEGORIA). Sem contar, é claro, com sua presença
no coração verde-amarelo dos sambistas.
4º Setor: O petróleo no lazer do
carnaval
É por tudo isso que “eles” não queriam que encontrássemos petróleo.
É por causa disso que todos os países lutam pela sua posse.
Não queriam e não querem.
Novamente as endinheiradas companhias petrolíferas, que têm
dinheiro, armas e munições para fomentar revoluções; dinheiro para a
imprensa antipatriótica que as defende; dinheiro para enriquecer os
seus incondicionais defensores, aguçam suas garras e com as mesmas
estratégias de suborno e chantagem querem se apropriar de nossas
riquezas, de nossas inúmeras conquistas e, por fim, de nossa
soberania.
Antes foram as pressões econômicas e políticas para evitar a
implantação de nossa Empresa-Mãe. Em seguida para dificultar o seu
êxito econômico e técnico. Agora para conferir a terceiros o
exercício de uma atividade que se confunde com a própria soberania
nacional.
Ressurge a cantilena do “é dando que se recebe”. Conversa fiada,
lorota, potoca. O povo brasileiro já sabe que “quem anda na garupa
não segura na rédea”.
Aprendeu que a pesquisa a lavra e o refino do petróleo constituem as
partes de um todo, cuja posse assegura poder econômico e poder
político.
Tem consciência que só o estado tem qualidade para explorá-lo em
nome e no interesse dos seus mais altos ideais.
Voltemos pois, à luta! A maior campanha cívica de nossa história, a
do “O Petróleo é nosso!” – exemplo para todas as gerações não
terminou. Ressurgirá sempre, com o mesmo ímpeto, todas as vezes que
o Brasil for ameaçado. Nosso negro de ouro não irá a lugar nenhum.
Ficará aqui com seu povo, sua gente.
Hoje, agora, a SANTA CRUZ faz uma convocação geral, visando a nossa
onda entreguista.
A postos guardiões das riquezas nacionais! Sempre alerta contra os
agentes de tão sinistra empreitada.
5º Setor: A guarda pela soberania
nacional
Nosso canto, alto e forte, afugentará o insaciável mostro e seus
filhotes desnaturados.
Nosso lema será:
“O
petróleo que já foi escravo, Não será mais escravo de
ninguém”
E erguendo nossa bandeira, parodiamos o poeta CRUZ E SOUZA no seu
verso:
“Entra
raios, pedradas e metralhas, Ficamos gemendo, mas
continuamos sonhando”
Paulo Cesar Cardoso
Roteiro do desfile:
QUO VADIS – DO LATIM: E NÓS, AONDE VAMOS?
-
Comissão de frente - Tal qual os cristãos eram perseguidos pelos
centuriões romanos assim encontram-se os petroleiros perseguidos
pelos potenciais mundiais do petróleo tentando a todo custo
apoderar-se de nossa soberania.
-
Setor Abre-alas - 21 jovens abrem o setor Abre-alas trazendo em suas
cabeças letras que formam o nome da Agremiação e prestando uma
homenagem ao público presente agradecendo sua presença na Marquês de
Sapucaí.
-
Bandeiras da Agremiação: Um contingente de seis bandeiras da
agremiação contornam a alegoria símbolo da escola.
-
Símbolo da escola - O boi, aqui representado folcloricamente pelo
Bumba-meu-boi, é o símbolo representativo da escola que situa-se
numa região onde o abate de gado é uma das fontes econômicas.
-
O Petrolino - Toda a vez que se fala sobre o petróleo utiliza essa
figura que foi criada por um grupo artístico ligado aos petroleiros
para contar a história da evolução do petróleo na humanidade. Este conjunto é o representativo do Abre-Alas da Agremiação.
1º Setor – A
evolução histórica do petróleo
As alas deste setor representarão os mais importantes povos da
antiguidade que já utilizavam o petróleo em suas vidas.
-
OS FENÍCIOS - E Deus disse “_ Noé, alafete as tábuas de tua
embarcação com betume para que não afundes no dilúvio. Representado pela Ala Boemia
-
OS JARDINS SUSPENSOS DA BABILÔNIA - A argamassa utilizada para
erigir os jardins suspensos da Babilônia tinha em sua composição
petróleo em forma de betume ligando as suas juntas impedindo que a
água escorresse mantendo a plantação dos jardins sempre vivas. Representado pela Ala dos Magnatas
-
OS POVOS DO EGITO - Os povos do Egito também utilizavam essa
argamassa para construir suas pirâmides. Também utilizavam o
petróleo com a goma de múmia untando as gazes que envolviam seus
mortos que passaram a receber o nome desses componentes – múmia. Representado pela Ala Independente
-
OS GREGOS - Os gregos utilizavam o petróleo em lanças flamejantes,
nas construções dos seus templos. Representado pela Ala do Zezo
-
OS ROMANOS - Os romanos também utilizavam o petróleo em construções,
como material bélico a exemplo da catapulta de fogo. Representado pela Ala do Ouro
-
OS INCAS - Os incas e os astecas também conheciam as várias
utilizações do petróleo, mas também o utilizavam como ungüento
medicinal. Representado pela Ala 1000
2º Setor – O
petróleo no Brasil
1953 - O Petróleo é nosso. Jorra petróleo no Brasil na cidade de
Lobato. Monteiro Lobato e o poço dos Viscondes. Os entreguistas são
verdadeiros amigos da onça do povo Brasileiro. Descobre-se petróleo
em todas as regiões brasileiras. Os petroleiros podem-se comparar como Dom Quixote – um lutador e
sonhador que não desiste facilmente das lutas e dos monstros.
-
O AMIGO DA ONÇA - Por algum tempo fomos enganados por falsos amigos
que queriam fechar nossos olhos dizendo que nosso solo, bem como
nosso continente não era favorável a explorações. Eram verdadeiros
Amigos da Onça (Charge muito comum nos anos 50/60). Representado pela Ala das Crianças
-
A REVOLUÇÃO DE 1953 - Contra esses entreguistas o povo brasileiro
marchou numa das campanhas mais famosas como manifestação popular da
história brasileira “O PETRÓLEO É NOSSO”. Representado pela Ala do Teatro
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A VELHA-GUARDA - A Velha-Guarda da escola presta aqui uma homenagem
a GETÚLIO VARGAS, que através de decreto-lei determina que todo o
petróleo é do povo brasileiro e em seu benefício seja utilizado.
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AS BACIAS DE CAMPOS - Bateria da agremiação Descobre-se petróleo em todas as regiões do Brasil.
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O NORDESTE - Representado pela Ala Gente Fina
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O NORTE - Representado pela Ala Enigma
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O SUL - Representado pela Ala Nobre
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A BAHIA TEM PETRÓLEO TAMBÉM - Ala das Baianas em homenagem à cidade
de Lobato, primeiro poço de petróleo brasileiro.
3º Setor – O
petróleo no dia a dia
Hoje movimento o dia a dia. Gerando progresso enriqueço a
nação... Dos poços de petróleo partem uma infinidade de derivados de petróleo
que são distribuídos aos mais diversos setores de nossa vida
cotidiana, como exemplo apresentamos:
-
NA MEDICINA - Através da Ala Chamego vemos que o petróleo é
utilizado em próteses, nas cápsulas de remédios, nas seringas
descartáveis, no sangue artificial e em todos os tipos de
medicamentos.
-
NA EDUCAÇÃO - Representado pela Ala Sente o Peso. O petróleo está
nas tintas de caneta, nas réguas e esquadros, nas tintas artísticas,
nos guaches e na própria confecção do papel dos livros.
-
NA ALIMENTAÇÃO - Representado pela Ala Sargento, o petróleo está nos
conservantes, corantes, acidulantes dos alimentos bem como nas
embalagens que o acondicionam.
-
NA BELEZA - Apresentado pela Ala dos Artistas, a beleza tem no
petróleo um grande aliado, ele está presente nos cremes, nos
esmaltes, nas tintas de cabelo, nos perfumes, bobs, pentes, grampos
e etc.
4º Setor – O
petróleo no lazer do carnaval
Afinal o Carnaval é todo feito de petróleo.
...Sou sonho, fantasia e emoção... Nota: Todas as fantasias deste setor são feitas com materiais
derivados do petróleo.
-
LA MIRANDA - O Disco que leva os sambas escolhidos nas quadras, às
emissoras difusoras bem como ao lar das pessoas são bolachas de
petróleo e o cartão que faz você ingressar na Marquês de Sapucaí
também é derivado de petróleo. Representado pela Ala Inocentes
-
CAVALHEIRO DE ACETATO - O acetato é u elemento fundamental na
execução de fantasias e alegorias, ou em forma de placas, ou em
forma de galões finos de ráfia, xicotes, ou até mesmo em paste o
acetato é muito utilizado no carnaval e aqui é representado pela
fantasia de um guerreiro pela Ala Silgic
-
O AFRICANO - A ráfia de sopro é utilizada no carnaval para vários
efeitos em Boas, em Pompons, ou até mesmo em franjas como nessa ala
causando um efeito grande de movimento. Nesta ala também temos a
aplicação da escultura, do isopor e das penas sintéticas tudo
derivado de petróleo e aqui representado pela Ala Simpatia.
-
O PALHAÇO DE NYLON - O Nylon é um fio derivado de petróleo e
aplicado em tear transforma-se em tecido. Além disso, esse palhaço
tem copos de café plásticos, canudinhos de refrigerantes, espuma
derivados de petróleo e aqui representado pela Comunidade
Santacruzense.
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OS CLÓVIS - Representado pela Ala Grupo Bolo Doido eles representam
o próprio carnaval de Santa Cruz, e suas fantasias ricas em
materiais derivados de petróleo.
5º Setor – A
guarda pela soberania nacional
O petróleo é o aval do nosso país perante o mundo a luta continua.
... Desperta, Gigante, Oh Pátria Mãe Brasil. Defende a Soberania que
o maldito monstro ressurgiu...
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GUERREIROS VERDES - Representado pela Ala Fosfato. O povo alerta-se
e prepara-se para a luta do petróleo é nosso.
-
GUERREIRO LARANJA - Somos os nossos quixotes prontos para a luta da
defesa de nossa soberania – somos hoje e no futuro a geração
cara-pintada de nosso país defendendo nossos ideais e nossa
propriedade. Fora com os interesseiros aproveitadores de nossas
riquezas nacionais. Ala 2004
-
GUERREIRO CINZA – Representado pela Ala Samba-show. Voltamos, pois,
a luta – Nosso NEGRO DE OURO não vai a lugar algum. Fica com seu
povo e sua gente; Nosso canto alto e forte afugentará o insaciável
monstro e seus filhotes desnaturados.
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