FICHA TÉCNICA 1993

 

Carnavalesco     Lucas Pinto
Diretor de Carnaval     Arildes da Silva
Diretor de Harmonia     Carlson Renato Neves Ribeiro (Renatinho)
Diretor de Evolução     Carlson Renato Neves Ribeiro (Renatinho)
Diretor de Bateria     Áureo Cordeiro Ramos (Mestre Áureo)
Puxador de Samba Enredo     Sobrinho
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Alex e Irene
Segundo Casal de M.S. e P. B.     ................................................................
Resp. Comissão de Frente     Renatinho
Resp. Ala das Baianas     Dalva dos Santos
Resp. Ala das Crianças     ................................................................

 

SINOPSE 1993

Quo Vadis, meu negro de ouro

Sinopse:

          No tempo que nem o tempo sabe quanto tempo faz, a superfície do nosso planeta era muito diferente da atual.
          Os mares e rios mudaram de lugar.
          A Terra sofreu e ainda sofre erosão pelo vento e pela chuva; é levada pelos rios e mares, e reduzida a sedimentos que se formam em outros lugares.
          Neste movimento formador de novas terras, minúsculos animais, sementes, algas e seres marinhos vão sendo soterrados transformando suas vidas em energia, em combustíveis fósseis por milhões e milhões de anos.
          É daí, do ventre da terra, que surge a fonte de todo o movimento e evolução da civilização – o petróleo, o ouro negro, a energia-mãe, que dita os caminhos da humanidade e determina a qualidade da vida dos homens – aquele e quem o G.R.E.S. Acadêmicos de Santa Cruz presta sua homenagem neste carnaval de 1993 alertando ao povo os caminhos futuros a que possam encaminhar o petróleo brasileiro.
          Durante muitos séculos, as únicas fontes alternativas de energia muscular foram a queima de madeira, as rodas d’água e os moinhos de vento.
          Se não se sabe quando o petróleo despertou a atenção do homem, sabe-se que desde a antiguidade ele já era conhecido.
          Chamado ora de betume, ora de asfalto, ora ainda de alcatrão, lama, resina, azeite, nafta, óleo de rocha, bálsamo da terra, piche, óleo de terra, múmia, bréia, óleo de Medeia, óleo de Sêneca, óleo de Rangun ou nafta da Pérsia, a História nos conta que o petróleo foi utilizado nas construções como nos jardins suspensos da Babilônia, nas edificações das Pirâmides e das cidades Persas.
          Os gregos, os romanos, e os incas dele se utilizavam para fins bélicos.
          Salomão utilizou argamassa à base de petróleo para erigir seu templo e os fenícios, a exemplo de Noé com sua arca, para impermeabilizar suas embarcações.
          Mortos eram embalsamados, cisternas e esgotos calafetados, ruas e palácios iluminados.

1º Setor: A evolução histórica do petróleo

          A história do petróleo é a própria história da humanidade com suas lutas, guerras e disputas. Ter o petróleo é ter o poder.
          Assim foi e assim é.
          Em meados do século XIX, o vapor começa a ser substituído pelo petróleo, como fonte de energia. Os motores de combustão são nova fonte de progresso e causam um novo momento na Revolução Industrial.
          As grandes companhias petrolíferas, e as mais famosas são conhecidas como “AS SETE IRMÃS” (ALEGORIA), não tinham interesse que outros países desenvolvessem suas técnicas de produção de petróleo.
          Os verdadeiros impérios produtores, entendem-se comercialmente e se organizam em sindicato para distribuírem entre si os mercados e determinarem os preços, suprimindo a livre concorrência.
O Brasil não escapou das garras do monstro de sete cabeças.
          Por muito tempo o forte poder do cartel multinacional afirmou por si e pela boca de subornados prepostos, que aqui não existia petróleo. Que o cenário brasileiro não era favorável a exploração em águas continentais, rasas ou profundas.
          Mentira. A formação geológica do país informava que em nosso subsolo tinha petróleo. Queriam eles fechar os olhos dos brasileiros para a mais importante fonte de energia, de progresso, e porque não, sustentáculo máximo da soberania de um país.
          Mas a força popular se mostrou presente e foi à luta. Intelectuais, estudantes, políticos e jornalistas, todos se uniram pela nacionalização das riquezas do nosso subsolo e através da mais desassombrada das campanhas, a sociedade consagrou o lema “o petróleo é nosso”. A saga parecia terminar em 1953, quando Getúlio Vargas assina a lei que determina que todo o petróleo do Brasil seja dos brasileiros e em seu benefício seja utilizado.
          O movimento popular nacionalista vencia o mostro imperialista e seus aliados entreguistas e gravava na mente de todos os brasileiros o que MONTEIRO LOBATO, há alguns anos antes, havia dito em um conto seu “O POÇO DO VISCONDE”:

“O petróleo é o sangue da terra;
É a alma da indústria moderna;
É a soberania. É a dominação.
Tê-lo é ter o sésamo abridos de todas as portas.
Não tê-lo é ser escravo."

          E a indústria brasileira do petróleo começou a desenvolver. Poços foram perfurados. Plataformas marítimas instaladas (ALEGORIAS) – Dado importante: O Brasil mantém o recorde de maior construtor de plataforma marítima para extração do petróleo além de ter o recorde de país que mais extrai petróleo em águas profundas. – A Empresa-Mãe faz jorrar petróleo na Bahia, em Sergipe, nas Alagoas, no Ceará, no Espírito Santo, no Rio Grande do Norte e do Sul, no rio de Janeiro, em são Paulo, no Paraná e no Amazonas. Tanto em terra quanto no mar.

2º Setor: O petróleo no Brasil

          Com o petróleo, matéria-prima fundamental, vieram seus derivados: a gasolina, o querosene, o óleo diesel e o gás de cozinha. Tudo brasileiro. Dele são retirados subprodutos que distribuem-se por centenas de artigos. São as tintas para escrever e pintar, são vernizes, resinas e removedores. São os cremes, ungüentos e remédios. São os pneus, câmaras de ar e lonas de freio. São perfumes, batons e esmaltes. São compensados, aglomerados e fórmica para móveis. São sapatos, botas, capas, guarda-chuvas e brinquedos. São tecidos sintéticos, nylon e espuma para colchões. São chicletes, óleos para indústria de alimentos e conservantes de enlatados.

3º Setor: O petróleo no dia a dia

          Em quase tudo ele está presente. Em casa ou no trabalho. Na alimentação, na saúde, no vestuário, nos transportes e no lazer do povo.
          Sim, no lazer! Tanto que está aqui conosco, no Carnaval. Nos “couros” de nossos tamborins, taróis, repiques, cuícas e pandeiros. Nas lantejoulas, acetatos e espelhos coloridos de nossas fantasias. Nos lamês e brecados de nossos destaques, no isopor e colas de nossas esculturas e nos compensados e plásticos, tintas e esmaltes de nossas alegorias (ALEGORIA). Sem contar, é claro, com sua presença no coração verde-amarelo dos sambistas.

4º Setor: O petróleo no lazer do carnaval

          É por tudo isso que “eles” não queriam que encontrássemos petróleo. É por causa disso que todos os países lutam pela sua posse.
          Não queriam e não querem.
          Novamente as endinheiradas companhias petrolíferas, que têm dinheiro, armas e munições para fomentar revoluções; dinheiro para a imprensa antipatriótica que as defende; dinheiro para enriquecer os seus incondicionais defensores, aguçam suas garras e com as mesmas estratégias de suborno e chantagem querem se apropriar de nossas riquezas, de nossas inúmeras conquistas e, por fim, de nossa soberania.
          Antes foram as pressões econômicas e políticas para evitar a implantação de nossa Empresa-Mãe. Em seguida para dificultar o seu êxito econômico e técnico. Agora para conferir a terceiros o exercício de uma atividade que se confunde com a própria soberania nacional.
          Ressurge a cantilena do “é dando que se recebe”. Conversa fiada, lorota, potoca. O povo brasileiro já sabe que “quem anda na garupa não segura na rédea”.
          Aprendeu que a pesquisa a lavra e o refino do petróleo constituem as partes de um todo, cuja posse assegura poder econômico e poder político.
          Tem consciência que só o estado tem qualidade para explorá-lo em nome e no interesse dos seus mais altos ideais.
          Voltemos pois, à luta! A maior campanha cívica de nossa história, a do “O Petróleo é nosso!” – exemplo para todas as gerações não terminou. Ressurgirá sempre, com o mesmo ímpeto, todas as vezes que o Brasil for ameaçado. Nosso negro de ouro não irá a lugar nenhum. Ficará aqui com seu povo, sua gente.
          Hoje, agora, a SANTA CRUZ faz uma convocação geral, visando a nossa onda entreguista.
          A postos guardiões das riquezas nacionais! Sempre alerta contra os agentes de tão sinistra empreitada.

5º Setor: A guarda pela soberania nacional

          Nosso canto, alto e forte, afugentará o insaciável mostro e seus filhotes desnaturados.
          Nosso lema será:

“O petróleo que já foi escravo,
Não será mais escravo de ninguém”

          E erguendo nossa bandeira, parodiamos o poeta CRUZ E SOUZA no seu verso:

“Entra raios, pedradas e metralhas,
Ficamos gemendo, mas continuamos sonhando”

Paulo Cesar Cardoso

Roteiro do desfile:

QUO VADIS – DO LATIM: E NÓS, AONDE VAMOS?

  • Comissão de frente - Tal qual os cristãos eram perseguidos pelos centuriões romanos assim encontram-se os petroleiros perseguidos pelos potenciais mundiais do petróleo tentando a todo custo apoderar-se de nossa soberania.

  • Setor Abre-alas - 21 jovens abrem o setor Abre-alas trazendo em suas cabeças letras que formam o nome da Agremiação e prestando uma homenagem ao público presente agradecendo sua presença na Marquês de Sapucaí.

  • Bandeiras da Agremiação: Um contingente de seis bandeiras da agremiação contornam a alegoria símbolo da escola.

  • Símbolo da escola - O boi, aqui representado folcloricamente pelo Bumba-meu-boi, é o símbolo representativo da escola que situa-se numa região onde o abate de gado é uma das fontes econômicas.

  • O Petrolino - Toda a vez que se fala sobre o petróleo utiliza essa figura que foi criada por um grupo artístico ligado aos petroleiros para contar a história da evolução do petróleo na humanidade.
    Este conjunto é o representativo do Abre-Alas da Agremiação.

1º Setor – A evolução histórica do petróleo

          As alas deste setor representarão os mais importantes povos da antiguidade que já utilizavam o petróleo em suas vidas.

  • OS FENÍCIOS - E Deus disse “_ Noé, alafete as tábuas de tua embarcação com betume para que não afundes no dilúvio.
    Representado pela Ala Boemia

  • OS JARDINS SUSPENSOS DA BABILÔNIA - A argamassa utilizada para erigir os jardins suspensos da Babilônia tinha em sua composição petróleo em forma de betume ligando as suas juntas impedindo que a água escorresse mantendo a plantação dos jardins sempre vivas.
    Representado pela Ala dos Magnatas

  • OS POVOS DO EGITO - Os povos do Egito também utilizavam essa argamassa para construir suas pirâmides. Também utilizavam o petróleo com a goma de múmia untando as gazes que envolviam seus mortos que passaram a receber o nome desses componentes – múmia.
    Representado pela Ala Independente

  • OS GREGOS - Os gregos utilizavam o petróleo em lanças flamejantes, nas construções dos seus templos.
    Representado pela Ala do Zezo

  • OS ROMANOS - Os romanos também utilizavam o petróleo em construções, como material bélico a exemplo da catapulta de fogo.
    Representado pela Ala do Ouro

  • OS INCAS - Os incas e os astecas também conheciam as várias utilizações do petróleo, mas também o utilizavam como ungüento medicinal.
    Representado pela Ala 1000

2º Setor – O petróleo no Brasil

          1953 - O Petróleo é nosso. Jorra petróleo no Brasil na cidade de Lobato. Monteiro Lobato e o poço dos Viscondes. Os entreguistas são verdadeiros amigos da onça do povo Brasileiro. Descobre-se petróleo em todas as regiões brasileiras.
          Os petroleiros podem-se comparar como Dom Quixote – um lutador e sonhador que não desiste facilmente das lutas e dos monstros.

  • O AMIGO DA ONÇA - Por algum tempo fomos enganados por falsos amigos que queriam fechar nossos olhos dizendo que nosso solo, bem como nosso continente não era favorável a explorações. Eram verdadeiros Amigos da Onça (Charge muito comum nos anos 50/60).
    Representado pela Ala das Crianças

  • A REVOLUÇÃO DE 1953 - Contra esses entreguistas o povo brasileiro marchou numa das campanhas mais famosas como manifestação popular da história brasileira “O PETRÓLEO É NOSSO”.
    Representado pela Ala do Teatro

  • A VELHA-GUARDA - A Velha-Guarda da escola presta aqui uma homenagem a GETÚLIO VARGAS, que através de decreto-lei determina que todo o petróleo é do povo brasileiro e em seu benefício seja utilizado.

  • AS BACIAS DE CAMPOS - Bateria da agremiação
    Descobre-se petróleo em todas as regiões do Brasil.

  • O NORDESTE - Representado pela Ala Gente Fina

  • O NORTE - Representado pela Ala Enigma

  • O SUL - Representado pela Ala Nobre

  • A BAHIA TEM PETRÓLEO TAMBÉM - Ala das Baianas em homenagem à cidade de Lobato, primeiro poço de petróleo brasileiro.

3º Setor – O petróleo no dia a dia

          Hoje movimento o dia a dia. Gerando progresso enriqueço a nação...
          Dos poços de petróleo partem uma infinidade de derivados de petróleo que são distribuídos aos mais diversos setores de nossa vida cotidiana, como exemplo apresentamos:

  • NA MEDICINA - Através da Ala Chamego vemos que o petróleo é utilizado em próteses, nas cápsulas de remédios, nas seringas descartáveis, no sangue artificial e em todos os tipos de medicamentos.

  • NA EDUCAÇÃO - Representado pela Ala Sente o Peso. O petróleo está nas tintas de caneta, nas réguas e esquadros, nas tintas artísticas, nos guaches e na própria confecção do papel dos livros.

  • NA ALIMENTAÇÃO - Representado pela Ala Sargento, o petróleo está nos conservantes, corantes, acidulantes dos alimentos bem como nas embalagens que o acondicionam.

  • NA BELEZA - Apresentado pela Ala dos Artistas, a beleza tem no petróleo um grande aliado, ele está presente nos cremes, nos esmaltes, nas tintas de cabelo, nos perfumes, bobs, pentes, grampos e etc.

4º Setor – O petróleo no lazer do carnaval

          Afinal o Carnaval é todo feito de petróleo.
          ...Sou sonho, fantasia e emoção...
Nota: Todas as fantasias deste setor são feitas com materiais derivados do petróleo.

  • LA MIRANDA - O Disco que leva os sambas escolhidos nas quadras, às emissoras difusoras bem como ao lar das pessoas são bolachas de petróleo e o cartão que faz você ingressar na Marquês de Sapucaí também é derivado de petróleo.
    Representado pela Ala Inocentes

  • CAVALHEIRO DE ACETATO - O acetato é u elemento fundamental na execução de fantasias e alegorias, ou em forma de placas, ou em forma de galões finos de ráfia, xicotes, ou até mesmo em paste o acetato é muito utilizado no carnaval e aqui é representado pela fantasia de um guerreiro pela Ala Silgic

  • O AFRICANO - A ráfia de sopro é utilizada no carnaval para vários efeitos em Boas, em Pompons, ou até mesmo em franjas como nessa ala causando um efeito grande de movimento. Nesta ala também temos a aplicação da escultura, do isopor e das penas sintéticas tudo derivado de petróleo e aqui representado pela Ala Simpatia.

  • O PALHAÇO DE NYLON - O Nylon é um fio derivado de petróleo e aplicado em tear transforma-se em tecido. Além disso, esse palhaço tem copos de café plásticos, canudinhos de refrigerantes, espuma derivados de petróleo e aqui representado pela Comunidade Santacruzense.

  • OS CLÓVIS - Representado pela Ala Grupo Bolo Doido eles representam o próprio carnaval de Santa Cruz, e suas fantasias ricas em materiais derivados de petróleo.

5º Setor – A guarda pela soberania nacional

          O petróleo é o aval do nosso país perante o mundo a luta continua.
          ... Desperta, Gigante, Oh Pátria Mãe Brasil. Defende a Soberania que o maldito monstro ressurgiu...

  • GUERREIROS VERDES - Representado pela Ala Fosfato. O povo alerta-se e prepara-se para a luta do petróleo é nosso.

  • GUERREIRO LARANJA - Somos os nossos quixotes prontos para a luta da defesa de nossa soberania – somos hoje e no futuro a geração cara-pintada de nosso país defendendo nossos ideais e nossa propriedade. Fora com os interesseiros aproveitadores de nossas riquezas nacionais. Ala 2004

  • GUERREIRO CINZA – Representado pela Ala Samba-show. Voltamos, pois, a luta – Nosso NEGRO DE OURO não vai a lugar algum. Fica com seu povo e sua gente; Nosso canto alto e forte afugentará o insaciável monstro e seus filhotes desnaturados.

 

SAMBA ENREDO                                                1993
Enredo     Quo Vadis, meu negro de ouro
Compositores     Doda, Zé Carlos, Carlos Henry, Luis Sérgio, Mocinho e Carlinho 18
Nasci em remotas eras
No ventre da terra
Energia que a natureza recriou
Importante parte da história
Que a mão do homem esculturou
Sete irmãs ambiciosas
Tentaram me ocultar
Suas garras poderosas
Só queriam dominar

A humanidade depende de mim
Sou liberdade e poder enfim
Sou princípio, sou meio e fim
Negro de ouro cobiçado sim

Oh divina terra de Santa Cruz
Povo oprimido que encontrou a luz
Transformando mãos em elos da corrente
Derrotou o monstro bravamente
Hoje movimento o dia-a-dia
Gerando progresso enriqueço a nação
De corpo presente nos braços da alegria
Sou sonho, fantasia e emoção
Verde-amarelo é meu coração

Desperta gigante !
Oh pátria mãe Brasil! (Brasil, Brasil)
Defenda a soberania
Que o maldito monstro ressurgiu