Nas páginas do Brasil,
Santa Cruz escreveu sua história
Justificativa:
O G.R.E.S
Acadêmicos de Santa Cruz pretende através do enredo "Nas páginas
do Brasil, Santa Cruz escreveu sua história" tornar pública, em
âmbito nacional, a rica história de um bairro que faz parte da construção
do desenvolvimento do nosso país.
A bela história
de Santa Cruz, repleta de monumentos, acontecimentos marcantes e fatos
pioneiros no Brasil, merece ser divulgada e preservada.
E é com
orgulho e paixão que o G.R.E.S Acadêmicos de Santa Cruz desempenha o
papel de transmissor desses acontecimentos para que não se percam no
tempo as memórias de nossa terra - A história da nossa Santa Cruz
Sinopse:
As origens de Santa Cruz
Há centenas de anos, as terras conhecidas hoje como Santa Cruz eram
povoadas pelos índios, que viviam em perfeita harmonia com a natureza
privilegiada do local.
Após o Descobrimento
do Brasil, muitos portugueses foram designados para colonizar a nova
terra. Dentre eles estava Cristóvão Monteiro que, por ter prestado inúmeros
serviços à Corte, recebeu por concessão a imensa área formada pela planície
santacruzense e montanhas vizinhas.
Em 1567,
Cristóvão Monteiro tornou-se o primeiro dono, fundador e povoador das
terras de Santa Cruz.
Depois do seu
falecimento, sua esposa, dona Marquesa Ferreira, doou aos padres jesuítas
a área que lhe pertencia. Agregadas a outras sesmarias, a região passou
a se chamar Fazenda de Santa Cruz, em cujo solo foi fincado um símbolo
de madeira como primeiro monumento desta vasta planície: a Santa Cruz.
Lutando contra
todas as adversidades e dificuldades geográficas da região, tais como
abismos, alagadiços, enchentes, cobras venenosas, onças e insetos vorazes,
os jesuítas, aos poucos, foram demarcando a região.
Sob o abençoado
signo, Santa Cruz foi sofrendo melhorias através das mãos obstinadas
e incansáveis daqueles padres, e se transformando numa grande Fazenda.
A Residência
da Fazenda de Santa Cruz, formada por igrejas e convento, foi a maior
do Brasil.
O luxo e o acentuado
cunho artístico dominavam toda a decoração da Residência.
O mobiliário era entalhado
em jacarandá e bronze; os altares filetados a ouro; azulejos primorosamente
pintado; objetos de ouro, prata e pedras preciosas.
Os jesuítas
pretendiam construir aqui o maior templo do continente. A solidez dessa
construção atravessou os séculos e atualmente abriga o Quartel do Batalhão
Villagran Cabrita.
As primeiras benfeitorias
Muitas foram as melhorias realizadas pelos jesuítas e seus escravos
na Fazenda de Santa Cruz.
A
famosa escravaria construída de uma multidão de homens, mulheres e crianças,
disciplinados e obedientes, muito contribuiu para que nossas terras
fossem ocupadas com plantação, criação de gados, casas e obras de grande
valor histórico.
Uma dessas
obras monumentais, construídas em 1752, foi a Ponte do Guandu ou Ponte
dos Jesuítas, como hoje é conhecida.
Destinada
a regular o volume das águas das enchentes do rio Guandu, era de fato
uma
represa.
Por meio
de comportas de madeira, habilidosamente manobradas, os jesuítas controlavam
as águas, detendo o movimento das marés ou aliviando o rio avolumado
pela enchentes.
Essa admirável
obra arquitetônica, situada na Estrada do Curtume, apresenta uma famosa
inscrição em latim; "Dobra o joelho sob tão grande nome. Aqui também
se dobra o rio em água refluente".
Como mais
dois séculos e meio, este monumento resiste ao tempo; sua estrutura
original permanece inalterada. Levando-se em conta as dificuldades locais
da época, a realização de uma obra de tal proporção, no meio de uma
selta hostil e quase impenetrável, foi um feito memorável.
A Ponte
dos Jesuítas constitui um autêntico documento de nossa história. Dentre
as providência tomada pelos jesuítas, a criação de gado obteve lugar
de destaque . Além de ser a maior fonte de renda, tornou-se a mais numerosa
e importante da Capitania do Rio de Janeiro, abastecendo de carne toda
a cidade.
Uma das
mais admiráveis iniciativas dos dirigentes da Fazenda de Santa Cruz
foi a fundação de uma Escola de Música, com orquestra e coral formados
por escravos, que abrilhantavam missas e festas da Fazenda e da Corte.
Assim, Santa Cruz conquistou a glória de ter sido o berço da organização
coral e instrumental do primeiro Conservatório de Música no Brasil.
Num período
da História em que desbravar e colonizar eram imprescindíveis, Santa
Cruz deteve a honra de possuir a única trilha que ligava a cidade ao
sertão, partindo da Fazenda "O Caminho dos Jesuítas", contrabandistas
de ouro e diamantes que, perseguidos pelas patrulhas, por ele enveredavam.
Também denominado por "Caminho dos Minas" e mais tarde "Estrada
Real de Santa Cruz", este percurso ia até Sepetiba, porto com destino
a Parati; início então, da esperançosa caminhada para as sonhadas jazidas.
Em 1759,
quando os jesuítas foram presos e expulsos do Brasil, pelo Marquês de
Pombal, encerrou-se uma página da história da Fazenda de Santa Cruz.
A realeza em Santa
Cruz
Depois
que os jesuítas foram banidos do Brasil, a Fazenda de Santa Cruz foi
incorporada à Coroa Portuguesa e subordinada aos Vice-Reis. Durante
alguns anos esteve à beira do caos, em decorrência de administrações
desastrosas.
No governo
do Vice-reis Luiz de Vasconcelos e Souza, Santa Cruz se reergueu e novamente
prosperou, ficando conhecida como a "Jóia da Capitania".
Despertou
a cobiça de muitos compradores tamanha a fartura e possibilidades econômicas.
Felizmente, nenhum obteve êxito em seu intento.
Em 1808,
com a chegada de D. João VI ao Brasil, Santa Cruz foi bastante beneficiada.
Escolhida como "Sítio de Veraneio Real", a Residência da Fazenda
foi transformada em Palácio e toda a propriedade sofreu melhorias,a
fim de receber a Família Real e sua comitiva.
A primeira
visita de D. João VI a Santa Cruz foi um acontecimento magnífico.
Chegando
a estas terras em suntuosa carruagem, foi recebido com pompas, repiques
de sinos, festividades e rojões.
Sentindo-se
tranqüilo e seguro na real Fazenda de Santa Cruz, o príncipe regente
prolongava a sua estada por vários meses. Além de despachar, promover
audiências públicas e recepções, caminhava e caçava pela dileta propriedade.
No salão
de despachos do Palácio nasceu a primeira medida preparatória da Abolição
da Escravatura, com a ordem de limitação do tráfico de escravos.
Na história
administrativa do Brasil, Santa Cruz se destacou como sede do governo
regencial e reinado, durante os períodos em que D. João permanecia no
Palácio da Fazenda.
Por sua
iniciativa foram trazidos da China cerca de cem homens encarregados
de cultivar chá, na localidade conhecida atualmente como "Morro
do Chá".
Durante
quase um século essa atividade foi produtiva e atraiu o interesse de
técnicos e visitantes, tal o pioneirismo de sua implantação no Brasil.
Os chineses
instalaram-se como no país de origem. Construíram casas ao estilo de
pagodes, com lanternas coloridas e projetaram jardim delicados nos arredores.
O chá plantado
em Santa Cruz era de excelente qualidade e por isso, sua produção totalmente
vendida, engordando os cofres da Coroa.
Um dos recantos
mais bonitos da Fazenda de Santa Cruz - Sepetiba - foi palco de inúmeros
acontecimentos da História do Brasil, e até hoje mantém sua importância
como posto de vigília, em frente à Base Aérea, para garantir a soberania
nacional. Ligada a pré-história indígenas, como atestam a presença de
sambaquis na região, Sepetiba foi considerada o "Porto do Ouro",
por receber todo o ouro que vinha de Parati com destino a Lisboa.
Atraindo
a cobiça dos pintores, a baía de Sepetiba foi cenário de muitas batalhas
entre corsário e soldados do Rei.
Além do
ouro, os piratas usurpavam o pau-brasil, abundante nas matas santacruzenses.
Por longos
períodos, D. João VI esteve em Santa Cruz, promovendo melhorias e desfrutando
das belezas locais.
Em 1820,
despediu-se saudoso da terra que tantas alegrias lhe concedeu. Retornaria
à Metrópole Portuguesa, levando no coração a paz e a tranqüilidade que
a Real Fazenda de Santa Cruz lhe proporcionavam.
Entretanto,
a presença de seu sucessor, D. Pedro I, tornou-se constante em Santa
Cruz.
No Palácio
Imperial da Fazenda passou sua lua-de-mel com a Imperatriz Leopoldina
e manteve com a Marquesa de Santos encontros clandestinos.
Antes de
iniciar a história viagem da Independência, D. Pedro I deteve-se em
Santa Cruz, onde aconteceu uma reunião no dia 15 de agosto de 1822,
com a presença de José Bonifácio, para estabelecer as bases que culminaram
na nossa liberdade.
Ao regressar,
vitorioso, antes de seguir até a cidade, comemorou entre nós a Independência
do Brasil.
D. Pedro
I, ao abdicar do trono, semeou no coração dos seus filhos o amor a Santa
Cruz. Desde cedo, D. Pedro II e as princesas freqüentavam o Palácio
santacruzense, onde promoviam concorridos bailes e saraus, que contavam
com a presenças de fidalgos e ministros.
A majestosa
família deixou gravada em nossas páginas grandes feitos históricos.No
final de 19881, D. Pedro II inaugurou o Matadouro de Santa Cruz, tido
como o mais moderno do mundo.
À Princesa
Isabel coube um dos maiores acontecimentos de Santa Cruz; a alforria
de todos os escravos do Governo Imperial. A promulgação da lei foi assistida
por ilustres convidados, Entre eles, o Visconde do Rio Branco e o Conde
D'Eu.
Santa Cruz,
por sua posição político-econômico e sobretudo estratégica (frente para
o mar e fundos para os caminhos dos sertões de Minas) foi uma das primeiras
localidades do País a se beneficiar com os meios de comunicação da época.
Em 22 de
novembro de 1842 foi inaugurada a primeira Agência dos Correios do Brasil,
adotando o sistema de entrega em domicílio.
Pouco a
pouco, Santa Cruz foi se transformando numa cidade, com palacetes, solares,
estabelecimento comerciais, ruas e logradouros. Resistindo ao tempo
e à ação criminosa dos homens, muitos desses locais ainda se mantêm
de pé, atestando a importância histórica da nossa santa terra.
O Curral
Falso - porta de entrada de Santa Cruz, o Palacete Princesa Isabel,
o Marco Onze, a Fonte Wallace, o Hangar do Zeppelin e tantas outros
, enobrecem a nossa história.
Tempos modernos
Depois
da Proclamação da República, Santa Cruz perdeu um pouco do seu brilho.
Mas, sanadas os seus problemas. logo atraiu imigrantes estrangeiros,
que muito contribuíram com a nossa economia.
Os japoneses
se especializaram no plantio do tomate, frutas, legumes e hortaliças.
A produção era tão grande que abastecia toda a cidade do Rio de Janeiro,
conferindo à Santa Cruz o título de Celeiro do Distrito Federal.
Os árabes
e os italianos foram os responsáveis pela expansão do comércio local.
O tempo foi passando e tudo foi se transformando. As plantações e os
pastos cederam espaços às indústrias, que trouxeram o progresso à região.
Muitas fábricas
foram instaladas, tornando Santa Cruz conhecida como Cidade Industrial.
A necessidade de mão-de-obra que atendesse às indústrias fez surgir
os conjuntos habitacionais, para abrigar milhares de operários trazidos
da cidade do Rio de Janeiro. Tornaram-se todas santacruzenses, pois
aprenderam a amar e respeitar a terra que os acolheu.
Conservando
a hospitalidade e a alegria, o povo santacruzense cultiva e preserva
às suas tradições.
Datas cívicas
e religiosas sempre foram comemoradas com inesquecíveis festividades.
Eleito como
o mais animado do Rio de Janeiro, o Carnaval de Santa Cruz, desde remotas
época mantém viva a maior manifestação popular e cultural do país.
Lutando
par que não se apague a memória de nossa terra, escrita nas páginas
do Brasil, o G.R.E.S Acadêmicos de Santa Cruz leva para a Avenida um
pouco da história do nosso chão. da terra da qual nos orgulhamos e honrosamente
chamamos SANTA CRUZ.
Rosele Nicolau
Jorge Coutinho, autora do enredo |