FICHA TÉCNICA 2007

 

Carnavalesco     Rosele Campos Nicolau Coutinho, Munir Nicolau Jorge, Fran Sérgio e Ricardo Dennis
Diretor de Carnaval     Mário José de Siqueira Campos
Diretor de Harmonia     Waldemir Rodrigues de Paula (Mica)
Diretor de Evolução     Waldemir Rodrigues de Paula (Mica)
Diretor de Bateria     Rafael Queiroz e Luiz Gustavo da Silva
Puxador de Samba Enredo     Davi dos Santos (Davi do  Pandeiro)
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Eduardo Carlos Belo e Cíntia Ribeiro da Costa
Segundo Casal de M.S. e P. B.     José Mauro e Taísa de Azevedo
Resp. Comissão de Frente     Carlinhos Muvuca
Resp. Ala das Baianas     Marília Vianna de Oliveira
Resp. Ala das Crianças     Antonio Carlos Sampaio
Resp. Galeria da Velha Guarda     Neuza Maria de Oliveira

 

SINOPSE 2007

O tempo que o tempo tem

Justificativa do Enredo:

          Desde os primórdios da civilização, o homem tem demonstrado grande interesse em descobrir, conhecer e desvendar tudo aquilo que lhe parece misterioso.
          Definir a origem do tempo, conceituá-lo e medi-lo tem sido grande desafio para a humanidade.
          Por incontáveis milênios, o tempo foi visto como um fluxo calmo e incessante, e a sua passagem foi observada através dos ciclos da natureza. O nascer e o pôr-do-sol, as fases da lua e os movimentos dos astros regulavam os aspectos da vida. À medida que os homens começaram a entender mais plenamente o sentido do tempo, ajustaram o ano à mudança das estações, desenvolveram o calendário e instrumentos para decompor o tempo em unidades menores. Com a sofisticação dos aparelhos destinados a mensurá-lo, o tempo passou a ser o senhor dos homens, regendo nossa sobrevivência.
          Já não olhamos para o céu; não observamos mais as estrelas.
          Buscando decifrar o enigma e controlar o tempo, acabamos por desumanizar a vida moderna. Por pensar ansiosamente no futuro, esquecemos de viver o presente.
          Pensando na relação do homem com o tempo, o G.R.E.S. Acadêmicos de Santa Cruz transformará em alegria essa história milenar. Ajustando o tique-taque do relógio à cadência do samba, o enredo "O TEMPO QUE O TEMPO TEM" se vestirá de fantasia para cronometrar a magia de um desfile de carnaval.

Sinopse:

Quanto tempo o tempo tem?

          Ao estudar as origens do universo, os cientistas muitas vezes conseguem respostas que suscitam novas perguntas. Presumindo que o tempo e o espaço vieram à existência com o big bang, uma questão se torna inevitável: o que existia antes disso ? Enquanto alguns dizem que a solução está nas mãos divinas, outros persistem em cálculos.
          Segundo modernas teorias científicas, se o tempo teve uma origem, houve um tempo do passado em que ele passou a existir. Esse momento especial é o momento da origem do Universo.

"No princípio criou Deus os céus e a terra. A terra, porém, era sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o espírito de Deus pairava por sobre as águas.
Disse Deus: Haja luz; e houve a luz; e viu Deus que a luz era boa; e fez a separação entre a luz e as trevas. Chamou Deus à luz de dia, e às trevas, noite.
Disse também Deus: Haja luzeiro no firmamento dos céus... E assim se fez. Fez Deus os dois grandes luzeiros: o maior para governar o dia, e o menor para governar a noite; e fez também as estrelas."
(Gênesis)

          ... E surgiu também o homem que, assombrado com o aparecimento e a ocultação dos astros, de forma espetacularmente regular, passou a ter um ciclo de vida instintivo, recolhendo-se ao pôr-do-sol e levantando-se no instante do seu surgimento.
          A descoberta feita pelo homem de que ele mesmo, como todas as outras criaturas vivas, nasceu e iria morrer deve tê-lo conduzido intuitivamente a tentar deter a passagem do tempo e compreender o seu mecanismo.

O tempo no tempo

          A humanidade conta a passagem do tempo há pelo menos quinze mil anos, quando fazia marcações em ossos e gravetos.
          Desde a pré-história, o homem ficou deslumbrado pela sucessão dos dias e das noites, pelas fases da lua e pelo posicionamento das constelações no céu. Essas manifestações astronômicas conduziram à consciência do tempo, possibilitando sua medição.
          O nascer e o pôr-do-sol passaram a definir o dia; as fases da lua, a semana e o mês.
          Com o desenvolvimento da agricultura, o homem começou a observar mais atentamente os períodos de chuva e seca e, conseqüentemente, verificou que o ciclo das estações se repetia, originando a idéia de ano.
          A necessidade de organizar-se e marcar momentos específicos levou o homem a idealizar o primeiro relógio de que se tem conhecimento: o relógio de sol, que consistia em um bastão fincado na terra. Iluminado pelo sol, projetava sua sombra no solo, permitindo constatar que o movimento dessa sombra fosse o próprio transcorrer do tempo.
          Para obter medidas menores e independentes de condições climáticas, Platão, filósofo grego, criou um relógio de água, o Clepsidra - um recipiente por onde a água fluía constantemente, assinalando o tempo de acordo com o nível do líquido.
          A evolução do relógio seguiu com a ampulheta, relógio de cordas dentadas e outras tantas invenções.
          Pelos registros históricos, o homem precisou de milhares de anos até construir um relógio que funcionasse com precisão. As navegações influenciaram notadamente o desenvolvimento dos instrumentos de medição. A Galileu Galilei se deve a contribuição do relógio de pêndulo. A partir dessa descoberta, a busca por instrumentos mais precisos não parou de acelerar, mantendo viva a intenção de contar e dominar o tempo, como um grande desafio à inteligência humana.

O tempo escrito nas estrelas

          Entalhando marcações em pedras, ossos e cascas de árvores, nossos ancestrais contavam os dias pelo sucessivo nascer do sol. Observando que a lua se mostrava de diferentes formas ao longo de aproximadamente 29 dias, inauguraram uma nova unidade de medida, o mês. A percepção de que a lua levava cerca de 7 dias para ir de uma fase a outra originou a semana. Essa contagem repetitiva concebeu o calendário.
          Algumas civilizações da antiguidade conseguiram estabelecer brilhantemente as bases do calendário. Os sumérios, predecessores dos babilônios, perceberam que entre um inverno e outro a lua se apresentava cheia doze vezes. Decidiram dividir o ano em doze meses. Os egípcios criaram o primeiro calendário da história da humanidade. Surgiu por volta de 3000 a.C e começava com a enchente do Rio Nilo. O ano tinha 365 dias, divididos em 12 meses de 30 dias e mais cinco dias extras dedicados aos deuses. O calendário egípcio foi reconhecido por astrônomos gregos e se tornou objeto de referência da astronomia durante muito tempo. Entretanto, sofreu diversas alterações em função da precisão e da conveniência dos povos. Os romanos produziram o calendário juliano, dando nomes de imperadores aos meses. O ano teria 365 dias, com um dia excedente em Februarius, de quatro em quatro anos. Os romanos começaram a numerar os anos a partir da fundação de Roma, em 753 a. C. Esse sistema foi longamente adotado, até que no século VI a. C um monge grego sugeriu que se iniciasse a contagem a partir do nascimento de Cristo. Os povos construíam seus calendários de acordo com seus períodos festivos e suas tradições.
          Atualmente, o calendário ocidental utilizado é o gregoriano, que se baseia no tempo que a Terra demora para completar uma volta ao redor do sol.
          Um dos mais antigos registros cronológicos é o calendário chinês, dividido em ciclos de 12 anos, onde cada ano recebe o nome de um animal: galo, cão, porco, rato, búfalo, tigre, gato, dragão, serpente, cavalo, cobra e macaco, originando o horóscopo chinês.
          Há milhares de anos, a noite estrelada oferecia um espetáculo fascinante e, nas constelações o homem desenhava formas de animais e deuses. O céu era visto como uma esfera de cristal repleta de cintilantes estrelas.
          Para os antigos, o Sol, a Lua e os planetas eram deuses que se moviam por uma faixa do céu, a quem chamavam Zodíaco, designando a sorte dos humanos. O passeio dos astros pelo Zodíaco fez nascer a Astrologia. Assim, fluindo sem cessar, o tempo até hoje escreve nas estrelas o destino dos homens e assinala sua passagem.

Um tempo sem tempo

          Na história do tempo, muitos filósofos, astrônomos, físicos e cientistas deixaram gravadas as suas contribuições no modo de pensar o tempo.
          Platão afirmou que o tempo nasceu quando um ser divino colocou ordem e estruturou o caos primitivo.
          Para Santo Agostinho, havia tempos distintos com existência apenas em nossa consciência; eram impressões provenientes da alma. Em sua tese, Agostinho expressava sua visão de forma fantástica:
          Não houve tempo nenhum em que não fizésseis alguma coisa, pois fazíeis o próprio tempo. De que modo existem aqueles dois tempos - o passado e o futuro - se o passado já não existe e o futuro ainda não veio ? Quanto ao presente, se fosse sempre presente, e não passasse para o pretérito, não seria tempo, seria eternidade.´´
          Isaac Newton definiu o tempo como absoluto, com passagem constante, independente do observador. Mas ninguém foi tão marcante quanto o físico Albert Eintein. Depois de sua Teoria da Relatividade, foi preciso abandonar o conceito de tempo universal idêntico em todos os relógios do mundo, tornando-se, portanto, relativo e associado ao observador.
          O brasileiro Alberto Santos Dumond também escreveu sua história no tempo, ao sugerir que seu amigo Louis Cartier criasse um relógio de pulso.
          O advento do relógio mecânico reforçou a idéia de tempo como algo valioso e controlável. À medida que os instrumentos de medição foram ficando mais sofisticados, precisos e ao alcance de todos, foram alterando de maneira gradual a concepção temporal. Cada vez mais se delimita o momento em fatias menores. Com isso, ergueram-se as bases para o surgimento de uma civilização atenta à passagem daquele que comanda a vida - o tempo. Em função de sua produtividade e desempenho, o homem industrializado negocia o seu tempo, pois "tempo é dinheiro".
          Na era da internet tudo acontece em todos os lugares ao mesmo tempo. Não há fronteiras geográficas nem fuso horário. Mas administrar o tempo na sociedade contemporânea tem sido um desafio. Falta tempo ao nosso tempo.
          A sensação de que o tempo voa nos faz sofrer a melancolia do passado, onde o tempo do faz-de-conta não se inquietava com o futuro.
          Com a certeza de que o tempo cura, nos tornamos capazes de enfrentar as adversidades, mas, no transcorrer do tempo, lamentamos sua passagem.
          Sabemos que ontem é história; o amanhã é um mistério e hoje é uma dádiva, por isso é chamado presente. Ainda assim, não valorizamos esse bem individual.
          Tempo - Entre todas as coisas do mundo, é a mais longa e a mais curta; a mais rápida e a mais lenta; a mais esquecida e a mais citada.
          Tempo - Como Cronos, deus da mitologia grega, devora tudo o que é pequeno e vivifica tudo o que é grande.
          Tempo - Nada é mais longo, pois é a medida da eternidade; nada é mais lento para aquele que espera; nada se faz sem ele.
          Tempo - Faz esquecer tudo o que é indigno da posteridade e imortaliza os grandes feitos.

Autora do Enredo: Rosele Nicolau Jorge Coutinho

 

SAMBA ENREDO                                                2007
Enredo     O tempo que o tempo tem
Compositores     Marcelo Borboleta, Charuto, Ditão, Valdir e Fernando de Lima
Quanto tempo o tempo tem?
Perguntas trazem meus versos
Nem a ciência conseguiu nos explicar
Nas mãos divinas as origens do universo
Há mais de 15 mil anos a humanidade busca respostas
Nascer e pôr-do-sol... Definir o dia
A semana, o mês, astrologia

Tempo me escravizou, virei robô
Fez meu mundo girar, bem devagar
No tic tac das horas
Nosso samba vira história
E jamais vai se apagar

Os relógios surgem despertando a inteligência
Calendários marcam o início de uma existência
Povos construíram suas tradições
Nos astros eu previ várias paixões
Tempo, nossa vida em suas mãos
Voa e leva meu coração
Quero mais ser feliz, bem feliz!

Se o tempo é um mistério, quem saberá?
Me diga do futuro deixa, pra lá
Deus Cronos me responda quem te seduz?
Tempo... É Santa Cruz!