FICHA TÉCNICA 2010

 

Carnavalesco     Laerte Gulini
Diretor de Carnaval     Fernando José de Morais Vasconcelos
Diretor de Harmonia     Edson Costa
Diretor de Evolução     Edson Costa
Diretor de Bateria     Eduardo Alvarenga da Silva e Cleber de Oliveira Costa
Puxador de Samba Enredo     Dario Lima
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Wallace Dias Pessoa e Thais Fonseca Romi
Segundo Casal de M.S. e P. B.     Jonas e Yasmin
Resp. Comissão de Frente     ................................................................
Resp. Ala das Baianas     Val Lopes
Resp. Ala das Crianças     Juarez Ferreira
Resp. Galeria de Velha Guarda     ................................................................

 

SINOPSE 2010

Mitos, mistérios e magias do oculto e do sagrado

Apresentação:

  • Mitos: Narração de tempos fabulosos ou heróicos; fábula; alegórica explicativa de um fato natural, histórico ou filósofo; utopia; enigma.

  • Mistérios: Dogma ou objeto de fé religiosa e que é inacessível à razão; culto secreto no politeísmo, tudo o que tem causa oculta; o que é incompreensível; enigma; segredo.

  • Magias: Arte mágica; religião dos magos; arte suposta de produzir certos efeitos contrariando a ordem natural; feitiçaria; encanto; fascinação.

  • Oculto: Que não se deixa ver; encoberto; escondido; invisível; sobrenatural; misterioso; causas que não podem ser conhecidas em si mesmas e somente o são por seus efeitos; diz-se de certas ciências e comportamentos religiosos.

  • Sagrado: Que se sagrou; consagrado; relativo ao culto religioso; inviolável; venerável; santo; aquilo que é sagrado; templos, locais, cemitérios, objetos. Para entendermos melhor este enredo, observamos que os critérios acima relacionados se interagem entre si no panorama do "Oculto  e do Sagrado”. Nossa escola levará para a avenida um tema polêmico, mas, porém profissional, digno de grupo especial, um tema que faz parte da construção e do pensamento humano, desde o surgimento do primeiro homem.

          A espiritualidade é o combustível de uma incessante busca. É quem santifica o homem e consagra a terra. É quem desenvolve o conhecimento e o direciona ao próprio benefício. É neste momento que nasce o conceito de um deus responsável pela criação do universo, de forças e seres superiores que conduzem a existência humana. A fé, oriunda no espírito humano e cada um dos pontos fundamentais de uma crença religiosa, são as principais colunas que sustentam as questões do sagrado e de doutrinas espalhadas ao longo do globo terrestre. Se toda cerimônia do sagrado é formada basicamente de fé e misticismo, podemos compreender que sagração e ocultismo estão interconectados. Dessa forma, concluímos que ocultismo é o conhecimento secreto das sagrações, que pode ser acessível apenas aos membros mais elevados na hierarquia de determinadas ordens religiosas. A sagração e o ocultismo também são responsáveis por criar grupos sociais que podem estar associados a manifestações culturais e políticas.
          O que seria do homem sem crença, sem fé. Sem acreditar que não estamos aqui por um mero "processo biológico", uma coincidência do acaso, sem acreditar em uma força superior que nos rege, de que permanecemos vivos em outra forma de energia. Com a crença e fé surge regras que levam os homens a tentarem seguir, trilhar por passos mais corretos, com respeito ao próximo e a si mesmo. Talvez a falta de temor a um ser superior levasse ao homem ao caos.
          Mas lembremos que na antiguidade muitos Deuses guerreavam, aguçavam a guerra, domínio, intolerância e as desigualdades. Hoje observamos grupos extremistas religiosos que levam a destruição e a morte para satisfação e seguimento de sua fé. Será que mudamos de pensamento? Por que isso, se a religiosidade e espiritualidade teoricamente servem para a felicidade do ser humano? O fanatismo tanto no passado como presente, a loucura humana da fé leva o homem a cometer atrocidades em favor de sua crença, prejudicando com isso seu semelhante, o que vai contra a qualquer princípio religioso do bem. Nosso enredo mergulha neste mar do Oculto ao Sagrado.
          Nosso tema versará sobre o politeísmo (sistema religioso que admite muitas divindades) ao longo da história da humanidade, mas precisamente sobre o sincretismo que envolve esse sistema religioso, desde a origem da humanidade na versão bíblica do jardim do éden passando pelo Egito sagrado que teve o seu sincretismo religioso e que está situado na região, onde pesquisadores afirmam existiu o jardim do éden, dando ênfase e ressaltando a origem e religiosidade do povo cigano  que está ligada na história da criação do mundo, chegando ao sincretismo negro das Américas, que foram consideradas o novo éden, que também teve seu sincretismo religioso com os escravos que foram trazidos para o Brasil. Em todas essas histórias, perpassam o bem contra o mal, o caos, a destruição, as invasões, os sofrimentos, mas também a esperança, a salvação e a religiosidade destes povos.

Justificativa:

          A espiritualidade é o combustível desta incessante busca. É quem santifica o homem e consagra a terra. É quem desenvolve o conhecimento e o direciona ao próprio benefício. É neste momento que nasce o conceito de um deus responsável pela criação do universo, de forças e seres superiores que conduzem a existência humana. A fé, oriunda no espírito humano, e o dogma, são as principais colunas que sustentam as questões do sagrado e doutrinas espalhadas ao longo do globo terrestre. Se toda cerimônia do sagrado é formada basicamente de fé e misticismo, podemos compreender que sagração e ocultismo estão interconectados. Dessa forma, concluímos que ocultismo é o conhecimento secreto das sagrações, que pode ser acessível apenas aos membros mais elevados na hierarquia de determinadas ordens. A sagração e o ocultismo também são responsáveis por criar grupos sociais que podem estar associados a manifestações culturais e políticas, por exemplo.
          Não existem bases confiáveis para se estabelecer um ponto de partida comum das crenças. Mas pode ser na cultura dos babilônios e egípcios do período pré-cristão, que está a raiz do ocultismo ocidental. Os deuses e religiões desta época se desenvolveram ao longo das eras, sofreram transformações agregando em si diversos elementos de outras culturas, emergindo novos conceitos e ressurgindo velhas crenças.
          O sincretismo em qualquer comunidade aparece pela formação que lhe é estabelecida, não por governos, ou conjunto de leis, mas por ensinamentos de antepassados que legaram algum tipo de veneração à divindade, ou divindades que dizem ajudar em todos os momentos de sua vida. No princípio da vida humana, tal como repassa a história, os seres pensantes procuravam descobrir a causa de algo que lhe acontecia, daí a formação de divindades tipo adorar a lua, o sol, as estrelas e com o tempo, o processo de incorporação espiritual e conselhos que elas enviariam. Com o processo evolutivo, apareceram as festas com batuques, cujos espíritos tiveram o nome dado como equivalência aos santos da Igreja católica, acompanhada pelos rituais dos nativos da África que se disseminaram pelo mundo inteiro.
          Essas fusões convinham perfeitamente ao espírito egípcio, para o qual, a associação de imagens ocupava o lugar do laço lógico; tratava-se, segundo as concepções egípcias, de aspectos diferentes da mesma realidade.
          Na pirâmide social do Egito, depois do faraó, vinham os sacerdotes, que gozavam de enorme prestígio tanto espiritual como material. Sob seu comando, estavam riquezas e bens dos grandes e ricos templos. Considerados grandes sábios, eram os guardadores dos segredos das ciências e dos mistérios religiosos relacionados com seus inúmeros deuses. Na verdade, o sincretismo egípcio  serviu para misturar, de maneira inextricável, concepções que nada tinham em comum. Daí o fato de a mitologia egípcia parecer, às vezes, disparatada e incoerente.
          Quando, em 1500, os descobridores europeus toparam com os Tupiniquins, muito espantados ficaram deslumbrados com a inocência aparente dos Ameríndios. Vendo neles a pureza e suspeitando mesmo da proximidade do paraíso, imaginaram-nos sem crenças, sem religiões e sem superstições: sem fé, nem lei e nem rei. A terceira carta manuscrita do florentino Américo Vespuccio, de 1502, também a de Pero Vaz de Caminha, são em grande parte responsável por este mote que ditará, lamentavelmente, a interpretação do índio: do homem adâmico antes da ordenação do caos e a inocência das gentes que lhe lembra a imagem do Paraíso Terrestre. Com Colombo ou com Cabral,  continuamos em pleno reino da analogia e no prolongamento das convenções medievais sobre o Éden. A nudez representava a falta de civilização, mas também simbolizava a inocência de que os homens desfrutaram no paraíso, antes deles terem sido expulsos, como conta a história primordial do Gêneses. O paraíso terrestre, morada original e natural do homem, representado na história da Bíblia pelo Jardim do Éden, é lembrado mais uma vez com a descoberta das Américas e a história do Egito sagrado se repete de outras formas e circunstâncias.

Objetivo:

          Enfim, o enredo do G.R.E.S. Acadêmicos de Vigário Geral pretende ilustrar quatro fatos  marcantes na formação e construção do oculto e do sagrado na humanidade: O mito do Jardim do Éden, Os mistérios do Egito Sagrado, A Magia do Povo Cigano e o Sincretismo religioso negro com todo o seu ocultismo e influência na formação da religiosidade brasileira.

Laerte Gulini

 

SAMBA ENREDO                                                2010
Enredo     Mitos, mistérios e magias do oculto e do sagrado
Compositores     Edmar G.S., Jorge Moreira, Nei do Pagode, Ricardinho e Soneca

A criação do mundo
A fortaleza do superior
Deus, o arquiteto do universo
Vigário canta em verso
Mistério que a ciência desvendou
Terra, iluminada pelo Sol
Lua, seu guardião vem clarear
O homem com o toque na beleza
Transformou o paraíso
No jardim do pecador

Me leva, me leva
Ao Grande Criador ôô
Livrai-me do mal dessa serpente
No Éden sou um anjo, meu amor

Lá no Egito, o Faraó
Formavam nossas civilizações
Deu vida eterna aos deuses
A morte e a ressurreição
Pra saber sobre o futuro
Dê ao cigano sua mão
Pelo mundo caminhando
Vendo grandes previsões
Trazido de uma terra bem distante
O negro e a nação nagô
Mitos, cantos e magias
No Brasil assim chegou
Pisando forte no terreiro do Senhor

Salve o povo de Aruanda
Da Quimbanda e Candomblé
Salve o povo da Umbanda
Pra todos com muito axé