FICHA TÉCNICA 2001

 

Carnavalesco     Antônio Carlos da Costa
Diretor de Carnaval     ..............................................................
Diretor de Harmonia     ................................................................
Diretor de Evolução     .............................................................
Diretor de Bateria     ................................................................
Puxador de Samba Enredo     ................................................................
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     ................................................................
Segundo Casal de M.S. e P. B.     ................................................................
Resp. Comissão de Frente     ................................................................
Resp. Ala das Baianas     ................................................................
Resp. Ala das Crianças     ................................................................

 

SINOPSE 2001

Kid Morangueira, o malandro no Dendê

          Vamos contar em verso e prosa, no ritmo do samba, um pouco da vida e obra de um boêmio fascinante.
Vamos fazer deste enredo, um sonho, e nesse sonho mostrar o mais autêntico e verdadeiro malandro dos dias e noites cariocas. Ele fez da Lapa seu lar, seu refúgio, sua alma e sua alegria!
Sua vida foi escrita em notas musicais. Ele faz parte das raízes do samba popular, foi ele que criou o samba de breque. Esse sonho nos revela um filme, onde nosso homenageado pode ser visto como o mocinho e também o vilão, mais é melhor identificado como um grande comediante, ele é mestre cantando com humor, uma vida existente no imaginário.

ANTÔNIO MOREIRA DA SILVA

          Nascido no dia 1º de abril do ano 1902, filho de um trombonista da banda militar, aos nove anos entrou para a escola no bairro da Tijuca, onde nasceu. Com a morte do pai, em 1913, foi obrigado a trabalhar para ajudar no sustento da família , deixando os estudos. Empregou-se numa fábrica de meias, depois na Companhia de Cigarro Souza Cruz e, aos 19 anos, tornou-se motorista de praça. Por essa época, já cantava em serenatas e festas. Em 1926, passou a trabalhar como motorista de ambulância da prefeitura do Distrito Federal. Em 1928, casou-se com Maria de Lourdes, uma bela mulata. Em 1931 fez sua primeira gravação, na Odeon, interpretando "Ererê " e "Rei da Umbanda", dois pontos de macumba do compositor Amor, que o convidara para gravar.

NA 1º GRAVAÇÃO, O INÍCIO DE UM TALENTO

          No selo desse 1º disco que gravou, seu nome aparecia como Antônio Moreira, o Mulatinho. Depois de gravar, sem êxito, mais um disco na Odeon, transferiu-se para a Columbia, lançando, entre outras, duas composições de sucesso no carnaval de 1933, assinado-se ainda Antônio Moreira da Silva: Arrasta a sandália (Aurélio Gomes e Baiaco) e É batucada (Caninha e Visconde de Bicoíba), campeã do primeiro concurso oficial de músicas carnavalescas do Rio de Janeiro em 1933.

SIMPLESMENTE MOREIRA DA SILVA

          Fez grande sucesso em 1935, com o lançamento, pela Columbia, do samba Implorar (Kid Pepe, Germano Augusto e J. S. Gaspar). No ano seguinte começou a atuar no programa Casé, na Rádio Philips. Em 1937, César Ladeira, que o apelidou de Moreira da Silva, o tal, ouviu-o no Cassino Atlântico e contratou-o para trabalhar na Rádio Mayrink Veiga. Ainda em 1937, em sua interpretação de "Jogo proibido" (Tancredo Silva, Davi Silva e Ribeiro Cunha), improvisou nos intervalos dos versos frases repletas de gírias, o que seria repetido em diversas gravações suas e que se tornaria daí em diante a marca registrada de suas interpretações de sambas de breque.

O CRIADOR DO SAMBA DE BREQUE VAI A EUROPA

          Em 1939, Moreira da Silva excursionou por Portugal, onde chegou a trabalhar no filme A varanda dos rouxinóis, dirigido por Leitão de Barros. No mesmo ano lançou, pela Victor, Amigo Urso (Henrique Gonçalves), um de seus grandes sucessos. Em 1938 transferiu-se para a Odeon, onde gravou Acertei no Militar (Wilson Batista e Geraldo Pereira), com enorme êxito. Nos anos seguintes gravou ainda na Odeon em 1942, Fui a Paris (com Ribeiro Cunha) e Dormi no molhado (de sua autoria); em 1943, Qu'est-ce que tu penses (Francisco Moreno) e Conversa de camelô (T. Silva e S. Valença). Em 1950 foi contratado pela Rádio Tupi, do Rio de Janeiro, e, no mesmo ano, lançou um LP de dez polegada pela extinta etiqueta Santa Anita.

O ÚLTIMO MALANDRO

          Em 1958, Aluísio de Oliveira levou-o novamente para a Odeon, onde gravou o LP O último malandro, em que, ao lado de novos sambas, relançava antigos sucessos. Entre as músicas, figurava Na subida do morro (com Ribeiro Cunha), outro de seus grandes êxitos. A este LP seguiram-se vários outros, entre o quais A volta do malandro, Malandro em sinuca e  Moreira  da Silva, o tal... malandro. Nessa fase, tornaram-se bastante populares os sambas de breque compostos especialmente para ele por Miguel Gustavo, que narram filmes imaginários, cujo personagem principal é Kid Morengueira, seja, o próprio cantor. O de maior sucesso foi O rei do gatilho, de 1962. Em 1964 gravou na Odeon, o LP Morengueira 64. Gravou ainda os LPs Conversa de botequim (Odeon, 1966),  O sucesso continua (Cantagalo, 1968), Moreira da Silva (Morengueira) (Imperial, 1968), Manchete do dia (Cantagalo, 1970), Mo"ringo"eira (Continental, 1970), 70 anos de samba (Tropicana, 1972), Consagração (CID, 1973),  O Jovem Moreira (Polygram, 1979),  A arte de Moreira da Silva (Polygram, 1981), Cheguei e vou dar trabalho (Top Tape, 1986),  Moreira da Silva - 50 anos de samba de breque (Fama, 1989).

ÓPERA DO MOREIRA

          Em 1979, convidado por Chico Buarque, participou das gravações do LP  Ópera do malandro e, em 1980, no Projeto Pixinguinha, excursionou por todo o Brasil. Em 1984 pela primeira vez, foi enredo de uma Escola de Samba (Em Cima da Hora). No início da década de 90 (em 1991), Moreira da Silva quis ter seu lugar entre os Imortais. Morengueira, como bom malandro deu aquele breque na hora de entrar para a Academia, disse ele: "Pedi renúncia no primeiro escrutino/ Porque perco o tirocínio onde não entra mulher"; Mas os acadêmicos, embora não aprovassem o fardão que ele alugou numa loja, e como o qual compareceu a ABL, acharam seu samba - "Moreira da Silva na Academia"- engraçadíssimo, mais uma homenagem do nosso cancioneiro que uma sátira (o samba foi feto por Willian Prado). Em 1992, foi novamente homenageado no Carnaval (dessa vez foi a Unidos de Manguinhos com o enredo, Moreira da Silva, 90 anos de um malandro). Em 1995 apresentou-se com grande sucesso no teatro João Caetano, no Projeto Seis e Meia e, no ano seguinte, seus 94 anos foram comemorados com shows na Boate Ritmos, em São Conrado, Zona Sul do Rio, com participação de vários artistas. No mesmo ano saiu o livro Moreira da Silva, o último dos malandros, de Alexandre Augusto Teixeira Gonçalves pela Editora Record.
Em 1997, Moreira com sua invejável vitalidade, continuo fazendo shows por toda a cidade do Rio de Janeiro. 1998 não foi diferente, o samba o acompanhava por todos os lugares. Muitos o chamavam de falso malandro, pois Moreira não fumava nem bebia, seria esse o motivo de sua perfeita saúde.

O PERFIL DE MORENGUEIRA (declarações feitas no jornal O DIA em 18/02/99)

          Um flamenguista doente, que um dia torceu pelo América, adorava assistir partidas de futebol. Moreira da Silva não gostava do sambódromo, mas em 1999, desfilou pela Mangueira porque a escola ofereceu "mordomias" como um carro de capota arriada.
          CARNAVALESCO - "Não sou carnavalesco. Aos 12 anos, me empolgava e até me fantasiei de palhaço. Depois gravei marchinhas, mas não fiz sucesso".
          SAÚDE - "Nunca cheirei cocaína, usei maconha ou traguei cigarro. No almoço, gosto de comer rabada ou feijoada, mas o que vier eu traço".
          VIÚVO ALEGRE - Moreira da Silva ficou viúvo em 1982. "Fui casado por 54 anos com Maria de Lourdes. Até hoje sinto saudades dela. Mas não me casei de novo, depois que fiquei viúvo, as mulheres vinham me ver, eu dava uma chinelada nelas e ficava tudo bem".
          PECADOR - "Se existe reencarnação, não teria dívidas para pagar. Meu pecado foi mulher, com elas nunca falhei. Nunca deixei mulher na saudade. E não botei prótese, como o Nelson Gonçalves".
          REBOLADO - "Gosto de pagode, de quem diz no pé, tipo a Carla Perez. Essa menina ganhou uma nota preta, e chamavam ela de vulgar... é nada! Ela é bonita".
          BEIJO - "Adoro ver novela, minha atriz preferida é a Carolina Ferraz. Não tem "tchan" mais beija pra caramba. Adoraria receber uns beijinhos dela, com todo respeito... Ela é comprometida".
          INGRATIDÃO - "Abaixo de Deus, fui eu quem levou Elza Soares para a fama. Ela cantava de graça na Rádio Mauá e a indiquei para cantar na Boate Texas do Aírton Perligeiro. Ela namorava muito. Menos comigo".

KID NO AR

          Ele reinou no rádio, com seus sambas de breque, foi notícia em jornais e revistas de todo o país. Era um artista completo e sempre atualizado. Um de seus últimos sucessos no samba, teve o Viagra como título. Ele cantava o Viagra, mas dizia que não precisava, muitas de suas antigas obras foram relançados em CDs, sucessos transformados em coleções, e nelas reunindo seus maiores êxitos. Ele foi cawboi, lutou contra 007, foi a China em Chang Lang... mas na verdade Moreira da Silva era o cantador dos morros, das Etelvinas, das Faustinas e Risoletas... Nosso Kid  Morengueira sempre estará em ação, principalmente nas lembranças de seus fãs, admiradores e amigos, como os malandros Bezerra da Silva e Dicró, que formaram com ele os três malandros In Concert. No ano 2000, quase 100 anos de samba foi comemorado no Largo da Carioca. Este ano de festa pelos seus 98 anos, também marcou como o ano do Adeus a um dos maiores nomes da nossa música popular, mestre dos morros filhos da Lapa.
          Os arcos da Lapa compôs o cenário esse filme sobre a vida de Moreira, relembrados neste em forma de sonho. Que nunca terá fim; enquanto existir a música e a lembrança de nosso povo... Moreira da Silva, o Mulatinho! Kid Morengueira eternamente... no ar!

Antônio Carlos da Costa
Carnavalesco

PESQUISA: Museus da Imagem e do Som (Lapa e Praça XV)
Jornal O DIA/ O GLOBO & Enciclopédia da Música brasileira

 

SAMBA ENREDO                                                2001
Enredo     Kid Morangueira, o malandro no Dendê
Compositores     ???
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