O Brasil e os seres fantásticos
Neste
Brasil de meu Deus, qualquer povoado tem caso de visagem. Visagem
é aparição de luz, de fada, de almas e de bichos fantásticos, portadores
de avisos, sinais, é as vezes , de esperanças. No meio rural, explica-se
muito bem por meio de histórias e sabedorias que tem o dom de abrandar
o coração dos homens, é um conhecimento que brota do contato com a
natureza, com o crepitar do fogo, com as noites estreladas. Traduz
um olhar de encantamento em direção ao mundo. Uma projeção de fé por
uma vida melhor. As lendas expressam a alma de um povo. As nossas
falam de um povo sensível que venera o ambiente em que vive e que
sabe, por experiência própria, que o casamento com as forças naturais
nos torna mais verdadeiramente humanos.
Nosso
enredo aborda relatos sobre os seres sobrenaturais, os seres fantásticos
narrados em relação pela população, e pelos índios, esses seres pertencem
ao folclore, todas as expressões de cultura popular, espontâneas,
não dirigidas, aprendidas informalmente, espontâneas, não dirigidas,
aprendidas informalmente num processo inconsciente de aceitação e
imitação no convívio dos seres humanos. Temos assim as lendas e costumes,
religiosidade popular a linguagem típica de uma região.
Os
mitos e lendas brasileiras andam pelos lares do nosso povo assustando
e fazendo a imaginação voar. As vezes estão em vários lugares diferentes
ao mesmo tempo, os nomes podem variar e algumas características também
, mas suas histórias e aparições não morrem . A cultura indígena brasileira
tem todo um repertório de lendas e mitos mais ligados a natureza,
envolvendo animais, estrelas, rios e plantas, e algumas dessas lendas,
misturam-se às crendices do homem branco católico, vários mitos foram
importados da Europa, trazidos pelos portugueses e espanhóis . Dentre
os relatos , vemos aparecer vários seres fantásticos, horripilantes
que fogem à compreensão humana, seres entre eles a sereia, o lobisomem
e etc. Curupira, besta-fera, sacis, são seres fantásticos que os brasileiros
aprenderam a respeitar e ter medo, vamos mostrar um pouco desses seres
que fascinam e amedrontam, da arrepio só de pensar em encontrar com
algum deles, você costuma ficar até tarde da noite fora de casa em
plena lua cheia, tome cuidado! É exatamente nesta hora que alguns
fantásticos, seres sobrenaturais costumam aparecer, corra, corra que
os fantásticos vem aí.
O
enredo foi dividido em cinco partes, representando as regiões do Brasil,
cada região é representada por três seres fantásticos.
-
Região sul: Mulher
da meia noite, Caipora e Mula sem cabeça
-
Região sudeste: O estica,
Chupa cabra e Saci pererê
-
Região central: Matinta
pêrera, Negro d’água e lobisomem
-
Região nordeste: Besta
fera, Papa figo e Cabra cabriola
-
Região norte: Boiúna,
Curupira e Boto
A
mulher da meia noite é a aparição de mulher jovem e bonita, que encanta
a todos e desaparece na entrada dos cemitérios. Eis um mito que ocorre
na Europa, com relatos desde a idade média , a personagem pode variar
de um pais para outro, no Brasil é chamada de mulher de branco.
O
caipora é um anão de cabelos vermelhos com pelos e dentes verdes, como
protetor das árvores e dos animais, costuma punir os agressores da natureza
e o caçador que mata por prazer. É muito poderoso e forte. Seus pés
virados para trás serve para despistar os caçadores, deixando- os sempre
a seguir rastros falsos.
A
mula sem cabeça, crendice popular antiga, dizia que as mulheres que
namoravam padres como castigo por seu pecado, transformavam-se todas
as sextas feiras de madrugada na mula sem cabeça. A mula sem cabeça
é um ser fantástico dos povos da península ibérica,
Trazidos
para a América do Sul pelos portugueses e espanhóis. A história, também
faz parte do folclore mexicano. No Brasil também é conhecida de burrinha
ou burrinha de padre, a rapidez no movimento da criatura e a tristeza
de seus relinchos, soltando fogo pelas ventas aterrorizam todos os que
aparecem na sua frente, a batida de seus cascos parecem ferro sendo
batido na bigorna.
O
estica, ser fantasmagórico que faz suas aparições nas estradas de terra
e porteiras das fazendas no interior do Rio de Janeiro , amedrontando
todos os que vêem, ser apavorante que aumenta e diminui de tamanho.
Suas aparições ocorrem em noite de lua cheia aterrorizando os fazendeiros
mais desatentos que teimam em sair à noite.
O
chupa cabra ser mitológico do sudeste brasileiro principalmente. É um
animal parecido com um lobo, mata animais domésticos especialmente,
galinhas, cães, cabras e ovelhas sugando-lhes todo o seu sangue através
de um furo no pescoço da vitima, Muito difundido no interior de São
Paulo, o chupa cabra têm sido objeto de atenção inclusive da imprensa
ultimamente, há quem confunda com um ser de outro planeta.
O
saci pererê é sem duvida um dos seres do mundo invisível mais popular
do Brasil, ocorrendo em todo o território. De todos é provavelmente
o que conseguiu se manter mais nitidamente como uma entidade benevolente,
quando muito um tanto brincalhona, mas inofensiva. Dentre
os seres fantásticos, o saci foi sempre o que encanta, o ser mágico
que pode sumir, virar pé de vento. O saci nasce e vive no bambuzal,
mas não se pode olhar no oco do bambu para vê-lo, pois ele pode soprar
a brasa do seu pito no olho do curioso e cegar. O saci é um negrinho
de uma só perna que usa um gorro vermelho e fuma pito, a noite ele cavalga
dando nós e trançando a crina dos cavalos, que sob ele relincham e galopam
desoladamente pelo pasto. O saci aparece quando se perde algum objeto,
pega-se uma palha e dá-se três nós, pois se está amarrando o pinto (pênis)
do saci. Enquanto ele não achar o objeto desfaz os nós. Ele logo faz
a gente encontrar o que perdeu, porque fica com vontade de mijar.
Matinta
perêra é uma velha vestida de negro, com os cabelos caído no rosto.
A matinta pode aparecer de diversas formas, mas quase sempre ela se
transforma em coruja. Acredita-se que esse ser tem poderes sobrenaturais.
Seus feitiços são capazes de causar sérios prejuízos as suas vítimas,
principalmente em relação a saúde, causando-lhes fortes dores.
O
negro d’água é um ser fantástico meio homem meio peixe, com orelhas
de macaco e uma crista de peixe. Dizem que ele é muito forte e que já
foi visto por quase todos os pescadores que vivem na região. Protetor
dos peixes e se irrita com a pesca predatória, habita o rio Araguaia
e os carixos do pantanal, ele derruba as canoas dos pescadores que não
lhe der um pedaço de peixe.
Quando
um casal tem sete filhos o mais velho tem que batizar o mais novo ,
para que esse não vire um lobisomem. No caso de sete meninas , deve
ser feito a mesma coisa para que a garota não vire bruxa. Dizem que
é fácil identificar os lobisomens. São esquálidos , pálidos, com um
tom de amarelado nas faces.
Os
indivíduos que tem tal sina transformam-se de quinta para sexta-feira
quando ocorre a lua cheia. Na região centro sul do Brasil, acredita-se
que se o homem for branco, vai aparecer na forma de um enorme cão negro.
Dizem que o lobisomem só sai para comer fezes de galinha. Se há galinheiro,
ele então procura crianças com fraldas.
Quando
ele aparece deve se fazer o sinal da cruz que ele se afasta, ele costuma
assustar a todos que o veja, sua figura de cão do demônio é horripilante
e assustadora.
No
nordeste aparece uma criatura que é mistura de mula sem cabeça e lobisomem.
Não se sabe ao certo de onde sai essa criatura. Acredita-se que na verdade
trata-se do próprio demônio em pessoa, que sai das profundezas em noite
de lua cheia e corre pelas ruas, dos povoados e pequenas cidades, a
besta fera só para quando chega no cemitério da cidade, quando simplesmente
desaparece, seria um ser fantástico, metade cavalo. O barulho dos seus
cascos correndo é motivo suficiente para as pessoas se trancarem em
casa neste dia. Por onde passa uma matilha de cachorros e outros animais
o acompanham numa algazarra infernal. Vez por outra açoita os cachorros
e os ganidos são pavorosos. Quando ele para na porta de uma casa, dá
para ouvir a sua respiração demoníaca e nessa hora, pessoa deve rezar
o (credo) para que ele siga seu caminho. O animal que se atreve a chegar
mais perto é açoitado sem piedade.
Outro
personagem muito popular é o papa figo, que sofre uma doença cuja a
cura é o fígado de crianças. Por isso dá presentes a crianças para atrai-las,
lembra muito um mito europeu, o velho do saco.
A
cabra cabriola é terrível criatura com aparência distorcida de cabra,
este animal apavorante e monstruoso, pega meninos mal criado e desobedientes.
Ela entra nas casas ao perceber que lá dentro tem menino que não obedece
aos pais e mija na cama.
No
norte sem duvida é a região que mais tem seres fantásticos, a boiúna
ou cobra grande nascida de uma índia que deu a luz a duas cobras, senhor
dos rios e igarapés, que a noite invade as aldeias e casas ribeirinhas
para servir- se leite humano, essa enorme cobra preta com olhos de fogo
se irrita ao ver os humanos agredirem seu habitat.
O
curupira (mãe do mato) é interessante que geralmente se usa o artigo
(o) para referi-se a este ser fantástico, ente da floresta a quem se
empresta justamente o atributo feminino. Guardião das flora e da fauna,
é entretanto protetor daquele que sabe se relacionar com a natureza,
utilizando apenas para sua sobrevivência, ou seja, o homem que derruba
árvores para construir sua casa, seus utensílios, ou ainda para fazer
o seu roçado e caçar apenas para alimentar-se, tem a proteção do curupira.
Mas aqueles que maltratarem plantas e animais, os que caçam por pura
perversidade, estes tem no curupira um terrível inimigo.
O
boto, conta a lenda que o boto, peixe encontrado nos rios da Amazônia,
se transforma em um belo caboclo durante as noites de lua cheia. Ele
sai das águas à procura de mulheres jovens e bonitas para seduzi-las
e engravida-las, desaparecendo depois, há poucas versões que contam
da capacidade do boto de se transformar numa mulher atraente, que conquista
a homem para leva-lo para o fundo das águas. A lenda do boto sobrevive
nas cidades e aldeias ribeirinhas dos rios do Amazonas e Pará. O boto
também é considerado protetor das mulheres, pois quando ocorre um naufrágio,
ele salva a vida das mesmas, empurrando-as até as margens do rio.
Arnon Cravalhaes
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