FICHA TÉCNICA 2003

 

Carnavalesco     Arnon Carvalhaes
Diretor de Carnaval     ..............................................................
Diretor de Harmonia     ...............................................................
Diretor de Evolução     .............................................................
Diretor de Bateria     ................................................................
Puxador de Samba Enredo     Ednaldo de Lima
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     ................................................................
Segundo Casal de M.S. e P. B.     ................................................................
Resp. Comissão de Frente     ................................................................
Resp. Ala das Baianas     ................................................................
Resp. Ala das Crianças     ................................................................

 

SINOPSE 2003

O Brasil e os seres fantásticos

            Neste Brasil de meu Deus, qualquer povoado tem caso de visagem. Visagem é aparição de luz, de fada, de almas e de bichos fantásticos, portadores de avisos, sinais, é as vezes , de esperanças. No meio rural, explica-se muito bem por meio de histórias e sabedorias que tem o dom de abrandar o coração dos homens, é um conhecimento que brota do contato com a natureza, com o crepitar do fogo, com as noites estreladas. Traduz um olhar de encantamento em direção ao mundo. Uma projeção de fé por uma vida melhor. As lendas expressam a alma de um povo. As nossas falam de um povo sensível que venera o ambiente em que vive e que sabe, por experiência própria, que o casamento com as forças naturais nos torna mais verdadeiramente humanos.
            Nosso enredo aborda relatos sobre os seres sobrenaturais, os seres fantásticos narrados em relação pela população, e pelos índios, esses seres pertencem ao folclore, todas as expressões de cultura popular, espontâneas, não dirigidas, aprendidas informalmente, espontâneas, não dirigidas, aprendidas informalmente num processo inconsciente de aceitação e imitação no convívio dos seres humanos. Temos assim as lendas e costumes, religiosidade popular a linguagem típica de uma região.
            Os mitos e lendas brasileiras andam pelos lares do nosso povo assustando e fazendo a imaginação voar. As vezes estão em vários lugares diferentes ao mesmo tempo, os nomes podem variar e algumas características também , mas suas histórias e aparições não morrem . A cultura indígena brasileira tem todo um repertório de lendas e mitos mais ligados a natureza, envolvendo animais, estrelas, rios e plantas, e algumas dessas lendas, misturam-se às crendices do homem branco católico, vários mitos foram importados da Europa, trazidos pelos portugueses e espanhóis .             Dentre os relatos , vemos aparecer vários seres fantásticos, horripilantes que fogem à compreensão humana, seres entre eles a sereia, o lobisomem e etc. Curupira, besta-fera, sacis, são seres fantásticos que os brasileiros aprenderam a respeitar e ter medo, vamos mostrar um pouco desses seres que fascinam e amedrontam, da arrepio só de pensar em encontrar com algum deles, você costuma ficar até tarde da noite fora de casa em plena lua cheia, tome cuidado! É exatamente nesta hora que alguns fantásticos, seres sobrenaturais costumam aparecer, corra, corra que os fantásticos vem aí.
            O enredo foi dividido em cinco partes, representando as regiões do Brasil, cada região é representada por três seres fantásticos.

  • Região sul: Mulher da meia noite, Caipora e Mula sem cabeça
  • Região sudeste: O estica, Chupa cabra e Saci pererê
  • Região central: Matinta pêrera, Negro d’água e lobisomem
  • Região nordeste: Besta fera, Papa figo e Cabra cabriola
  • Região norte: Boiúna, Curupira e Boto

            A mulher da meia noite é a aparição de mulher jovem e bonita, que encanta a todos e desaparece na entrada dos cemitérios. Eis um mito que ocorre na Europa, com relatos desde a idade média , a personagem pode variar de um pais para outro, no Brasil é chamada de mulher de branco.
            O caipora é um anão de cabelos vermelhos com pelos e dentes verdes, como protetor das árvores e dos animais, costuma punir os agressores da natureza e o caçador que mata por prazer. É muito poderoso e forte. Seus pés virados para trás serve para despistar os caçadores, deixando- os sempre a seguir rastros falsos.
            A mula sem cabeça, crendice popular antiga, dizia que as mulheres que namoravam padres como castigo por seu pecado, transformavam-se todas as sextas feiras de madrugada na mula sem cabeça. A mula sem cabeça é um ser fantástico dos povos da península ibérica,
            Trazidos para a América do Sul pelos portugueses e espanhóis. A história, também faz parte do folclore mexicano. No Brasil também é conhecida de burrinha ou burrinha de padre, a rapidez no movimento da criatura e a tristeza de seus relinchos, soltando fogo pelas ventas aterrorizam todos os que aparecem na sua frente, a batida de seus cascos parecem ferro sendo batido na bigorna.
            O estica, ser fantasmagórico que faz suas aparições nas estradas de terra e porteiras das fazendas no interior do Rio de Janeiro , amedrontando todos os que vêem, ser apavorante que aumenta e diminui de tamanho. Suas aparições ocorrem em noite de lua cheia aterrorizando os fazendeiros mais desatentos que teimam em sair à noite.
            O chupa cabra ser mitológico do sudeste brasileiro principalmente. É um animal parecido com um lobo, mata animais domésticos especialmente, galinhas, cães, cabras e ovelhas sugando-lhes todo o seu sangue através de um furo no pescoço da vitima, Muito difundido no interior de São Paulo, o chupa cabra têm sido objeto de atenção inclusive da imprensa ultimamente, há quem confunda com um ser de outro planeta.
            O saci pererê é sem duvida um dos seres do mundo invisível mais popular do Brasil, ocorrendo em todo o território. De todos é provavelmente o que conseguiu se manter mais nitidamente como uma entidade benevolente, quando muito um tanto brincalhona, mas inofensiva.             Dentre os seres fantásticos, o saci foi sempre o que encanta, o ser mágico que pode sumir, virar pé de vento. O saci nasce e vive no bambuzal, mas não se pode olhar no oco do bambu para vê-lo, pois ele pode soprar a brasa do seu pito no olho do curioso e cegar. O saci é um negrinho de uma só perna que usa um gorro vermelho e fuma pito, a noite ele cavalga dando nós e trançando a crina dos cavalos, que sob ele relincham e galopam desoladamente pelo pasto. O saci aparece quando se perde algum objeto, pega-se uma palha e dá-se três nós, pois se está amarrando o pinto (pênis) do saci. Enquanto ele não achar o objeto desfaz os nós. Ele logo faz a gente encontrar o que perdeu, porque fica com vontade de mijar.
            Matinta perêra é uma velha vestida de negro, com os cabelos caído no rosto. A matinta pode aparecer de diversas formas, mas quase sempre ela se transforma em coruja. Acredita-se que esse ser tem poderes sobrenaturais. Seus feitiços são capazes de causar sérios prejuízos as suas vítimas, principalmente em relação a saúde, causando-lhes fortes dores.
            O negro d’água é um ser fantástico meio homem meio peixe, com orelhas de macaco e uma crista de peixe. Dizem que ele é muito forte e que já foi visto por quase todos os pescadores que vivem na região. Protetor dos peixes e se irrita com a pesca predatória, habita o rio Araguaia e os carixos do pantanal, ele derruba as canoas dos pescadores que não lhe der um pedaço de peixe.
            Quando um casal tem sete filhos o mais velho tem que batizar o mais novo , para que esse não vire um lobisomem. No caso de sete meninas , deve ser feito a mesma coisa para que a garota não vire bruxa. Dizem que é fácil identificar os lobisomens. São esquálidos , pálidos, com um tom de amarelado nas faces.
            Os indivíduos que tem tal sina transformam-se de quinta para sexta-feira quando ocorre a lua cheia. Na região centro sul do Brasil, acredita-se que se o homem for branco, vai aparecer na forma de um enorme cão negro. Dizem que o lobisomem só sai para comer fezes de galinha. Se há galinheiro, ele então procura crianças com fraldas.
            Quando ele aparece deve se fazer o sinal da cruz que ele se afasta, ele costuma assustar a todos que o veja, sua figura de cão do demônio é horripilante e assustadora.
            No nordeste aparece uma criatura que é mistura de mula sem cabeça e lobisomem. Não se sabe ao certo de onde sai essa criatura. Acredita-se que na verdade trata-se do próprio demônio em pessoa, que sai das profundezas em noite de lua cheia e corre pelas ruas, dos povoados e pequenas cidades, a besta fera só para quando chega no cemitério da cidade, quando simplesmente desaparece, seria um ser fantástico, metade cavalo. O barulho dos seus cascos correndo é motivo suficiente para as pessoas se trancarem em casa neste dia. Por onde passa uma matilha de cachorros e outros animais o acompanham numa algazarra infernal. Vez por outra açoita os cachorros e os ganidos são pavorosos. Quando ele para na porta de uma casa, dá para ouvir a sua respiração demoníaca e nessa hora, pessoa deve rezar o (credo) para que ele siga seu caminho. O animal que se atreve a chegar mais perto é açoitado sem piedade.
            Outro personagem muito popular é o papa figo, que sofre uma doença cuja a cura é o fígado de crianças. Por isso dá presentes a crianças para atrai-las, lembra muito um mito europeu, o velho do saco.
            A cabra cabriola é terrível criatura com aparência distorcida de cabra, este animal apavorante e monstruoso, pega meninos mal criado e desobedientes. Ela entra nas casas ao perceber que lá dentro tem menino que não obedece aos pais e mija na cama.
            No norte sem duvida é a região que mais tem seres fantásticos, a boiúna ou cobra grande nascida de uma índia que deu a luz a duas cobras, senhor dos rios e igarapés, que a noite invade as aldeias e casas ribeirinhas para servir- se leite humano, essa enorme cobra preta com olhos de fogo se irrita ao ver os humanos agredirem seu habitat.
            O curupira (mãe do mato) é interessante que geralmente se usa o artigo (o) para referi-se a este ser fantástico, ente da floresta a quem se empresta justamente o atributo feminino. Guardião das flora e da fauna, é entretanto protetor daquele que sabe se relacionar com a natureza, utilizando apenas para sua sobrevivência, ou seja, o homem que derruba árvores para construir sua casa, seus utensílios, ou ainda para fazer o seu roçado e caçar apenas para alimentar-se, tem a proteção do curupira. Mas aqueles que maltratarem plantas e animais, os que caçam por pura perversidade, estes tem no curupira um terrível inimigo.
            O boto, conta a lenda que o boto, peixe encontrado nos rios da Amazônia, se transforma em um belo caboclo durante as noites de lua cheia. Ele sai das águas à procura de mulheres jovens e bonitas para seduzi-las e engravida-las, desaparecendo depois, há poucas versões que contam da capacidade do boto de se transformar numa mulher atraente, que conquista a homem para leva-lo para o fundo das águas. A lenda do boto sobrevive nas cidades e aldeias ribeirinhas dos rios do Amazonas e Pará. O boto também é considerado protetor das mulheres, pois quando ocorre um naufrágio, ele salva a vida das mesmas, empurrando-as até as margens do rio.

Arnon Cravalhaes

 

SAMBA ENREDO                                                2003
Enredo     Brasil e os seres fantásticos
Compositores     Candinho da Ilha, Gilberto Lua, Maneco, Dãozinho, Decika  Jones  Timbó, Aloísio Vilar, Paulo Travassos e Negão Bier

Foi em uma época
De medo, pavor e espanto
Lendas costumes e crenças
Histórias do nosso Brasil
Seres da nossa cultura
Sonhei, acordo e cantei o que vi
Eu vi...Ah meu Deus eu vi
A mula sem cabeça galopando com o saci
Em noite de Lua cheia
Que fascinação, vovó sempre dizia
Toma cuidado com assombração
O sobrenatural está aí
Hoje na realidade, de norte a sul eu conheci

Vem meu povo, entra na brincadeira
Se benza ao sair de casa
Pode encontrar coisa bonita ou coisa feia

Esse folclore fascinante
Faz parte de essa magia
Homem virava Lobisomem
E o Boto se Produzia
Hoje a minha escola de samba
Vem mostrar em fantasia

Sacode, balança, caia na folia
Ao som do batuque da bateria
É clima de festa, quanta alegria
De azul e branco eu sou paz e harmonia