FICHA TÉCNICA 2008

 

Carnavalesco     Severo Luzardo Filho
Diretor de Carnaval     Valdo Rosa
Diretor de Harmonia     Edson Honorato
Diretor de Evolução     Edson Honorato
Diretor de Bateria     Luiz Fernando Rizzo
Puxador de Samba Enredo     Ednaldo de Lima, Duda, Bruno Revelação e Doum
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Marquinhos Sorriso e Patrícia
Segundo Casal de M.S. e P. B.     Pedro Henrique e Tuany
Resp. Comissão de Frente     Denise Acquarone
Resp. Ala das Baianas     Dona Sebastiana
Resp. Ala das Crianças     Edson Honorato
Resp. Galeria de Velha Guarda     Ana de Oliveira

 

SINOPSE 2008

Lendas à brasileira, com gosto de manga e perfume de jasmim

Introdução:

          “Não se faz literatura sem tradição popular. Em todos os países do mundo há lendas, apólogos, costumes, superstições, tudo unido à tradição popular, fazendo parte da alma e da essência de um povo, princípio de suas inspirações e base de sua literatura.
          As lendas são narrativas fantasiosas transmitidas pela tradição oral através dos tempos e no Brasil, elas têm o sabor de uma fruta do mato, o cheiro agreste da flor mais viçosa, a fantasia colorida com as tintas da nossa selva, o encanto de um primitivismo tropical.
          Saber contar uma história é uma arte. Mas contar histórias com tamanha identificação entre o narrador e os acontecimentos é só para quem nasceu na terra e a ama porque, "só ouve o brado da terra / quem dentro dela veio a nascer".
          Assim, a literatura encontrará no folclore a genialidade não apenas de um indivíduo, mas a de um povo inteiro.
          A memória de nossas lendas, mágicas e encantadoras, permanece viva e pulsante no olhar carinhoso e no gesto solitário de cada brasileiro que um dia vivenciou este cotidiano prazeroso. Porta-vozes do processo de criação e protagonistas da nossa história, todos têm suas marcas docemente guardadas na alma de nosso povo, onde vamos encontrar os mitos que a engrandecem.”

Sinopse:

Setor 1: “A verdade popular, nem sempre ao sábio condiz. Mas há verdade serena, nas coisas que o povo diz.”

          Os mitos e lendas brasileiras andam pelos lares de nosso povo assustando e fazendo a imaginação voar. Às vezes, estão em vários lugares diferentes ao mesmo tempo. Os nomes podem variar e algumas características também, mas suas histórias e aparições não morrem. A cultura folclórica no Brasil possui um repertório de lendas ligado às coisas da natureza, misturado às crendices dos brancos católicos, negros africanos e índios nativos.
          A beleza de nossas lendas iguala-se a beleza das penas da cor do céu da Gralha Azul que voa célere para os pinheirais. Tão bela e alegre que seu canto passou a ser verdadeiro alarido que mais parece vozes de crianças brincando. A Gralha Azul voará com nossa comunidade neste carnaval e, ajudante celeste, levará nossa escola triunfante aos caminhos da glória.
          Em quase todas as nossas lendas, está presente o amor...Sim esse amor misterioso, essa entrega de sentimentos que permeia o imaginário popular.
          O sedutor Boto Rosa, logo ao cair da noite, se transforma em bonito jovem, bom bebedor, bailarino perfeito que, aparecendo como um cavalheiro onde haja baile ou festa, conquista e encanta a primeira jovem bonita que encontra e a leva para o fundo do rio. Daí que o Boto é considerado pai de todos os filhos de paternidade ignorada.
          A Lenda do Sol e da Lua conta que primeiro nasceu o sol, Guaraci. Um dia ele precisou dormir e quando fechou os olhos tudo ficou escuro. Para iluminar a escuridão enquanto dormia, ele criou a lua, a bonita Jaci, e imediatamente apaixonou-se por ela. Mas quando o sol abria os olhos para admirar a lua, tudo se iluminava e ela desaparecia. Criou, então, o amor, Rudá, seu mensageiro que dia ou noite, podia dizer à lua o quanto o sol era apaixonado por ela. Criou também muitas estrelas, para que fizessem companhia a Jaci enquanto ele dormia.
          A história do Negrinho do Pastoreio o menino escravo que, por ter deixado os cavalos fugirem, foi açoitado e acorrentado junto a um formigueiro  é uma protagonista entre as nossas lendas, e lindamente igual, encontramos  A Cidade Encantada de Jericoacoara, Barba Ruiva  e Corpo Santo.

Setor 2: “Um povo que cultiva lendas, frutas no pomar e flores no jardim.”

          A Salamanca do Jarau fala do amor entre um sacristão e uma princesa moura encantada, a Teiniaguá. Ela o salvou da morte e juntos foram morar em uma salamanca (gruta mágica) no cerro do Jarau. Quem conseguir entrar e sair desta gruta ficará com sorte no amor e no dinheiro.
          Pedro Malasartes, é um mito nacional. Herói preferido da gente simples. Tradicionalmente esperto, escorregadio, pai de todas as artimanhas, enganos, seduções e astúcias. Sai sempre ganhando dos que lhe são superiores.
          Outros mitos muitos conhecidos do nosso folclore são a Cobra Grande (uma imensa cobra, também chamada Boiúna, que cresce de forma ameaçadora, abandonando a floresta e passando a habitar a parte profunda dos rios), e o Mapinguari que ataca mais durante o dia e só aparece em dias santos. Ao correr, o Mapinguari solta gritos para atrair os caçadores e poder devorá-los com sua boca imensa.
           A busca do ouro e pedras preciosas escaldou a mente de muita gente em tempos idos em nosso Brasil. E o medo deu asas à imaginação. O fogo-fátuo, que se desprende da ossada dos animais mortos, cria a Mãe do Ouro, o Boitatá dos índios, que corisca no céu. Ela vive no meio da pedraria preciosa e, de sua cabeleira luzente, vão caindo dela pingos de luz pelo chão.
          Mas o melhor ainda está por vir: uma Serpente Emplumada que vive escondida no fundo de uma caverna, em Bom Jesus da Lapa, na Bahia e As Mangas de Jasmim de Itamaracá contando que no ano de 1631, vivia na Capitania da Paraíba, Antônio de Saldanha, encantado com a beleza de D. Sancha Coutinho (donzela de quinze anos, que aspirava a honra de a receber por esposa). Negada a mão da jovem, ele marcha para o campo da guerra e anos depois reaparece nessa província, mas trajando o hábito de sacerdote. D. Sancha, abatida de saudades,  reconheceu o seu amante e morreu subitamente.
          Sobre seu sepulcro, o sacerdote plantou uma mangueira, de cujos frutos provém as mangas de jasmim, tão celebradas pelo seu aroma e delicado sabor.
          E tem também o mito de Chico Rei, que com os demais escravos escondiam nos cabelos o ouro fino. Dessa forma, Chico Rei se torna um homem abastado, conseguindo ouro suficiente para comprar a liberdade de seu povo, tornando-se dono da mina e respeitável entre os portugueses.
          No Reino das Pedras Verdes só existiam mulheres: As Amazonas. Muito trabalhadeiras e exímias caçadoras. Na noite de luar recebiam os visitantes masculinos de outras tribos. Era noite nupcial.  Meses depois, se nascesse um filho, ia viver com o pai, se fosse uma filha, ficaria com a mãe.
O Papa Figo, ao contrário dos outros mitos, não tem aparência extraordinária. Parece mais com uma pessoa comum que carrega um saco e que sofre de uma doença que seria o crescimento anormal de suas orelhas.
          A Lenda do Arco-Íris. Depois da inundação, alguns índios Kayapós, acharam algumas mandiocas boas e comeram com o peixe. Quando foram beber água, lhes apareceu o Arco-íris que se transformou em uma mulher e disse: "Quando quiserdes água, devereis pedir-me.”
          A Iara é um dos mitos mais conhecidos. É uma linda mulher que exerce grande fascínio nos homens, pois aqueles que a vêm banhar-se nos rios não conseguem resistir aos seus encantos e atiram-se nas águas. Os que sobrevivem, voltam assombrados, falando em castelos e reinos mágicos.
          Diziam as pessoas que moravam na região ribeirinha do rio Afuá que, nas noites de luar, aparecia um Navio Encantado todo pintando de branco e cheio de redes vazias. Porém, não se via ninguém a bordo e toda vez que alguém se aproximava, ele desaparecia.

Setor 3: “Histórias retiradas do fundo das lembranças, para recordar o passado sem esquecer o futuro.”

          Animadas e coloridas são as lendas da Comadre Fulôzinha (uma caboclinha pernambucana, ágil, com olhos escuros e lampejantes), e do Saci-Pererê (negrinho, perneta, sempre pulando numa perna só, capuz vermelho vivo enterrado na cabeça, às vezes fazendo o bem e outras, o mal).
          De sustos e medos temos Matita Pereira, uma velha assombrosa, toda vestida de negro, que anda acompanhada de um pássaro agourento, e a Missa dos Mortos.
          Conta-se que numa noite o sacristão viu luzes na Igreja e foi investigar. Viu que o templo estava cheio de fiéis e lustres acesos. Viu ainda que o padre e os coroinhas que se preparavam para celebrar a missa eram esqueletos vestidos e a porta que dava para o cemitério escancarada.
          Com a nossa cara, Macunaíma surgiu para retirar do passado todos os elementos nacionais, através da mitologia e do folclore, e do presente, os principais problemas sociais e a linguagem popular. É a representação do povo brasileiro em busca de sua identidade, e o muiraquitã, que é o objeto de desejo do personagem, é a representação dessa tão procurada identidade.
          Um novo Macunaíma, um novo Curupira, uma nova Mula Sem Cabeça contam-nos mais que simples lendas. Estas narrativas míticas são tesouros escondidos por todos os recantos deste país.

Severo Luzardo Filho

 

SAMBA ENREDO                                                2008

Enredo

    Lendas à brasileira, com gosto de manga e perfume de jasmim

Compositores

    Aloisio Villar, Barbieri, Bruno Revelação, Cadinho, Gilberto Lua, Marquinhus do Banjo, Pedro Migão, Serjão do Cavaco e Walkir

Vou contar lendas desse meu país
O povo diz que o boto rosa é sedutor
E Guaraci com seu amor criou a lua
Negrinho do Pastoreio
Busca comigo neste mundo inteiro
O caminho da cidade encantada
A gralha azul vai encontrar

O povo sabe o que diz, a lenda lembra a raiz
E o cortejo vai continuar
Contando histórias
Minha escola vai brilhar

Lendas de paz e amor, assombrações e pavor
De heróis e liberdade
Aroma, delicado sabor
Mangas de jasmim falam de saudade
Ao luar mulheres que amam
Seduzem ao cantar
A fantasia colorindo meu sonhar
Recordar o passado é preservar

Sou Dendê de azul e branco, eu sou, eu sou
O folclore popular eu vou cantar
Com a minha bateria, bate forte, contagia
Faz o corpo arrepiar