FICHA TÉCNICA 2003

 

Carnavalesco     Carlinhos D'Andrade
Diretor de Carnaval     Gil Gouveia
Diretor de Harmonia     José Carlos
Diretor de Evolução     .............................................................
Diretor de Bateria     Luiz Fernando
Puxador de Samba Enredo     Bebeto Porto
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Paulo César(Pimpa) e Ana Cristina
Segundo Casal de M.S. e P. B.     ................................................................
Resp. Comissão de Frente     Paulo Queirós
Resp. Ala das Baianas     Fátima e Maria
Resp. Ala das Crianças     Claudete e Iolanda

 

SINOPSE 2002
Sossego atravessa a baía na barca da folia

"Só vendo mesmo como é que dói
Só vendo mesmo como é que dói
Trabalhar em Madureira
Viajar na Cantareira
E morar em Niterói"

1ª parte

            Os primeiros viajantes que chegaram à nossa terra na época da colonização se deslumbraram com o cenário paradisíaco que encontraram: o traçado da baía da Guanabara parecia desenhado pela pena de um grande artista. O mar, de uma limpidez impressionante, tinha um tom verde-azul inacreditável, difícil de descrever ou reproduzir. E era povoado por uma fauna marinha rica e curiosa: peixes de todas as espécies, conchas de formatos extraordinários, estrelas-do-mar, medusas habitavam as águas claras.
            Para os navegantes que singravam a baía, a imagem mais marcante foi desde sempre a presença dos golfinhos, que acompanhavam com seu bailado simétrico as embarcações. Não é por acaso que eles viriam a ser o símbolo do Estado da União que ocupou as terras à volta da baía.
            Às margens da baía, de um e do outro lado dela, duas cidades foram fundadas e cresceram gradativamente, cada qual mais bela. Frente a frente, se contemplaram por séculos, e de tanto se olharem acabaram se considerando uma só cidade. Era – e é – comum, por exemplo, morar em uma cidade e trabalhar na outra. Portanto, tornou-se urgente a necessidade de um transporte de massa que facilitasse a vida das pessoas, já que só em 1975 terminaria a construção da ponte que uniu as duas cidades vizinhas. Em 1853 ninguém sonhava com a ponte e apareceu a primeira empresa privada para fazer o transporte de passageiros entre Rio e Niterói, utilizando três embarcações.
            A partir daí e ao longo dos anos, as empresas se sucederam, algumas boas, outras precárias, sendo a mais famosa a Companhia Cantareira, cujo nome se tornou durante largo período sinônimo de barca.
            Nesse longo período muita coisa mudou na baía: como os primeiros navegantes adivinhariam que o homem, levado pelas necessidades do progresso e ao mesmo tempo despreocupado com o futuro, foi o elemento degradador dessa natureza pródiga. Esgotos foram lançados sem tratamento na água, as indústrias nascentes na região não foram induzidas a preservar o paraíso em que se situavam.             O resultado foi desastroso e se apresenta diante de nossos olhos: águas turvas, detritos de toda espécie, óleo oriundo do movimento do grande porto afastaram da baía sua população marinha original.
            Mas as pacatas águas da Guanabara veriam, no início do século XX, algo mais do que barcas levando e trazendo trabalhadores e visitantes. Uma única revolta agitou o mar calmo que separa as duas cidades: os marinheiros amotinados voltaram os canhões de seus navios para o palácio do Catete exigindo o fim dos castigos corporais na Marinha e inscrevendo na relação dos heróis populares da pátria o nome de João Cândido, que entrou para a história com o cognome de ‘o almirante negro". Este episódio ficou conhecido como a Revolta da Chibata.

2ª parte

            Afora este episódio, o cotidiano da travessia seguiu seu ritmo. Quem são, afinal, os usuários das barcas? Trabalhadores das mais diversas profissões – desde o operário, o vendedor ambulante de artigos de palha ou de amendoim, domésticas, empresários, estudantes, até o povo que trabalha na noite – se alegram por utilizar um meio de transporte tão aprazível para chegar diariamente a seu destino.
            E como é a travessia? São vinte minutos de tranqüilidade, com a possibilidade de ler, estudar, apreciar a vista, conversar, fazer novas amizades, paquerar. Essa tranqüilidade só é quebrada pelos vendedores ambulantes de balas, frutas, canetas, etc. ou pelas manifestações de religiosidade, desde pregadores, com seus sermões intermináveis, até aqueles que usam as barcas para levar suas "obrigações" religiosas para o mar.
            No final da tarde, é hora de voltar para casa. Antes de encarar novamente os vinte minutos de travessia, mais longos quando o estômago está vazio, que bom encontrar o delicioso angu da baiana – prato tipicamente carioca – que na proximidade da estação das barcas se oferece tentadoramente aos passantes!

3ª parte

            A baía da Guanabara às vezes fica a meio caminho entre dois pólos importantes, no caminho do sonho. O carnaval é cultivado nas duas cidades: de um lado da baía fica a passarela do samba; em comunidades do outro lado, algumas escolas de samba se formaram.
            Quando chega o carnaval, a barca se enfeita de mil cores das fantasias e de mil sons de sambas e ritmo: é o Sossego que atravessa o mar para brincar, para mostrar sua força, para sonhar com a volta de barca após o desfile, corpo exaurido, lendo a manchete do jornal vendido pelo pequeno ambulante: – Extra! Extra! Sossego é campeã!

Carlinhos d’Andrade

 

SAMBA ENREDO                                                2003
Enredo     Sossego atravessa a baía na barca da folia
Compositores     Xéxa, Carlinhos Santa Rosa, Maneco e Serginho Ubiratan
Quando a lua nasce
E vem pratear às águas
Vou na barca da esperança
Com sorriso de criança
Pra mostrar meu carnaval

E navegando lá vou eu 
Vendo a natureza em harmonia
Iemanjá é minha mãe
Dona das águas da baía

Ah! Cantareira quantas lembranças me traz
As mãos que erguem o progresso
É a viga mestra do sucesso
Fim de uma revolta popular
 
Ouvi o mar, ouvi o mar
Ouvi o mar se lamentando com o luar
Sabe luar, sabe luar
Esse progresso vai comigo acabar

 
Como é linda a viagem
Na ponte Rio-Niterói
Minha escola na avenida
Vem buscar seu ideal
Hoje com o meu sorriso
Pra você maravilhosa
Vim mostrar meu carnaval
 
Um buquê azul e branco, eu trago
Só o amor, é a salvação do mundo
Extra! Extra! Eu li no jornal
Minha Sossego campeã do carnaval