FICHA TÉCNICA 1984

 

Carnavalesco     João Jorge Trinta (Joãosinho Trinta)
Diretor de Carnaval     ..............................................................
Diretor de Harmonia     ...............................................................
Diretor de Evolução     .............................................................
Diretor de Bateria     Milton Rodrigues (Mestre Pelé)
Puxador de Samba Enredo     Neguinho da Beija Flor
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Élcio PV e Dóris
Segundo Casal de M.S. e P. B.     ................................................................
Resp. Comissão de Frente     ................................................................
Resp. Ala das Baianas     ................................................................
Resp. Ala das Crianças     ................................................................

 

SINOPSE 1984

O Gigante em Berço Esplêndido

            A terra era quadrada...
            Os mares habitados por terríveis serpentes...
            Pecados, medos, temores e castigos...
            Interesses e manipulações de cortes e igrejas...

            Eis o retrato do mundo ocidental, na chamada Idade Média, ou Período das Trevas. Mas, alguns homens preparavam uma nova era. Dentre eles, no ano de 1500 e pertencendo ao Reino de Portugal, o Infante Henrique de Sagres planejou a Descoberta do Brasil.

“Navegando
Rumo as Índias
E sonhando com riquezas
Caravelas portuguesas
Os deuses outros caminhos destinaram”

            E a Cruz do Cristo, desenhada nas velas e bandeiras foi espantando o pavor dos monstros-marinhos e, de repente, brilho no azul de um novo céu o CRUZEIRO DO SUL..

“Ecoou
Terra a vista
Um grito emocionante
Era o berço do gigante
Esbanjando esplendor”

            E os representantes da raça branca ligaram-se a:

“Índios, selvas, mitos
E os negros com a força e magia
Fizeram pulsar com alegria
O coração de uma criança nação”

            E o jovem gigante saltava entre florestas, rios e cascatas...
            Pássaros e animais eram seus companheiros.
            Havia fartura nos campos...
            O gigante moreno e robusto foi amado e cantado em prosas e versos:

“Brasil, meu Brasil brasileiro.”

            Cresceu ao lado de outros gigantes:

“Mas na ânsia de crescer
Do berço fértil se afastou
O seu olhar marejou o sofrer
Em lágrimas que servem de lições”

            E de uma maneira incrível, aqueles mesmos monstros da Idade Média – os filhos da ignorância e interesses – retornam, tentando sufocar, tentando esmagar nossa terra e nossa gente:

“E o gigante é o nosso povo
Reconstruindo um Brasil novo
Cheio de vida, organizando mutirões”

            Sim, nas horas de dificuldades é que são necessárias as injeções de consciência, ânimo e disposição. E também realizações.
            Na verdade, iniciamos em Nilópolis o MUTIRÃO DA ALEGRIA, um trabalho conjunto do povo: crianças, jovem e adultos. Transformando lixeiras e terrenos baldios em praças e parques, arborizando ruas, construindo creches, enfim, procurando transformar a geografia física e humana de um Município sofrido da Baixada Fluminense. E, sobretudo, ficou a certeza de que nosso povo é capaz de realizar transformações.
            Mesmo na fantasia de uma festa – O CARNAVAL – devemos fazer ecoar um canto verdadeiro. Podemos neste momento de beleza, emoção e alegria, abrir um portal de iniciação para o admirável mundo de um Brasil melhor e maior.
            BRASIL que possui o fantástico acervo humano e cultural da raça branca, índia e negra.
            BRASIL privilegiado pelos remos mineral, vegetal e animal.
            BRASIL que precisa, apenas somar o triângulo das raças com o triângulo da natureza para fazer surgir a sétima etapa, a mais importante: O REINO DO HOMEM BRASILEIRO.
            E, no alvorecer de um novo ciclo, de uma nova Era – faltando apenas 16 (dezesseis) anos para o ANO 2000 – é preciso acreditar e realizar o destino deste País que, na sua geografia, tem a forma de um coração.
            Como novos descobridores, enfrentando todos os monstros, seremos vencedores somando nossas riquezas. QUEM SOMA NÃO DEVE.
            O Carnaval da BEIJA-FLOR não é ufanista ou irônico. Procuramos um outro enfoque: a verdade histórica. A marcha das civilizações pela face da terra sempre aconteceu de Oriente para o Ocidente e de Norte para o Sul. Portanto, a América do Sul será a etapa final desta peregrinação da vida humana no Planeta Terra. Que sejam realizadas as palavras do etnólogo mexicano JOSE VASCONCELOS, que afirma:

            “E dentre as bacias do Amazonas e do Prata que surgirá uma raça cósmica porque será a portadora das dores e esperanças de toda a humanidade”.

            Esperamos que o Carnaval da BEIJA-FLOR contribua com a parte das esperanças.
            E, no final do desfile, que as vozes de nossas crianças, componentes da ALA JOVEM, sejam ouvidas na sua linguagem pura e popular, como um CANTO DE VITORIA:

“E tem fuzuê
Alegrando o patropí
No samba lê, lê
Vamos cantar a sorrir...”

Rio de Janeiro (RJ), 13 de fevereiro de 1984
João Jorge Trinta

Desfile

            O desfile do G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis procura manter a tradição das escolas de desenvolver o samba enredo na sua forma audiovisual para realizar o espetáculo completo, ou seja, uma verdadeira ópera de rua.
            A abertura será feita com a comissão de frente representando os navegadores portugueses – a Raça Branca. Em seguida um grupo marca a presença da Raça Índia e outro da Raça Negra.
            O carro Abre-Alas traz de frente o destaque Jésus Henrique como o Deus Netuno abrindo os mares para as caravelas portuguesas, rodeados por monstros marinhos de imaginação medieval. A decoração da parte final do carro, as fantasias, a presença de mulheres procura lembrar o sonho das Índias Orientais. Neste carro os destaques são Douglas, José de Assis, Ivan, Vera e Angela.
            Seguindo o Abre-Alas, as baianas, como verdadeiras OXUNS coroadas – são o mar. O PRIMEIRO SETOR – se apresenta neste clima e suas fantasias são compostas de detalhes de roupas da época, brasões, sugestões de figuras do mar como sereias, algas e o luxo das riquezas orientais. Neste setor foi usada a cor branca, o ouro e a prata, como cores de nobreza distantes como a própria história.
            Neste setor desfilam as seguintes alas:

1 – Ala Nobre.
2 – Ala B.U.
3 – Ala 5de ouro.
4 – Ala sedução e os destaques Beth e Leda Lage.

            Para finalizar este setor uma carreta ornamentada com algas, traz uma nobreza nas fantasias dos destaques Matilde, Vera Lúcia e Rita.

            O 2° Setor é a terra descoberta – O BRASIL, INDIOS, SELVAS E MITOS – Aqui a pujança das cores mostra a natureza fértil. O BERÇO DO GIGANTE. Tanto a indumentária como os adereços são feitos de folhas para intensificar a força das matas virgens. As seguintes alas representam a Raça Índia:

1 – Ala do Pai Branco.
2 – Ala Real
3 – Ala Camaleão Dourado
4 – Ala das Borboletas.

            Este setor é encerrado com um carro alegórico mostrando a integração, a alegria e o respeito do Índio pela força da Natureza. Uma lição que foi esquecida. Nilson, Eloina e Lucimeri são os destaques deste carro alegórico.

            O 3° Setor é o acervo humano e cultural da Raça Negra mostrada através de Alas, tripés e carros alegóricos. A Ala das Damas abre este cortejo em seus trajes de YAÔS. Em seguida a Ala Fantástico 2001 e a Ala Vamos Nessa. Uma carreta com os destaques Carlucho, Denise, Bete e Gilda separa a 2ª parte do setor Afro, composta das seguintes alas:

1 – Ala Raízes.
2 – Ala dos Signos.
3 – Ala Secos e Molhados.

            Este setor, finaliza com um carro alegórico que reúne trabalho de arte escultoria, com imagens de tradições da África distante.
            Os destaques deste carro do: Zeza, Júlio, Lúzia, Dionízio, Virgílio, Ivam, Bill e Nelzuita.

            O 4° Setor representa a miscigenação das 3 raças num trabalho de síntese. As fantasias e adereços trazem as presenças brancas, índias e negras sugeridas num conjunto, por detalhes: coroas, folhagens e armas de Deuses Africanos.
            Encerra este setor uma carreta que mostra esta mistura de raças. Humberto Saad representa a Raça Branca. Renato a Índia, e Roque a Negra.
            A síntese das 3 é simbolizada na beleza pura de Luiza Brunet, um corpo sem artifícios.

            O 5° Setor mostra a ala “Os Brutos Também Amam” como o Eldorado no sentido de uma Raça Dourada, a Raça Brasileira, a soma do banco, do bronze e do negro.

            O 6° Setor é a apresentação do TRIÂNGULO DA NATUREZA: O REINO MINERAL – VEGETAL E ANIMAL.
            A abertura é a carreta que traz nos olhos verdes de MARTA ROCHA todo o brilho das PEDRAS PRECIOSAS, as riquezas minerais.
            A Ala Flor da Beija-Flor representa o ouro.
            A Ala da Mais Vida a prata. As minas de cristais vêem fantasiadas numa carreta com o destaque Linda Conde seguida da Ala dos Cem. O Reino Vegetal se apresenta com o esplendor de uma flor vestida por Isabela Dantas, acompanhada das Alas do Amor e das Princesas.
            A fantasia de pássaros azuis da Ala Tom e Jerry retratam o Reino Animal.
            Até aqui foram mostrados as grandezas dos TRIÂNGULOS DAS RAÇAS e da Natureza. Mas diz o samba:

            “Na ânsia de crescer do berço fértil se afastou. O seu olhar marejou o sofrer em lágrima que servem de lições”.

            E este sofrer é mostrado através de uma carreta que traz aqueles mesmos monstros que habitavam a Idade Média, e que agora nos cercam transmudados em outras cores. Os destaques do Isidoro, Wilton e Pedro.
            Agora é a força de crianças, que se apresenta. E a Ala Jovem. Vibratil na aia pureza ela antecede a carreta que traz PINAH como símbolo de luta, garra e alegria de vencer. A Ala Primavera e Verão, das adolescentes aumenta esta força que vibra na emoção do carnaval mas é constante por natureza. Espera, apenas a hora e a vez de ser.
            A Ala dos Cabulosos se apresenta na criatividade de sua dança e um carro alegórico encerra o desfile e significa o estribilho do samba que na voz de todos é um grito de vitória na linguagem direta e popular.

“Tem fuzuê
Alegrando o patropi
No samba lelê
Vamos cantar e sorrir”

 

SAMBA ENREDO                                                1984
Enredo     Um gigante em berço esplendido
Compositores     Neguinho da Beija-Flor e Nego
Navegando rumo as Índias
E sonhando com riquezas
Caravelas portuguesas
Os Deuses, outros caminhos destinaram

Ecoou
Terra a vista um grito emocionante
Era o berço do gigante
Esbanjando esplendor

Índios, selvas, mitos
E os negros com a forca e magia
Fizeram pulsar com alegria o coração
De uma criança nação

Mas na ânsia de crescer
Do berço fértil se afastou
O seu olhar marejou o sofrer
Em lagrimas que servem de lições

E o gigante é o nosso povo
Reconstruindo um Brasil novo
Cheio de vida organizando mutirões

E tem fuzuê alegrando o patropi
No samba lê lê
Vamos cantar e sorrir