FICHA TÉCNICA 1996

 

Carnavalesco     Milton Cunha
Diretor de Carnaval     Luiz Fernando do Carmo (Laíla)
Diretor de Harmonia     Luiz Fernando do Carmo (Laíla)
Diretor de Evolução     Luiz Fernando do Carmo (Laíla)
Diretor de Bateria     Milton Rodrigues (Mestre Pelé)
Puxador de Samba Enredo     Neguinho da Beija-Flor
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Claudinho e Selminha Sorriso
Segundo Casal de M.S. e P. B.     Carlos Augusto e Janailce Adjane
Resp. Comissão de Frente     Carlos Muvuca
Resp. Ala das Baianas     Hélio Borges
Resp. Ala das Crianças     Aroldo Carlos da Silva, Sr. Pedro, Eraldo e Paulinha

 

SINOPSE 1996

Aurora do Povo Brasileiro

  • Fóssil - Em latim, Fóssim quer dizer: DESENTERRADO

  • Paleontologia - Ciência que se ocupa dos ossos e organismos fossilizados.

  • Arqueologia - Ciência que se ocupa de escavações para encontrar e estudar a Cultura Material produzida pelo Homem do passado, como, por exemplo, utensílios e construções. Escavando a terra e encontrando os ossos, a Arqueologia os entrega à Paleontologia para identificação e análise.

Introdução:

          A Constituição Brasileira considera os Sítios Arqueológicos e Pré-históricos como Bens da União, assim como a Beija-Flor considera o Carnaval Carioca como Bem Cultural da Nação.
          Com o Enredo "AURORA DO POVO BRASILEIRO" para o Carnaval de 1996, estamos em busca do Orgulho de nossos ancestrais, pois velhos, de pelo menos 10 mil anos, nós começamos a desvendar e tomar consciência de nossa identidade cultural milenar, deixando de considerar como importantes apenas os séculos pós-chegada dos Europeus.
          Éramos um grupo com conhecimentos vastos da terra e seus recursos. Pertencíamos a um mundo dinâmico de tribos em grandes espaços geográficos; e assim como não tivemos começo não teremos fim: com o avanço das escavações, cada vez mais esta História irá se esticando para trás (os vestígios evidenciam a presença humana no Brasil há 50 mil anos) e para frente, na certeza de que o passado remoto nos servirá de orientação para o avanço que empreendemos em direção ao futuro.

Sinopse:

O homem e o macaco são aparentados!

          O "Elo Perdido", momento mágico da Evolução que dividiu as espécies, é agora desvendado pelo Desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro: O ELO PERDIDO É O CARNAVAL!
          Foi quando um Meio-Macaco-Meio-Homem folião resolveu fazer a festa que deu-se o passo decisivo: O HOMEM É O ÚNICO ANIMAL QUE SABE SAMBAR!
          A Beija-Flor leva para a Marquês de Sapucaí a PRÉ HISTÓRIA BRASILEIRA, escavada na SERRA DA CAPIVARA, PIAUÍ, Parque Nacional tombado pela UNESCO como Patrimônio Universal da Humanidade e que consideramos ser o BERÇO ESPLÊNDIDO DESTE GIGANTE QUE SE CHAMA BRASIL.
          O território pátrio já foi passarela de MAGNÍFICOS ANIMAIS que desfilaram garbosos por entre luxuriante vegetação: há milhões de anos, os DINOSSAUROS monstruosos e depois, há milhares de anos, a chamada MEGAFAUNA: mastodontes, tigres dentes-de-sabre, ursos e preguiças de porte gigantesco.
          As ITACOATIARAS não nos deixam mentir: ARTE RUPESTRE, paredes de PEDRA PINTADA à mão pelos pais da Nação, documentando na natureza que A POSSE DOS BRASILEIROS É MILENAR.
O FÓSSIL DA MULHER DA SERRA DA CAPIVARA, A MÃE DO BRASIL, ( índia guerreira possivelmente ancestral da tribo dos Jês ) demonstra a "AURORA DO POVO BRASILEIRO" e o triunfo da ARQUEOLOGIA VERDE-AMARELA, que escava as entranhas do país e descobre os OSSOS DO BRASIL.

Conclusão:

          O Homem veio do macaco. Que veio de uma célula aquática Num primitivo mundo chamado Pangéia. Pangéia veio das entranhas do planeta Terra, Que veio da reunião de gases soltos Que sobraram da explosão do Big-Bang. Ainda assim e sempre, Foi Deus Quem apertou o primeiro botão!

Apresentação:

Ordem do Desfile:

  • Comissão de Frente: O Elo Perdido
  • Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Claudina e Corumbella, as bizarras primitivas criaturas
  • Bateria: O Homem de Lagoa Santa

Alegorias:

  1. Abre-Alas: Gigante pela própria natureza
  2. O Vale dos dinossauros brasileiros
  3. A cadeia evolutiva
  4. A Megafauna - Mamíferos gigantes do pleistoceno
  5. A Mulher da Serra da Capivara
  6. As Itacoatiaras - Pedras Pintadas
  7. Arqueologia verde-amarela (Os arqueólogos do Brasil)
  8. Piauí, berço esplêndido do Brasil
  9. Arqueologia do samba

Alegoria 1 (Abre-Alas): Gigante pela própria natureza

          O planeta Terra se formou há 4,6 bilhões de anos atrás, como uma bola gasosa inóspita e escaldante.
          Quando a atmosfera esfriou, o hidrogênio reagiu com outros gases tornando iminente o surgimento da primeira forma de vida na água: a mais primitiva das bactérias, nasceu há 3,8 bilhões de anos.
          No Brasil, foram encontradas bactérias fossilizadas com 2,7 bilhões de anos, em Carajás, sul do Pará.
          A crosta terrestre emergiu do fundo do oceano há 450 milhões de anos e formou um único e gigantesco aglomerado de terra denominado Pangéia.
          O Solo Pátrio Brasileiro era parte deste Supercontinente e 60% de nosso território é constituído de rochas do Pré-Cambriano.

Alegoria 2: O vale dos dinossauros brasileiros

          Os oceanos separaram Pangéia em dois Grandes Continentes, por volta de 200 milhões de anos atrás: a LAURÁSIA, ao norte e a GONDWANA, ao sul, onde toda a América do Sul, incluindo o território Brasileiro, estavam colados à África.
          Era o período Jurássico e o Vale dos Dinossauros Brasileiros, uma área de 750 quilômetros quadrados em Antenor Navarro e Souza, alto Sertão da Paraíba, possui a maior trilha de pegadas de Dinossauros do mundo: a trilha do Rio dos Peixes, com rastros em linha reta de 46 metros de comprimento, com pegadas de meio metro de diâmetro deixadas possivelmente por um Iguanodonte há 100 milhões de anos. Até agora já foram catalogados rastros fossilizados de 195 animais de 50 tipos diferentes de dinossauros, inclusive o maior animal terrestre que já existiu, o Titanossauros, que podia atingir 25 metros de comprimento e pesar até 30 toneladas, e era herbívoro e quadrúpede.
          A América do Sul teve como seu maior dinossauro carnívoro a terrível "Carolina", primitivo parente do Tiranossauro Rex e que por aqui viveu há 90 milhões de anos.
          Nesta época, enormes lagoas faziam do que é hoje o Sertão Nordestino, um paraíso fecundo para os enormes répteis. (Dinossauro em Latim quer dizer Lagarto Terrível).

Alegoria 3: A cadeia evolutiva

          O homem é um animal que indaga obsessivamente sua própria origem.
          Quando, como e onde começamos como espécie humana e, no nosso caso, quando, como e onde começamos como o Povo do Brasil! A resposta para a primeira pergunta vem sendo lentamente escavada no "Berço da Humanidade", a África, e nos remete há 6 milhões de anos, quando o Mapa-Mundi já estava dividido da forma como o vemos atualmente.
          Já o caso brasileiro, que tanto nos interessa, é digno de uma Alegoria Exclusiva, mais à frente.

Alegoria 4: Mamíferos gigantes

          Há 2,5 milhões de anos formou-se o Istmo de Panamá, e a América do Sul deixou de ser uma ilha e por ele entraram e saíram do continente animais até então isolados.
          Este movimento migratório ficou conhecido como O Grande Intercâmbio Americano.
          A Megafauna (Tigre de Dente-de-Sabre, Mastodonte, Megatherium "preguiça gigante", gliptodonte "tatu gigante", Ursos, Toxodonte "hipopótamus brasileiro", Paleolhama, Macrauchenia) habitou o Brasil no período geológico compreendido entre um milhão de anos e 10 mil anos, o período das grandes glaciações, quando o Nordeste possuía um clima frio e seco (há 12 mil anos a Caatinga Nordestina de hoje era mata formosa com muitos rios e lagos). Os gigantescos ossos desses magníficos animais foram encontrados em diversos sítios arqueológicos brasileiros. Para se ter idéia, a carapaça de um tatu encontrada, tem o tamanho de um fusca.
          A maior autoridade brasileira sobre Mamíferos Gigantes do Pleistoceno é o Dr. Cástor Cartelle, da Universidade Federal de Minas Gerais e da PUC - Belo Horizonte, a quem agradeço a inestimável ajuda para a concepção desta parte do Enredo.

Alegoria 5: O fóssil da mulher da Serra da Capivara

          Um esqueleto feminino, descoberto pela equipe da Arqueóloga Niéde Guidon, na Toca do Antonião, no Parque Nacional Serra da Capivara, Piauí, tombado pela UNESCO, como Patrimônio Cultural e Natural da Humanidade foi, datado e analisado no Musée de LHomme, em Paris, com mais de dez mil anos de idade, tornando-se assim os ossos humanos mais antigos das Américas.
          Ela morreu soterrada quando um grande bloco de pedra caiu sobre um acampamento, enquanto o grupo dormia em volta de uma fogueira. Há uma teoria de que toda a Serra da Capivara era habitada por ancestrais dos Jês.
          Por enquanto, esta é a Aurora do Povo Brasileiro!

Serra da Capivara

          Espremida entre a Serra de Bom Jesus da Gurgéia, ao Norte, e o rio São Francisco, ao Sul, tendo ainda limites com os Rios Piauí e Itaiuera, a Serra da Capivara, localizada no Sudeste do Piauí, na Região de São Raimundo Nonato, a mais de 700 Km de Teresina, é um impressionante monumento natural com falésias de até 500 metros esculpidas nas rochas. De clima árido e bastante isolada, foi conservada por milênios no tórrido Polígono das Secas.
          Foi aí que a Missão Franco-Brasileira, chefiada por Niéde Guidon, pesquisando a região desde o início dos anos 70, e que fundou o Museu do Homem Americano em 86, encontrou vestígios de que a ocupação humana no território brasileiro, se deu 41 mil anos antes da chegada de Colombo.
          Niéde é arqueóloga paulista e integrante da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris, e é auxiliada por 35 profissionais interdisciplinares (como, por exemplo, paleontólogos, geólogos, biólogos, ecólogos), todos brasileiros ou franceses.
          Todo material arqueológico recolhido pelos cientistas na Serra da Capivara coloca por terra as Teorias Norte-Americanas sobre o povoamento das Américas, já que acreditava-se que o homem teria chegado ao continente há aproximadamente 25 mil anos após atravessar toda a Sibéria e cruzar o Estreito de Behring, no Alaska, durante a última glaciação. A partir daí a primeira colônia humana teria se fixado no Brasil somente há 15 mil anos, depois de um longo e demorado processo de migração do Norte para o Sul. Até então o Sítio Arqueológico mais antigo do Brasil era Lagoa Santa, em Minas Gerais.
          Vários indícios levam os especialistas a sustentar a hipótese de uma corrente migratória da Polinésia, para o norte do Brasil, em frágeis embarcações através do Pacífico.
          Segundo criteriosos testes com o Carbono 14, realizados em 1983, no Centro Nacional de Pesquisa Científica de Paris, a datação de alguns materiais, localizados juntos a restos de fogueira, atingem 41 mil anos. Apesar de parecer muito, o "Homem do Piauí" é considerado jovem na árvore genealógica da evolução humana. Viviam em aldeias e acampavam temporariamente nas cavernas, faziam fogo e sepultavam seus mortos, eles mesmos fabricando suas ferramentas com a pedra lascada.
          Hoje, o Parque nacional da Serra da Capivara é administrado pelo IBAMA (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) e tem uma área de 130 mil hectares e abriga 260 sítios arqueológicos. Muita coisa mudou desde que, em 1963, Niéde Guidon, então trabalhando no Museu Paulista viu as primeiras fotos dos "Bordados nas Pedras", trazidas pelo prefeito de São Raimundo Nonato.
          A UNESCO (Fundo das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) transformou o Parque Nacional da Serra da Capivara em Patrimônio Cultural e Natural da Humanidade, já que o considera um dos mais importantes Sítios Arqueológicos do Mundo, pela antiguidade de seus vestígios e sua extensão territorial (vegetação típica da Caatinga, hoje habitada por cobras e calangos). Há milênios andou por ali uma jovem mulher de baixa estatura, graciosa e com pés de bom andarilho - A Mulher da Serra da Capivara é a Mãe do Brasil.

Alegoria 6: As Itacoatiaras - Pedra Pintada

          Para as tribos indígenas brasileiras, Itacoatiara significa pedra pintada, pedra marcada, pedra escrita.
          Os brasileiros pré-históricos eram notáveis criadores no campo artístico, deixando em tintas nas paredes de rochas e abrigos um eloquente testemunho colorido de suas vidas diversificadas e complexas, daí a considerarmos as Itacoatiaras autobiografias disponíveis dos primeiros brasileiros.
          Foi por volta de 30 mil anos atrás que a pintura rupestre foi inventada pelo homem, manifestando-se ao mesmo tempo em vários pontos da terra (vale lembrar que a agricultura surgiu há 10 mil anos e a cerâmica há 6 mil anos atrás, também em prática universal).
          A Serra da Capivara é constituída por 226 grutas pintadas com Arte Rupestre, alguns painéis se estendendo por mais de 200 metros de rocha. As bases para os desenhos pré-históricos são geralmente abrigos esculpidos nas pedras como toldos, e abrangem mais de 900 km2 nos municípios de São Raimundo Nonato, Caracol, Canto do Buriti e São João do Piauí. As pinturas são representações de cenas de caça, guerra, alimentação, partos, cultos e festas religiosas, figuras divinas e relações sexuais a duas ou mais pessoas (aliás, o órgão sexual masculino é comumente representado em tamanho desproporcional, de maneira gigantesca).
          Tais pinturas apresentam-se de traços rombudos, pois foram pintadas com o dedo ou com gravetos, e as cores predominantes são o vermelho ocre (óxido de ferro), o amarelo (dióxido de ferro), o preto (hematita) e o cinza e o branco (argila), ainda hoje pigmentos comuns na região - corantes minerais aquecidos.
          Tomaremos como exemplo a toca de Entrada do Pajaú, um abrigo com 20 metros, ornamentado com 504 desenhos, notando-se 150 animais, a maioria veados e emas e quase o triplo das figuras humanas - sem excluir algumas em pleno ato sexual. Aí, o pênis é um dos órgãos mais identificáveis nas pinturas, representado com exagero. Há cenas intrigantes como a de um veado com um bebê na barriga e outra, que também ocorre em outras grutas, em que seis pessoas dançam em torno de uma árvore.
          Ao todo, na Serra da Capivara, são mais de 9 mil figuras, classificadas em diversos estilos (principalmente Antropomorfas, Zoomorfas e geométricas), que revelam aspectos importantes da cultura do homem pré-histórico brasileiro, de sua tecnologia bélica (apenas lanças e tacapes, nada de arco e flecha), da fauna, clima e vegetação da época. Segundo Niéde Guidon, tais pinturas podem ser divididas nas seguintes "Tradições":

  1. Tradição Nordeste - ( 17 mil anos ) Uso de vermelho, branco, preto e laranja, de estilo muito formalizado em sua técnica, buscando mais apuração que a simples necessidade de expressão.
  2. Agreste - De técnica artística mais pobre, baseada apenas no vermelho.
  3. Tradição Geométrica - Desenhos enigmáticos.

          Destacamos ainda para estudo dos mais interessados as Itacoatiaras belíssimas de Minas Gerais, Bahia e Mato Grosso, sem esquecer jamais as famosas pinturas de Sete Cidades, no mesmo Piauí.

Alegoria 7: Arqueologia verde-amarela

          No Brasil, a Arqueologia não tem o caráter de Monumentalidade, pois nenhuma das antigas populações do país tinha chegado ao estágio das edificações permanentes (eles viviam da coleta de frutos, da caça, da pesca e da horticultura em aldeias).
          O pai da Arqueologia Brasileira é o naturalista dinamarquês Peter Wilhelm Lund (1801-1880) que desembarcou no Brasil em 1825 e fixou residência em Lagoa Santa, Minas Gerais. Seus trabalhos alcançaram crescente significação para a ciência, sendo hoje considerados marcos fundadores para os respectivos campos de conhecimento da Arqueologia, Paleontologia e Espeleologia (estudo das cavernas, sua gênese e evolução).
          O trabalho dos arqueólogos é inestimável, pois cada peça no quebra cabeça da rota da migração do homem, é capaz de lançar um novo foco de luz no passado do brasileiro, e cada lição nos apressa o passo na caminhada para desvendar nossas origens. Quando isso acontecer, os arqueólogos brasileiros terão colocado nossos ancestrais nos livros escolares de 1o e 2o grau.
          Nas pegadas dos primeiros brasileiros, eles passam dias coletando pistas que estão em baixo da terra ou pintadas nas rochas, já que ao se espalharem pelo nosso território, os brasileiros pré-históricos foram deixando as suas marcas: vestígios de aldeias, restos de alimentos, cacos de cerâmica, fezes, ou deslumbrantes desenhos de homens e animais gravados com tinta mineral em rochas. Os maiores aliados dos arqueólogos para a descoberta de sítios são, em geral, os tratores de construções ou a população que difunde histórias sobre as pinturas rupestres.
          Para a profissionalização de Arqueólogos no Brasil contamos com o curso de Graduação das Faculdades Integradas Estácio de Sá, no Rio de Janeiro, com 80 vagas por ano.
          São estes os principais Sítios Arqueológicos do Brasil, onde homens e mulheres voltam no tempo para reconstruir a rota e o modo de vida dos homens que há milênios chegaram ao que é hoje o Brasil: Serra da Capivara, Piauí; Serra Geral, Mato Grosso Central, Bahia; Lagoa Santa, Minas Gerais; Alice Boer, São Paulo; Paranapanema, Paraná; Marajó, Pará; Sete Cidades, Piauí.
          Além de Niéde Guidón destacamos os nomes dos seguintes estudiosos brasileiros: Maria Beltrão (Rio de Janeiro) e André Prous (Minas Gerais).

Alegoria 8: Piauí, berço do homem brasileiro

          As serras e chapadas do Piauí guardam mistérios da humanidade, e os tesouros arqueológicos escavados em suas terras reescrevem a história do Homem nas Américas.
          No Piauí floresceu a mais antiga cultura de todo o grande bloco americano e é preciso saber mais sobre ela e ultrapassar as certezas do século XVI, quando sabe-se que o Piauí era habitado por Jês, Tapuias e Potiguazes.
          O "Berço do Brasil", o Piauí, samba na Marquês de Sapucaí com a Beija-Flor no Carnaval 96.

Alegoria 9: Arqueologia do samba

          A relação passado e presente da humanidade proposta pela Arqueologia, enredo que trabalhamos para este carnaval, me inspira homenagear a relação passado e presente da Grande Nação do Samba - como um Carnavalesco Folião Arqueólogo, que se debruça sobre a poeira das décadas e dá graças à Deus pelos que "sacodem a poeira e estão sempre dando a volta por cima".
          Fico pensando na gloriosa história do Carnaval, na qual meu pequeno tempo de Carnavalesco se afunda e se perde. Daí tiro duas lições:

  1. Que bom que de uma festa que começou marginal e menos poderosa que muitas outras, fez-se o "Maior Espetáculo da Terra". Que bom que a Gente Bamba do Samba edificou uma maravilhosa galeria de Mitos, que não "fossilirizarão" jamais porque morreram fazendo o carnaval.
  2. A velha guarda se orgulha de seu poder e talento porque permite a contribuição das novas gerações e desta forma não deixam o Samba morrer. Todos os jovens renovam seu amor e respeito por todos os "velhos" do samba, eternamente jovens na crença de que Carnaval é festa para não rabugentos. Carnaval é agora e para sempre, foi ontem respeitável e segue em frente, pois quando cada Escola entra na Passarela do Samba, a mágica se dá.

Milton Cunha

          Aos Dinossáuricos Carnavalescos,
          À todas as Velhas-Guardas de todas as Escolas, e em especial à Velha-Guarda da Beija-Flor que ao longo destes três anos só tem me ensinado.

Bibliografia:

  • PEINTURES PRE HISTORIQUES DU BRÉSIL, Guidon, Niéde -Hérissey - Évreux - 1911
  • ITACOATIARAS - UMA PRÉ HISTÓRIA DA ARTE NO BRASIL,Galdino, Luiz,Ed. Rios - 1968
  • TEMPO PASSADO - MAMÍFEROS DO PLEISTOCENO,Cartelle, Cástor-Acesita - Ed. Palco, 1994
  • A CRIAÇÃO DO MUNDO - MITOS E LENDAS,Ragache, Catherinne-Bertrand Ed. - 1989
    TEMPO PASSADO, TEMPO PRESENTE,Catálogo de Exposição - Palácio das Artes-1992 - Belo Horizonte
  • A VIDA SECRETA DOS ANIMAIS NA PRÉ-HISTÓRIA,Bertrand Ed. - 1979-
    FROM SO SIMPLE A BEGINNING - THE BOOK OF EVOLUTION,Whitfield, Philip-Macmillan Publish Company - New York - 1993
  • HUNTING DINOSAURS, Psihoyos, Louie-Random House - New York - 1994
  • A TERRA - ATLAS VISUAL,Ed. Ática - 1995-
  • LHOMME, SES ORIGINES, Facchinni, Fiorenzo
  • LHOMME, ORIGINE ER ÈVOLUTION,Castor - Flammarion - 1993
  • LES PREMIERS HOMMES - LES YEUX DE LA DÈCOUVERTURE,Gallimard - 1988
  • LA VIE DANS LA PREHISTORIE,klenar, Karel-Grund - 1991
  • LHOMME AVANT L'HOMME - LE SCENARIO DES ORIGINES,Thomas, Herbert Gallimard - 1994
  • DICIONÁRIO DO ARTESANATO INDÍGENA,Ribeiro, Berta-USP - 1988 - Ed. Itatiaia Ltda.
  • ARQUIVOS DO JORNAL DO BRASIL, JORNAL "O GLOBO", REVISTA "VEJA", REVISTA "ISTO É", JORNAL "O ESTADO DE SÃO PAULO", REVISTA "ÍCARO",
  • ENTREVISTAS COM A EQUIPE DE NIÉDE GUIDON - PIAUÍ
    E COM O DR. CÀSTOR CARTELLE - MINAS GERAIS.

 

SAMBA ENREDO                                                1996
Enredo     Aurora do Povo Brasileiro
Compositores     Miro Barbosa
Ô... Ô... Ô... Ô...
"Mãe negra" África
Diga quem eu sou...
De onde vim
Pra onde vou...

A nossa "aurora" é assim
Começo... Desconheço... Que dirá o fim
Meu Beija-flor querido
Encontra o fóssil até então perdido
É carnaval... Que tal...
Falarmos da evolução... Que bom... Que bom
Meu ancestral é um "barato"
Daí surgiu a confusão

Pinta a pedra em "bacanal"
Ai... Que coisa sensual
É o macaco excitando o pessoal

No Piauí nasceu
Mãe de "mim" e de vocês
(Na serra da Capivara)
"Mim" quem fala é índio
A língua que falava os "Jês"
E hoje...
Dos gigantescos animais
Somos vestígios naturais
Da transformação da vida
Que da... Ai que emoção
Eu descobri enfim
O Brasil inteiro é meu irmão