FICHA TÉCNICA 2001

 

Carnavalesco      Cid Carvalho, Shangai, Fran-Sérgio, Ubiratan Silva e Nelson Ricardo
Diretor de Carnaval     Nelsinho David
Diretor de Harmonia     Luiz Fernando do Carmo (Laíla)
Diretor de Evolução     Luiz Fernando do Carmo (Laíla)
Diretor de Bateria     Mestres Paulinho e Plínio
Puxador de Samba Enredo     Neguinho da Beija-Flor
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Claudio de Souza (Claudinho) e Selma de Mattos Rocha (Selminha Sorriso)
Segundo Casal de M.S. e P. B.     Carlos Augusto G da Silva (Carlos Augusto) e Janailce Adjane Santiago
Resp. Comissão de Frente     Ghislaine Cavalcanti
Resp. Ala das Baianas     Hélio Borges
Resp. Ala das Crianças     Edson Bittencourt

 

SINOPSE 2001

A Saga de Agotime - Maria Mineira Naê

Introdução:

          Este enredo é baseado nos relatos da Pajé Zeneida Lima, que através das histórias de sua avó, tomou conhecimentoda saga de sua ancestral, a Rainha Agotime, africana legítima que foi atraída e feita escrava no Brasil, onde criou no Maranhão uma casa para agradar aos seus voduns, conhecida como a "Casa das Minas".

Síntese:

          A Saga de Agotime é pura energia. É a força dos elementos naturais transformando a vida que transforma em culto.
Desde tempos imemoriais se cultuava os Voduns da família real no Daomé. Um Clã mágico e místico iluminava o continente negro.
          Época de uma África conturbada, de guerras tribais em busca do poder. Durante muitos anos continuaram as lutas por conquista de novos territórios. Muitos reis passaram e o Dahomé, que era apenas uma cidade, torna-se um país.
No palácio Dãxome, reinava Agongolo. O rei tinha como segunda esposa a rainha Agotime e dois filhos: Adandoza, do primeiro casamento e Gezo, nascido de Agotime. Mas sopram ventos frios sobre o Togo. No ato de sua morte elegeu seu segundo filho para sucedê-lo ao trono. O direito de seu primogênito foi desconsiderado por uma previsão de Fá - O Senhor do destino. Adandoza assume o trono do rei após sua morte como tutor de Guezo e Abomey tornou-se vítima de um governo tirânico e cruel.
          Mágica e Magia.  A rainha era conhecida em seu reino pelas histórias que contava sobre seus ancestrais e sobre o culto aos reis mortos, guardava os segredos do culto a Xelegbatá, a peste. Detentora de tais conhecimentos, o novo rei tratou de mantê-la isolada acusando-a de feitiçaria e não hesitou em vendê-la como escrava.
          Agotime... Rainha... feiticeira... escrava.... descobre o seu destino. Magia...À beira de um rio manso o encontro se deu. Notou o estranho vôo de um pássaro que mergulhava várias vezes. Ele apresentou-se como Zomadomu, rei dos Texossus, que ultrajado pela negativa de Adandoza em estabelecer o culto a seu povo, designou-a à encontrar um caminho para conduzi-los para um Novo Mundo onde seriam cultuados de igual maneira so Texossus e seus irmãos e primos, reis do Clã Real de Daomé. Assim o culto à Xelegbatá renascerá.
          Em Whidah, o grande porto de venda de escravos, é jogada nos porões imundos de um navio e trazida para o Brasil. O sofrimento físico da rainha, traída e humilhada era uma realidade menor pois seu espírito continuava liberto e sobre as ondas, sem grilhão, a Rainha lidera um grande cortejo e atravessa o mar.
          Nasce a ligação África-Brasil. Chega ao novo continente um corpo escravo mas um espírito livre, pronto a cumprir a sua saga e fazer ouvir daqui o som dos tambores Jêjes.
          Seu primeiro destino foi Itaparica, na Bahia, porto seu destino e terra santa do conhecimento, desembarca a escrava e cumpre a sua missão. Vinda de uma região onde poucos escravos se destinavam ao Brasil, depara-se Agotime com muitos irmãos de cor mas não de credo.
          No seu encontro com os Nagôs teve o seu primeiro contato com os Orixás e através deles a Rainha escrava teve conhecimento de seu povo. Por eles soube que sua gente eram chamados negros-minas e foram levados para São Luís do Maranhão. Contaram que não tinham local para celebrar o seu culto, pois esperavam um sinal de seus ancestrais. Agotime logo entendeu por quem esperavam.
          Porém a barreira da escravidão lhe impediu de prosseguir em seu caminho, mas confiava em seu vodum. Trabalhou então longos dez anos, conseguiu guardar um pouco de seu trabalho nas minas e comprou sua liberdade, prosseguindo sua viagem em busca de seu senhor e de sua gente.
          Chegou no Maranhão. Terra de encantaria e de forte representação e de forte representação popular. Encantada terra...encontro dos deuses... Terra daas festas dos povos e do culto Mina-Jêje. Guardou essa, as tradições da Europa, pura ou mescladas com as dos naturais da terra e do negro da África, tendo assim um grande apelo folclórico. Lá os tambores afinados à fogo e tocados com alma por ogãs inspirados por velhos espíritos africanos, ecoam por festa e por religião.
          Formou-se nesta terra de alma iluminada, de onde flui poesia por todos os becos um povo místico, poético e festeiro. E é aqui que o destino fica claro. É no Maranhão que Agotime, a escrava, volta a ser Rainha. Sob orientação de seu vodum funda a " Casa das Minas de São Luís do Maranhão". Depois da fundação, Agotime recebeu o nome de "Maria", da região da costa da mina, na África, herdou "Mineira" e de seu vodum "Naê". Passou então a Rainha a chamar-se Maria Mineira Naê. 
          Assim, as raízes do culto estavam plantadas no Brasil com a fundação da Casa de Xelegbatá em São Luís do Maranhão.

Comissão de Carnaval
(Laila, Cid Carvalho, Shangai, Fran Sérgio, Ubiratã Silva, Nelson Ricardo)

 

SAMBA ENREDO                                                2001
Enredo     A saga de Agotime, Maria mineira Naê
Compositores     Déo, Caruso, Cleber e Osmar
Maria Mineira Naê
Agotime no Clã de Daomé
E na luz de seus Voduns
Existia um ritual de fé
Mas isolada no reino um dia
Escravizada por feitiçaria
Diz seu Vodum que o seu culto
Num novo renasceria

Vai seguindo seu destino (de lá pra cá)
Sobre as ondas do mar
O seu corpo que padece
Seu alma faz a prece
Pro seu povo encontrar

Chegou nessa terra santa
Bahia viu a nação nagô ô ô
E através dos orixás
O rumo do seu povo encontrou
Brilhou o ouro, com ele a liberdade
Foi pra terra da magia
Do folclore e tradição
Um bouquet de poesia
A casa das minas
É o orgulho desse chão

Sou Beija Flor e meu tambor
Tem energia e vibração
Vai ressoar em São Luiz do Maranhão