Manôa
- Manaus - Amazônia – Terra Santa Alimenta o Corpo, Equilibra
a Alma e Transmite a Paz
Os
pedidos de proteção multiplicaram-se entre os tripulantes das embarcações
que balançavam tranqüilas sobre o oceano silencioso.
Clamavam
temerosos, aqueles aventureiros, ao poderoso senhor dos ventos, que lhes
permitissem uma travessia vitoriosa rumo as fascinantes terras do “Novo
Mundo”, sem tormentas ou furacões.
Já
para o senhor das águas, imploravam por calmarias e correntes tranqüilas.
Dessa
maneira, partiram os espanhóis rumo ao ocidente; entre fascinados e temerosos,
porém, acima de tudo, encantados com os boatos que corriam sobre as riquezas
daquelas terras distantes.
Com
o peito impregnado de ambição, cada um daqueles rudes navegadores tentaria,
de todas as maneiras, com a própria vida se preciso fosse, acumular fortunas.
Aparentemente,
Éolos, o senhor dos ventos e Poseidon, o senhor das águas, de fato protegeram
as embarcações e seus tripulantes, pois a viajem se mostrou sem grandes
novidades.
No
entanto, a ingratidão foi senhora guia daquelas almas.
Não
hesitaram, ao tocarem o solo das Américas, em espalhar violência e dor.
Banharam
sem piedade, com sangue de inocentes nativos, a terra da deusa Gaia e
mancharam com a fumaça dos incêndios criminosos os céus do deus Urano.
Mas a cobrança dos deuses não tardaria a chegar.
Depois
de conquistar e aniquilar os Astecas, Maias e Incas, soterrando sobre
os escombros suas culturas e conhecimentos milenares, os espanhóis, entre
delírios e realidades, provocados pela quantidade de ouro encontrada e
pelas lendas contadas pelos povos vencidos, partem em busca da maior de
todas as lendas nativas: Encontrar Manôa e o fantástico reino do Eldorado,
com sua corte de fascinantes adornos e onde, conforme rezava a lenda,
até a vegetação era do mais valioso metal e os frutos bordados com pedras
preciosas de beleza jamais vista.
Guiados
pelo faro da ambição, adentraram por uma floresta impressionante e navegaram
por um rio que mais parecia um oceano.
Mas
a carnificina deixada como rastro pelos espanhóis, jamais seria assistida
impunemente pelos deuses.
Dessa
maneira, Zeus, o deus dos deuses da antiguidade, deixou a cargo de Tupã,
o deus dos deuses da grande floresta do “Novo Mundo”, a missão de deter
o demônio inquieto da ambição.
Tupã
liberou então a Cobra Rio Honorato para proteger a floresta. Atordoados
e delirantes, os navegadores se viram atacados ferozmente por uma tribo
composta somente por mulheres, vestidas completamente de ouro.
Passados
dias e noites, enfim foram vencidos e expulsos. Acreditando terem encontrado
ali, no seio da mata virgem, a mitológica tribo grega das temíveis Amazonas,
batizaram o rio com o nome dessas guerreiras.
Anos
depois, em outra mal fada expedição, os espanhóis proclamam-se independentes
da coroa espanhola e fundam, em plena selva, um reinado espanhol onde
Fernão de Gusmão é aclamado como rei.
Mas
ao longo do grande rio e seus afluentes, a vida aflora com mistérios escondidos
nas matas e nas almas que ali vivem.
Os
naturais protegiam Manôa – A senhora mãe da terra e, ao mesmo tempo, eram
protegidos por Honorato, a cobra-rio-mística, que deu vida ao Jurupari,
senhor todo poderoso e guardião das florestas. Para preservar as águas
fez surgir a Cobra Grande Boiúna, que espalha pavor com seus olhos de
fogo e a Iara, que atrai para o seu palácio de cristal verde no fundo
das águas, aqueles que teimam em agredir os rios.
Caiporas
e Curupiras também foram evocados para fazer parte deste grande exército
místico contra os predadores.
Mas
a erva daninha da civilização irrompe do litoral para o interior, propagando-se
de maneira ameaçadora.
Em
nome do mercantilismo capitalista vivenciou-se um período com um caráter
puramente predatório com a exploração indiscriminada do ouro, da prata
e das madeiras nobres, além da subjugação dos naturais.
Por
outro lado, as expedições e missões artísticas ou científicas do século
XIX, funcionaram como uma espécie de catalogação das nossas riquezas.
Dessa
maneira, a borracha extraída dos seringais, projeta a Amazônia no cenário
mundial. Manaus, a sua capital, graças ao seu requinte, passa a ser reconhecida
como a “Paris dos trópicos”.
O
seu magnífico Teatro, decorado pelo artista italiano “De Angelis”, recebeu
as melhores companhias da Europa e espelha todo esplendor de uma época
dourada.
Mas
como não há mal que sempre dure ou bem que nunca se acabe, a felicidade
sucumbiu em nome da civilização.
Ah!
Civilização...
Em
nome do seu Deus, envergonhastes o universo ao tentar cobrir as vergonhas
dos donos da terra. Pregando sua fé à força, espalhastes doenças e não
ensinastes a cura; escravizastes, matastes e queimastes a selva; a fúria
da poluição alcançou as águas, o ar e a terra; o caçador, como implacável
ignorante, fez desaparecer várias espécies vegetais e animais.
Ao
ver tanta crueldade e pressentindo o perigo de que todos os ensinamentos
contidos em cada recanto da floresta sucumbissem, surge da dor e das lágrimas
de Tupã uma planta mágica, nascida da eterna luta entre o bem o e o mal.
Desta planta brotaria uma flor, que por sua vez, se transformaria em singelo
fruto.
Tendo
os índios Maués como guardiões protetores, ganhou o fruto o nome de guaraná
e traz ao homem, com sua energia, o ideal da redenção.
Com
o formato dos olhos de Tupã, tem o poder de nos lembrar que “ele” tudo
vê e tudo sabe. Em sua extrema bondade, dotou a bebida feita desse fruto
com o poder de abrir as portas divinas e renovar o pacto do homem de alma
humilde com as energias superiores, assim como era no princípio e nunca
deixou de ser para aqueles que não se deixaram levar pela ambição.
Em
nome da nossa própria sobrevivência, rogamos que a grande floresta continue
a ser guardada e protegida pela densidade e força mágica dos milhares
de seres místicos que nela fazem morada.
Que
os encantos da Iara, as pegadas trocadas do Curupira ou mesmo as peripécias
do Saci-Pererê, mantenham afastados os predadores cruéis.
Reine
absoluto Jurupari, senhor da floresta, pelo bem de todos nós.
E
que juntos, numa junção de energias universais, possamos enfim compreender
que o Eldorado de fato é real, mas de ouro não é não, nem mesmo diamantes
ou esmeraldas. Que todos se dêem conta que o verdadeiro Eldorado é verde
e brota no coração da floresta. Que nas suas folhas, ramagens, cipós,
flores e ervas estão guardados os segredos para a cura dos males do corpo
e do espírito.
Que
a nossa guerra seja por um mundo melhor, por saudáveis gerações.
Que
a nossa luta seja eterna para preservarmos uma dádiva infinitamente valiosa:
A água – O fantástico combustível da vida.
Como
guerreiros, transformarmos a sede que ameaça o planeta, em sede permanente
da batalha por um mundo de pessoas com o corpo e a mente sã.
Que
o quadro do futuro não seja pintado com os tons de cinza das queimadas,
o negro das fumaças das fábricas ou os tons de marrom das águas poluídas,
mas que seja sim, tingido com as variadas cores e infinitas matizes que
nos legaram todos os deuses:
O
verde das matas;
O
azul do céu e das águas;
A
explosão de cores dos pássaros e das flores...
O
branco da paz.
Que
ecoe para todo o sempre as vozes dos povos e dos espíritos da Floresta
na imensidão verde. Evocando sob a luz da lua cheia os espíritos dos ancestrais
pajés feiticeiros, em louvor da deusa Amazônia, a Senhora Guardiã dos
Segredos da Própria Vida.
Manôa
que virou Manaus. O coração da Amazônia. Uma Terra Santa que Alimenta
o Corpo de quem transforma sua fauna e flora em uma forma de vida e de
cura, que Equilibra a Alma daqueles que tiveram seu espírito perturbado
pelo caos da civilização e Transmite a Paz em tempos em que o homem insiste
em declarar guerras.
Longe... lá se vai o tempo das criações, dos
mistérios e milagres.
O
homem povoou as terras. Criou mitos e lendas, criou até deuses e céus.
Aprendeu coisas sem fim... Evoluiu... criou a Civilização.
Os
que superavam os outros povos se diziam civilizados ao invadi-los, dizimá-los
e espolia-los. Levavam dos invadidos as riquezas e impingiam-lhe sua cultura,
seus deuses e tradições. Nessa tortuosa caminhada os deuses se misturam.
Louva-se deuses gregos na África e africanos nas Américas. Nessa Babel
de cultura, raças e religiões, os homens se lançam ao mar, sempre por
ambição, em busca de novas terras para civilizar e explorar.
Assim,
nos idos do século XV, os pedidos de proteção se multiplicam a bordo das
embarcações que buscam atravessar as bordas do abismo chamado horizonte.
Em uma embarcação espanhola tanto podia se pedir proteção à Zeus como
à Oxalá, Netuno ou Iemanjá, Eólos, Santa Bárbara ou Iansã. Os temores
eram grandes, mais a ganância e a necessidade de aventura e expansão ardem
na alma humana. Partem D´Espanha Pizarro, Orelana e outros capitães que
farão história, descobrirão terras, conquistarão seus povos, darão nome
ao Novo Mundo que se descortinara diante de seus olhos, e através deles
veremos destruídas culturas milenares em nome da civilização, sacrificados
deuses em nome dos deuses e destruídos povos em nome da ganância e assim
os lagos de sangue não impedirão as sequiosas mãos de levantarem os tesouros
dessas vítimas. Descendo de Quito os espanhóis tendo o já famoso Orelana
como locotenente de Pizarro, invadem a floresta. Manôa, a Mãe Natureza,
sem saber, navegam Honorato, A Cobra Rio, e na busca do Eldorado chegam
ao coração da flor da tradição.
Mas
outra flor brotava no coração dos homens que sem acatar os desígnios da
criação deixa aflorar a maldita ambição em cujo nome destemidas criaturas
cortaram as águas doces do Rio-mar e numa estocada feriram o coração da
mata. Em busca de ouro, prata e pedras preciosas, na ânsia de encontrar
Manôa e o Fantástico Reino do Eldorado com sua corte com fascinantes adornos,
onde até a vegetação era do mais valioso metal e a semente dos frutos
as mais lindas pedras preciosas. Entraram em tamanho delírio que não deram
conta que na verdade o tesouro era verde, brotava do coração de Manôa
e escondia em suas folhas, cipós e ervas, a cura para os males do mundo,
que suas águas límpidas haveriam de matar a sede da humanidade transformando-se
assim como suas plantas no maior tesouro da humanidade. Depois de conquistar
Astecas, Incas, Maias, encantado com a quantidade de ouro encontrado,
e por lendas contadas pelos povos vencidos, adentra a floresta em busca
da maior de todas as lendas nativas desde o México até o interior do Peru.
Porém
aturdidos por Honorato a cobra rio que protege a floresta, se viram atacados
por uma tribo de ferozes mulheres guerreiras e em seu delírio, Pizarro
batizou o Rio Honorato de Amazonas, em lembrança das mulheres gregas,
guerreiras tenazes e começa a entrelaçar ou deuses greco-romanos com os
da terra, e nesse místico ambiente propiciado pela floresta em sedição
a Pedro de Ursua que comandava a expedição, acudindo aos incitamentos
de Lope de Aguirre, um aventureiro da conquista, os espanhóis enlouquecidos,
proclamaram-se independentes da coroa espanhola, e fundam em plena selva
amazonense um reinado espanhol, aclamado como Rei à Fernão de Gusmão.
Mas
ao longo foi grande Rio e seus afluentes, a vida aflora com mistérios
escondidos nas matas e nas almas que ali vivem. Os naturais protegiam
Manôa – A mãe terra e eram protegidos por Honorato, a cobra-rio-mística
que criou para proteção da floresta e das almas puras que em seu seio
fazem morada, um grande exército místico e mágico. Deu então vida ao Jurupari,
senhor todo poderoso e guardião das florestas. Para preservar as águas
fez surgir a cobra grande Boiúna, que espalha pavor com seus olhos de
fogo e a Iara, que atrai para o seu palácio de cristal verde, no fundo
das águas, aqueles que teimam em agredir os rios. Assim como caiporas,
curupiras e outros guardiões para afastar, encantar ou destruir os predadores.
Mas
se o criador dedicou alguns dos seus maravilhosos dias para plantar, adubar
e fazer brotar a flor da tradição, a humanidade dedicou milhares dos seus
dias para com sua infinita ignorância destruir as benesses da criação
e fazer brotar a flor da cultura, que irrompe do litoral para o interior
propagando-se, ampliando-se, amontoando-se, fazendo brotar a erva daninha
da civilização e descoberta.
Se
a descoberta corresponde a primeira fase do capitalismo, que é o mercantilismo
e teve um caráter puramente predatório, a exploração indiscriminada do
ouro, da prata e das madeiras nobres, além da subjugação dos naturais,
as expedições e missões pseudo artísticas ou científicas do século XIX,
funcionaram como uma espécie de catalogação ou cadastramento das nossas
riquezas.
A
borracha dos seringais dos Purus- Acre, do Juruá do Madeira, proteja o
Amazonas no cenário mundial. Manaus tornou-se um dos mais famosos centros
exóticos da Terra.
No
seu teatro decorado pelo artista italiano De Angelis, apresentaram-se
as melhores compainhas da Europa. Homens e mulheres de todas as cores
e credos e de todos os continentes encontravam-se na Paris dos trópicos.
Médicos, bacharéis, jornalistas, engenheiros, agrônomos, comerciantes,
operários, navios das mais variadas bandeiras e calados vieram fazer o
Amazonas.
Ah...
Civilização
Em
nome do seu Deus, envergonhaste o universo, ao tentar cobrir as vergonhas
dos donos da terra. Pregando a sua fé à força, espalhaste doenças e não
ensinaste a cura, escravizaste, mataste, queimaste, a fúria da poluição
alcança as águas, o ar, a terra, o caçador ignorante implacável fez desaparecer
várias espécies vegetais e animais.
Sim,
queimaste corpos com o mesmo fogo que queimaste a mata: o fogo da ambição.
Mas
da suprema luz surge o fruto dos deuses, nascida da luta clássica entre
o bem e o mal, a flor do guaraná. Guardada na aldeia dos Maués, traz ao
homem o ideal da redenção. A lembrança da traição do homem à sua verdadeira
imagem e semelhança brotou no formato dos olhos do criador para lembrar
que ele tudo sabe e tudo vê e que em sua extrema bondade a bebida feita
com essa flor abre as portas divinas e renova o pacto do homem de alma
humilde com os deuses, assim como era no princípio e nunca deixou de ser
para aqueles que não se envolveram no perfume da flor da cultura, flor
que surgiu lentamente do solo, regada pelo suor e alimentada pela cobiça.
A
"ação civilizadora" da Europa em nosso continente começou pelo
extermínio dos naturais e o deslocamento para o "Mundo Novo",
como escravos, dos negros africanos, prosseguiu com as expedições científicas
e missões artísticas no século passado, e já neste século a penetração
econômica das multinacionais.
Sendo
assim, lançamos aqui o manifesto do naturalismo integral, acreditando
que dessa volta a natureza, poderá surgir um novo renascimento, um novo
século de luzes, pois a Amazônia constitui hoje em nosso planeta, ocultismo
reservatório, o último refúgio da natureza integral. Amazônia, um paraíso
que guarda em si, os segredos da cura do mundo, a própria vida.
Por
isso deixem em paz a Amazônia!
Organograma Setorial:
-
O Império Inca e a Ganância Espanhola
-
Em Busca do Eldorado – Manôa e a Floresta de Ouro e Prata
-
Reino Espanhol – Demônio Inquieto da Ambição
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O Grande Exército Místico
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Da Suprema Luz Surge o Fruto dos deuses: O Guaraná
-
Civilização – A obra do Homem que surgiu lentamente regada pelo suor
e alimentada pela cobiça
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Manaus – A Paris dos Trópicos
-
Amazônia: A Senhora Guardiã dos Segredos da Própria Vida
Comissão de Carnaval
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