FICHA TÉCNICA 2009

 

Carnavalesco     Alexandre Louzada, Laíla, Ubiratan Silva e Fran Sérgio
Diretor de Carnaval     Luiz Fernando do Carmo (Laíla)
Diretor de Harmonia     Luiz Fernando do Carmo (Laíla)
Diretor de Evolução     Luiz Fernando do Carmo (Laíla)
Diretor de Bateria     Mestres Paulinho e Plínio
Puxador de Samba Enredo     Neguinho da Beija-Flor
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Claudio de Souza (Claudinho) e Selma de Mattos Rocha (Selminha Sorriso)
Segundo Casal de M.S. e P. B.     Carlos Augusto G da Silva (Carlos Augusto) e Janailce Adjane Santiago
Terceiro Casal de M.S. e P. B.     Marcos Ribeiro e Juliana Vogas
Quarto Casal de M.S. e P. B.     David Nascimento e Priscilinha de Cristal
Resp. Comissão de Frente     Ghislaine Cavalcanti
Resp. Ala das Baianas     Jorge Crispim (Pai Jorge)
Resp. Ala das Crianças     Edson Bittencourt e Hilton Castro
Resp. Galeria de Velha Guarda     Débora Rosa Santos Cruz Costa

 

SINOPSE 2009

No chuveiro da alegria quem banha o corpo, lava a alma na folia

Introdução:

          Nossa relação com a água remete a nossa própria existência, partindo do princípio que nos desenvolvemos em uma bolsa de água durante nove meses e a partir daí esta relação coexiste em nossas vidas: água para beber, para lavar, curar e purificar.
          A cada época e lugar sentimos essa incontrolável necessidade de se relacionar com esse elemento da natureza. Nosso enredo é uma viagem pela relação entre a humanidade e a água. Mais do que um hábito de higiene, o banho reflete a história e o desenvolvimento cultural de um povo e suas crenças, a história do banho traça a trajetória da civilização.
          Partimos de 3 mil anos atrás até a atualidade. Trazemos à tona esse longo banho, misturando as suas gotas, significados, símbolos e desejos, personagens anônimos e lendários que, através dos tempos, testemunharam as transformações ocorridas com esta prática e os rituais relativos à ela, bem como alguns aspectos imutáveis ao longo do tempo, que fazem do banho uma necessidade inquestionável e eterna.
          É com a limpidez de espírito e com orgulho que a Beija-Flor de Nilópolis conta este enredo, lavada e perfumada, em seu momento de estrela, e vem banhar-se de alegria e beleza, agitando as águas da história e envolvendo a todos com uma suave espuma de prazer e felicidade.

Sinopse:

          Hoje o samba vem mergulhar de corpo e alma no azul cristalino das águas do tempo, abrindo as comportas da história, num rio mágico de fantasia que jorra m cores nesta folia, lavando as manchas do passado, passando a limpo a humanidade, dando um banho de alegria nesta maravilhosa cidade.
          É o Beija-Flor que navega nas espumas flutuantes, atravessando eras, remando em asas, nas águas claras e fascinantes, da sua fértil imaginação. E inventa assim num céu para seu vôo encantado, no espelho mágico que reflete líquido, o néctar doce e puro de sua fonte de inspiração.
No borbulhar da história, faz emergir o limiar de um hábito, um milenar costume que o Egito nos ensinou, um misto de mito, rito e de prazer. Uma dádiva do Nilo, que ao banhar esse povo moreno, nos legou esse saber.
          Saber quão salutar é esta prática, uma receita de bem viver, um instrumento de beleza. Segredo de uma mulher que se fez símbolo maior de realeza, a rainha do deserto, deusa a se banhar de leite e perfume de flor, com tempero de sedução, que balançou impérios e conquistou corações.
          Vai atravessando a cortina de fumaça que transpõe o tempo e chega ao Oriente, de onde exala o aroma das ervas que inebria a alma de água e calor, desvenda essa nuvem que limpa o corpo e a mente, que transpira os males, que renova o vigor. Bruma de saúde a se espalhar em vapor, como sopro divino, vindo do Olimpo de Zeus, como presente de Grego que o Império Romano recebeu e que a ele deu ares de festa, erguendo palácios de luxúria e lazer.
          Vai viajar no espaço dos séculos, de um povo a desfrutar desta alegria limpa e líquida, descobrindo as delícias da água e do prazer de se banhar. Segue a vastidão de um Império, se expandindo e fluindo até chegar o momento do ocaso desse reinado, como um rio que seca, o fim de um sonho dourado de ter o mundo conquistado.
          Por ordem da cruz, em nome de Deus, o hábito é condenado. E o que outrora dava prazer, ora se torna pecado, e o suor é o que lava o "corpo fechado" da humanidade, que adentra na imunda "cidade das trevas", onde o banho é excomungado.
          Na escuridão da noite eterna, vai enxugando a intolerância de um tempo que cobriu a sujeira em vestes brancas, na busca de um corpo puro, casto e imune, e vai testemunhar que da mesma cruz e espada que reprime, se ascende o lume de uma nova era a se despertar. É o tempo de se lançar às águas em grandes aventuras, rumo ao descobrimento, tempo de lavar a mente e iluminar a razão, de procurar um novo mundo e nele encontrar a pureza. E nos corpos nus, reaprender a lição; se despir dos valores e mergulhar sem medo no lago natural do conhecimento, num banho de civilização.
          Faz transpirar no velho mundo, esta limpa liberdade nativa, como a força e a luz do Renascimento, já que a suja Europa busca na ciência a alternativa misturando óleos e essências, lançando perfume no ar, num banho de cheiro a disfarçar o asseio de uma imunda nobreza que, de cara branca, perucas, jóias e rendas, veste a hipocrisia em fantasia de limpeza.
          Vem mostrar ao povo mal acostumado que os ?humores do corpo? decorrem do hábito abandonado, que assim disse um cientista que o micróbio mora ao lado daquilo que não é lavado, pois o que os olhos não enxergam, um bom banho tira o "?mau olhado".
          Traz à tona um novo tempo, tempos modernos de saúde e bem viver, onde o banho vira moda e a humanidade assim limpa e prosa, reinventa esse prazer. Quando o sabão se torna sabonete, perfume a alcance do povo, este povo que ao tempo que passa inventa mais um banho novo e segue cantando no chuveiro, dançando na chuva, dourando ao sol ou na fria luz da lua, de luxo sob as espumas, de lama e de loja, pura beleza, se amando de fato num banho de gato na mais louca safadeza.
          E assim, entre pingos e gotas, jorros e ondas, seguimos na correnteza deste banho de alegria, que nos traz a certeza de quem banha o corpo, hoje também lava a alma nesta folia. O samba, que traz no seu batuque a africana magia, depois de dar um banho de história e cultura, vem se banhar em sua fé, e a Beija-Flor vem lavar a passarela nas cores de uma aquarela, saudando seus orixás e purificando toda cidade ao se banhar de axé.

Segmentação do enredo:

1 - Egito - Origem ao banho

          Os primeiros registros do ato de se banhar individualmente ocorreram por volta de 3.000 a.C, e pertencem ao antigo Egito. Os egípcios realizavam rituais sagrados na água e banhavam-se diariamente, dedicando os banhos a divindades como Thot e Bes.
          Thot era o Deus do conhecimento, da sabedoria, da escrita e da medicina, considerado a melhor divindade para cuidar das pessoas que se banhavam. Depois dele, vinha Bes, o deus da fertilidade e do casamento, que cuidava do parte e do banho das crianças e mulheres.
          Mais do que limpar o corpo, os egípcios presumiam que a água purificava a alma, e esta crença era válida tanto para a realeza - cortejada com óleos aromáticos e massagens aplicadas pelos escravos, quanto para as populações mais pobres, que recorriam inclusive a profissionais de rua quando não conseguiam tratar da própria beleza. Os egípcios foram os inventores dos primeiros cosméticos.

2 - Termas - Luxúria líquida babilônia, turcos, grego e romanos

          A Grécia foi um dos locais em que o banho prosperou, sendo possível encontrar bem preservados palácios de 1700 a.c. a 1200 a.c. que, mesmo nos dias atuais, surpreendem devido a avançadas técnicas de distribuição da água. Afirma-se que naquela época, os banquetes precisavam ser luxuosos e incluíam uma sessão de banho para os convidados.
          Na Grécia, o banho também era uma extensão necessária da prática de ginástica, e comumente os gregos antigos invocavam a proteção de Hera, a mulher de Zeus (também conhecida como Deus Juno), durante o banho.
          Os gregos tomavam banhos por prazer e para ter uma vida saudável, motivados pela higiene, espiritualidade e práticas desportivas, sendo que os médicos louvavam as virtudes ocasionadas em função dos diferentes tipos de banho, aconselhando o uso de óleos na água para untar o corpo antes de as pessoas se secarem.
          Embora os gregos tenham iniciado a prática dos banhos públicos no Ocidente, os pioneiros nos balneários coletivos foram os babilônios.
          Materiais saponificantes anteriores a 2800 a.c. foram encontrados em cilindros escavados nas ruínas da antiga Babilônia. As inscrições indicam que aquele material era utilizado para a limpeza dos cabelos e para auxiliar na confecção de penteados.
          Por volta de 650 a.c. a cidade da Babilônia, na Mesopotâmia, tornou-se o centro de comercial de especiarias e perfumes de época.
          Já no século II a.c., os romanos construíram enormes complexos de banho para homens, sendo que os romanos foram o povo da Antiguidade que mais se importaram em transformar o banho num evento, construindo suntuosas termas públicas onde qualquer cidadão pudesse desfrutar dos prazeres proporcionados pelo banho. O banho referia-se à idéia de repouso e de convívio, pois era uma prática social e um ritual simbólico.
          Os romanos herdaram muito da cultura grega, incluindo a adoração pelo banho. Porém, entre eles, esse hábito adquiriu proporções inéditas. As visitas diárias às termas tinham fundo religioso, visto que o banho público era um ato de adoração à deusa Minerva.
          Os romanos consideravam Minerva, a deusa do comércio, da educação, e do vigor, especialmente bem dotada para cuidar do banho. Fortuna, a deusa do destino, também era representada nas casas de banho para proteger as pessoas quando estavam mais vulneráveis. Além disso, havia incontáveis ninfas e espíritos associados a fontes e poços locais, venerados como guardiões do banho.
          E o costume não era restrito somente às classes mais abastadas: boêmios, prostitutas, imperadores, filósofos, políticos, velhos e crianças, todos se banhavam no mesmo espaço, sem constrangimento.
          Os gregos e os romanos mantiveram o hábito de reunir-se em banhos públicos, que se tornaram em verdadeiros locais de discussões e decisões políticas e sociais. As termas eram um ponto de encontro e de troca de informações, que se tornaram símbolos de luxo e, muitas vezes, das decadências dos costumes.
          Os romanos e os gregos - precursores de sistemas hidráulicos que canalizavam águas pluviais e fluviais, conduzindo-as para as residências e termas - fizeram do banho um ritual de luxo e influenciaram o mundo com suas criações de óleos, ungüentos e maneiras prazerosas de banhar-se.
Os árabes não só compreendiam e apreciavam os prazeres dos perfumes, mas também possuíam conhecimentos avançados de higiene e medicina. Muitos celebrados por suas maravilhosas descobertas, eles ofereceram à humanidade o primeiro alambique, e a partir desta invenção foi possível destilar as matérias-primas e preparar a primeira água de rosas do mundo, isolando o perfume de pétalas em forma de óleo.
          Associar os famosos banhos turcos a rituais amorosos é uma das primeiras reações dos ocidentais ao imaginar as sofisticadas casas dos muçulmanos. O hamman, a cerimônia islâmica do banho, estimulava a imaginação dos europeus, ao descrever dezenas de belas mulheres se banhando e se embelezando em um ambiente ricamente ornamentado.
          Mas o hamman supera essa carga erótica. É um preceito da fé islâmica lavar e perfumar o corpo para a oração. E os banhos em conjunto, demorados, são a melhor maneira de se purificar para a prece. O hamman serve, então, como meditação entre os pecados do corpo e a limpeza do espírito.
          Na Europa, somente no século XVII houve a introdução das casas de saunas e banhos turcos.

3 - Idade Média - Proibição ao banho

          Durante a Idade Média, os ocidentais abandonaram os sofisticados rituais de limpeza da Antiguidade e mergulharam numa profunda sujeira. A maneira de ver o banho mudou. As idéias religiosas foram levadas ao exagero e as saunas passaram a ser consideradas locais de pecado, porque as pessoas se viam nuas umas às outras.
          Não é exagero afirmar que a Idade Média foi o período em que a cristandade varreu da Europa as termas e demais atividades em que as pessoas se expusessem demais. Com tantos pudores, o prazer de tomar banho de corpo inteiro passou a ser visto como um ato de luxúria. Lavar as mãos e o rosto bastava, às vezes nem isso. Quando muito, era aceitável tomar um banho por ano.
          Os banhos foram totalmente proibidos, aumentando as doenças, em especial, a peste. Dizia-se que a água amolecia a alma. Dizia-se ainda, que o fato de a água quente dilatar os poros da pele facilitava a entrada de doenças no corpo. Desta forma, nesta época, a higiene basicamente resumia-se em vestir uma roupa limpa e usá-la até ficar suja, pois acreditava-se que a roupa funcionava como uma espécie de esponja absorvendo a sujeira. Sendo que muitas vezes a roupa sequer era lavada, apenas sacudida e carregada de perfume.
          Os banhos eram escassos, quase inexistentes. Em famílias pobres, quando eles aconteciam, a água servia para banhar a família inteira em uma tina. Primeiro os homens, depois os filhos e por último as mulheres.
          A Idade Média foi muito apropriadamente chamada de Idade das Trevas, protagonizando o total sepultamento dos hábitos de higiene. A Igreja, poder políticos e cultural absoluto, abominava os banhos, tratando-os como Orgias Pecaminosas.
          Iniciou-se um período de imundice com conseqüências desastrosas para a Europa. Segundo os sanitaristas, as constantes epidemias que assolaram o Velho Mundo durante a Idade Média foram provenientes da total ausência de higiene por parte da população. As necessidades fisiológicas eram despejadas pelas janelas.
          Esta alta de asseio pessoal, aliada às condições de vida insalubres, contribuíram sobremaneira para as grandes epidemias da Idade Média e, em especial, para a Peste Negra do século XIV.
          Com os grandes surtos epidêmicos instala-se a convicção de que a água, por efeito da pressão e sobretudo do calor, abria os poros e tornava o corpo receptivo à entrada de todos os males.
          Desde o século XV, os médicos condenavam a utilização dos balneários públicos e das estufas. Defendiam a teoria que, depois do banho, a carne e o hábito do corpo amolecem e os poros abrem-se, e assim, o vapor empestado pode entrar prontamente no corpo e provocar a morte súbita.
          A ideologia cristã instaurou preconceitos e impôs uma nova moral e conseqüentes novos costumes. A Igreja temia pela sujidade das almas,  pois os hábitos promíscuos eram uma porta aberta para o pecado. Havia assim, que se evitar os banhos públicos, locais propícios à devassidão e ao amolecimento dos costumes.

4 - Renascimento - Dos maus odores ao banho de civilização

          No século XIII, frades dominicanos iniciaram as atividades farmacêuticas relativas à produção de essências, pomadas, bálsamos e outras preparações medicinais. Muitas dessas fórmulas, produzidas até os dias de hoje, foram estudadas durante a corte de Catarina de Médici, nobre florentina que mudou para a França em 1533 para se casar com o Rei Henrique II.
          Os perfumes de Catarina de Médici eram feitos em Grasse, uma pequena cidade ao sul da França, localizada aos pés dos Alpes mediterrâneos. Grasse era então um centro da indústria de couro e, até aquele momento, não existia nenhum produto para limpar e perfumar o couro, especialmente o das delicadas luvas das senhoras. Desenvolveu-se, então, uma arte refinada, tarefa dos maîtres gantier perfumeurs, mestres perfumistas de luvas, que prosperaram em torno de Grasse.
          Aos poucos, a era das águas perfumadas com flores foi cedendo espaço a composições à base de almíscar. A preocupação com a higiene e os cuidados com o corpo permanecia. Também se considerava importante o cultivo de jardins, capazes de repelir os odores pestilentos comuns na época.
          Diz-se que Luis XIV, o Rei Sol, era muito sensível a odores, e tinha um perfume para cada dia da semana. Em sua corte, rosas e flores de laranjeira eram usadas para perfumar luvas, e os sabonetes de óleo de oliva faziam parte da higiene diária. As fragrâncias apreciadas por Luis XIV eram produzidas no sul da França.
          No Renascimento, a idéia de manter o corpo limpo foi abandonada e os banhos de água foram substituídos por banhos com fortes perfumes e essências, sendo Catarina de Médici, a grande responsável pela difusão do perfume na França.
          A fomentação da expansão marítima conduz os europeus ao descobrimento de novas terras, denominadas de Novo Mundo, e a realidade da Europa (O Velho Mundo) mostrava-se paradoxal aos costumes demonstrados pelos habitantes dos territórios localizados na atual América do Sul.
          A chegada dos brancos impressionou aos índios, devido à aparência suja e grotesca dos europeus, chamados de mal cheirosos e porcos.
          Observando os hábitos dos indignas, nativos das terras recém-descobertas, os europeus aprenderam diversos conhecimentos sobre limpeza e higiene, pois era comum e freqüentemente os naturais banharem-se em rios, lagos, lagoas e cachoeiras. De modo que os indígenas em muito contribuíram para o progresso nos costumes dos europeus, promovendo um verdadeiro banho de civilização.

5 - Corte da França - Banho de cheiro disfarçando a sujeira

          A fundação da primeira boutique de perfumes em Paris impulsionou a produção e a comercialização de produtos aromáticos. A opulência, o esplendor, a extravagância e o refinamento surgiam nas famílias aristocratas e dominavam a corte européia.
          A moda dos banhos estimulou a difusão dos perfumes por toda a Europa. A corte perfumada, fiel ao estilo Rococó, bem como toda a nobreza francesa, habitualmente se utilizavam de bálsamos e perfumes - nas roupas, nos corpos, e nos cabelos - para disfarçar a sujeira  amenizar o mau cheio.

6 - Pasteur - Corpo limpo, corpo são

          Louis Pasteur (1822 - 1895) foi um cientista francês que fez descobertas que tiveram grande importância tanto na área de química como na medicina.
          O conceito de higiene surge apenas no século XIX, depois das descobertas de Pasteur e dos seus trabalhos sobre a importância da higiene na saúde. Assim, os hospitais e outros locais de contato com doenças passaram a ser limpos regularmente. Cabe frisar que as noções de assepsia por ele implantadas no âmbito da medicina foram fundamentais para que muitas vidas se salvassem.
Constante defensor da adoção de medidas profiláticas para evitar doenças contagiosas causadas por agentes externos, realizou uma obra científica notável, que não só abriu caminhos aos estudos sobre a origem da vida, como contribuiu de forma decisiva para a evolução da indústria. Sua contribuição foi essencial ainda na evolução da medicina preventiva, dos métodos cirúrgicos (com a prevenção das infecções), das técnicas de obstetrícia e dos hábitos de higiene.
          Em Paris, criou o primeiro Instituto Pasteur (1888) que se tornou um dos mais importantes centros mundiais de pesquisa científica, com filiais em vários países, inclusive no Brasil (Rio de Janeiro).

7 - O banho vira moda: de sol, de lua, de gato, de loja e de cheiro. Dançando na chuva e cantando no chuveiro

          Ao longo da História, o banho já foi considerado sagrado e profano, artigo de luxo e diversão das massas, receita de saúde e até causador de doenças e mortes. Este ritual, tal como o conhecemos hoje, é resultado de uma mescla dos costumes de diferentes povos ao longo dos tempos.
          Atualmente, o banho é associado ao cuidado com a pele e ao bem-estar em todo o mundo. Além de deixar o corpo limpo e cheiroso, as composições dos sabonetes, sais e óleos são enriquecidos com essências que podem transmitir sensações diferentes como relaxamento ou vigor que, associados às diferentes temperaturas da água, têm seu efeito potencializado.
          Ou seja: refrescar, seduzir, relaxar e estimular são apenas algumas das variadas finalidades dos mais diferentes tipos de banho, que propiciam vastos benefícios para o corpo e para a mente das pessoas.
          Muitas são as delícias que esta experiência é capaz de proporcionar; são efeitos estimulantes, afrodisíacos e relaxantes, dentre outros. Com isso, o banho terminantemente virou moda: no chuveiro, em banheiras, e ofurôs. Banho de cheiro, de sol e de sais, de mar e de piscina; banho de cachoeira e banho de lua, banho de loja e banho de gato; dançando na chuva, cantando no chuveiro!

8 - Quem banha o corpo, lava a alma - banho dos orixás

          Os rituais de diferentes tipos de banho também são práticas religiosas, uma vez que o ato de banhar-se foi e ainda é visto em muitas religiões como um rito de purificação do corpo e da alma. Tal fato é observável no espiritismo, por exemplo, pois acredita-se que quem banha o corpo, lava a alma, afastando as energias negativas e atraindo a positividade.
          Os banhos de cunho litúrgico podem ter finalidades diversas, defesa, sacudimento, defumação, cura, regeneração, elevação espiritual, auxílio no desenvolvimento de novos médiuns.
          A bênção e a proteção dos orixás abrem os caminhos através de sessões de descarrego, limpeza da aura, energização e purificação; com a utilização, inclusive, de utensílios tais como a pipoca, ervas e sal grosso, dentre outros.
          No Brasil, país onde grande parte da população é praticante do sincretismo religioso, tais práticas afro-descendente são bastante usuais.

Comissão de Carnaval (Alexandre Louzada, Laíla, Fran-Sérgio e Bira)

 

SAMBA ENREDO                                                2009

Enredo

    No chuveiro da alegria quem banha o corpo, lava a alma na folia

Compositores

    Tom Tom, Marcelo Guimarães, Lopita, Jorge Augusto e Veni Vieira

Águas do tempo
Fonte da vida purificação
No azul da fantasia mergulhei
Nas ondas da emoção
Lá no Egito começou o hábito de se banhar
Um ritual de prazer que conquistou a realeza
No Oriente imperou e os males da mente expulsou
Nas ervas o aroma renovou, nas termas a luxúria e o vapor
Chega a idade das trevas, o corpo se fecha, o sonho acabou
E o que dava prazer, virou pecado, o banho foi excomungado

As águas rolaram
As mentes lavaram, clareou!
O índio ensinou, o banho voltou
E o mundo se purificou

Renasce a esperança, toda corte é perfumada
A sujeira é disfarçada até que um francês descobriu
Corpo limpo, corpo são, o banho evoluiu
Banho de chuva, banho de cheiro oi...
Banho de felicidade, banho de gato amor
Relaxa e da calor de verdade, banho de lua ou de sol
Na cachoeira ou no mar, odoyá yemanjá
Oxum: a deusa do encanto, estende o seu manto
Aos orixás a nossa fé, quem banha o corpo, lava a alma
E toma um banho de axé

No chuveiro da alegria
Salve! As águas de oxalá, embala eu babá
Feito um rio de magia que deságua luxo e cor
Banhando o povo vem a Beija-Flor