Orun-ayê
A
representação do mundo, para os Nagôs, é uma cabaça dividida ao meio.
A parte superior, o céu (Orun – mundo espiritual) e a inferior, a
Terra (Ayê – mundo material).
O Orun é a morada dos deuses, onde Olórun, o Criador Supremo, vive cercado por seus filhos, os orixás.
Olórum,
decidindo acabar com o ócio reinante no Orum, decidiu criar um mundo
habitado por seres em tudo semelhantes a ele. E esse mundo era o Ayê.
Para o empreendimento, convocou todos os Orixás, sob o comando de
Oxalá, seu primogênito,
a quem entregara o saco da existência, ordenando que partissem para
criar o mundo.
Como, no Orum, é lei consultar o Oráculo de Ifá,
sempre que se deseja empreender um evento, Oxalá
procurou Orumilá, patrono
do oráculo, sendo avisado que o signo da vida presidiria o acontecimento,
devendo toda a caravana vestir-se de branco.
Oxalá deveria, ainda; oferecer
sacrifícios a Exu, o Orixá
mensageiro, para Ter os caminhos abertos, o que deixou o Grande Orixá
extraiu o vinho de palma, saciando em demasia sua sede e, caindo bêbado,
adormeceu profundamente.
Exu, então, retornou ao
Orun, carregando consigo o saco da existência, e o entregou a Olórun,
relatando a negligência de Oxalá.
Olórun designou, então,
Odudua, irmão e rival de
Oxalá, para a missão.
Odudua, consultando Ifá,
tomou ciência que o signo de sua missão era a morte, devendo por isso,
a partir daquele momento, vestir-se de preto. Ofereceu sacrifícios
a Exu e partiu em comitiva
com os Orixás , criando, enfim, o Ayê.
Quando Oxalá acordou, voltou ao palácio de Olórun,
que o desculpou, e deu-lhe, como oportunidade, a tarefa de criar os
seres humanos, em tudo semelhante a ele.
Chegando ao Ayê, Oxalá
comunicou a Odudua a ordem
de seu pai e, depois de longa conversa, entre paz e ameaças de guerra,
tudo foi resolvido.
Odudua ficou responsável
pelo Ayê e Oxalá, responsável
pelos seres que o habitaria.
Estava, enfim, concretizada a harmonia do Universo: Céu/Terra; Espírito/Matéria;
Vida/Morte.
O presente enredo “Orun-Ayê”, muito mais que uma lenda africana da
criação do mundo, é uma lição de vida para nós, simples mortais.
Apegados ao laço material e ao cotidiano atribulado imposto pelo sistema
do homem moderno, onde competição, vaidade, ansiedade, falsidade e
violência são meros fatores, alimentamos a grande febre que assola
a humanidade: o egoísmo.
Esquecemos que nascemos da lama e voltaremos a ser lama, independentemente
de nossa raça, sexo ou condição sócio-econômica.
Ano 2001, novo milênio! Ano Internacional da Paz!
É hora de repensarmos: de onde viemos? O que somos? Para onde vamos?
Só assim abriremos a mente para o nosso lado espiritual, onde valores
como sensibilidade, fraternidade e humildade, serão molas propulsoras
para que se possam valer os direitos da humanidade.
Aliás, como diz a lenda, não somos nós, seres criados em tudo semelhante
a Olórun, Deus de incomensurável
amor?
Então, que neste novo milênio sigamos a lei fundamental do universo
– a lei do Amor!!!
No novo milênio, o Boi da Ilha
é só amor.
Guilherme
Alexandre

Roteiro
do Desfile:
- Comissão de Frente:
Exaltação a Exu
- Abre-Alas: Orun –
A Morada dos Deuses
- Ala Mirim: Espectros-Erês
- Ala: Oráculo de Ifá
- Ala: O Signo da Vida
- Ala: Orgulho de Oxalá
- Ala: Vinho de Palma
- Ala: O Signo da Morte
- Alegoria 2: Criando
o Ayê – Elemento Ar
- Ala: Pombo Branco
- Ala: A luz
- Ala: Exaltação a Iansã
- Primeiro Casal de
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
- Rainha e Madrinha
de Bateria
- Bateria: Sob o Ritmo
dos Ogãns
- Ala de Passistas:
Beleza Africana
- Ala: Ewá Guerreira
– Exaltação à deusa dos Horizontes
- Ala: Encantos de Oxumaré
- Ala: Yabá Obá
- Alegoria 3: Nasce
a água
- Ala: Caracóis
- Ala: Yemanjá – Senhora
dos mares
- Segundo Casal de Mestre-Sala
e Porta-Bandeira
- Ala das Baianas: A
bela e vaidosa Oxum
- Ala: Logun-Edé Encantado
- Ala: Salve, Nanã!
- Ala: Galinha D’Angola
- Ala: Atotô Omulu
- Alegoria 4: Terra
e Fogo em Profusão
- Ala: Ogum – Senhor
dos Caminhos
- Ala: Oxóssi – Rei
de Kêtu
- Ala: Sob as ervas
d Ossãim
- Terceiro Casal de
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
- Ala: Camaleão Dourado
- Ala: O Fogo
- Ala: Rei Xangô
- Projeto Escola Mestre-Sala
e Porta-Bandeira Porta-Estandarte (Manoel Dionísio)
- Ala: Surge o Homem
- Terreiro de Capoeira
de Angola Quilombo dos Arerê
- Ala: Sabedoria Elementar
- Ala: Celebração à
Paz
- Alegoria 5: Tempo
de Reflexão
- Ala dos Compositores:
- Galeria da Velha Guarda
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