Boi da Ilha é Holambra, a tulipa brasileira
Apresentação
No Carnaval de 2002 o G.R.E.S. Boi da Ilha do Governador fará uma "viagem" a cidade de HOLAMBRA, localizada no interior de São Paulo, que, com a imigração holandesa na década de 40, trouxe as primeiras mudas de flores para o Brasil, como a tulipa, e que além de flores, plantou-se em Holambra uma vocação que faria dela a "CIDADE DAS FLORES", tanto que é hoje, a maior produtora de flores e plantas ornamentais da América Latina.
Holambra é um "pedacinho" da Holanda no Brasil. Para qualquer direção que se olhe, é possível identificar símbolos e manifestações culturais que nos remetem ao país de origem de seus imigrantes, a exemplo da música, arquitetura, culinária e da dança típica. Enfim, uma cidade brasileira com sotaque holandês...
Desenvolvimento Seqüencial
O início de tudo
A história de Holambra começou em 5 de junho de 1948, logo após a Segunda Guerra Mundial, que havia devastado a Europa. Uma organização de agricultores católicos na Holanda, mesmo antes da Guerra, já promovia a emigração de agricultores católicos e enviou ao Brasil uma comissão, que idealizou a fundação de um núcleo de migração coletiva, sendo exibido na Holanda documentários junto aos filiados, que entusiasmados com tal possibilidade, e com forte ligação com o clero católico holandês, pressionaram o governo para que viabilizasse o projeto junto ao governo brasileiro. E assim foi feito; com o apoio da Rainha Regente dos Países Baixos e autoridades governamentais da época, o acordo foi firmado. O governo brasileiro concedeu empréstimos para a aquisição da área onde seria instalada a colônia. Então, há 53 anos, chegaram os primeiros imigrantes holandeses, que se instalaram na Fazenda Ribeirão, fundando a Cooperativa Agropecuária de Holambra. O nome Holambra nasceu das iniciais de HOL (Holanda), AM (América) e BRA (Brasil).
Uma nova vida
A 15 de junho de 1948, o ministro para assuntos de colonização, senhor Jorge Latour, fechou acordo com o diretor do frigorífico Armour, acertando a compra de 5000 hectares na Fazenda Ribeirão para assentamento de camponeses holandeses. Em 14 de julho do mesmo ano, o líder e idealizador do projeto de imigração, Gerrt Heymeyer, oficializou as atividades de exploração e colonização fincando uma pá simbólica no chão, dizendo a seguinte oração: "Deus abençoe o nosso trabalho".
Nos primeiros meses de colonização, foram enviados para o Brasil primeiramente um grupo de solteiros, para a preparação da chegada das famílias. Era necessário o melhoramento das casas que já haviam, casas estas de pau-a-pique.
A viagem de imigração era feita em navios de carga. Após a chegada ao primeiro porto brasileiro, o primeiro contato com a nova terra, os holandeses ficaram impressionados com o sol e o colorido da paisagem, tipo físico das pessoas, frutas e legumes vistos no mercado, mas se conscientizaram que a língua e o clima seriam grandes obstáculos em sua adaptação. Do porto de Santos até Campias o trajeto era feito de trem, duas locomotivas para puxar alguns vagões, o que deixava espanto nos imigrantes.
Épocas muito difíceis, matas densas de vegetação nativa tipo cerrado fechado, com imensas colônias de formigueiros, cupim e alta incidência de capim "barba-de-bode", imediatamente iniciou-se um trabalho árduo e de união, de quem luta para vencer: destoca dos cerrados, aração dos pastos, e a construção das primeiras moradias, erguidas com os próprios esforços e iluminadas por Deus e os lampiões a querosene.
O trabalho mútuo em comunidade ajudou a formara os primeiros sítios e as primeiras plantações, as primeiras colheitas se viram prejudicadas pelas chuvas e aparecimento de ervas daninhas.
Para os que persistiram na colonização em Holambra, o trabalho conjunto com os brasileiros foi fundamental. Mesmo com a dificuldade da língua, usando a comunicação dos sinais, a troca de experiências ajudou no plantio de culturas que acabou dando certo. A Holanda mandou alguns especialistas em diversas áreas dando assistência aos imigrantes na condução das culturas. Foram todos orientados para a policultura, ou seja, ter mais de uma atividade agrícola, possibilitando colheitas alternativas.
Com a diversificação da produção, processada e comercializada pela Cooperativa, como a pecuária, fabricação de toneladas de queijos, abate de aves, fabricação de ração, café e outros, aprimoramento das técnicas, foi-se estabilizando a colônia.
O cultivo das flores iniciou timidamente no ano de 1951, com a produção de gladíolos (palma de Santa Rita), mas depois a cultura se expandiu. Em 1972, criou-se o departamento de floricultura, dentro da cooperativa para a venda de grande variedade de flores e plantas ornamentais. Anos depois, foi implantado o "Veiling", sistema de leilão.
A vida comunitária teve seus improvisos. Um barracão onde funcionava a marcenaria cedia espaço para noites dançantes, ao som de discos trazidos da Holanda ou ao vivo por harmônicas ou gaitas tocados por imigrantes. Nestes bailes, holandeses e brasileiros dançavam juntos mesmo com dificuldade de idiomas. As atividades esportivas também eram valorizadas como forma de entrosamento, como a natação, o futebol e vôlei. Para jovens e crianças, foram formados vários grupos de escotismo. Uma escola de economia doméstica ensinava a arte de costurar, bordar, cozinhar, pintar, entre outras.
As atividades religiosas foram nos primeiros meses sediadas num pequeno espaço. As missas especiais, como a da festa da colheita, Páscoa, Natal, teatros e outros encontros religiosos, onde o número de pessoas era muito grande, eram realizadas embaixo de uma paineira. Para abrigar a todos os fiéis, holandeses e brasileiros resolveram então construir uma nova, grande e definitiva igreja.
A integração holandeses e brasileiros deu-se logo no início, em festas e bailes, ou na pratica de esportes; no entanto, o primeiro casamento ocorreu anos depois.
Em 1991, 98% dos habitantes votaram a favor da emancipação da cidade. Holambra tornou-se um município, vindo mais tarde a ter sua vocação para o turismo, que a elevou à categoria de Estância Turística. A mistura de povos e suas culturas, proporcionou a construção de uma cidade pitoresca, charmosa, que atrai visitantes com suas construções típicas, cozinha saborosa e ar puro. Uma infra-estrutura hoteleira caracterizada pelo acolhimento, clima familiar e aconchego, firma-se na cidade.
Holambra já recebeu também inúmeros visitantes ilustres, entre estes, Assis Chateaubriand, e até mesmo o príncipe Bernardo. Alguns holandeses vão à Holambra conhecê-la.
A vida em Holambra
A vida calma de Holambra encanta aqueles que buscam o sossego do interior. Forma-se aí, um enorme contraste entre Holambra e outras cidades próximas. O jeito simples de viver, remete-nos à décadas atrás, com pessoas passeando calmamente nas ruas, tarde da noite, e jovens conversando nas calçadas, e idosos andando de bicicleta pela cidade.
Depois das flores, o destaque fica por conta das danças folclóricas, que sempre marcam presença nos eventos e comemorações
Apesar de não serem pesados, os tamancos machucam muito os pés, forçando quem os calça a usar várias meias sobrepostas para proteger os pés do desconforto. A tradição é mantida por Piet Schoenmaker, que traz da Holanda as coreografias e respectivas músicas, iniciando as crianças desde cedo no compasso alegre da dança.
Na igreja católica de Holambra, o sino toca todas as manhãs de Domingo, chamando os fiéis para a missa. Nessa mesma igreja, é celebrada uma missa em holandês, todas as quintas-feiras.
Além das flores, a cidade tem outros enfeites como os moinhos-réplicas dos da Holanda e detalhes nas calçadas da cidade, reproduzindo tamancos, moinhos e tulipas, dando à cidade uma aura mágica.
A cozinha holambrense, servida em suas dezenas de restaurantes, bares, lanchonetes, e cafés, mescla com talento as especialidades holandesas com as internacionais e brasileiras. Os doces, tortas e biscoitos, preparados artesanalmente, constituem uma atração à parte.
Holambra pode se orgulhar de ser também uma cidade com uma farta agenda de eventos durante todo o ano, o que possibilita uma enorme integração entre famílias, moradores e visitantes. Dentre as mais importantes estão o CARNAVAL HOLANDÊS, quando são realizados bailes populares sem cobrança de ingresso, com animação de música ao vivo e premiação aos melhores blocos e fantasias. No Domingo é realizado o tradicional desfile de carros alegóricos, confeccionados pela própria comunidade, costume tipicamente holandês. Carros estes enfeitados e decorados com temas variados. É um carnaval com características próprias, por ser um misto de Brasil e Holanda.
O enduro a cavalo, que faz parte do calendário nacional, reunindo centenas de cavaleiros e amazonas; a Gincana de charretes, enfeitas com temas variados, onde famílias inteiras participam competindo em gincanas e provas de conhecimentos gerais, mantendo a tradição iniciada pelos imigrantes. E a tradicional FESTA DE SÃO NICOLAU?
A festa de São Nicolau (o Papai Noel holandês) inicia-se em novembro, quando os Pedros Negros (ajudantes de S. Nicolau), com suas roupas coloridas, visitam estabelecimentos, escolas e ruas de Holambra distribuindo balas e fazendo brincadeiras. Em torno de 6 de dezembro, vem São Nicolau e é feita uma festa tipicamente holandesa, com muita mágica e glamour. Esta festa acontece há cinqüenta anos, desde a época da imigração, mantendo as tradições culturais dos holandeses.
Como não poderia deixar de ser, a natureza é o grande atrativo desta cidade. Não podemos esquecer do importante Parque LINDENHOF, com mais de 30 mil metros quadrados de beleza sem igual. Mini-sítio com mais de 600 animais domésticos muito dóceis, estufas com flores e plantas em produção, um lindo borboletário tropical; um jardim tropical com centenas de aves e papagaios coloridíssimos, venda de flores e plantas, mirante, estufa em produção, animais de fazenda, além de um delicioso passeio em um mini-trem com seu passeio turístico.
Porém, nenhum outro evento é tão grandioso e importante quanto à EXPOFLORA.
A Cidade das Flores
Quando começa a primavera no Brasil? Depende. Embora oficialmente a estação das flores só chegue no dia 22 de setembro, em Holambra, nas duas últimas décadas a chegada da primavera tem sido antecipada pela EXPOFLORA, a maior exposição de flores e plantas da América Latina. E como já virou tradição, a cada nova edição da festa muitas novidades e um grande número de atrações artísticas, culturais e recreativas são preparadas e apresentadas em meio à beleza e ao colorido do maravilhoso mundo das flores.
Além do cultivo e comercialização, as mais modernas técnicas de paisagismo e arte floral acabaram por transformar a cidade em um centro de referência para floristas e floriculturistas. Um dia, em 1981, despretensiosamente, produtores e artistas florais decidiram criar uma exposição para mostrar a variedade e beleza das flores, plantas e arranjos florais. Montada no interior de um clube, a exposição atraiu em um único final de semana aproximadamente 12 mil pessoas, surpreendendo até o mais otimista dos organizadores. Nascia aí, a EXPOFLORA.
De lá para cá, o evento cresceu, se diversificou e se consolidou como a maior, mais completa, organizada e bonita exposição do sub-continente, chegando a atrair 250 mil pessoas por edição. Quem visita pela primeira vez acaba se apaixonando. É uma grande festa: gente bonita, de todas as idades, de bem com a vida, em harmonia com a natureza em seu lado mais belo.
No maior show da natureza, as flores e plantas são as grandes vedetes. Milhares de espécies, de todas as cores e formas, enfeitam e embelezam todos os recantos, praças e alamedas do parque. São cerca de 150 mil plantas verdes ou com flores plantadas em vasos e dezenas de milhares de hastes de flores de corte que formam diversos jardins e espaços.
Detalhes que fazem da Expoflora uma festa para os olhos: o jardim das estátuas e uma alameda situada na entrada do parque, formando um verdadeiro túnel florido.
Dá para imaginar a sensação de se estar sob uma chuva de pétalas de rosas? Pois um espetáculo como este acontece a cada fim de tarde na Expoflora, após a Parada das Flores. Atração garantida em todos os anos da festa, a Chuva de pétalas já se tornou uma tradição, reunindo milhares de pessoas que, olhando para o alto, esperam ansiosos pela gostosa brincadeira.
Quando as pétalas caem, vindas de um enorme canhão, crianças, jovens e adultos se divertem ao som de músicas animadas. Conta a tradição que quem consegue pegar uma pétala no ar terá um desejo realizado.
Música, dança, teatro, folclore, cultura. A Expoflora não é uma festa apenas de flores. Dentro do parque há um grande número de atrações extras, como bandas, corais infantis, shows de marionetes, grupos de balés, a dança da catira, além de um parque de diversões, mini-sítio, apiário e a deliciosa culinária holandesa. Uma festa para todas as idades.
Expoflora é diversão, beleza e magia. É a primavera chegando mais cedo para a alegria dos olhos e deleite do coração.
Com todo este potencial, Holambra é hoje a maior produtora de flores e plantas da América Latina, respondendo por cerca de 30% do mercado, exportando para todos os estados brasileiros e para o mundo todo.
Quem não gosta de flores? Flores são ótimos presentes, são sempre bem-vindas. Podem representar amor, respeito, felicidade, uma reconciliação, a inocência, a luxúria, alegrias, beleza perfeita, a união, humildade e perseverança. Flores sempre devem estar nos melhores momentos da vida ou nos momentos de saudade, pois dizem que as flores não falam, mas seu perfume diz tudo, e que, ao espalhar as flores pelo mundo, que elas possam levar uma linda mensagem de esperança e paz a todos aqueles que são puros de coração...
Edson Siqueira
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