FICHA TÉCNICA 2002

 

Carnavalesco     Marco Antônio
Diretor de Carnaval     Eloy, Zélia, Amaury, Daniel, Fátima, Cláudio e Gentil
Diretor de Harmonia     Valdo Rosa
Diretor de Evolução     .............................................................
Diretor de Bateria     Mestre Jonas
Puxador de Samba Enredo     Roger Linhares
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Raphael Rodrigues & Bárbara Leir
Segundo Casal de M.S. e P. B.     ................................................................
Resp. Comissão de Frente     Alexandre
Resp. Ala das Baianas     Benedita Hilda da Silva (Tia Bené)
Resp. Ala das Crianças     Zélia Eharaldt

 

SINOPSE 2002 

Boi da Ilha é Holambra, a tulipa brasileira

Apresentação

         No Carnaval de 2002 o G.R.E.S. Boi da Ilha do Governador fará uma "viagem" a cidade de HOLAMBRA, localizada no interior de São Paulo, que, com a imigração holandesa na década de 40, trouxe as primeiras mudas de flores para o Brasil, como a tulipa, e que além de flores, plantou-se em Holambra uma vocação que faria dela a "CIDADE DAS FLORES", tanto que é hoje, a maior produtora de flores e plantas ornamentais da América Latina.
         Holambra é um "pedacinho" da Holanda no Brasil. Para qualquer direção que se olhe, é possível identificar símbolos e manifestações culturais que nos remetem ao país de origem de seus imigrantes, a exemplo da música, arquitetura, culinária e da dança típica. Enfim, uma cidade brasileira com sotaque holandês...

Desenvolvimento Seqüencial

O início de tudo

         A história de Holambra começou em 5 de junho de 1948, logo após a Segunda Guerra Mundial, que havia devastado a Europa. Uma organização de agricultores católicos na Holanda, mesmo antes da Guerra, já promovia a emigração de agricultores católicos e enviou ao Brasil uma comissão, que idealizou a fundação de um núcleo de migração coletiva, sendo exibido na Holanda documentários junto aos filiados, que entusiasmados com tal possibilidade, e com forte ligação com o clero católico holandês, pressionaram o governo para que viabilizasse o projeto junto ao governo brasileiro. E assim foi feito; com o apoio da Rainha Regente dos Países Baixos e autoridades governamentais da época, o acordo foi firmado. O governo brasileiro concedeu empréstimos para a aquisição da área onde seria instalada a colônia. Então, há 53 anos, chegaram os primeiros imigrantes holandeses, que se instalaram na Fazenda Ribeirão, fundando a Cooperativa Agropecuária de Holambra. O nome Holambra nasceu das iniciais de HOL (Holanda), AM (América) e BRA (Brasil).

Uma nova vida

         A 15 de junho de 1948, o ministro para assuntos de colonização, senhor Jorge Latour, fechou acordo com o diretor do frigorífico Armour, acertando a compra de 5000 hectares na Fazenda Ribeirão para assentamento de camponeses holandeses. Em 14 de julho do mesmo ano, o líder e idealizador do projeto de imigração, Gerrt Heymeyer, oficializou as atividades de exploração e colonização fincando uma pá simbólica no chão, dizendo a seguinte oração: "Deus abençoe o nosso trabalho".
         Nos primeiros meses de colonização, foram enviados para o Brasil primeiramente um grupo de solteiros, para a preparação da chegada das famílias. Era necessário o melhoramento das casas que já haviam, casas estas de pau-a-pique.
         A viagem de imigração era feita em navios de carga. Após a chegada ao primeiro porto brasileiro, o primeiro contato com a nova terra, os holandeses ficaram impressionados com o sol e o colorido da paisagem, tipo físico das pessoas, frutas e legumes vistos no mercado, mas se conscientizaram que a língua e o clima seriam grandes obstáculos em sua adaptação. Do porto de Santos até Campias o trajeto era feito de trem, duas locomotivas para puxar alguns vagões, o que deixava espanto nos imigrantes.
         Épocas muito difíceis, matas densas de vegetação nativa tipo cerrado fechado, com imensas colônias de formigueiros, cupim e alta incidência de capim "barba-de-bode", imediatamente iniciou-se um trabalho árduo e de união, de quem luta para vencer: destoca dos cerrados, aração dos pastos, e a construção das primeiras moradias, erguidas com os próprios esforços e iluminadas por Deus e os lampiões a querosene.
         O trabalho mútuo em comunidade ajudou a formara os primeiros sítios e as primeiras plantações, as primeiras colheitas se viram prejudicadas pelas chuvas e aparecimento de ervas daninhas.
         Para os que persistiram na colonização em Holambra, o trabalho conjunto com os brasileiros foi fundamental. Mesmo com a dificuldade da língua, usando a comunicação dos sinais, a troca de experiências ajudou no plantio de culturas que acabou dando certo. A Holanda mandou alguns especialistas em diversas áreas dando assistência aos imigrantes na condução das culturas. Foram todos orientados para a policultura, ou seja, ter mais de uma atividade agrícola, possibilitando colheitas alternativas.
         Com a diversificação da produção, processada e comercializada pela Cooperativa, como a pecuária, fabricação de toneladas de queijos, abate de aves, fabricação de ração, café e outros, aprimoramento das técnicas, foi-se estabilizando a colônia.
         O cultivo das flores iniciou timidamente no ano de 1951, com a produção de gladíolos (palma de Santa Rita), mas depois a cultura se expandiu. Em 1972, criou-se o departamento de floricultura, dentro da cooperativa para a venda de grande variedade de flores e plantas ornamentais. Anos depois, foi implantado o "Veiling", sistema de leilão.
         A vida comunitária teve seus improvisos. Um barracão onde funcionava a marcenaria cedia espaço para noites dançantes, ao som de discos trazidos da Holanda ou ao vivo por harmônicas ou gaitas tocados por imigrantes. Nestes bailes, holandeses e brasileiros dançavam juntos mesmo com dificuldade de idiomas. As atividades esportivas também eram valorizadas como forma de entrosamento, como a natação, o futebol e vôlei. Para jovens e crianças, foram formados vários grupos de escotismo. Uma escola de economia doméstica ensinava a arte de costurar, bordar, cozinhar, pintar, entre outras.
         As atividades religiosas foram nos primeiros meses sediadas num pequeno espaço. As missas especiais, como a da festa da colheita, Páscoa, Natal, teatros e outros encontros religiosos, onde o número de pessoas era muito grande, eram realizadas embaixo de uma paineira. Para abrigar a todos os fiéis, holandeses e brasileiros resolveram então construir uma nova, grande e definitiva igreja.
A integração holandeses e brasileiros deu-se logo no início, em festas e bailes, ou na pratica de esportes; no entanto, o primeiro casamento ocorreu anos depois.
         Em 1991, 98% dos habitantes votaram a favor da emancipação da cidade. Holambra tornou-se um município, vindo mais tarde a ter sua vocação para o turismo, que a elevou à categoria de Estância Turística. A mistura de povos e suas culturas, proporcionou a construção de uma cidade pitoresca, charmosa, que atrai visitantes com suas construções típicas, cozinha saborosa e ar puro. Uma infra-estrutura hoteleira caracterizada pelo acolhimento, clima familiar e aconchego, firma-se na cidade.
         Holambra já recebeu também inúmeros visitantes ilustres, entre estes, Assis Chateaubriand, e até mesmo o príncipe Bernardo. Alguns holandeses vão à Holambra conhecê-la.

A vida em Holambra

         A vida calma de Holambra encanta aqueles que buscam o sossego do interior. Forma-se aí, um enorme contraste entre Holambra e outras cidades próximas. O jeito simples de viver, remete-nos à décadas atrás, com pessoas passeando calmamente nas ruas, tarde da noite, e jovens conversando nas calçadas, e idosos andando de bicicleta pela cidade.
         Depois das flores, o destaque fica por conta das danças folclóricas, que sempre marcam presença nos eventos e comemorações
         Apesar de não serem pesados, os tamancos machucam muito os pés, forçando quem os calça a usar várias meias sobrepostas para proteger os pés do desconforto. A tradição é mantida por Piet Schoenmaker, que traz da Holanda as coreografias e respectivas músicas, iniciando as crianças desde cedo no compasso alegre da dança.
         Na igreja católica de Holambra, o sino toca todas as manhãs de Domingo, chamando os fiéis para a missa. Nessa mesma igreja, é celebrada uma missa em holandês, todas as quintas-feiras.
         
Além das flores, a cidade tem outros enfeites como os moinhos-réplicas dos da Holanda e detalhes nas calçadas da cidade, reproduzindo tamancos, moinhos e tulipas, dando à cidade uma aura mágica.
         A cozinha holambrense, servida em suas dezenas de restaurantes, bares, lanchonetes, e cafés, mescla com talento as especialidades holandesas com as internacionais e brasileiras. Os doces, tortas e biscoitos, preparados artesanalmente, constituem uma atração à parte.
         
Holambra pode se orgulhar de ser também uma cidade com uma farta agenda de eventos durante todo o ano, o que possibilita uma enorme integração entre famílias, moradores e visitantes. Dentre as mais importantes estão o CARNAVAL HOLANDÊS, quando são realizados bailes populares sem cobrança de ingresso, com animação de música ao vivo e premiação aos melhores blocos e fantasias. No Domingo é realizado o tradicional desfile de carros alegóricos, confeccionados pela própria comunidade, costume tipicamente holandês. Carros estes enfeitados e decorados com temas variados. É um carnaval com características próprias, por ser um misto de Brasil e Holanda.
         O enduro a cavalo, que faz parte do calendário nacional, reunindo centenas de cavaleiros e amazonas; a Gincana de charretes, enfeitas com temas variados, onde famílias inteiras participam competindo em gincanas e provas de conhecimentos gerais, mantendo a tradição iniciada pelos imigrantes. E a tradicional FESTA DE SÃO NICOLAU?
         A festa de São Nicolau (o Papai Noel holandês) inicia-se em novembro, quando os Pedros Negros (ajudantes de S. Nicolau), com suas roupas coloridas, visitam estabelecimentos, escolas e ruas de Holambra distribuindo balas e fazendo brincadeiras. Em torno de 6 de dezembro, vem São Nicolau e é feita uma festa tipicamente holandesa, com muita mágica e glamour. Esta festa acontece há cinqüenta anos, desde a época da imigração, mantendo as tradições culturais dos holandeses.
         Como não poderia deixar de ser, a natureza é o grande atrativo desta cidade. Não podemos esquecer do importante Parque LINDENHOF, com mais de 30 mil metros quadrados de beleza sem igual. Mini-sítio com mais de 600 animais domésticos muito dóceis, estufas com flores e plantas em produção, um lindo borboletário tropical; um jardim tropical com centenas de aves e papagaios coloridíssimos, venda de flores e plantas, mirante, estufa em produção, animais de fazenda, além de um delicioso passeio em um mini-trem com seu passeio turístico.
         Porém, nenhum outro evento é tão grandioso e importante quanto à EXPOFLORA.

A Cidade das Flores

         Quando começa a primavera no Brasil? Depende. Embora oficialmente a estação das flores só chegue no dia 22 de setembro, em Holambra, nas duas últimas décadas a chegada da primavera tem sido antecipada pela EXPOFLORA, a maior exposição de flores e plantas da América Latina. E como já virou tradição, a cada nova edição da festa muitas novidades e um grande número de atrações artísticas, culturais e recreativas são preparadas e apresentadas em meio à beleza e ao colorido do maravilhoso mundo das flores.
         Além do cultivo e comercialização, as mais modernas técnicas de paisagismo e arte floral acabaram por transformar a cidade em um centro de referência para floristas e floriculturistas. Um dia, em 1981, despretensiosamente, produtores e artistas florais decidiram criar uma exposição para mostrar a variedade e beleza das flores, plantas e arranjos florais. Montada no interior de um clube, a exposição atraiu em um único final de semana aproximadamente 12 mil pessoas, surpreendendo até o mais otimista dos organizadores. Nascia aí, a EXPOFLORA.
         De lá para cá, o evento cresceu, se diversificou e se consolidou como a maior, mais completa, organizada e bonita exposição do sub-continente, chegando a atrair 250 mil pessoas por edição. Quem visita pela primeira vez acaba se apaixonando. É uma grande festa: gente bonita, de todas as idades, de bem com a vida, em harmonia com a natureza em seu lado mais belo.
         No maior show da natureza, as flores e plantas são as grandes vedetes. Milhares de espécies, de todas as cores e formas, enfeitam e embelezam todos os recantos, praças e alamedas do parque. São cerca de 150 mil plantas verdes ou com flores plantadas em vasos e dezenas de milhares de hastes de flores de corte que formam diversos jardins e espaços.
         Detalhes que fazem da Expoflora uma festa para os olhos: o jardim das estátuas e uma alameda situada na entrada do parque, formando um verdadeiro túnel florido.
         Dá para imaginar a sensação de se estar sob uma chuva de pétalas de rosas? Pois um espetáculo como este acontece a cada fim de tarde na Expoflora, após a Parada das Flores. Atração garantida em todos os anos da festa, a Chuva de pétalas já se tornou uma tradição, reunindo milhares de pessoas que, olhando para o alto, esperam ansiosos pela gostosa brincadeira.
         Quando as pétalas caem, vindas de um enorme canhão, crianças, jovens e adultos se divertem ao som de músicas animadas. Conta a tradição que quem consegue pegar uma pétala no ar terá um desejo realizado.
         Música, dança, teatro, folclore, cultura. A Expoflora não é uma festa apenas de flores. Dentro do parque há um grande número de atrações extras, como bandas, corais infantis, shows de marionetes, grupos de balés, a dança da catira, além de um parque de diversões, mini-sítio, apiário e a deliciosa culinária holandesa. Uma festa para todas as idades.
         Expoflora é diversão, beleza e magia. É a primavera chegando mais cedo para a alegria dos olhos e deleite do coração.
         Com todo este potencial, Holambra é hoje a maior produtora de flores e plantas da América Latina, respondendo por cerca de 30% do mercado, exportando para todos os estados brasileiros e para o mundo todo.
         Quem não gosta de flores? Flores são ótimos presentes, são sempre bem-vindas. Podem representar amor, respeito, felicidade, uma reconciliação, a inocência, a luxúria, alegrias, beleza perfeita, a união, humildade e perseverança. Flores sempre devem estar nos melhores momentos da vida ou nos momentos de saudade, pois dizem que as flores não falam, mas seu perfume diz tudo, e que, ao espalhar as flores pelo mundo, que elas possam levar uma linda mensagem de esperança e paz a todos aqueles que são puros de coração...

Edson Siqueira

 

SAMBA ENREDO                                                2002
Enredo
    Boi da Ilha é Holambra, a tulipa brasileira
Compositores
    Aloisio Villar, Paulo Travassos, Roger Linhares, Arerê e Cadinho da Ilha

Viajei
No embalo de um sonho naveguei (e quando cheguei)
Na cidade das flores
Fiz amigos, tive amores
De paz, minha alma semeei
Quero ter você comigo  (vem, meu bem querer)
Quero curtir seu carnaval
Sua cultura e alegria
É primavera, tô aí nessa folia

Conto uma história que eu vi
A imigração uniu
Holanda, América, Brasil
Das festas e das crenças
A mais linda flor se abriu

Planto a poesia
Em uma tulipa
Onde Holambra nasceu
E floresceu
Essência, dá aroma à vida
Expressão de amor
Me beija eu quero teu calor

Balança a roseira, vou dizer no pé
Boi da Ilha espalhando energia e fé
Florindo a avenida, germinando emoção
Paz na Terra, vem pedindo esse canção