FICHA TÉCNICA 2003

 

Carnavalesco     Cássio Carvalho
Diretor de Carnaval     ..............................................................
Diretor de Harmonia     ...............................................................
Diretor de Evolução     .............................................................
Diretor de Bateria     ................................................................
Puxador de Samba Enredo     Karlinhos Madureira
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     ................................................................
Segundo Casal de M.S. e P. B.     ................................................................
Resp. Comissão de Frente     ................................................................
Resp. Ala das Baianas     ................................................................
Resp. Ala das Crianças     ................................................................

 

SINOPSE 2003

A criação da luz nas noites Carajás

          A nação Ixá vivia nos lugares mais profundos do Rio Araguaia. Todos se perguntavam de onde tinham vindo, e ninguém sabia responder. Os mais velhos diziam que só Kananciuê sabia. Kananciuê, o poderoso Deus do Povo Ixá, único que vivia tanto no fundo, como na superfície e nas margens do Rio Araguaia.
          O Deus Kananciuê, cadê a luz, porque só a noite envolve o povo Carajás?
          - Tuanã, você que é o mais velho dos mais velhos, sabe que a morte só chega para nosso povo quando nós à chamamos, quando estão cansados de viver, com a criação do mundo a morte virá naturalmente, de várias formas como conseqüência da vida. E completou, seja Tauanã o guardião do povo já que presenciará toda a criação do mundo, ensine os Carajás tudo sobre a nova vida, seguindo minhas regras. Dito isto o criador maravilhando a todos começou dando novo sentido à vida.
          - da Índia mais velha Xerrerú, ele criou a terra e as florestas.
          - do velho e sábio Aracué, surgiu as matas, plantas e animais.
          - dos cabelos da bela índia Tainá, surgiu cachoeiras e rios.
          - da valentia dos índios, surgiu o mar com toda sua força e mistério.
          Mas cadê a claridade perguntou Tauanã, porque meus olhos não enxergam a luz do dia, Kananciuê, só a noite envolve o povo Carajá?
          Tenho que falar com o Urubu-re, respondeu Kananciuê, ele é a própria noite, e somente ele tem o segredo da luz.
          Mas Urubu-Rei tem medo de Kananciuê, como vai fazer para se aproximar dele?
          Farei uma armadilha, me passarei por morto, e só Urubu-rei seria capaz de comer minha carne, após a minha morte. E assim fez, ao saber da notícia. Urubu –rei desceu velozmente dos céus e pousou no peito de Kananciuê. No mesmo instante Kananciuê com a mão direita, segurou uma das pernas do Urubu-Rei de um pulo ficou de pé tendo o Urubu, preso pela mão.
          Kananciuê, tu me enganastes.
          Sim, e tu ias me comer. Esquecestes que sou um Deus, e que um Deus não morre, enquanto alguém acreditar nele, e os Ixás, acreditam em mim.
          - O que vai fazer comigo?
          - Nada de mal. Deus só deve fazer o bem, de você quero apenas os raios da manhã, o segredo da luz do dia, para dar vida à minha criação, o meu povo, não quer mais viver na eterna escuridão da noite. 
          - Me admiro tu, sendo um Deus, ignores este saber, em respeito à mim, que sou dono da escuridão, o senhor das criaturas sobrenaturais, guardo a escuridão por povos e povos, sempre longe de ti por medo de destruir meus poderes.
          - O bem sempre vencerá o mal.
          - Kananciuê, és realmente superior, um Deus de verdade. Só te peço que confie em mim, já perdi o meu encanto sendo aprisionado por você. Porque se eu aprisionei a luz debaixo de minhas asas, só você poderia me aprisionar e acabar com o meu poder, tudo és mais bruxo que eu.
          Kananciuê soltou o Urubu-Rei, e ficaram lado a lado.
          - Agora eu me vou Kananciuê, assim, bateu as asas e voou seguido por dezenas de outros urubus, um vôo rumo ao infinito, das suas asas, começaram a surgir os primeiros raios de luz, deixando um rastro iluminado, denunciando o raiar de um lindo dia.
          Os outros urubus, foram se transformando em pombos brancos criando o ar, e como o vendo novas espécies de pássaros surgiram cortando o céu, enfeitando as matas. Os seres sobrenaturais, se assustaram com seus próprios visuais e como que em punição por serem tão horrendos, saíram das matas e foram se esconder nas profundezas do Rio Araguaia.
          Mas ainda faltava o Sol para dar brilho ao dia e a lua para iluminar a noite.
          E assim, o forte Carajá Arapiá, se transforma em uma bola de fogo, que sobe ao céu se transformando no astro sol, iluminando até onde os olhos podem alcançar, e Numiá, bela índia da aldeia transforma-se em uma bola de prata em direção ao céu para pratear a noite com seus encantos e magias.
          Do brilho dos olhos dos Carajás, maravilhosos com tanta beleza, rompe rasgando o céu, um arco-íris multicor, dando um colorido a tudo existente sobre à terra.
          Não só nos olhos dos mais velhos rolaram lágrimas, mas até a natureza chorou, fazendo cair do arco-íris uma chuva cristalina, como que abençoando a nova vida, afinal Kananciuê com sete toques havia criado o mundo.
          E a alegria se fez presente a toda aldeia Carajá.
          Kananciuê olhou firmemente para Tauanã e disse:
          - Ixá era meu povo, de hoje em diante, vocês passam a ser os donos da terra e a se chamarem povo Iná. Vou me retirar para sempre na minha morada de onde continuarei olhando pelos Inás, pios já não posso mais ficar aqui na terra.
          - Mas como iremos viver sem um Deus? Poderá o homem sobrevier sem a crença sobrenatural?
          - O homem, já criou muitos Deuses, por necessidade na vida de vocês criarão outro.
          Um Deus existe na crença de seus fiéis, embora com muitos nomes ele é um só, indivisível. Poderão vê-lo de várias formas, mas ele é único. O povo Iná encontrará seu novo Deus.
          O povo Iná continuou sua vida simples, rústica, sentindo saudades do Deus que havia entregue a seus próprios destinos. Caçavam, pescavam, construíam barcos e casas, apredenram a viver sem encontrem tudo pronto como era na época de Kananciuê. E o tempo foi passando, ansiosos por se entregarem espiritualmente a um ser superior, os donos da terra construíram um grande Aruanã de Tarumã, a mesma madeira que construíam os remos.
          Sem que eles mesmos percebessem o Aruanã passou a significar algo mais que um simples grande peixe de madeira. Enfeitavam-se de penas e palhas, dançavam e praticavam rituais para aquele que acreditavam ser um novo Deus. Sentiram que o grande peixe de madeira deveria ficar em um lugar mais seguro, depositaram Aruanã na entrada de “Morenah” templo sagrado dos Inás, onde acreditavam muito respeito e fé, por ser segundo suas crenças o lugar onde o Sol e a Lua viviam, era para eles um verdadeiro paraíso “Morenah” o paraíso onde a vida continua. Lugar mais sagrada impossível, e assim, sempre na Lua cheia o povo Iná honrava Araunã, numa festa que durava uma semana. O fanatismo tomou conta deles e o culto a Aruanã, tornou-se obrigatória para todos. Dominando de tal modo o povo que a incipiente religião transformou-se em uma desgraça para toda aldeia. Seguiam a risca os preceitos que segundo eles eram mensagens de Aruanã.
          Arutana, o grande chefe da nação Iná, perdido de paixão pela bela Índia Uairú, faz um pacto com Aruanã de que escalaria o templo “Morenah” até chegar a lua e trairia as estrelas, antes aprisionadas pelo Urubu-Rei, e enfeitaria sua amada com o brilho delas. Uairú de tanto amor, resolve seguir seu amado e juntos, sedentos de paixão e enfeitiçados por um falso Deus, não perceberam que estavam sendo queimados pelo sol a medida que escalavam a montanha. Arutana sentindo sua amada desfalecendo gritou:
          - Aruanã, o que fizemos, o que fizeste conosco!
          O Deus da mentira continuou calado como sempre tinha estado. E assim morreram abraçados. Arutana e Uairú, foram desfazendo no ar, ectoplasmando-se até desaparecerem.
          Na crença dos Inás, a morte não era o fim da vida, no infinito ela continua como se lá tudo fosse igual ao que era na terra, vida e morte são renovação delas próprias. Em noite de Lua cheia festejavam ao ver estrelas, imaginando ser pedacinhos do apaixonado casal, que desfazendo-se, tornaram-se estrelas no céu.

Cássio Carvalho

C. C. E. S. CANÁRIOS DAS LARANJEIRAS CARNAVAL 2003

ENREDO: "A CRIAÇÃO DA LUZ, NAS NOITES CARAJÁS" AUTOR: CÁSSIO CARVALHO.

A nação Ixá vivia nos lugares mais profundos do Rio Araguaia. Todos se perguntavam de onde tinham vindo, e ninguém sabia responder. Os mais velhos diziam que só Kananciuê sabia. Kananciuê, o poderoso Deus do Povo Ixá, único que vivia tanto no fundo, como na superfície e nas margens do Rio Araguaia. O Deus Kananciuê, era invisível para eles, mas suas dádivas indicavam sua constante presença. Os mais antigos traziam a sabedoria de como evocar Kananciuê e para ele relataram a insatisfação dos Carajás. Kananciuê, cadê a luz, porque só a noite envolve o povo Carajás?
- Tauanã, você que é o mais velho dos mais velhos, sabe que a morte só chega para o nosso povo quando nós à chamamos, quando estão cansados de viver, com a criação do mundo a morte virá naturalmente, de várias formas como conseqüência da vida. E completou, seja Tauanã o guardião do povo já que presenciará toda a criação do mundo, ensine os Carajás tudo sobre a nova vida, seguindo minhas regras. Dito isto o criador maravilhando a todos começou dando novo sentido à vida.
- Da índia mais velha Xerrerú, ele criou a terra e as flores.
- Do velho e sábio Aracué, surgiu as matas, plantas e animais.
- Dos cabelos da bela índia Tainá, surgiu cachoeiras e rios.
- Da valentia dos índios, surgiu o mar com toda sua força e mistério.
Mas cadê a claridade perguntou Tauanã, porque meus olhos não enxergam a luz do dia, Kananciuê, só a noite envolve o povo Carajá?
Tenho que falar com o Urubu-Rei, respondeu Kananciuê, ele é a própria noite, e somente ele tem o segredo da luz.
Mas Urubu-Rei tem medo de Kananciuê, como vai fazer para se aproximar dele?
Farei uma armadilha, me passarei por morto, e só Urubu-Rei seria capaz de comer minha carne, após a minha morte. E assim fez, ao saber da notícia, Urubu-Rei desceu velozmente dos céus e pousou no peito de Kananciuê. No mesmo instante Kananciuê com a mão direita, segurou uma das pernas do Urubu-Rei de um pulo ficou de pé tendo o Urubu, preso pela mão.
Kananciuê, tu me enganaste.
Sim, e tu ias me comer, esqueceste que sou um Deus, e que um Deus não morre, enquanto alguém acreditar nele, e os Ixás, acreditam em mim.
- O que vai fazer comigo?
- Nada de mal. Deus só deve fazer o bem, de você quero apenas os raios da manhã, o segredo da luz do dia, para dar vida à minha criação, o meu povo, não quer mais viver na eterna escuridão da noite.
- Me admiro Tu, sendo um Deus, ignores este saber, em respeito à mim, que sou dono da escuridão, o senhor das criaturas sobrenaturais, guardo a escuridão por povos e povos, sempre longe de ti por medo de destruir meus poderes.
- O bem sempre vencerá o mal.
- Kanancuiê, és realmente superior, um Deus de verdade. Só te peço que confie em mim, já perdi o meu encanto sendo aprisionado por você. Porque se eu aprisionei a luz debaixo das minhas asas, só você poderia me aprisionar e acabar com o meu poder, tu és mais bruxo do que eu.
Kananciuê soltou o Urubu-Rei, e ficaram lado a lado.
- Agora eu me vou Kananciuê, assim, bateu asas e voou seguido por dezenas de outros urubus, um vôo rumo ao infinito, das suas asas, começaram a surgir os primeiros raios de luz, deixando um rastro iluminado, denunciando o raiar de um lindo dia.
Os outros urubus, foram se transformando em pombos brancos criando o ar, e com o vento novas espécies de pássaros surgiram cortando o céu, enfeitando as matas. Os seres sobrenaturais se assustaram com seus próprios visuais e como que em punição por serem tão horrendos, saíram das matas e foram se esconder nas profundezas do Rio Araguaia.
Mas ainda faltava o sol para dar brilho ao dia e a lua para iluminar a noite.
E assim, o forte Carajá Arapiá, se transforma em uma bola de fogo, que sobe ao céu se transformando no astro sol, iluminando até onde os olhos podem alcançar, e Numiá, bela índia da aldeia transforma-se em uma bola de prata em direção ao céu para pratear a noite com seus encantos e magias.
Do brilho dos olhos dos Carajás, maravilhados com tanta beleza, rompe rasgando o céu, um arco-íris multicor, dando um colorido a tudo existente sobre à terra.
Não só nos olhos dos mais velhos rolaram lágrimas, mas até a natureza chorou, fazendo cair do arco-íris uma chuva cristalina, como que abençoando a nova vida, afinal Kananciuê com sete toques havia criado o mundo.
E a alegria se fez presente a toda aldeia Carajá.
Kananciuê olhou firmemente para Tauanã e disse:
- Ixá era meu povo, de hoje em diante, vocês passam a ser os donos da terra e a se chamarem povo Iná. Vou me retirar para sempre na minha morada de onde continuarei olhando pêlos Inás, pois já não posso mais ficar aqui na terra.
- Mas como iremos viver sem um Deus? Poderá o homem sobreviver sem a crença no sobrenatural?
- O Homem, já criou muitos Deuses, por necessidade na vida de vocês criará outro.
Um Deus existe na crença de seus fiéis, embora com muitos nomes ele é um só, indivisível. Poderão vê-lo de várias formas, mas ele é único. O povo Iná encontrará seu novo Deus.
O povo Iná continuou sua vida simples, rústica, sentindo saudades do Deus que havia entregue a seus próprios destinos. Caçavam, pescavam, construíam barcos e casas, aprenderam a viver sem encontrarem tudo pronto como era na época de Kananciuê. E o tempo foi passando, ansiosos por se entregarem espiritualmente a um ser superior, os donos da terra constituíram um grande Aruanã de Tarumã, a mesma madeira que construíam os remos.
Sem que eles mesmos percebessem o Aruanã passou a significar algo mais que um simples grande peixe de madeira. Se enfeitavam de penas e palhas, dançavam e praticavam rituais para aquele que acreditavam ser um novo Deus. Sentiram que o grande peixe de madeira deveria ficar em um lugar mais seguro, depositaram Aruanã na entrada de ''Morenah" templo sagrado dos Inás, onde acreditavam muito respeito e fé, por ser segundo suas crenças o lugar onde o sol e a lua viviam, era para eles um verdadeiro paraíso "Morenah" o paraíso onde a vida continua. Lugar mais sagrado impossível, e assim, sempre na lua cheia o povo Iná honrava Aruanã, numa festa que durava um semana. O fanatismo tomou conta deles e o culto a Aruanã, tornou-se obrigatório para todos. Dominando de tal modo o povo que a incipiente religião transformou-se em uma desgraça para toda aldeia. Seguiam a risca os preceitos que segundo eles eram mensagens de Aruanã.
Arutana, o grande chefe da nação Iná, perdido de paixão pela bela índia Uairú, faz um pacto com Aruanã de que escalaria o templo "Morenah" até chegar à lua e traria as estrelas, antes aprisionadas pelo Urubu-Rei, e enfeitaria sua amada com o brilho delas. Uairú de tanto amor. Resolve seguir seu amado e juntos, sedentos de paixão e enfeitiçados por um falso Deus. Não perceberam que estavam sendo queimados pelo sol a medida que escalavam a montanha. Arutana sentindo sua amada desfalecendo gritou:
- Aruanã, o que fizemos o que Fizeste conosco!
O Deus de mentira continuou calado como sempre tinha estado. E assim morreram abraçados. Arutana e Uairú foram desfazendo no ar, ectoplasmando-se até desaparecerem.
Na crença dos Inás, a morte não era o fim da vida, no infinito ela continua como se lá tudo fosse igual ao que era na terra, vida e morte são renovação delas próprias. Em noite de lua cheia festejavam ao ver estrelas, imaginando ser pedacinhos do apaixonado casal, que desfazendo-se, tornaram-se estrelas no céu.

 

SAMBA ENREDO                                                2003
Enredo     A criação da luz, nas noites Carajás
Compositores     Paulinho Valença, Karlinhos Madureira e PC do Catete
Vem das profundezas do Araguaia
A riqueza de uma lenda que dá vida aos carajás
Na escuridão da noite eterna
Tauanã presenciou a criação dos animais
Kananciuê, o deus, também criou a terra e as flores
E dos cabelos da bela índia Tainá
Surgiram rios de águas cristalinas
E da força dos guerreiros, o misterioso mar
Mas faltava luz do dia pra nação ixá
E só vencendo o mal, Kananciuê libertaria
E foi assim que o deus daquele povo
Fez o bem vencer de novo
E Urubu-rei aprisionar

Urubu-rei voou pro infinito
E a noite deu lugar
A luz do dia mais bonito


Assim nasceu Iná ô! ô! ô!
Uma nação de amor
O ar, o sol, a chuva, um arco-iris multicor
E no templo morenah
Respeito e fé ao deus Aruanã
Fascinados com o brilho da lua
Arutana e Uairu o seu amor fiel
Vão em busca dessa luz e morrem no infinito
Brilhando como estrelas lá no céu

Sete toques de Kanaciuê pra natureza
É o Canário na avenida dando um toque de beleza
Chama acessa para o amor e a alegria
No ritmo da Bateria