FICHA TÉCNICA 2006

 

Carnavalesco     Armando Martins e Agnaldo Corrêa
Diretor de Carnaval     Comissão de Carnaval
Diretor de Harmonia     Jackeline Nascimento
Diretor de Evolução     ...............................................................
Diretor de Bateria     Ary e Mestre Penha
Puxador de Samba Enredo     Waltinho Jr., Leandro e Pavarotti
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Carlinhos e Ana Paula
Segundo Casal de M.S. e P. B.     Claudio e Sabrina
Resp. Comissão de Frente     Cláudio
Resp. Ala das Baianas     Marta
Resp. Ala das Crianças     Glória Maria

 

SINOPSE 2006
Bahia de Carybé

Sinopse:

          Carybé, artista plástico de renome internacional, nascido Hector Júlio Parede Bernabó em 1911 na Argentina, viveu a infância na Itália, percorreu toda a América do Sul para finalmente radicar-se no Brasil onde se naturalizou em 1957.
          De uma versatilidade impressionante, suas obras tanto pinturas como desenhos, esculturas e talhas, que se estimam em cerca de 5.000 trabalhos, constituem um currículo invejável, com incursões em ilustrações para livros, trabalho de publicidade em jornais, e um sem numero de quadros expostos em galerias, bienais e salas especiais diversas espalhada no Brasil e exterior, com murais realizados os aeroportos de New York e Londres.
          Mas foi na Bahia, introduzido a convite no governo Octavio Mangabeira em 1954 para desenhar cenas do cotidiano baiano,  que Carybé encontrou sua terra, a sua gente, o seu lar, o seu destino.
          Identificando-se de imediato com o povo, Carybé nunca mais deixou a boa terra. Como ele próprio se expressava, a Bahia tem tudo que um pintor procura, luz, água, mar aberto, corpos morenos e exuberantes, sempre em movimento.
          Não havia como ficar parado, esperando um estalo de criatividade, pois a arte fluía livre nas festas populares sacras ou profanas, na alegria dos festejos, logo traduzida em traços simples, quase esquemáticos, perpetuando as imagens da Bahia.
          Para melhor retratar o espírito dos baianos, seus costumes seus tipos populares, Carybé passa a viver intensamente a cultura afro-brasileira. Deslizando pela rampa do mercado, próximo a praça Cayrú e ao elevador Lacerda, seu olhar vagueia pelas calçadas e suas barracas, seus montes de frutas suculentas, o forte cheiro de comida misturado ao perfume de azeite de dendê, onde as baianas mercadejam no tabuleiro os quitutes tradicionais, o acarajé dourado, o abará misterioso ou o caruru de S. Cosme.
          Do lado do mar a vista da Bahia de Todos os Santos onde sobressai a forma circular do velho forte de S. Marcelo. Centenas de saveiros com suas velas coloridas estão fundeados no cais do quebra mar. Mais tarde,eu maravilhoso traço simplificado em poucas linhas fixa o imenso quadro de vida que é a rampa do mercado.
          Irrequieto, curioso, esse "gringo arretado" filho amado da Bahia, visita as grandes praias para assistir a pesca do Xaréu. Observa cerimoniais dos pescadores de hoje que remontam as tradições de seus antepassados. Essa revivescência de ritmos africanos com expressões de dança, poesia e canto dos pescadores negros da Bahia na puxada do Xaréu oferece a seus olhos o precioso material folclórico para seus desenhos inigualáveis.
          Uma festa de poesia com cantos de trabalho árduo de suor e luta, os cantos diversos que acompanham a pesca, alguns muitos remotos, em língua africana, que terminam sempre com uma saudação a Rainha do mar, são verdadeiras sinfonias a seus ouvidos, e levam para sua fértil imaginação os esboços iniciais de seus futuros desenhos.
          Assim era Carybé.
          Percorrendo as ruas tradicionais, descendo e subindo as ladeiras da velha S. Salvador, Carybé se depara deslumbrado com o imponente conjunto arquitetônico do Pelourinho, onde pontua no meio da praça a igreja de N. Srª do Rosário dos Pretos.
          Antigo lugar de castigo dos condenados a açoites públicos, hoje apenas reflete na beleza de seu casario, nos velhos sobrados do tempo do Imperador, as lembranças românticas da humanidade baiana. Nada escapa aos pincéis de Carybé
          Seja na feira de Água de Meninos, ali ao pé da Igreja do Pilar, entre as suas centenas de barracas típicas abastecidas pelos saveiros de nomes curiosos, ou na festa de lemanjá no dia 02 de fevereiro no Rio Vermelho de baixo, lançando nas águas verdes os barquinhos com as oferendas tradicionais de perfumes, espelhos, jóias e flores, lá estava Carybé, atento, observador, a beber avidamente os motivos para seus traços e desenhos.
          Pois até entre os capoeiristas - não fora ele próprio aluno do mestre Pastinha, a aprender nos toques de berimbau S. Bento grande e pequeno, ou no toque de cavalaria a distinguir entre as chulas de fundamento - lá estava Carybé   a  aumentar  o   seu já  vasto  número   de  figuras personagens típicos de seus inúmeros desenhos folclóricos.
          Mas não eram apenas os festejos profanos que o atraiam. Mais ainda os religiosos o arrastavam para as festas do Bonfim, com sua tradicional lavagem da igreja pelas baianas com água de flores após a procissão, ou para a magnífica comemoração ao redor da igreja da Conceição da Praia, como carinhosamente é conhecida a basílica de sua devoção, onde não faltam as deliciosas comidas de azeite e os saborosíssimos abacaxis do recôncavo e as suculentas melancias, tudo acompanhado pelo samba de roda, entremeado com os jogos de capoeira.
          Mas mais forte ainda foram os temas de origem africana, as solenidades do candomblé, culto pelo qual se apaixonou. Inspirado na cultura afro-brasileira, freqüentador assíduo dos terreiros baianos, Oba de Xangô no Ilê Axé Opô Afonjá, Carybé como ninguém os deuses africanos e seu culto na Bahia.
          Grande parte de sua vastíssima obra versa sobre cenas de candomblé. No seu próprio dizer: "sou amoroso e devoto da religiosidade afro-brasileira, de seus deuses modestos e humanos".
          Aos 86 anos, tendo preservado como ninguém através de sua obra os valores do candomblé na Bahia, Carybé, - não poderia ser diferente -morreu do coração durante uma sessão na casa da qual era Obá de Xangô, o He Axé Opô Afonjá.
          Carybé, argentino de nascimento, italiano de formação, e brasileiro de coração, foi e será o mais baiano de todos os artistas da boa terra, de tal maneira que será impossível separar os dois vocábulos que se completam: BAHIA DE CARYBÉ

Armando Martins e Agnaldo Corrêa

Roteiro do Desfile:

  1. Comissão de Frente – Pintores da Bahia

  2. Abre Alas – A Paleta de Carybé

  3. Ala Infantil – Meninos Vendedores de Cata-Ventos

  4. Ala Mista – Rampa do Mercado

  5. Ala Masculina – Pesca do Xaréu

  6. Ala Mista – Pelourinho

  7. Bateria – As Cores de Carybé

  8. Segundo Carro – As Ladeiras da Bahia

  9. Ala Mista – Feira de Água de Meninos

  10. Baianas – Festa da Conceição da Praia

  11. Ala Mista – Capoeira

  12. Ala Mista - Festa de lemanjá

  13. Ala Feminina – Festa do Bonfim

  14. Terceiro Carro – O Obá de Xangô

  15. Velha Guarda

 

SAMBA ENREDO                                                2006
Enredo     Bahia de Carybé
Compositores     Carlinhos Danoninho, Jonas, Pavaroti e Fernando de Lima
Brasil pro mundo mostra a sua cara
Surgiu um argentino jóia rara
Com sua paleta ilustrou a arte sem fim
Meninos vendem cata-ventos, Senhor do Bonfim
A rampa do Mercado, a pesca do Xaréu
Lugares, personagens vivem em seu pincel
O Pelourinho inspira as cores sedução
A Água de Meninos, tradição
 
Hoje tem samba de roda e berimbau
Reza com água de cheiro é divinal
Conceição da Praia encanta, tem procissão
E capoeira, jongo, dança e ilusão
 
Yemanjá tudo é razão
Para o pintor na sua inspiração
Nos faz sonhar, ylê oiá
Os temas afro tocam o coração
Carybé a Bahia em tintas coloriu
lindos traços vi o seu perfil
de renome mundial
Sempre serás imortal
 
Bahia de Carybé, axé
Tem candomblé nesse terreiro, tem magia
Pró meu obá de Xangô, a fé
Canários pinta de aquarela essa folia