Bahia de Carybé
Sinopse:
Carybé,
artista plástico de renome internacional, nascido Hector Júlio Parede
Bernabó em 1911 na Argentina, viveu a infância na Itália, percorreu
toda a América do Sul para finalmente radicar-se no Brasil onde se naturalizou
em 1957.
De uma versatilidade
impressionante, suas obras tanto pinturas como desenhos, esculturas
e talhas, que se estimam em cerca de 5.000 trabalhos, constituem um
currículo invejável, com incursões em ilustrações para livros, trabalho
de publicidade em jornais, e um sem numero de quadros expostos em galerias,
bienais e salas especiais diversas espalhada no Brasil e exterior, com
murais realizados os aeroportos de New York e Londres.
Mas
foi na Bahia, introduzido a convite no governo Octavio Mangabeira em
1954 para desenhar cenas do cotidiano baiano, que Carybé encontrou
sua terra, a sua gente, o seu lar, o seu destino.
Identificando-se
de imediato com o povo, Carybé nunca mais deixou a boa terra. Como ele
próprio se expressava, a Bahia tem tudo que um pintor procura, luz,
água, mar aberto, corpos morenos e exuberantes, sempre em movimento.
Não
havia como ficar parado, esperando um estalo de criatividade, pois a
arte fluía livre nas festas populares sacras ou profanas, na alegria
dos festejos, logo traduzida em traços simples, quase esquemáticos,
perpetuando as imagens da Bahia.
Para
melhor retratar o espírito dos baianos, seus costumes seus tipos populares,
Carybé passa a viver intensamente a cultura afro-brasileira. Deslizando
pela rampa do mercado, próximo a praça Cayrú e ao elevador Lacerda,
seu olhar vagueia pelas calçadas e suas barracas, seus montes de frutas
suculentas, o forte cheiro de comida misturado ao perfume de azeite
de dendê, onde as baianas mercadejam no tabuleiro os quitutes tradicionais,
o acarajé dourado, o abará misterioso ou o caruru de S. Cosme.
Do
lado do mar a vista da Bahia de Todos os Santos onde sobressai a forma
circular do velho forte de S. Marcelo. Centenas de saveiros com suas
velas coloridas estão fundeados no cais do quebra mar. Mais tarde,eu
maravilhoso traço simplificado em poucas linhas fixa o imenso quadro
de vida que é a rampa do mercado.
Irrequieto,
curioso, esse "gringo arretado" filho amado da Bahia, visita
as grandes praias para assistir a pesca do Xaréu. Observa cerimoniais
dos pescadores de hoje que remontam as tradições de seus antepassados.
Essa revivescência de ritmos africanos com expressões de dança, poesia
e canto dos pescadores negros da Bahia na puxada do Xaréu oferece a
seus olhos o precioso material folclórico para seus desenhos inigualáveis.
Uma
festa de poesia com cantos de trabalho árduo de suor e luta, os cantos
diversos que acompanham a pesca, alguns muitos remotos, em língua africana,
que terminam sempre com uma saudação a Rainha do mar, são verdadeiras
sinfonias a seus ouvidos, e levam para sua fértil imaginação os esboços
iniciais de seus futuros desenhos.
Assim
era Carybé.
Percorrendo
as ruas tradicionais, descendo e subindo as ladeiras da velha S. Salvador,
Carybé se depara deslumbrado com o imponente conjunto arquitetônico
do Pelourinho, onde pontua no meio da praça a igreja de N. Srª do Rosário
dos Pretos.
Antigo
lugar de castigo dos condenados a açoites públicos, hoje apenas reflete
na beleza de seu casario, nos velhos sobrados do tempo do Imperador,
as lembranças românticas da humanidade baiana. Nada escapa aos pincéis
de Carybé
Seja
na feira de Água de Meninos, ali ao pé da Igreja do Pilar, entre as
suas centenas de barracas típicas abastecidas pelos saveiros de nomes
curiosos, ou na festa de lemanjá no dia 02 de fevereiro no Rio Vermelho
de baixo, lançando nas águas verdes os barquinhos com as oferendas tradicionais
de perfumes, espelhos, jóias e flores, lá estava Carybé, atento, observador,
a beber avidamente os motivos para seus traços e desenhos.
Pois até entre os
capoeiristas - não fora ele próprio aluno do mestre Pastinha, a aprender
nos toques de berimbau S. Bento grande e pequeno, ou no toque de
cavalaria a distinguir entre as chulas de fundamento - lá estava Carybé a aumentar o seu já vasto número de figuras
personagens típicos de seus inúmeros desenhos folclóricos.
Mas
não eram apenas os festejos profanos que o atraiam. Mais ainda os religiosos
o arrastavam para as festas do Bonfim, com sua tradicional lavagem da
igreja pelas baianas com água de flores após a procissão, ou para a
magnífica comemoração ao redor da igreja da Conceição da Praia, como
carinhosamente é conhecida a basílica de sua devoção, onde não faltam
as deliciosas comidas de azeite e os saborosíssimos abacaxis do recôncavo
e as suculentas melancias, tudo acompanhado pelo samba de roda, entremeado
com os jogos de capoeira.
Mas
mais forte ainda foram os temas de origem africana, as solenidades do
candomblé, culto pelo qual se apaixonou. Inspirado na cultura afro-brasileira,
freqüentador assíduo dos terreiros baianos, Oba de Xangô no Ilê Axé
Opô Afonjá, Carybé como ninguém os deuses africanos e seu culto na Bahia.
Grande
parte de sua vastíssima obra versa sobre cenas de candomblé. No seu
próprio dizer: "sou amoroso e devoto da religiosidade afro-brasileira,
de seus deuses modestos e humanos".
Aos
86 anos, tendo preservado como ninguém através de sua obra os valores
do candomblé na Bahia, Carybé, - não poderia ser diferente -morreu do
coração durante uma sessão na casa da qual era Obá de Xangô, o He Axé
Opô Afonjá.
Carybé,
argentino de nascimento, italiano de formação, e brasileiro de coração,
foi e será o mais baiano de todos os artistas da boa terra, de tal maneira
que será impossível separar os dois vocábulos que se completam: BAHIA
DE CARYBÉ
Armando Martins e Agnaldo Corrêa
Roteiro do Desfile:
-
Comissão de Frente – Pintores da Bahia
-
Abre Alas – A Paleta de Carybé
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Ala Infantil – Meninos Vendedores de Cata-Ventos
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Ala Mista – Rampa do Mercado
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Ala Masculina – Pesca do Xaréu
-
Ala Mista – Pelourinho
-
Bateria – As Cores de Carybé
-
Segundo Carro – As Ladeiras da Bahia
-
Ala Mista – Feira de Água de Meninos
-
Baianas – Festa da Conceição da Praia
-
Ala Mista – Capoeira
-
Ala Mista - Festa de lemanjá
-
Ala Feminina – Festa do Bonfim
-
Terceiro Carro – O Obá de Xangô
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Velha Guarda
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