No Transporte da Alegria... Me leva Caprichosos a caminho, da Folia!
Sinopse:
Tudo inicia quando constata, há milhares de anos, que sobre a terra o homem caminhou, com gênio inventivo o seu deslocamento aprimorou, e ao invés de carregar seu fardo, sobre troncos, ele o arrastou. Sentidos que de seu ambiente observou e, que, certamente, as formigas operárias transportando-se a rigor da sorte o influenciou.
Desde a descoberta da força humana, dos primeiros troncos de madeira a mulher teria sido a pioneira. Em seu ventre carrega sua cria, cabendo a ela uma função ordeira, de transportar objetos domésticos e crianças com coragem de mulher guerreira.
Para esses homens em formação tudo soa como aviso. Passam a usar a força animal e criam os primeiros transportes, descobrindo que transportar é preciso! Carro de boi, carroça, carreta, carruagem... Por caminhos, picadas, atalhos e estradas seguem viagem. Guiados pelos seus tinos, sobre rodas, transportam gêneros e até pessoas rumo aos mais variados destinos.
Transportando-se através dos tempos, passando pelos primeiros transportes da sociedade moderna, chegamos à cidade. Tudo vida, sem engano, o progresso, ano após ano, determina o crescimento urbano de um tempo que nos deixou lembrança: de ruas calmas e brincadeiras de criança...
Tempo em que passageiros de origem mais humilde se aventuravam a bordo do bonde Cara Dura, que, além da passagem ser a metade do preço, não havia censura. Podiam viajar descalços, sem colarinho, carregando pacotes, trouxas, aves e até tabuleiros de doces com grande fartura. O bonde do povo era alvo de muitas histórias e anedotas. Tudo cultura, como em toda literatura, urbana era sua assinatura.
Saudosa viagem pela Avenida Central, que marcou nessa história como primeira e vitoriosa a bordo dos primeiros ônibus à cidade maravilhosa. Tão bela como os passeios de bonde, que não perdíamos por uma boa borrifadela, quando passavam e deixavam a alegria de um sorriso sereno brilhando em cada janela.
O transporte se expande. E num vai-e-vem o tempo passa e com ele a necessidade da criação dos transportes de massa.
Recorda-se a tradição, nomes havia muitos para mesma a situação. Mamãe me Leva, Chope Duplo, Chifrudo, Sinfonia Inacabada e Gostosão. Divertidos apelidos que os passageiros davam aos coletivos que atendiam à população.
O transporte evoluiu por todas as vias [que ironia] já que não somente à terra e ao mar se limitaria. Até aonde, muitos, outrora duvidariam, o homem, por meio do transporte, até o céu "dominaria".
Tanta gente a trazer, tanta gente a levar, por uma só via, a bordo do transporte da alegria seguimos [que ousadia], passando pelo difícil labor de se locomover no dia-a-dia, a caminho da folia.
Noite de sábado [mas pelo horário] o trânsito não deveria estar tão engarrafado! Freadas, buzinas, palavrões... Cuidado! um pedestre quase foi atropelado. Não tem jeito, vou me atrasar, o caos está instalado.
Que situação! Esse caos é diário, provoca congestionamentos, poluição e atraso nos horários. Contudo, as conduções cheias causam irritação aos usuários, que, de um jeito ou de outro, se ambientam, procurando ser solidários.
Mas é meio ao caos urbano que tudo se converte. Os passageiros comemoram, dançam, vendem, namoram e até casam e todo mundo se diverte. Aniversário, natal, novo itinerário, até o que ler no noticiário numa condução se comemora. Senhor, senhora, estudante, camelô, pedinte, ninguém fica de fora.
Em movimento tudo vale como observação, estar à frente conduzindo uma "lotação" tem que ter bom humor e um santo de devoção. Haja vista que as flâmulas de decoração e crença de alguns motoristas, trazem bordadas imagens de São Jorge, São Cristóvão e até São Sebastião, para que durante a viagem lhes dêem sorte e proteção.
Com a brisa no rosto, chegando à folia, sentimos certo gosto, de saber que tem gente e até "político", que está disposto a solucionar o problema que, aqui, foi exposto. Desta feita tudo caminha para um futuro de desenvolvimento físico-territorial, econômico e social com a velocidade permitida para alegrar meu carnaval.
Guiado pela magia, trazemos no peito um legado e na Avenida deixamos, em forma de samba, o nosso recado. Muitos são os planos traçados, em documentos, que até já foram assinados, onde apontamos soluções para execução de projetos públicos e privados: o uso do biodiesel, a construção de corredores exclusivos e campanhas de conscientização. Tudo para melhoria da qualidade de vida e preservação!
Num encontro mágico e poético, Pilares transporta o público para uma "alegria sustentável" e apresenta o enredo de seu carnaval por uma "via socialmente responsável".
Mas contudo uma pergunta não nos deixa calar! A onde isso tudo vai dar? Seguindo pela terra, pelo céu e pelo mar e, no futuro como será? Estaria nos transportes do futuro a solução de uma nova Era? Trens balas, carros voadores, interplanetários... Ou no transporte da alegria da Caprichosos de Pilares? Bom, quem viver verá.
Pesquisa, texto e
desenvolvimento: Marcos Roza
Carnavalesco: Sandro Gomes |