FICHA TÉCNICA 2002

 

Carnavalesco     Joãosinho Trinta
Diretor de Carnaval     Milton Perácio
Diretor de Harmonia     Luiz Fernando A. Leandro
Diretor de Evolução     Milton Perácio e Leandro
Diretor de Bateria     Mestre Odilon Costa
Puxador de Samba Enredo     Melquisedeque Marins Marques (Quinho)
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Sidclei Marcolino dos Santos (Sidclei) e Squel Jorgea Ferreira da Silva (Squel)
Segundo Casal de M.S. e P. B.     Jorge Luís & Renata Silva de Carvalho
Resp. Comissão de Frente     Bira Xavier
Resp. Ala das Baianas     Marilene e Regina
Resp. Ala das Crianças     Catarina

 

SINOPSE 2002

Os papagaios amarelos nas terras encantadas do Maranhão

               Histórias e estórias. Duas coisas diferentes e, no entanto, mesclam-se perfeitamente na linguagem carnavalesca. É o caso do enredo do G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio, cujo título é "Os Papagaios Amarelos nas Terras Encantadas do Maranhão", título sugerido pela Governadora Roseana Sarney, que explica: é a visão do índio quando o Maranhão foi invadido pelos franceses. Os invasores eram alourados e emplumados, falavam demais, entre si uma linguagem que os índios não entendiam. Receberam logo um apelido: Papagaios Amarelos. Era o ano de 1612. O Rei de França, Luiz XIII tinha onze anos e em seu lugar governava a Regente Maria de Médicis. Esta senhora faz todos os preparativos para a invasão, inclusive bordando ela mesma, a bandeira do Comandante da Esquadra Daniel De LaTouche, Senhor de La Ravardiere. Começa aqui, a mistura de histórias com estórias. O corteja carnavalesco tem início com a Regente cercada de nobres e o Rei de França, Luiz XIII, envolvido nas suas brincadeiras de criança. Enquanto isso, toda corte imagina como seriam aquelas terras distantes do Maranhão nas quais seria fundada uma França Equinocial. Partem em 3 caravelas e chegam numa ilha, que logo batizam de São Luís. Seus habitantes são os pacíficos índios Tupinambás. Os franceses oferecem presentes de quinquilharias e espelhinhos recebidos com muita alegria pelos índios. O chefe da tribo, em troca, oferece aos franceses suas mais belas mulheres. Os padres que vieram na esquadra, as recusam imediatamente alguns chegam a macerar com fogo suas partes pudicas. As índias sentem-se humilhadas com esta recusa e vão se esconder na floresta. Mas pouco a pouco todos se entendem e convivem pacificamente entre si, durante mais alguns anos. Mas os franceses são expulsos do Maranhão pelos Portugueses. Em seguida, os Negros são trazidos da África distante como escravos. Trazem consigo suas riquíssimas culturas que são preservadas até hoje. Revoltam-se, muitas vezes, contra os maus tratos da escravidão. Um desses movimentos, o mais importante, chamou-se "Revolta da Balaiada", chefiado pelo Negro Cosme que intitulou-se "O Imperador das Liberdades Bem-te-vis". Ele comandava um grupo de negros, fazedores de balaios que queriam libertar-se dos brancos.
               Nas terras encantadas do Maranhão, as lendas e estórias de assombrações aconteciam. Por exemplo, a lenda do Touro Negro Coroado: nas alvas areias da Praia dos Lençóis, em noite de lua cheia, surge um Touro Negro Coroado que, pouco a pouco, vai transformando-se no Rei D. Sebastião que desapareceu na famosa batalha de Alcacér-Quibir, na África. O rei cavalga um formoso cavalo branco alado. Neste momento, vai surgindo do mar o seu majestoso castelo com sua corte executando danças e que vão desaparecendo pouco a pouco. Esta lenda acontece em noite de lua cheia. Esta praia é habitada por uma população de albinos que se dizem descendentes do Rei e são chamados de "Filhos da Lua".
               No século XIX, vivia em São Luís a senhora Dona Anna Joaquina Jânçem Pereira, comerciante que, tendo acumulado grande fortuna, inclusive com venda de água, exerceu forte influência na vida social, administrativa e política da cidade. Era voz corrente, então, que Donana Jânçem ou Nhá Jânça - como era chamada - cometia as mais bárbaras atrocidades contra seus numerosos escravos, aos quais submetia a toda sorte de suplícios e torturas em sessões que, não raro, terminavam em morte. Os negros, já não suportando tanto sofrimento, preparam um ritual onde invocam os Deuses Africanos para que ajudem na preparação da morte de Nhá Jânça. Isto acontece e sua alma penada, agarrada a seus bens materiais, fica encerrada dentro de uma carruagem puxada por sete mulas sem cabeça e guiada por uma caveira decapitada. Nas noites escuras de sexta-feira, esta carruagem, pegando fogo - o fogo de justiça de Xangô - aparece como uma assustadora e apavorante assombração descendo e subindo as ladeiras e ruas de São Luís. Quem tiver a infelicidade e a desventura de encontrar a diligência de Nhá Jânça e deixar de fazer uma oração para salvação da alma da maligna senhora, ao deitar-se para dormir, receberá das mãos de seu fantasma uma vela de cera. Esta, porém, quando o dia amanhecer, estará transformada em descarnado osso humano.
               Mas as terras do Maranhão são repletas de festas. "Os Caretas" saem à noite procurando Judas para surrá-lo. Fazem grande algazarra, amedrontando, sobretudo, as crianças. A "Festa do Pato Pelado" é muito original e divertida. No carnaval, os blocos se fantasiam com os mais diversos motivos. Em Alcântara acontece a cerimônia popular do "Divino Espírito Santo". De origem portuguesa, esta festa chegou no Maranhão no século XVI. Começa com a escolha de um menino para ser o Imperador do Divino ou de uma menina para ser a Imperatriz. Depois, é escolhida toda uma corte: um mordomo régio ou mordoma régia, cinco mordomos baixos ou seis mordomas baixas. No dia 24 de agosto, a mando do Imperador sai da cidade um cortejo de pessoas encarregadas de recolher esmolas para a festa, constituído de caixeiras, bandeireireiras, um bandeireireiro, cidadãos de confiança, carregadores de galinhas, perus, patos, cofos de farinha, porcos e etc. E o menino "Vicente" que recolha as esmolas. Os responsáveis marcham atrás revezando-se no transporte da coroa de prata, guardada numa caixa redonda, de folha-de-flandres pintada. A festa é constituída de vários momentos, que acontecem dentro e no átrio da igreja, além de romarias visitando as casas dos eleitos para a corte do Imperador. Tudo acontece entre cantos, danças, atos solenes e muita comida, doces e bebidas. A "Festa do Divino" é um auto completo.
               O Bumba-meu-boi é a grande festa do Maranhão. Reúne as três formas de expressão artística (teatro, dança e música), conta a história da Negra Catirina que, grávida, desejava comer a língua do boi predileto de seu amo, induzindo o seu marido, Pai Francisco, a matar o boi para satisfação de seu desejo. Atualmente, os grupos suprimiram a dramatização das apresentações ao público durante os festejos juninos, mas preservaram nas toadas, a seqüência que compreende: o guarnicê, quando o amo do boi chama o grupo para começar a apresentação; o Lá Vai, avisa de que a brincadeira está se dirigindo ao local de apresentação; a licença, que é a permissão para que o grupo se apresente ao público; a saudação, quando são cantadas todas as toadas de louvação ao dono da casa e ao boi; o urrou, momento que celebra a alegria de todos pelo restabelecimento do boi depois de ter sido sacrificado e a despedida quando a brincadeira é encerrada. A brincadeira do bumba-meu-boi apresenta um conjunto de personagens que pode variar segundo o sotaque ao qual o grupo pertença. O pesquisador Carlos Lima classifica os grupos em três sotaques: Zabumba, Matraca e Orquestra além de dois subgrupos identificados com as regiões a que pertencem, no caso Baixada e Cururupú. Um carro alegórico representando a festa do "Bumba-meu-Boi", encerra o desfile do Acadêmicos do Grande Rio, que apresentou o enredo "Os Papagaios Amarelos nas Terras do Maranhão".

Joãosinho Trinta

 

SAMBA ENREDO                                                2002
Enredo     Os papagaios amarelos nas terras encantadas do Maranhão
Compositores     Alailson Cruz e Agenor Neto

No Brasil se viu chegar, pra conquistar, ô
Merci Beaucoup au revoir
E o índio nada entendeu
De "papagaios amarelos foi chamar
Tem miçanga tem(ê,ê), tem espelho tem
Para o índio um presente, pros franceses um harém
De além-mar quem vem (ê, ê), Portugal, meu bem
Expulsando o francês e o bravo holandês também 
No balaio tem a revolução, a balaiada
Negro Cosme quer seu povo feliz
O imperador das liberdades bem-te-vis

Me leva que eu quero ver (eu quero ver)
O touro negro coroado
Ele é Dom Sebastião
Que no mar fez o seu reino
Num palácio iluminado

Hê, povo, he, povo, hê
Hê, Maranhão, povo encantado
Nhá Jança é assombração
No alto do divino eu vou
Com os caretas pro pato, pato pelado

Do poeta uma voz ecoou (ooo)
Minha terra se ouve cantar (o sabiá)
Grande Rio é samba, é amor
Bumba-meu-boi tua estrela vai brilhar