FICHA TÉCNICA 2008

 

Carnavalesco     Márcia Lávia Lage e Renato Lage
Diretor de Carnaval     Waltinho Honorato
Diretor de Harmonia     Marcos da Costa Souza (Marcão da Serrinha)
Diretor de Evolução     Marcos da Costa Souza (Marcão da Serrinha)
Diretor de Bateria     Átila dos Santos Gomes (Mestre Átila)
Puxador de Samba Enredo     Gonzaguinha
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Charles Eucy da Silva Campos e Danielle do Nascimento
Segundo Casal de M.S. e P. B.     Diego Machado e Rafaela Caboclo
Resp. Comissão de Frente     Ciro Barcelos
Resp. Ala das Baianas     Eni Oliveira da Silva (Tia Eny)
Resp. Ala das Crianças     Maria Célia Resende
Resp. Galeria de Velha Guarda     Sidiomar Clóvis Barbosa (Sr. Mazinho)

 

SINOPSE 2008

Taí, eu fiz tudo pra você gostar de mim

Justificativa:

          No ano em que comemora 60 anos de existência o Império Serrano leva para a avenida a trajetória de Carmem Miranda, artista que tanto nos encantou. Nestes anos de glórias, de lutas e sobretudo de muita resistência o Império sempre se manteve ligado aos temas que contam a história do Brasil.
          A própria história da nossa verde e branco, nascida em pleno contexto da redemocratização do país é um grito de liberdade, palavra imperiosa na sua conta, de escola de samba sem “dono”, aguerrida e elegante, sabedora do seu papel na história do samba e consciente de seu lugar e posição na cultura do nosso país.
          E Taí Carmem Miranda, que fez tudo para que gostassem dela e conseguiu.Caiu no gosto popular quando o rádio ainda engatinhava, ela acertou em cheio. Carmem interpretou canções que pareciam complementar uma necessidade, já que preenchiam um espaço lúdico e vital que o povo brasileiro trazia consigo e sua arte trouxe à superfície.
          Com seu apelo sensual, sua espontaneidade adquirida na vivência das ruas do centro do Rio de Janeiro, a voz de Carmem parecia portar a sua própria imagem, um fenômeno explosivo que “ bombou” nas ondas do rádio e se tornou a primeira cantora campeã de vendas de discos no Brasil.
          Aos vinte anos já despontava sua estrela.Carmem firmou um repertório que se tornaria referência nacional. Foram canções que se fixaram no imaginário do brasileiro e são recorrentes nos nossos motivos de festa, de tristezas, de deboche e de exaltação, canções sem as quais o Brasil teria incompleta sua identidade.
          A figura da baiana definitivamente associada à imagem de um Brasil ideal para uns ou pouco provável para outros, tornou-se uma marca. Marca de exportação em que Carmem imprime uma visão da Bahia, com o auxílio luxuoso de Dorival Caymmi e a formatação carioca que ela soube muito bem desenvolver, ganhando o mundo.
          Mundo que se temperou como ela descreve com suas próprias palavras: Vou botar tempero no gosto e no “gôto” daquela boa gente(...).Nos meus números não vai faltar nada: canela, pimenta, dendê, cominho (...).Vou levando vatapá, caruru, mungunzá, balangandãs, acarajé(...).
          E não contente com isso Carmem cutuca: “ E vão comigo seis baianas repenicadas, isto é, vou levar seis fantasias representando a gente do Bonfim... Mandei caprichar nesses trajes da nossa terra. Tenho feito tudo para que a música e a baiana sejam uma bomba por aquelas bandas.”
          Carmem salta para outra esfera, o cinema americano, o mercado mundial, a política da boa vizinhança, dólares, dores, fama, solidão. Pagou um preço, mas não arredou o pé, seguiu em frente com um profissionalismo inegável sacolejando sempre nossos balangandãs e legitimando o “ samba” como música nacional, recebendo o merecido título de Embaixatriz do Samba.
          E em matéria de samba o Império Serrano é soberano.Sempre irradiando canções, verdadeiras pérolas, patrimônio nosso que atravessa o tempo e se perpetua assim como as canções que Carmem Miranda eternizou.Daí o elo inevitável de duas forças que se complementam no cenário artístico nacional.
          Império Serrano e Carmem Miranda mais uma vez unidos caminhando contra o vento dos modismos, a favor da beleza e das coisas genuínas, escrevendo mais uma página da história, elevando a alegria que alegoriza a vida e personagens decorrentes. Acenando para a estrela ascencionada que ela sempre foi e será, pleiteando agora que seu brilho possa refletir mais uma vez na coroa de nossa bandeira que tanto anseia por brilhar novamente, voltando ao lugar merecido no podium do mundo chamado samba.

Desenvolvimento:

Taí, eu fiz tudo prá você gostar de mim. (A Era do Rádio)

          Carmem se beneficiou do rádio, embora esse apenas engatinhasse e timidamente abria espaço para a música popular buscando um encontro com ouvintes. Dos 21 aos 29 anos, entre 1930 e 1939, fora a maior estrela brasileira do disco, do rádio, do cinema, dos palcos e dos cassinos e recordista em gravações.
          Com sua incrível expressividade saltava das canções, tornando-se “ presente”, “ viva” para quem a ouvisse. Com ela o carnaval e o samba se tornaram símbolos de nosso país. Carmem descobrira a alegria brasileira. Em 1930, Taí (Pra Você Gostar de Mim) vendeu 35 mil discos em um ano! E em seis meses de carreira Carmem torna-se a “ Rainha do Rádio”.

O que é que a baiana tem?

          Antes de migrar para indústria do disco, para o rádio e o cinema e tornar-se canção popular nacional, a música popular carioca passou pelo reduto das casas das tias baianas. A presença da baiana torna-se constante na vida da cidade. Invadem os bailes do Teatro Municipal do Rio e segundo a própria Carmem (...) marinheiros e baianas eram fantasias proibidas por serem vulgares demais. Mas Carmem através do cinema norte-americano abre espaço para popularizar a figura da baiana em nosso carnaval.

Cassino da Urca

          No sobe e desce das orquestras sempre a tocar, emolduradas pelo clima Art-Decó e cercada de blak-ties (traje obrigatório nos sábados), regados a champanhe grátis e ornamentado por orquídeas, assim era o clima dos cassinos. Carmem cantou em vários deles, mas foi no Cassino da Urca que ela marcou época e alçou vôo para América.

“To Broadway from South American Way”

          Seis minutos no palco da revista “Streets of Paris” foi o que Carmem precisou para conquistar a Broadway. O sucesso alcançado nos night clubs de Nova York foi o passaporte natural para o cinema e as televisões dos EUA .Carmem torna-se a personalidade brasileira que invade esse universo e lidera um seleto grupo de destaque em Hollywood onde realizou cerca de 14 filmes.

“Yes, nós temos o samba!”

          Carmem era o exemplo de alegria, otimismo e felicidade transbordantes preconizados no carnaval, na festa permanente. Ainda hoje quando se fala de Brasil no exterior ela é lembrada e o samba vem de carona provando que não há ditames quando se quer expressar um povo, uma nação.
          O samba é a “cola” que nos une, que nos “ linka” com outras nações e é capaz de transcodificar o que há de mais genuíno em nossa essência luminosa que quando “ toca” , faz brilhar o coração de quem possa apreciá-lo e ouvi-lo. “O pandeiro do samba, tamborim de bamba” continuará a ecoar em todas a épocas em nosso imaginário, em nossos corações.

          Que assim seja!

Márcia Lavia e Renato Lage

Roteiro do desfile:

1º Setor: A era do rádio

Nome da Fantasia

Nome da ala

Descrição

Responsável pela ala

   

Comissão de Frente

   
1º Casal de Mestre Sala e Porta Bandeira: Figuras tradicionais do carnaval

1

Pierrô

Comunidade

Alusiva à marcha Pierrô apaixonado

Departamento de Carnaval

1ª Alegoria: A Era do Rádio
          Carro em estilo art déco, que reúne elementos da época de ouro do rádio: o gramofone, o disco 78 rpm e o aparelho de rádio.
Principais destaques: Neste carro Carmen Miranda será representada pela atriz Miriam Pérsia, que desfilou como uma das figurações de Carmen em 1972 e nestes 36 anos nunca deixou de desfilar na escola. Esta é a forma de homenagear sua constante participação na agremiação.

2

Arlequim

Quem sabe sou eu

Figuras tradicionais do carnaval

Lívia Menezes

3

Balance

Ala dos Devotos

Alusiva à marcha do mesmo nome, gravada por Carmen

Inês Valença

4

Alô Alô Carnaval

Ala das Crianças

A alegria das marchinas carnavalescas-l

Maria Célia

5

Piratas

Heróis da Liberdade

Alusiva à marcha Pirata da Perna de Pau

Cosme Dantas

6

Cantores do Rádio

Ala das Feras

Alusiva à marcha do mesmo nome, gravada por Carmen

Eulina da Costa

2º Setor: O que é que a baiana tem?

7

O que é que a baiana tem?

Ala das Baianas

Homenagem à Bahia

D. Eni

2ª Alegoria: O que é que a baiana tem
          Carro alusivo ao estereótipo criado por Carmen Miranda sobre a figura da tradicional baiana, que a acompanhou durante toda a sua trajetória artística. Ele traz todos os elementos representativos da Bahia, na arquitetura, na religião, na cultura, como homenagem ao estado do Brasil que nos legou as mais caras tradições de ancestralidade. Nele Carmen Miranda será representada por um gigantesco busto em escultura de Poggi, um dos mais renomados artistas do carnaval carioca.
Principais destaques: Não há.
          Os elementos de composição são todos jovens componentes do Império Serrano, oriundos do Morro da Serrinha, seu berço.

8

Balangandãs

Ala Ricca

Alusiva a um dos elementos mais importantes do clima baiano de Carmen

Ricardo Wandeveld

9

Lavagem do Bonfim

Ala das Baianinhas

Baianinha curta, uma tradição da escola

Bruno Teté

10

Senhor do Bonfim

Balanço e Alegria

 

Walter Paraná

11

Candomblé

Bateria

Representação de Ogun, orixá protetor do Império Serrano

Mestre Átila

3º Setor: Cassino da Urca

12

É de trampolim

Comigo Ninguém Pode

Contém elementos dos jogos deazar praticados nos cassinos

Marly da Costa

13

Trinca

Sente a diferença

Mistura de jogos de azar e espetáculo

Tereza Cerqueira

3ª Alegoria: Cassino da Urca
          Mostrará o luxo e o esplendor dos cassinos, principal vitrine dos grandes artistas da época. Homenagem ao palco dos primeiros sucessos de Carmen no show-business.
Principais destaques: Ana Cristina, representando Carmen em traje de baiana, que a imortalizou.

14

Quadra

Ala dos Remédios

Mistura de jogos de azar e espetáculo

Jorge dos Remédios

15

Coristas

Quem Quiser Pode Vir

Representa os tradicionais coristas dos shows em Cassinos

Reinaldo Fernandes

4º Setor: In South American Way

16

Broadway

 

Representa o esplendor da Broadway

 

17

Ruas de Paris

Família Imperial

Homenagem à música Streets of Paris, sucesso fulminante de Carmen no exterior

Sérgio Roberto Costa

18

Paducah

A Noite é Nossa

Inspirado no traje usado pelo Bando da Lua no filme do mesmo nome

Maurício Costa

2º Casal de Mestre Sala e Porta Bandeira: “Eu fui às touradas em Madri”

19

Touradas em Madri

Quem Não é Não se Mistura

Alusiva à marchinha do mesmo nome

Marivaldo

4ª Alegoria: In South American Way
          Alusivo à carreira internacional de Carmen Miranda, o carro apresenta características do luxo dos espetáculos da Broadway.

20

Mamãe eu quero

Ala do Grilo

Alusiva à marchinha do mesmo nome

Dulcinéa Ribeiro

5º Setor: Yes, nós somos o samba!

21

Imperianos

Vila da Penha

Homenagem à escola que homenageou a Pequena Notável em 1972

Humberto Carneiro

22

Banda de Ipanema

Amizade

Jurema Batista

 

221

Grupo Embaixada das Caricatas

Embaixada das Caricatas

Fantasia livre, em homenagem ao apreço da comunidade gay à Pequena Notável

Adagoberto

23

Raízes da África

Ala Coreografada da Serrinha

Homenagem à negritude, marca distintiva do Império Serrano

Gerson Tavares

24

 

Ala dos Compositores

Homenagem à elegância imperiana

Chupeta

5ª Alegoria: Yes, nós temos o samba
          Carro tropicalista, onde o símbolo da escola – a coroa – se mistura aos balangandãs, guias, frutas e outros elementos de brasilidade, inserindo o Império Serrano no clima desta segunda homenagem à grande cantora, dando início às comemorações do centenário de seu nascimento.
Principais destaques: Paulo Santi, representando o Carnaval. Grandes baluartes do Império Serrano emprestarão seu prestígio a esta homenagem.

25

 

Velha Guarda

Homenagem à tradição imperiana

Sr. Mazinho

Bibliografia:

  • CASTRO, Ruy. Carmen. S. Paulo: Companhia das Letras, 2005.

  • CARDOSO Jùnior, Abel. Carmen Miranda, a cantora do Brasil. Sorocaba: Edição particular, 1978.

  • NASSER, David. A vida trepidante de Carmen Miranda. 2. ed. Rio de Janeiro: Ed. O Cruzeiro, 1966.

          Agradecimentos especiais ao Museu Carmen Miranda, pela consulta ao acervo e orientação.

 

SAMBA ENREDO                                                2008
Enredo     Taí, eu fiz tudo pra você gostar de mim
Compositores     Marcão, Marcelo Ramos, Vando Diniz, Chupeta, Henrique Hoffmann, William Black, Celso Ribeiro e Zé Paulo
Luz, divina luz
Eu quero ouvir o seu cantar
Império Serrano é samba
É Carmem Miranda, é popular
Pequena notável, de ti eu sou fã
Oh! Deusa dos balangandãs
Na imensidão de um sonho
Viajei na fantasia
No rádio, no cinema, nos cassinos deu um show
A fina flor da boemia

No tabuleiro da baiana tem!
Tem requebrado, tem quitutes, tem amor
E nesta festa vou sambar também
Com pandeiros tamborins e agogôs

Sua voz ecoa pelo ar
Ao som de lindas marchinhas
Seu nome atravessou fronteiras
Um buquê de poesias
Se internacionalizou - "Samba ioiô"
Fez o Tio Sam sambar - "Samba iaiá"
Estrela que brilha, tu és maravilha
Num lindo céu azul anil
A portuguesinha que virou rainha
Orgulho deste meu Brasil

Meu Império outra vez
Vem no balanço do seu coração
Eu sou verde-e-branco com muito orgulho
Sou emoção