FICHA TÉCNICA 2001

 

Carnavalesco     Shinay Martins & Gilson Tavares
Diretor de Carnaval     ..............................................................
Diretor de Harmonia     Celinho
Diretor de Evolução     Celinho
Diretor de Bateria     Hugo César, Edosn Luiz, Willian, Jorge, Andréa e André
Puxador de Samba Enredo     Rixa e Lid
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Denilson e Denadir
Segundo Casal de M.S. e P. B.     Maura Luiza e José Luiz
Resp. Comissão de Frente     Paulo Matos
Resp. Ala das Baianas     Anita
Resp. Ala das Crianças     Celinha

 

SINOPSE 2001

Guaraná, a bateria natural de energia no carnaval!

Guaraná

            O guaraná há muitas centenas de anos foi domesticado e cultivado pelos índios Sateré-Maués, um dos primeiros habitantes da Amazônia. Portanto a espécie nunca foi encontrada no estado silvestre.
             Acreditam os botânicos que mesmos aquelas plantas achadas em floresta densa, foram originadas de um cultivo indígena no passado.
            Guaraná é um cipó lenhoso que, em área de floresta ou capoeira, cresce sobre as árvores atingindo até 10 m de altura. Entretanto quando cultivado em áreas abertas tem porte de arbusto em forma moita crescendo no máximo até 2 ou 3 m de altura.
            Seu cultivo data da época pré-colombiana, quando era praticado por diversas tribos indígenas, entre as quais Maués e Andirás, localizadas no "baixo Amazonas".

A lenda sobre a origem do guaraná.

            "Num lugar encantado chamado Noçoquem, existiam três irmãos: Ocumáató, Icuamã e Onhiámuáçabê, que lá havia plantado uma castanheira.
            Todos os animais da selva queria viver com ela, além dos irmãos, que a queriam sempre em sua companhia, porque era ela quem conhecia todas as plantas com que preparava os remédios de que precisavam.
            Uma serpente, conversando com outros animais, disse que Onhiámuáçabê acabaria sendo sua esposa. Foi então espalhar pelo caminho por onde ela passava um perfume que alegrava e seduzia. Quando Onhiámuáçabê passou pelo caminho ficou encantada pelo perfume. A serpente, achando estar a moça apaixonada por ela, foi correndo tocar, levemente, numa de suas pernas. Isto só bastou para que a moça engravidasse. porque antigamente, bastava a mulher ser olhada com desejo por alguém, homem, animal, ou árvore, para esta engravidar. Quando a moça apareceu prenhe, os irmãos ficaram furiosos e a expulsaram de Noçoquem.
            A moça teve seu filho num barracão construído por ela mesmo. Era um menino bonito e forte. Logo que pôde falar, o menino desejou comer as mesmas frutas de que os tios gostavam. A moça contou ao filho que havia plantado a castanheira em Noçoquem, para que ele comesse os frutos, mas que os irmãos, expulsando-a da companhia deles, se apoderaram da castanheira. Além disso, os irmãos da moça tinham entregue o sítio à guarda da Cotia, da Arara e do Piriquito. O menino, porém, continuou a pedir a Onhiámuáçabê, que lhe desse a comer a castanha. De tanto insistir, Onhiámuáçabê resolveu levar o filho ao Noçoquem para comer as castanhas. Quando a Cotia viu no chão as cinzas de uma fogueira, onde haviam assado castanhas, correu e foi contar o que vira aos irmãos da moça.
            O menino que havia comido muitas castanhas e cada vez mais as cobiçava, já conhecendo o caminho do Noçoquem, tornou a ir lá no dia seguinte.
            Os guardas dos irmãos, que tinham ordens de matar a quem ali encontrasse, viram o menino subir, às pressas, à castanheira. E foram esperá-lo armados com uma cordinha para decepar a cabeça do comedor de castanhas.
            Dando por falta do filho, a mulher já se havia posto a caminho para buscá-lo, quando lhe ouviu os gritos. Correu na direção do filho, mas já o encontrou decepado às mãos dos guardas. Arrancando os cabelos, chorando e gritando sobre o cadáver do filho, a moça Onhiámuáçabê disse: Está bem, meu filho. Foram os seus tios que mandaram te matar. Mas isso não ficará assim!. Arrancou-lhe primeiro o olho esquerdo e plantou-o. A planta, porém, que nasceu desse olho não prestava; era a do falso guaraná. Arrancou-lhe, depois, o olho direito e plantou-o. Desse olho nasceu o guaraná verdadeiro. E continuando a conversa com o filho, como se o sentisse vivo, foi anunciando: - Tu, meu filho, tu serás a maior força da Natureza; tu farás o bem a todos os homens; tu serás grandes; tu livrarás os homens de uma moléstia e os curarás de outras. Em seguida juntou todos os pedaços do corpo do filho. Mascou as folhas de uma planta mágica, mastigou-a e com o suco dessa planta lavou o cadáver do filho e o enterrou. Deixou um dos seus guardas de inteira confiança, vigiando a sepultura. Passado alguns dias, o guarda Caraxué, ouvindo barulho na sepultura, correu, e foi avisar Onhiámuáçabê. A moça veio, abriu o buraco da sepultura e de dentro dela saiu o macaco Quatá. A índia soprou sobre o macaco Quatá e amaldiçoou-o: andaria sem repouso pelos matos. Dias depois o Caraxué foi avisá-la de que ouvira um barulho na sepultura do menino. A moça veio, abriu a sepultura e dele saiu o cachorro-do-mato Caiarara. Ela soprou sobre ele e o amaldiçoou, para que ninguém o comesse. Fechou de novo a sepultura e foi embora. Dias depois o Caraxué foi avisar que ouvira barulho, de novo. Onhiámuáçabê foi até lá; abriu o buraco da sepultura e dele saiu o porco Queixada, levando os dentes que deveriam caber a todos os maués e a todos os homens. Onhiámuáçabê expulsou também o porco Queixada. (à proporção que saia um bicho da sepultura do menino e era expulso, a planta do guaraná ia crescendo, crescendo). Passado alguns dias o Caraxué ouviu outro barulho na sepultura e foi avisar Onhiámuáçabê. Ela veio de novo, abriu a sepultura e dali saiu uma criança que foi o primeiro Maué, origem da tribo. Esse menino era o filho de Onhiámuáçabê, que ressuscitara.

História de Maués

            Os Maués eram índios guerreiros, famosos pelos costumes bárbaros.
A primeira notícia que se tem de Maués foi através do relatório feito durante a visita do superior provincial jesuíta Padre Betendorf, o qual referiu-se a Maués como "Vila dos Maguases".
            Foi Lôbo D'Almada, Governador da Capitania do Rio Negro e Grão-Pará, quem atraiu os guerreiros mundurucus e saterê-maué ao convívio social dos brancos, com o fim de promover o rápido desenvolvimento da região.
            Pouco tempo depois, foi fundado o povoado de Luséa, fundado pelos portugueses Luís Pereira da Cruz e José Rodrigues Preto, e o trabalho missionário foi entregue aos capuchinhos.
            Os índios, descontentes com o trabalho escravo que lhes vinham impondo, revoltaram-se, o que gerou uma sangrenta batalha (1832), com vários colonos e trinta soldados portugueses mortos. Detalhe: os índios mortos não foram contados.
            Um ano após essa luta, ou mais precisamente em 25 de junho de 1833, Luséa foi elevada a categoria de Vila. Data daí, a criação do município.
            No ano de 1832 estoura, em Belém, a Cabanagem, revolução contra a precária situação do povo, que teve a frente, além dos colonos pobres, escravos e índios: os cabanos. Essa revolução espalhou-se por toda a província, até os mais distantes lugarejos do interior. A Vila de Luséa foi o cenário de sangrentas lutas entre os cabanos rebeldes e as tropas fiéis ao governo, os legalistas, de outro.
            A praça Cel. João Verçosa, em Luséa, por volta de 1840, foi palco da rendição dos últimos cabanos resistentes, onde foi obrigatório o juramento de fidelidade à Constituição.
            Em 5 de setembro de 1850, o Amazonas foi elevado à categoria de província. Com a criação da província do Amazonas, Luséa era um dos quatro municípios existentes, porém foi desmembrado pela Lei n 02 de 15 de outubro de 1952, dando origem ao município de Vila Bela da Imperatriz (atual Parintins).
            Uma boa parte da população indígena refugiou-se para além dos rios Marau, Abacaxis, Apoduiutava e Andirá, e mantêm, nos confins de Maués, boa parcela de sua cultura intacta até os dias de hoje. Os saterê-maué são exemplo vivo da sobrevivência indígena. Ainda hoje conservam a própria língua saterê-maué.
            Em 11 de setembro de 1865, Luséa passou a ser denominada Vila Conceição, já a Lei n 35, de 4 de novembro de 1892, deu ao município e sua sede o nome de MAUÉS.
            Em Maués há uma miscigenação que demonstra visível predominância da raça indígena.
            A formiga tem um significado especial e é muito respeitada por esses índios. Uma das espécies, a tocandira, é considerada como divindade e usada nas rituais de passagem. A picada é extremamente dolorosa, mas os meninos para demonstrar coragem tem que colocar a mão dentro de uma espécie de luva cheia de tocandiras e resistir impassíveis à dor. Só depois disso são considerados adultos.
            Os saterê-maué têm uma forte tradição agrícola e comemoram o fim da colheita com o tarubá, uma bebida fermentada tão forte que pode causar embriaguez por até um mês.

Maués a cidade do guaraná

            Maués é uma das cidades mais belas do Amazonas, conhecida como cidade do guaraná porque mesmo os seus primeiros habitantes, os índios maués, já o cultivavam. Sendo ainda hoje, e até pela valorização nacional do produto, o mais cultivado na região.
            Possui 39.675 Km², com aproximadamente 36.420 habitantes, e está localizada a 267 quilômetros de Manaus, possuindo as praias mais famosas do estado, além do contato direto com a cultura de algumas civilizações indígenas ainda presentes, estas responsáveis por uma variedade de artesanato e lendas, destacando-se o artesanato saterê-maué, grupo étnico que habita um trecho do rio urupadi, sob a jurisdição da FUNAI, e a lenda do guaraná.
            O nome Maués tem origem da língua tupí: mau adjetivo traduzido por curioso, inteligente, abelhudo; ueu ave da casta dos papagaios; Maué ou Maue nome usado para designar a nação indígena que habitava a região e se traduz por "Papagaio Curioso e Inteligente"; Maués cidade dos papagaios inteligentes.
            Além das belezas naturais, Maués vem se firmando como grande polo turístico do Estado do Amazonas e realiza festas quase o ano todo, das quais destacam-se a Festa do Guaraná, realizada normalmente no mês de novembro; o Festival de Verão, realizado no mês de setembro e que dá ênfase às competições esportivas de praia; o Carnaval de Rua que conta com vários blocos e mantém a beleza dos carnavais antigos; e a Festa do Divino realizada no mês de maio.

Propriedades terapêuticas

            Em 1946 o médico Othon Machado divulgou os seguintes resultados sobre as propriedades medicinais do guaraná: antitérmico, antineurálgico, antidiarréico, estimulante, analgésico e antigripal.
            Estudos realizados em 1965 por Ritchei, mostram que a teofilina, a teobromina e a cafeína atuam sobre o sistema cardiovascular, o sistema nervoso central, músculos lisos, esquelético e rins.
            A Dra. Ana Aslan, geriatra internacionalmente reconhecida, quando de sua visita ao Brasil, em 1972, declarou ser o guaraná "o geronvital brasileiro".
            Scavone, Panizza e Cristodoulov, pesquisadores do Instituto de Botânica da USP, comprovaram que o guaraná em pó substitui com vantagem o Ginseng, que é uma droga obtida das raízes da planta do mesmo nome, utilizada como estimulante psicomotor e afrodisíaco, importada a elevados custos da Coréia e Estados Unidos.
            A sabedoria indígena reconheceu há muitos séculos as propriedades alimentares e medicinais do guaraná. Soube também aproveitá-lo como adorno, utilizando-o como matéria prima de rico e lindo artesanato. Criou magníficas lendas em torno dessa fruta, que "explicam a sua origem e a de vários animais.
            A sabedoria indígena soube extrair de um simples arbusto alimento, ciência, arte e cultura.
            O homem branco industrializou e criou inúmeros produtos que aproveitam ao máximo o sabor e as qualidades terapêuticas da fruta.
            Em 2001, o Infantes da Piedade virá com a corda toda, transbordando alegria e vibração, embalado no poder do Guaraná, a bateria natural de energia no Carnaval.

Shinay Martins e Gilson Tavares

 

SAMBA ENREDO                                                2001
Enredo
    Guaraná, a bateria natural de energia no carnaval!
Compositores
    Babal, Lapizinho, Flavinho do Cavaco e PC

Amazônia
Lendas e costumes naturais
No despertar da floresta,
Então se manifesta
A origem do guaraná
Os bravos índios guerreiros
A planta cultivou ô ô ô ô
Com o perfume da serpente
Onhiámuçabê se encantou
A cidade de Maués
Polo turístico nacional
Mostra ao mundo
Nosso carnaval

Tem propriedades medicinais
Em quatro formas comerciais
Rama, bastão, em pó e xaropes
Vem na alegria, com vibração
Matando a sede neste verão

Sacode meu Infantes
Energia natural
Esta semente
Que levanta nosso astral