FICHA TÉCNICA 1973

 

Carnavalesco     ------------------------------------------------------
Diretor de Carnaval     ..............................................................
Diretor de Harmonia     ...............................................................
Diretor de Evolução     .............................................................
Diretor de Bateria     ................................................................
Puxador de Samba Enredo     ................................................................
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     ................................................................
Segundo Casal de M.S. e P. B.     ................................................................
Resp. Comissão de Frente     ................................................................
Resp. Ala das Baianas     ................................................................
Resp. Ala das Crianças     ................................................................

 

SINOPSE 1973

Bahia de Jorge Amado

Introdução:

          A Revista LINS IMPERIAL é resultado do esforço coletivo de todos que vivem o sonho de levar à Avenida Presidente Vargas, a verde e rosa do bairro do Lins de Vasconcelos, com suas tradições, sua respeitada Ala de Compositores e sua gloriosa bateria.
          Procurando apresentar um desfile dentro da moderna concepção das grandes escolas de samba, que representam atualmente o maior espetáculo áudio visual do mundo, traz a LINS IMPERIAL o tema “BAHIA DE JORGE AMADO”. Homenageando assim um de seus filhos mais ilustres, o consagrado e internacional escritor, mostra a Bahia da lenda e da tradição, do feitiço e da magia, do mistério e da tentação, das festas e da música, do encantamento e do progresso.
          Tendo pertencido ao primeiro grupo das Escolas de Samba, através da Escola Filhos do Deserto, de cuja fusão com a Flor do Lins resultou a LINS IMPERIAL, esperamos ver recompensado todo esforço dispendido para a realização deste desfile, passando a ocupar um lugar ao sol junto às chamadas escolas do primeiro grupo.
          Há alguns anos, um componente da Escola, mandou confeccionar uma flâmula verde e rosa, com uma criança recém-nascida. Da sua fundação até os dias de hoje a criança engatinhou, aprendeu a dar os primeiros passos, tornou-se jovem e hoje completa sua maioridade no samba.
          À RIOTUR, órgão responsável pela maior festa popular do mundo – o Carnaval Carioca – no ano em que inicia suas atividades, desejamos aquele sucesso em todas as suas realizações.
          Queremos destacar o apoio que foi dado à divulgação da LINS IMPERIAL nestes anos de lutas e sacrifícios, pela IMPRENSA em geral, a quem é dedicada esta Revista. Ei-la, possível pela compreensão de nossos colaboradores e anunciantes, a quem agradecemos de todo coração.

Bahia de Jorge Amado

          Os negros trouxeram da África seus ritmos bárbaros. E seus orixás. E a música e a magia se derramaram sobre a Bahia. E por isso que, até hoje, nas noites baianas, o bum-qui-ti-bum dos atabaques e o ritual dos candomblés enfeitiçam a todos, que ninguém pode escapar ao ritmo alucinante e ao poder dos orixás. Orixás que coexistem pacificamente, porém, no sincretismo religioso que transcende a qualquer lógica, com os santos do ritual católico, no chamado milagre baiano. E por isso que também os sambistas cantaram um dia:

“A Bahia da magia
dos feitiços e da fé
Bahia que tem tanta igreja
e tem tanto candomblé...”

          Na verdade, onde pode haver outro lugar no mundo em que os santos da igreja e orixás de candomblés se dêem tão bem, a ponto de, na colina sagrada, o Senhor do Bonfim dos católicos e o Oxalá dos terreiros receberam a mesma romaria e a mesma adoração, que, para o bom baiano, tanto faz dizer um nome ou outro, que são tudo uma só entidade? E Santa Bárbara que também é Yansan, e São Jorge que também é Oxossi, e o diabo que pode ser exu, se bem que os entendidos em candomblé digam que a identificação não é tão perfeita como nos orixás, sendo exu, essencialmente, mais um intermediário entre os homens e os deuses, uma espécie de mensageiro dos orixás, e não uma entidade basicamente maligna. Pode servir ao bem e ao mal, um dualismo que o satã dos católicos não consegue atingir.
          E por isso que na hora dos grandes perigos da vida, dos grandes medos, dos chamados momentos negros, situações críticas, o baiano invoca indistintamente a Nossa Senhora ou a Yemanjá, a rainha das águas. Que chama por Jesus como se vale de Ogum, ou de Omulu, ou de Oxumaré.
          Bahia da magia e da música, fábrica dos sonhos e do ritmo do Brasil. Lugar encantado onde nasceu o feitiço tropical, o samba e o batuque. O poeta cantou um dia: “Pois o samba nasceu foi na Bahia...” O samba só? A imaginação do povo vai além, muito além, ao cantar também pela voz do sambista, que “Cristo nasceu na Bahia”, contrariando a História e as escrituras, mas acertando dentro de uma lógica toda especial, a lógica mágica!
          Bahia que fornece o maior manancial para a música popular brasileira: “Bahia, oi Bahia, terra que Cristo criou e o Senhor do Bonfim adotou...”
          “Foi da Bahia das igrejas todas de ouro...”
          “Na Bahia o nego macumba noite e dia, fazendo muamba, tirando quebranto das filhas de santo, terra de crença, lá nasceu a esperança, e uma fé tão grande assim fez morada no Bonfim...”

Enredo

          Vamos além do sambista: “fé tão grande assim que fez morada no Bonfim. E no coração de todo brasileiro: “Pois baiano nasceu encantado...”
          “Vem, a Bahia te espera...” Jorge Amado faz esse apelo no seu livro “Bahia de todos os santos”, e se oferece como guia para a iniciação nesse território encantado. “A Bahia te espera e eu serei teu guia pelas suas ruas e pelos seus mistérios. Teus olhos se encherão de pitoresco, teus ouvidos ouvirão histórias que só os baianos sabem contar, teus pés pisarão sobre os mármores das igrejas, tuas mãos tocarão o ouro de São Francisco, teu coração pulsará mais rápido ao bater dos atabaques”. Herivelto confirmou esse apelo no samba-exaltação: “Para te buscar, nossos saveiros já partiram para o mar, se tu vieres, verás nos meus braços a festa de Yemanjá. Vem, vem em busca da Bahia, cidade da Tentação, onde o meu feitiço impera, vem, se me trazes o teu coração, vem, a Bahia te espera...”
          Te espera sim, meu bom, com o som dos atabaques batendo na noite de mistério muito, com o dengue de suas mulatas, rebolando desde remotas batucadas, com o fogo da pimenta de seus acarajés e abarás, com os presentes para os orixás, com o ouro das suas igrejas e a palha dos terreiros de seus candomblés.
          Território encantado, cidade da tentação: sim, mas o que é que a Bahia tem mais, afinal?
Tem tanto mais, meu bom, que enumerar tudo seria impossível.
          Mas vamos às principais festas do ano: como diz bem Jorge Amado, são muitas as festas populares da Bahia, festas religiosas, católicas, negras ou misturadas, festas de rua e festas patrióticas.
          Nos interessam especialmente as festas de sentido religioso.
          Comecemos com a festa de Bom Jesus dos Navegantes, que pode ser também uma das festas de Yemanjá, pois, no sincretismo religioso afro-baiano, essa deusa negra é, entre outros santos, Bom Jesus dos Navegantes. Realiza-se a primeiro de janeiro. Na véspera, 31 de dezembro, a imagem de Bom Jesus dos Navegantes é trazida da igreja da Boa Viagem, em ltapagipe, por mar, com grande e belo acompanhamento de saveiros, barcaças, canoas e até pequenos navios da Companhia Baiana, para o cais Cairu, em frente ao mercado popular. E levada para a igreja da Conceição da Praia, onde passa a noite. No dia seguinte, volta para a Boa Viagem, novamente por mar, numa das procissões marítimas mais belas que se possa imaginar.
          Mas quem melhor captou o sentido dessa grande festa foi Caymmi, o cantor da Bahia, quando assim a descreveu: “Cem barquinhos brancos, nas ondas do mar, uma galeota, a Jesus levar... Meu Senhor dos navegantes venha me valer... A Conceição da Praia tava embandeirada, de tudo quanto é canto, minha gente vem, de toda parte chega um baticum de samba, batuque, capoeira e também candomblé, o sol está queimando, mas ninguém da fé: ai meu Senhor dos Navegantes venha me valer...”
          Cinco de janeiro é o dia do reisado: a homenagem aos reis magos. Na Lapinha desfilam os ternos e nessas noites são armadas barracas no largo. Ternos que têm nomes tão sugestivos:
          “Sol do Oriente”, “Bonina”, “Estrela D’Alva”.
          No mês de janeiro ainda, em data móvel, tem-se a semana do Bonfim, com a tradicional lavagem da igreja, que já deu muita confusão entre autoridades eclesiásticas e o povo. Houve tempo mesmo em que a igreja chegou a proibir a lavagem no interior do templo: hoje é feita nas escadarias, constituindo-se assim mais numa cerimônia simbólica. Ligada ainda aos festejos do Bonfim, está a festa da Ribeira, numa segunda-feira, também em janeiro.
          Fevereiro abre com a grande festa de Yemanjá, a dois deste mês. E a festa de Janaína, ou Aioká, ou Senhora que é das águas, a rainha do mar. Festa essencialmente dos pescadores:
          “Senhora que é das águas, tome conta do meu filho que eu também já fui do mar, hoje estou velho acabado, nem no remo eu sei pegar, tome conta do meu filho, que eu também já fui do mar...”
          “Minha sereia, rainha do mar, o canto dela faz admirar... Minha sereia é moça bonita, nas ondas do mar, aonde ela habita...”
          “Dia dois de fevereiro, dia de festa no mar, eu quero ser o primeiro a salvar Yemanjá...” Salvar Yemanjá! Só o verbo já diz tudo: dar salvas à deusa que há de proteger os pescadores dos perigos do mar. “Afinal, que o dia dela chegou...” E é a festa de mar que rivaliza, em beleza, com a do Senhor dos Navegantes. Com uma diferença dentro do sincretismo religioso da Bahia: a festa do Senhor dos Navegantes é de mais sentido católico, ao passo que a de Yemanjá é exclusivamente dos rituais negros.
          Ainda em fevereiro, a festa da Senhora de Santana, no primeiro domingo depois da festa de Yemanjá. Inicia-se com um banho a fantasia, pela manhã, na praia. À tarde, surgem os bandos carnavalescos pelas ruas dos bairros e, à noite, há uma batalha de confetes, além de danças em casas particulares. E já é uma festa ligada ao ciclo do carnaval, a primeira delas, talvez.
          Das festas móveis, o carnaval da Bahia é o mais animado do Brasil, depois do carioca. Com traços muito característicos, porém: o trio elétrico, por exemplo, imortalizado por Caetano Veloso no frevo famoso: “Atrás do trio elétrico, só não vai quem já morreu...” E a diferença regional: bloco dos sujos, na Bahia, é bloco dos caretas.
          Voltando ao trio elétrico: é um “trio” especial, com mais de dez figurantes só no primeiro ano em que saiu é que foi trio de “três”, mesmo, em cima de um caminhão que corre toda a cidade, em marcha lenta, que dá para o povo acompanhar freneticamente pelas ruas.
          Em junho, a tradição católica impera, é a festa de São João, com os rituais tão antigos de acordar o santo (menino João acordou, todo o céu se iluminou...) Fogueiras se acendem em toda parte, principalmente no interior, onde a tradição é mantida com mais rigor. “Meu São João, escuta o meu pedido, São João, não deixa essa fogueira se apagar, dentro da gente, o amor é uma fogueira, coração, não deixe que ela pare de queimar...”
          E os comes e bebes: o milho assado, a canjica, a pamonha, o jenipapo ajudam a celebrar melhor o santo.
          Das festas patrióticas, a única que tem sentido popular mesmo é a do Dois de Julho, data da libertação da Bahia. O povo conhece mais como festa do caboclo, porque saem pelas ruas da cidade carretas conduzindo as imagens do caboclo e da cabocla, puxadas pelo povo.
          O caboclo e a cabocla simbolizam o povo baiano vitorioso na luta pela sua independência. O ponto culminante da festa é a chegada dos caboclos ao Campo-Grande, onde se faz a cerimônia cívica. Lembra Jorge Amado, com muita propriedade, que a poesia diz que o sol de dois de julho brilha mais que o de primeiro. No entanto, quase sempre chove...
          Setembro é o mês de São Cosme e São Damião, santos católicos que também são deuses negros, os populares dois-dois das mães de santo. Cozinham-se em honra deles todas as comidas de azeite de dendê, especialmente o efó, o vatapá e o caruru. A grande festa, quando batem todos os candomblés da cidade, é a 27 de setembro.
          Mas dezembro é que é, ao lado de janeiro e fevereiro, o quente em matéria de festa popular. Pois no dia quatro é a festa de Santa Bárbara, a Yansan dos negros, celebrada no mercado da Baixa dos Sapateiros.
          Oito de dezembro é a festa de Conceição da Praia, onde dá muita capoeira e muito berimbau, que praticamente vai emendar com as festas de Bom Jesus dos Navegantes, do Bonfim, da Ribeira, do Rio Vermelho, numa sucessão alucinante e inesquecível.
          Ainda como cantou o sambista: “Só indo a Bahia pra ver...”
          E o que se vê mais, além de santos e orixás, comes e bebes, sambas e capoeira, berimbau e atabaque?
          Ora, meu bom, a Bahia, como se dizia na linguagem pomposa de outrora, despertou para o progresso. Cansou de ser apenas a Bahia mágica dos orixás e dos batuques. Ela não deixou, nem deixará nunca de ser isso, mas não podia ficar eternamente nessa dimensão.
          Hoje a Bahia industrial, com o Centro Industrial de Aratu e com a Petrobrás coexiste, perfeitamente bem – mais um milagre baiano – com a Bahia mágica.
          Dessa coexistência e dessa fusão é que se lança para o futuro essa Bahia que tem tanto santo e tanta riqueza, unindo como em nenhum outro lugar as delícias do céu e as delícias da terra.

Fantasias:

1ª Parte: Lenda, Misticismo, Povo.

          Os negros trouxeram da África seus ritmos bárbaros e seus orixás. E a música e a magia se derramaram sobre a Bahia. E por isso que, nas noites baianas, o bum-qui-ti-bum dos atabaques e o ritual dos candomblés enfeitiçam a todos.
          Nos candomblés, as filhas de santo têm vestimentas dos seus respectivos orixás. As filhas de Xangô têm vestido em que dominam as cores vermelha e branca e trazem nas mãos um machado em forma de “T” as de Oxalá estão vestidas de branco, apoiadas num cajado; as de Ogum vestem azul e trazem uma espada na. mão; as de Oxum, amarelo, cor de ouro, e pulseiras e ventarolas de latão; as filhas de Oxóssi, de verde e vermelho, carregam uma espingarda, arco e flecha, bichos de pena.
          A capoeira de Angola é um folguedo inventado pelos negros no Brasil. O jogo de capoeira se faz acompanhado de uma pequena orquestra composta de instrumentos, tais como, berimbau, ganzá, agogô e pandeiro. Mestre Pastinha é um crioulo “enxuto”, baixinho, irrequieto, com mais de oitenta anos e dono da famosa Academia de Capoeira de Angola, homem de assombrosa agilidade e de resistência incomum.
          Em frente ao Mercado Modelo, fica o cais dos saveiros. De velas arriadas, os saveiros descarregam frutas e verduras, peixes e mariscos. E uma festa de cores e de pitoresco. E o mundo do cais, dos marinheiros, dos pescadores, dos vendedores de frutas e de animais. E o mundo das baianas com seus manuês e seus beijus, seus torsos de seda e seus panos da costa.
          O pescador da Bahia se basta e ao seu pequeno mundo colorido. O famoso quadro da puxada da rede, verdadeiro ritual, obedece a princípios rigorosos e é o ponto culminante de um trabalho de meses, durante os quais dezenas de famílias teceram a enorme rede do xaréu. Todos usam apenas calção e um chapéu de palha de abas largas.
          Os capitães de areia, molecotes atrevidos de olhar vivo, gesto rápido, ginga de malandros, o rosto chupado pela fome, são pequenos vagabundos que vivem pelo areal do cais de Salvador, por sobre as pontes, nas portas dos casarões, pedem esmolas, fazem recados, conduzem turistas.
          Cuíca de Santo Antonio é um poeta popular. Escreve seus versos, manda imprimi-los, desenha ele mesmo os cartazes de propaganda que conduz sob os ombros, vende os folhetos com suas poesias e canta os melhores versos para atrair a freguesia. Um poeta que tem grande público.
          É Cuíca quem ilustra os donos de vendolas e barracas, os mestres de saveiros, os canoeiros, os vendedores de laranjas e abacaxis, as baianas de tabuleiros.

2ª Parte: Festas Populares da Bahia

          O ciclo de festas populares da Bahia inicia-se a primeiro de janeiro com a procissão marítima de Nosso Senhor dos Navegantes.
          Cinco de janeiro é o dia do reisado: a homenagem aos reis magos. Na Lapinha – bairro da Cidade de Salvador – desfilam os ternos de pastorinhas, espécie de autos pastoris, que têm sugestivos nomes: “Sol do Oriente”, “Bonina”, “Estrela D’Alva”, reisados e cheganças. Nos reisados, os pandeiros arrufam e os chocalhos tinem, quando o cordão dos marujos, conduzindo uma âncora, um mastro, anuncia nas ruas a chegança dos Marujos.
          No mês de janeiro, em data móvel, tem-se a semana do Bonfim, com a tradicional lavagem da igreja. Abrindo o cortejo, as baianas com seus vestidos ricos, suas rendas e balangandãs. As bilhas e as jarras se equilibram milagrosamente nas suas cabeças, fartas de flores. Vêm os carrinhos enfeitados de papel de seda recortado, com as cores populares, o azul, o vermelho, o verde, o amarelo. Vêm os baleiros com seus ramos de pitangueiras, alegres, cantando suas canções.
          E, enquanto não chegam os aguadeiros, transborda a mais pura alegria que se manifesta nas aclamações ao Senhor do Bonfim.
          Fevereiro abre com a grande festa de Yemanjá. Como diz o trovador: “Eu quero ser o primeiro a saudar Yemanjá”.
          Os pescadores constroem o peji – um peixe de madeira enorme onde são colocados os presentes para a mãe-d’água: braçadas de flores, pentes, perfumes, brincos, anéis, sabonetes e pó-de-arroz, chinelas finas e tudo quanto toca a beleza da mulher, pois Janaína, outro dos nomes da deusa do mar, é vaidosa.
          Ainda em fevereiro, a Festa da Senhora de Santana. À tarde, surgem os bandos carnavalescos pelas ruas e bairros e, à noite, há uma batalha de confetes.
          O Carnaval da Bahia é um dos mais animados do Brasil. Um de seus traços mais característicos é o trio elétrico, onde um grupo de figurantes em cima de um caminhão, corre toda a cidade, em marcha lenta, acompanhado freneticamente pelo povo. Pontos altos são o desfile de batucada, cordões e “afoxés”.
          Junho é o mês do milho. É ele que domina todas as comemorações de santos padroeiros, de mistura com as fogueiras e os balões.
          Milho das canjicas, dos mungunzás, dos manuês, dos caçás, milho assado nas fogueiras, pipoca, milho cozido com café, pamonhas e bolos, doces envolvidos na palha crespa do milho.
          É a festa de São João e também de Santo Antonio, patrono das moças casadoiras.
          Festas caseiras e de clubes – do milho e do licor de jenipapo – onde o mais pitoresco são as “quadrilhas” e as festas de “arraiá”.
          As festas de junho são para todos – comidas, danças e fogos, devoção e alegria, superstição e poesia.
          As festas de Dois de Junho têm caráter cívico e patriótico.
Bandos representando os batalhões patrióticos que lutaram pela Independência formam no préstito, que desfila pela cidade.
          Dezembro é mês quente em matéria de festa popular. Dia quatro é festa da Santa Bárbara.
          Oito de Dezembro a de Conceição da Praia. Em frente ao Cais Cairu armam-se barracas e ali se misturam marítimos e o povo vindo de longe e populares curiosos.
          Como diz Jorge Amado: “Em tendo ocasião, o povo canta e dança. Em terra, ou no mar; nos saveiros e jangadas, nas canoas. Por isso mesmo, a Bahia é rica de festas populares. Festas de rua, de igreja, de candomblé”.

3ª Parte: Bahia do Antigo ao Moderno

          Mas o que se vê mais na Bahia, além de santos e orixás, comes e bebes, sambas e capoeira, berimbau e atabaque?
          Quem quiser conhecer a Bahia tem de aprendê-la nos seus contrastes de antigo e moderno, na síntese que realiza entre a tradição e a modernidade.
          A Bahia quase alcança a prosperidade no início do século XIX quando os portos brasileiros são abertos. Organizam-se cursos universitários e; o cacau explorado em Ilhéus e Itabuna, torna-se uma nova fonte de riqueza. Depois chega a vez do petróleo do Recôncavo, transformando a Bahia numa das áreas de maior futuro do país. Agora dando o primeiro passo para esse futuro, a Bahia parte para a industrialização em larga escala, criando o Centro Industrial de Aratu.
          O Recôncavo é uma região considerada como o maior empório da Bahia: banana, cana de açúcar, cerâmica, fumo, dendê e petróleo são as suas riquezas econômicas.
          Por volta de 1560 surgiu o primeiro engenho pertencente ao Conde de Linhares. Foi o início do ciclo do açúcar, que fez a riqueza da região, através dos escravos.
          Dos negros surgiu a capoeira com seus mestres, como Besouro Cordão de Ouro e o maculelê de bastão, uma dança-esgrima de origem africana, ate hoje jogada nos dias de festa.
          A lavoura de cacau – do cacau e seu feitiço – dominou todo o sul da Bahia. Por toda a parte se alastrou o cultivo da árvore dos frutos de ouro. O cacau surgiu no século XVIII, quando as cidades começaram a ser plantadas. Em 1885, eram milhares os pés de cacau. Ao visitar uma fazenda de cacau, aproveite para conhecer de perto o fruto cor de ouro e perfumado que ainda hoje faz a riqueza da região.
          O artesanato de cerâmica utilitária, quer a do sertão, quer a do mar, é trabalho caprichado, antigo, mas antigo muito, cuja primeira notícia, vem da menção que se faz do mestre-oleiro Amaro Lopes, nos idos de seiscentos. Mais antigo ainda, dado que se reconhece a influência indígena dos tupinambás, nos ceramistas do litoral baiano.
          Uma das festas mais alegres e das maiores do Recôncavo é a de São Bartolomeu, comemorada na última segunda-feira de agosto. Os charutos da fábrica Suerdieck, com uma produção anual de mais de cem milhões de unidades, ajudam a acender o foguetório da festa.
          A tradição cuidou de conservar hábitos culturais de mais de quinhentos anos, tanto na cozinha “de casa”, como na cozinha “do santo”. O primeiro cuidado a tomar com a cozinha baiana é o tempero. Quem não é baiano de nascimento nunca entre impunemente nas comidas baianas, que o azeite-de-dendê é muito rico, e a pimenta muito ardida. Mas com paciência chega-se ao céu, onde naturalmente, come-se comida de santo, feita em panela de barro, em fogo de lenha ou carvão, abanada da direita para a esquerda e mexida, com colher de pau, só para a frente.
          Na lei africana, o sacrifício dos animais e a preparação da comida são ainda da mais alta importância, porque os santos não vivem, sem comer e sem beber. As iya-basse são as cozinheiras dos cultos.
          Bahia – terra das praias rendilhadas de beleza. Dos milhares de turistas que procuram conhecer o berço da nossa cultura, a primeira capital do Brasil. Bahia, terra de riquezas: petróleo, cacau e coco. Bahia – de todos os santos, e de quase todos os poços petrolíferos brasileiros. Bahia, onde não é preciso fechar os olhos para sonhar, o mais lindo sonho é a realidade que a Boa-Terra oferece aos olhos de quem ama a beleza, o progresso e o Brasil.
          O Centro Industrial de Aratu já se apresenta como o principal pólo de desenvolvimento industrial do Nordeste brasileiro. Tanto por sua envergadura como pelas características do complexo industrial, implantado a base do planejamento racional, é experiência pioneira e sem similar na América Latina e outras partes do mundo.
          Com efeito na Bahia, o moderno e o antigo não só coexistem, mas se interpenetram, harmoniosamente, dotando a cidade e o povo de características inconfundíveis.

Jorge Amado: o bom.

          Jorge Amado nasceu a 10 de agosto de 1912, na fazenda de cacau chamada Auricídia, Distrito de Ferradas, Município de Itabuna, no Sul da Bahia.
          Em 1902, seu pai – João Amado de Faria – se instala na região de Ilhéus, onde se casa com Dona Eulália, em 1910.
          Jorge vive, depois, na fazenda Taranga. Seu pai é um dos fundadores da cidade de Itajuípe.
          O contato com a terra e com o povo está nas origens do seu destino de homem e de escritor.
          Um dia, o padre jesuíta Luiz Gonzaga Cabral, se encanta numa de suas aulas de letras, no Colégio Antonio Vieira, com uma composição sobre o mar, de um menino de 11 anos – era Jorge – e descobre sua vocação literária.
          A criação de Jorge Amado abrange cinco tempos ou ciclos, que se distinguem multo bem.
          O tempo da elaboração motivadora, que é o tempo da mocidade, em contato com a vida popular da cidade, festas, candomblés, conversas noturnas, com os três livros escritos entre os 18 e os 21 anos: O País do Carnaval, Cacau e Suor. Depois a motivação propriamente baiana, o ciclo da Cidade de Salvador, sua vida boêmia e popular, o mundo que gira em torno do cais da Bahia, suas praias. Jubiabá, Mar Morto e Capitães de Areia, são os romances desse ciclo.
          E chegamos à motivação telúrica. É o ciclo de Ilhéus, o romance das plantações de cacau. O tema é o das relações entre o homem e a terra. Terras do Sem Fim, São Jorge de Ilhéus, prefigurados por Cacau.
          Livros de denúncia, como Capitães de Areia, que depois se prolongariam no ciclo da motivação política, Seara Vermelha e os três tornos dos Subterrâneos da Liberdade.
          O quinto ciclo da criação amadiana é o da motivação pluridimensional. Tudo agora aqui se condensa ou aglutina, a Bahia, a terra do cacau, o suor do povo, a visão lírica do mundo, as manifestações regionais, de cultura, de vida.
          Romancista nacional por excelência – é o autor mais vendido no Brasil – com 18 romances, é o mais traduzido dos escritores brasileiros – para mais de 30 línguas.
          No seu poder de narração, na exuberância inventiva, na espontaneidade, como se fosse um mestre do ABC do sertão, um trovador, consiste a sua força de novelista.
          Suas raízes estão plantadas na terra do cacau. Seu coração de menino está no cais da Bahia. Fabulação intensa e urdidura hábil, estilo simples e poético, eis os recursos da obra de Jorge Amado.
          Da terra e do povo é que vem toda a força dessa ficção eminentemente comprometida. Engajado na luta pelo homem, suprema causa, amante da liberdade, sempre capaz de admirar e louvar, indiferente à inveja e ao elogio.
          Sua obra é um ato de amor.

Texto de Silvio Lamenha

Alegorias

ABRE-ALAS: Bahia de Jorge Amado
Em alegorias conduzidas; estandarte com a apresentação da Escola, florões com o nome BAHIA e um painel com pintura alusiva a Bahia de Jorge Amado.

Alegorias Conduzidas:
Estandarte apresentando a primeira parte do enredo: Lenda, Misticismo, Povo.
Estandarte simbolizando a influência africana na formação do povo baiano.
A rede representando o quadro da puxada do xaréu. Estandarte evocando a Cuíca de Santo Amaro, o mais popular dos trovadores baianos.

1ª Alegoria: Lenda, Misticismo, Povo.
Fantasias com esculturas: do negro, que fez nascer na Bahia o feitiço tropical, o samba e o batuque; de Yemanjá, a Rainha das águas ou Nossa Senhora, que coexistem no sincretismo religioso afro-baiano, verdadeiro milagre baiano e figura representando a magia do candomblé, com seu ritual e o poder dos seus orixás.

Alegoria Conduzida:
Estandarte apresentando a segunda parte do enredo: Festas Populares da Bahia.

2ª Alegoria: Festas populares da Bahia.
primeira face: A fachada da Igreja de Nosso Senhor do Bonfim onde é realizada a tradicional cerimônia simbólica da lavagem.
segunda face: Pintura figurando o farol e a praia de Itapoã, em Salvador, como Mar, dos marinheiros, dos pescadores, dos canoeiros, dos mestres de saveiros, dos capitães de areia, dos vendedores do cais, e muito mais de Yemanjá.

Alegorias conduzidas:
O Peji – enorme peixe de madeira, onde são colocados os presentes para a mãe-d’água, no dia de sua festa.
Estandarte introduzindo a Chegança dos Marujos, com seu símbolo, a âncora.
Carrinhos enfeitados com papel de seda recortado com as cores populares para a festa do Senhor do Bonfim.
Estandartes com ramos de pitangueiras dos baleiros.
Estandartes representando a festa de Yemanjá: “Dona Janaína, Inãe, Yemanjá, Oh! Ia... Maria, Princesa de Aioca.”
Estandartes com balões.
Estandartes alusivos aos bandos carnavalescos na festa da Senhora de Santana.
Estandarte estilizando o milho, que domina as festas dos santos padroeiros no mês de junho.
Estandarte, simbolizando os reisados – a homenagem aos reis magos.

Alegorias Conduzidas:
Estandarte apresentando a terceira parte do enredo: Bahia do Antigo ao Moderno. Riquezas da Bahia:

Alegorias Estilizadas o cacau – a árvore dos frutos de ouro e perfumados que faz a riqueza do sul da Bahia.
Alegorias Estilizadas o fumo – figura a Bahia como seu maior produtor.
Alegorias Estilizadas o açúcar – o ciclo do açúcar, através dos escravos, fez a riqueza da região.
Alegorias Estilizadas o petróleo – Bahia de todos os santos e de quase todos os poços petrolíferos brasileiros.

3ª Alegoria: Arte, cultura e progresso da Bahia.
Alegoria surrealista representando a arte popular – o “bumba-meu-boi”; painéis com motivos alusivos ao Centro Industrial de Aratu, as torres de Petróleo, encimados por colares típicos baianos; barraquinhas estilizadas lembrando as festas de tradição popular e ao fundo estrela simbolizando o progresso da Bahia.

Alegorias confeccionadas pelo cenógrafo José Felix Garcez Netto, natural de São Luiz do Maranhão, nascido a 23 de dezembro de 1941.
Concorre desde 1965 ao Salão Nacional de Belas Artes, onde obteve menção honrosa em 65 e medalha de bronze em 68.
Tem também medalha de prata do Salão do Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro de 67 e concorreu em 67/68 ao Salão da Sociedade Brasileira de Belas Artes.
Confeccionou alegorias para as Escolas de Samba: Mocidade Independente de Padre Miguel em 66/67 e Lins Imperial 69/70/71/72; e para os blocos Canários das Laranjeiras, em 71 e Cara de Boi, 72.

Ordem do Desfile

1ª Parte

Abre–alas
Estandarte: Lenda, Misticismo, Povo.
Comissão de Frente: Ala dos Notívagos
Mestre de Vendolas: Ala da Bateria
Tímpanos: Darcy Vieira
Negros tocadores de atabaques: Hermenegildo e sua rapaziada
Macumbeiros: Ala Imperial
Filhas de Xangô com machado em forma de “t”: Ala Chiquinha
Filhas de Ogum com espadas: Ala das Invasoras
Filhas de Oxum com pulseiras e ventarolas de latão: Ala das Baianas Tradicionais da Lins Imperial
Filhas de Oxossi com espingardas, arco e flecha, bichos de pena: Ala das Melindrosas
Passistas: Ala “As Granfinas”
Estandarte
Capoeiristas: Ala dos Capoeiristas
Destaque – Mestre Pastinha: figurante
Orquestra de capoeiras: Ala dos Capoeiristas
Baianas de tabuleiros: Ala “As Diamantinas”
Capitães de areia: Ala “Sente o Drama”
Estandarte
Destaque Cuíca de Santo Amaro: Waldir Jorge Ferreira
Vendedoras de frutas: Ala “da Omin”
Destaque – Mestre de Saveiro: Nylmar Amazonas
Canoeiros: Ala dos Vasados
Vendedoras de verduras: Ala das Vendedoras
Pescadores na puxada do xaréu: Ala dos Pescadores
Barraqueiros do mercado: Ala dos Fidalgos
Vendedoras de animais: Ala “Sai quem Pode”
Passistas: Ala “A Mocidade”
Baianas: Ala “Os 4 Mais”

1ª Alegoria

2ª Parte

Estandarte: Festas Populares da Bahia
Procissão dos navegantes: Ala Vai Quem Quer
Ternos de pastorinhas: Ala das Seresteiras
Reisado com pandeiros e chocalhos: Ala das Cabrochas
Estandarte
Chegança dos Marujos: Ala das Bronzeadas
Baianas com cestas de flores: Ala “As Cinco Marias”
Vendedoras de fitas: Ala das Avançadas
Estandarte
Baleiros com ramos de pitangueiras: figurantes
Baianas estilizadas: Ala Infernais do Samba
Baianas com potes, bilhas e moringas: Ala das Baianinhas
Baianas com vassouras: Ala das Comodistas
Aguadeiros: Ala do Alfeu
Senhoras na festa do Bonfim: Ala das Impossíveis
Jovens na festa do Bonfim: Ala dos Psícodélicos
Destaque – 1° Mestre-Sala: Ademir
Destaque – 1ª Porta-Bandeira: Maria de Lourdes

2ª Alegoria
Jovens com presentes: Ala Vamos Botar Prá Quebrar
Estandartes
Destaque – Yemanjá: Suely Aguiar Alves
Pescadoras: Ala Sereias do Mar
Alegoria Conduzida: O Peji
Bando carnavalesco na festa da Senhora de Santana: Ala das Irritantes
Jovens nas batalhas de confetes: Ala dos Gaviões
Trio elétrico: Ala Apoio XI
Destaque infantil – passista: Ana Maria Simões
Cordão de afoxé: Ala dos estudantes
Destaque – Milho: Sebastião Peixoto Carneiro
Espigas estilizadas: Ala dos estudantes
Jovens com balões: Ala dos estudantes
Moças casadoiras com Santo Antonio sem cabeça: Ala dos estudantes
Quadrilha: Ala dos estudantes
Jovens na festa de São João: Ala das Estrelas
Estandartes
Préstito Dois de Julho: Ala dos Independentes
Marítimos na festa de Conceição da Praia: Ala dos Intocáveis
Baianas estilizadas: Ala das Extravagantes

3ª Parte

Estandarte: Bahia do Antigo ao Moderno
Passistas: Ala das Brasinhas
Escravos com canas de açúcar: Ala dos Escravos
Destaque – Feitor: Gerson Nobre de Siqueira
Escravas jogando maculelê de bastão: Ala “As Moreninhas”
Destaque – Mestre Besouro Cordão de Ouro: Lourdes Costa Pereira
Capoeiras: Ala dos Capoeiras
Senhoras de engenho: Ala das Decididas
Meninos de engenho: Ala dos Avantes
Destaque – 2° Mestre-sala: Sérgio Almeida Carvalho
Destaque – 2ª Porta Bandeira: Sirlei de Almeida
Trabalhadores na lavoura da cana: Ala da Pesada
Estandartes
Destaque – Açúcar: Maria Helena dos Reis
Escravos de engenho: Ala “Botando Prá Derreter”
Jovens de engenho: Ala dos Embaixadores
Estandartes
Yoyos das fazendas de cacau: Ala dos Príncipes
Destaque – Cacau: Gabriela Oliveira do Nascimento
Fazendeiros de cacau: Ala dos Galantes
Baianas estilizadas: Ala das Moderninhas
Estandarte
Jovens com folhas de fumo: Ala dos Inocentes
Baianas estilizadas: Ala das Pretinhas
Plantadores de fumo: Ala dos Barões
Folhas de fumo: Ala dos Cafonas
Ceramistas: Ala das Charmosas
Iya-basses: Ala do Zequinha
Baianas estilizadas: Ala da Guia
Estandartes
Torres de petróleo: Ala das Mulatas
Destaque – Petróleo: Dinete
Passistas: Ala do Momento
Geólogos: Ala Maria Regina
Chaminés do Centro Industrial de Aratu: Ala de Itararé
Baianas estilizadas: Ala Dizendo no Pé

3ª Alegoria
Diretoria
Ala dos Compositores

 

SAMBA ENREDO                                                1973
Enredo     Bahia de Jorge Amado
Compositores     João Francisco, Djalma e Arlindo

Bahia moderna e lendária Bahia,
Do petróleo e da magia,
Do cacau e de riquezas mil
Teus segredos, tua história
É um motivo de glória
Do meu querido Brasil – Ô Ô
Mãe feliz de um escritor
Que retrata o teu valor
Bahia tradicional

Me refiro a Jorge Amado
O teu filho consagrado
Um nome internacional

Tem capoeira, tem berimbau
Alegria do afoxé
E a puxada do xaréu – É
Tem caruru, tem ximxim e acarajé
Bahia da romaria, Bahia do lava-pé
No candomblé
Todo mundo vai girar
Girou – É
Girou – A
Salve a Bahia e seus orixás!