A vida que pedi a
Deus
Introdução:
Viver bem.
A realização dos nossos desejos mais profundos pode ser resumida nestas
palavras. Para um coração sambista, transformar a vida num eterno desfile
é alcançar a plena felicidade. Imagine se todo dia fosse carnaval...
Se o mundo todo girasse ao som do samba, batucado em cada esquina da
Terra... Certamente, a aventura de viver teria muito mais poesia.
Imaginar.
Sonhar. Transformar. Seguir rumo ao infinito, onde possamos alcançar as
estrelas, chegar perto de Deus e a ele pedir a vida que sempre sonhamos,
onde todo dia é carnaval. O mundo é a grande alegoria, cabendo
a nós construir o nosso próprio enredo, atingir a pena evolução,
espiritual, com mais harmonia, nessa grande passarela que chamamos
de vida.
Vamos erguer
a bandeira do bem viver e desfilar uma nova realidade, construída
a partir da festa que nos faz sentir tão vivos. Vamos congelar o momento
em que a batida do surdo se confunde com a do coração, anunciando a nossa
escola na avenida, aquele instante em que a emoção pulsa forte, a mente
delira, o corpo se entrega...
Sinopse:
Sambo,
logo existo! Quero viver eternamente o espírito onírico da grande festa
que o povo dá presente a si mesmo. E sair por aí espalhando minha raiz
em verde e branco, mostrando a minha identidade. Ser eterno folião nesse
mundo de meu Deus. Esta é a vida que pedi a ele.
Mas o futuro
aponta para o fim dos tempos, onde a profecia maior alerta para o término
da nossa experiência terrena. O mais profético dos escritos diz que este
mundo sucumbirá num evento monumental, chamado Apocalipse. O que me resta?
Sonhar...
Com o dom
da esperança reinvento a própria história. Sou Mocidade, esta grande máquina
da alegria, que viaja à velocidade do sonho, movida à emoção. Nossa última
parada: o bem viver. Mas como a própria vida nos ensina, a felicidade
não está no destino, e sim, no caminho. Pois vamos refazê-lo, brincando
com o tempo. Vamos aproveitar este nosso cenário carnavalesco para pôr
ordem no caos: Mudar o enredo do mundo, através da evocação de
quatro cavaleiros, que, numa éterea aparição, transformam o Apocalipse
em Apoteose e fazem desta FANTASIA, a mais bela realidade.
Quis
a Autoridade Divina que criássemos dias de trégua para viver como lhe
pedimos. E demos a este tempo nome de carnaval. Com o poder da alegria,
vamos fazer com que estas quatro forças se transmutem em boas energias,
e nos guiem por esta odisséia rumo ao essencial da vida. Esta sim a que
pedimos a Deus.
Desce dos
Céus o primeiro cavaleiro: A Paz. Representa os ideários humanos e transforma
o mundo através do aprendizado com suas experiências do passado. É a reconquista
do bem viver pelos grandes ideais, gerados em engenhosas mentes e necessidade
de criar um mundo melhor. Surge um manifesto em favor da vontade comum
e do bem estar de todos, criada a partir do pensamento revolucionário
de uma mocidade consciente e independente.
Nasce a consciência
de igualdade e justiça. Um mundo onde o "partido" é pensar inteiro.
Todo poder emanado do povo e em seu nome sendo exercido. Os grandes imperadores
das nações se curvando à bandeira do bem viver. É livre o pensamento e
sua manifestação.
"Soldados! Não batalheis pela escravidão Lutai
pela liberdade"
O
mundo não é preto, branco e cinza. Tem todas as cores é plural. Tem todas
as raças, é mestiço. Tem todos os sons, é carnaval! Clarins anunciam a
segunda ordem celestial para reinvenção do mundo.
Surge o Cavaleiro
da Fartura, que nos traz a consciência de que a natureza é adorno e provedora
de todos os seres vivos, dando-nos o sustento e ensinando que o mundo
é grande demais para existir a fome. O homem aprende que pode multiplicar
alimentos do corpo e da alma para depois partilhá-los com os seus. As
matérias-primas estão ao nosso redor e uma Maravilha Fábrica da Felicidade
produz toda uma nova ordem mundial, com pleno emprego e plena satisfação,
com operários trabalhando a todo vapor. Nasce um mundo de fartura, antes
só imaginando nos dias de "gordo" de Momo.
O avanço da
ciência (e consciência) evoca o Terceiro Cavaleiro: A Saúde. Para todos
os males, encontra-se a cura através do desenvolvimento de terapias alternativas
e do estudo de novos remédios e tratamentos na luta pela vida. O conhecimento
sobre o seu próprio corpo leva o homem ao ápice da evolução. Contaminados
somos todos pelo novo vigor que nos transforma em seres evoluídos. Corremos
rumo ao futuro, saltamos os obstáculos, driblamos as epidemias, superamos
as divergências, enfrentamos os desafios... E sambamos noite afora, entregamos
nosso corpo como oferenda ao pleno prazer da celebração. Enfim, vencemos.
Mente
aberta para uma nova filosofia. Sob o comando do quarto cavaleiro, O Equilíbrio,
renovamos a fé num novo dia. Cultivamos bons sentimentos e alcançamos
a tão sonhada paz de espírito. Aprendemos a ver beleza do mundo e a reconstruí-la
na arte de criar uma nova dimensão alegórica. Sem pressa dos tempos modernos,
sem o estresse nosso que nos atormenta a cada dia. Alcançamos, enfim,
o real sentido da palavra racional, ao lidar de uma maneira mais completa
com o ambiente em que vivemos, pensando menos, sentindo mais, religando-nos
com a nossa natureza mística.
Com
a evocação desses quatro elementos, chegamos ao momento máximo de iluminação.
Os cavaleiros se unem num ritual de celebração da nova ordem. Nasce a
partir desta nova realidade a esperança de que cada homem não se conformará
apenas em existir, mas sim em viver. E viver bem, virando o jogo a nosso
favor. Chegamos, enfim, ao grande portal que nos leva a uma nova experiência,
recordando o sonho um dia cantando com a mais natural alma indígena e
evocando a modernidade de tantos carnavais.
Vejam a quanta
alegria vem aí! É uma cidade a sorrir, construída com a nossa identidade
tupiniquim, onde sobram irreverência, vanguarda e tropicalismo. Chegamos
à metrópole que elevou à máxima potência nosso ideal de civilização, erguida
a partir do sonho alucinado de uma nova possibilidade de vida.
Vamos
celebrar a eterna mocidade de uma Mocidade. Alcançamos a marca de cinqüenta
anos com a alma jovem, sempre com a cabeça nas nuvens (quantas viagens
pelo espaço sideral!) e os pés no chão (na nossa mais profunda raiz brasileira).
Uma vida da melhor qualidade!
E para comemorar mais um capítulo dessa história, vamos resgatar esta
vontade de viver, mais presente do que nunca quando o surdo anuncia a
estrada da escola na avenida, todo o palco da folia aplaudindo de pé meu
povão de Padre Miguel. E para ser feliz, não importa a idade: Bom é viver
com Mocidade.
Esta é a vida
que pedi a Deus.
Mauro Quintaes

Setores:
-
Abertura: Máquina da Alegria
-
Setor 1 - Mudando o enredo do Mundo
-
Setor 2 - O primeiro Cavaleiro - A Paz
-
Setor 3 - O Segundo Cavaleiro - A Fartura
-
Setor 4 - O Terceiro cavaleiro - A Saúde
-
Setor 5 - O Quarto Cavaleiro - O Equilíbrio
-
Setor 6 - A Apoteose do Mundo
-
Setor 7 - Tupinicópolis - Homenagem aos 50 anos
|