FICHA TÉCNICA 2010

 

Carnavalesco     Cid Carvalho
Diretor de Carnaval     Ricardo Simpatia
Diretor de Harmonia     Rômulo Ramos de Araújo
Diretor de Evolução     Rômulo Ramos de Araújo
Diretor de Bateria     Luis Carlos Leitão de Oliveira (Mestre Bereco)
Puxador de Samba Enredo     Davi dos Santos (Davi do  Pandeiro) e Edson Marcondes (Nêgo)
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Fabrício Pires Bernardino e Christiane Bernardino Caldas
Segundo Casal de M.S. e P. B.     José Roberto e Elaine Ribeiro
Terceiro Casal de M.S. e P. B.     Fábio Júnior e Natália Guimarães
Resp. Comissão de Frente     Jorge Teixeira
Resp. Ala das Baianas     Nilda da Silva (Tia Nilda)
Resp. Ala das Crianças     Maria das Graças Carvalho (Graça)
Resp. Galeria de Velha Guarda     Wilson Silva

 

SINOPSE 2010

Do paraíso de Deus ao paraíso da loucura, cada um sabe o que procura

Sinopse:

          O Paraíso é a imagem primeira.
          Uma imagem da fartura e da felicidade; um sagrado jardim onde Deus semeou a fecundidade numa divina evocação da vida; um abençoado recanto sem doenças, sem inverno e sem envelhecimento, transmitindo uma mensagem simbólica e alegórica de paz e harmonia.
          A nostalgia deste estado de graça, arrancado em conseqüência de uma grave desobediência às leis do Criador, faz despertar no homem, desde tempos imemoriais, o desejo de encontrar o Paraíso perdido.
          Na Idade Média, alimentada por uma cruel realidade de fomes, epidemias e guerras devastadoras, essa nostalgia fez do Paraíso a própria antítese daquela realidade decadente e sombria; um "novo" começo onde a pobreza e a fome acabariam diante de uma terra "sem males".
          Enquanto profetas e visionários desejavam "ver" o paraíso, cavaleiros e aventureiros se juntavam em fantásticas caravanas e partiam por terra em busca da "Fonte da Juventude Eterna e da Árvore da Vida".
          Porém, novos ventos sopravam em direção ao "Velho Continente". O pavor que o "inferno" e a crença na proximidade do "Fim dos tempos" provocavam ia ficando para trás diante de uma Europa entusiasmada com os renovados horizontes renascentistas.
          Os oceanos já não causavam tanto temor e, navegando rumo ao Oriente, poder-se-ia chegar às Índias, com seus mistérios e magia. Ainda, quem sabe, desembarcar nas fabulosas terras de Ofir, guardiãs das Minas do Rei Salomão, ou até mesmo encontrar o suntuoso Reino Africano de Preste João e, assim, localizar os "Portais do Paraíso".
          Foi navegando em direção às Índias que, em 1500, treze naus portuguesas "esbarraram" no Brasil.
          Nas areias da praia, o nativo dançava em alegre ritual. Guiados pelos Xamãs, os donos da terra migraram do interior para o litoral em busca de "Yvy Mara Ey", a "Terra dos Sem Males", o paraíso Tupi-guarani, e que, na visão dos pajés, estaria do outro lado da imensidão das águas.
          Em sua pureza e ingenuidade, o índio viu naquela gente que saía do mar verdadeiros Deuses que, finalmente, o conduziriam aos "Jardins Purificados".
          Já os navegadores, deslumbrados com a nudez e a aparente inocência dos nativos, viram neles a própria imagem do homem antes de ser expulso do Paraíso, materializando na América a visão renascentista do Éden terrestre.
          Afinal, as sugestões edênicas estavam por toda parte e faziam uma mágica ligação entre o "Velho" e o "Novo" Mundo. Dessa maneira, o maracujá se transforma em pomo edênico, assim como as bananas cortadas exibiam aquele sinal à maneira de crucifixo por elas manifesto.
          A Fênix é o Guainumbi ou Guaraciaba; outros acreditavam mesmo tê-la visto na figura do beija-flor, enquanto os papagaios, para muitos, eram, na verdade, anjos castigados que ganharam a forma de pássaros.
          Mas os boatos sobre cidades bordadas de ouro e pedras preciosas, as notícias de montanhas resplandecentes e lagoas douradas, comuns entre os indígenas, rapidamente levaram o invasor europeu a embrenhar-se pelos sertões desconhecidos, maculando o "Paraíso Brasil".
          E, assim, os índios dançaram e o Brasil sambou!
          O que de bom encontrava-se aqui foi parar na Europa. Animais, plantas e até mesmo "exemplares" do nosso "bom selvagem" foram "exportados", causando enorme rebuliço do outro lado do Atlântico.
          Enquanto, do lado de cá, o povo sofria com a "Derrama" - um verdadeiro "Quinto" dos infernos - no lado de lá, as farras das Cortes de Portugal e Inglaterra eram bancadas com o ouro do Brasil. O jeito era rezar uma novena para o "santo do pau oco"!
          O tempo passou, mas continuamos cortando o pau, matando os bichos, vendendo as plantas, envenenando as águas, queimando os índios e mandando pra longe nossas riquezas!
          Calculistas e mercenários, criamos o nosso próprio Paraíso terrestre e batizamos com o nome de "Paraíso Fiscal". Ali, abençoados pela generosidade financeira, protegemos nossas "verdinhas" em "espécie". Mas não se enganem pensando que se trata da flora tropical bem preservada. Neste caso, nos referimos às cédulas de dólar depositadas em contas pra lá de suspeitas.
          Já os exemplares da nossa fauna contrabandeada desde sempre, agora, são enviados do "Paraíso Brasil" diretamente ao "Paraíso Fiscal", sem taxação, estampadas nas notas do nosso Real.
          No fundo, queremos mesmo é preservar as "araras" que valem "dez reais". Defendemos, bravamente, os "micos-leões-dourados" que estão cotados a "vinte". Brigamos como loucos pelas "onças pintadas", ou seria por "cinquenta reais"? Tira a mão que ninguém vai "pescar" minha "garoupa" de cem reais, não! Ora, quem sabe se numa sombrinha agradável lá nas Ilhas Caymãs elas não se reproduzam rapidamente?
          Diante desse "Capitalismo selvagem", para se alcançar o Paraíso basta colocar a grana na cestinha diante do altar. Um carrão novinho também dá direito a chegar lá. E o que falar da ida ao shopping com dinheiro pra gastar? E se faltar din din, há cartões de crédito, cheque especial e crediário, todas as facilidades do mundo no "Paraíso do Consumo"!
          Mas nós somos a Mocidade e, independentes, podemos ir a qualquer lugar.
          Vamos fazer a nossa parte! Querer é poder, e o amor constrói. É possível descobrir o nosso próprio paraíso, afinal, ele está perto de nós, dentro de nós mesmos, em nosso interior.
          Vamos jogar fora as amarguras do dia a dia e nos vestir com a fantasia que sempre sonhamos: milionário ou plebeu, rainha ou camelô, desempregado ou doutor, um nobre ou apenas um sonhador.
          Afinal, hoje é carnaval, e se você sabe o que procura, tudo é possível no "Paraíso da Loucura"!
          Está esperando o que pra ser feliz?

Cid Carvalho

 

SAMBA ENREDO                                                2010

Enredo     Do paraíso de Deus ao paraíso da loucura, cada um sabe o que procura
Compositores     J. Giovanni, Zé Glória e Hugo Reis
Eu voltei ao Éden

Paraíso de verdade
Serpente chega pra lá
Hoje eu quero é sambar com a Mocidade
O mal que você me causou
Pra que me infernizar
Chega de guerra e miséria
Sem trégua, nem légua
A Idade Média a se transformar

Entre lendas e mistérios Preste João me inspirou a navegar
O bandeirante cobiçou
E o índio me levou ao eldorado de além-mar

Tudo o que eu puder sonhar
Vou realizar agora e sempre
E se tentar me taxar
Mando depositar em outro continente
Do Éden ao paraíso da loucura
Ninguém sabe quanto é o que se procura
Hoje o povo quer felicidade
No paraíso da igualdade e liberdade
Estrela faz o meu sonho mais real
Sacode a Sapucaí
É carnaval

Meu coração vai disparar, sair pela boca
Não dá pra segurar, paixão muito louca
Luz independente me leva pro céu
Sou Mocidade, sou Padre Miguel