Ilê Saim à nação
malê Introdução:
Axé Mãe África, dos grilhões e das Senzalas Ouvem-se lamentos de dor. É a raça negra escravizada de sua pátria retirada para servir ao senhor. Abram-se as cortinas do passado, a história deste povo tio sofrido vou contar. Entre fugas e batalhas, os negros revoltados, vão buscar o seu legado nas ruas de Salvador. Chega de açoite, chega de lamento, a bravura e a resistência voam com a esperança em busca da liberdade. Vidas sacrificadas, sangue derramado nas ruas da cidade, preocupavam os senhores e a coroa imperial..., nada foi em vão. Negros escravizados, nesses versos meus cantados, encontram a liberdade tão esperada em meu coração! Salve a Nação Malê, guerreiros de fé e de força, que a ferro e a fogo, defenderam com bravura a causa da libertação. Tantas foram as lutas, revoluções e revoltas conduzidas pelo Rei Manoel! Congo...! Morrer sim, entregar não, pela causa negra, o direito de ser livre tão desejado, que o homem branco, com cruel tirania nos roubou, encontra hoje em meu peito o grito abafado de glória que na liberdade conquistou.
Agô meu Pai, agô, Mariana Crioula, escrava de dentro é raptada para ser nossa Rainha. Neste
ylê Saim, Pai Oxalá vem nos saldar e essa luta é protegida até pelo Deus AIah!
O tempo passou, e com esperança renovada, a liberdade ansiada ao nosso povo chegou.
E hoje, a Mocidade Independente de Inhaúma é luta, é forca e resistência para este povo sofrido, massacrado e aguerrido que hoje está aqui.
A avenida se transforma em louvação. Aos nossos bravos guerreiros, um canto de adoração, que a liberdade conquistada não seja uma ilusão. Pois o negro hoje é força, fé e libertação, que a Mocidade Independente de Inhaúma trás dentro do coração. Ylê Saim meu Pai, Ylê Saim à Nação Malêü!
Sinopse:
Agô meu pai, agô Dos grilhões e das senzalas ouve-se o lamento dos negros Malês... Dor e sofrimento deste povo sacrificado e escravizado na colonização deste Brasil...
Hoje a raça negra, em agradecimento às conquistas, oferece esse Ylê Saim à nação M a lê peia brava luta iniciada na Bahia em 1835 que ficou conhecida como "A revolta dos Males".
Tudo começou com a revolta de 1500 negros que
ensangüentaram as ruas de salvador, e a onda de choque espalhou-se pelo império. Era a raça negra que buscava a preço de sangue a sua liberdade. Este grande
levante mostrou que os negros reunidos são fortes, resistentes e corajosos. O medo estava no ar e os fazendeiros já não dormiam tranquilos. A revolta durou alguns anos e os malês ocuparam fazendas, tomaram feitores como reféns e libertaram negros irmãos. Inspirado neste vultuoso evento surge um grande personagem: Manoel Congo. De profissão, ferreiro, de fé, esperança, idealismo e liderança. Deu continuidade na brava luta e negros fugiam da fazenda de Manuel Francisco Xavier, na região cafeicultora de Vassouras. Inicialmente 80 negros. Ocuparam então a fazenda Maravilha e lá libertaram mais escravos. Daí ocuparam outra fazenda em Avelar, da propriedade de Paulo gomes Ribeiro, armaram-se de armas e mantimentos e seguiram .. eram agora 400! Qual era o objetivo? Formar um quilombo? Era possível... O importante era ser livre. O movimento agora fortificado tinha um "Rei" : Manoel Congo e uma "Rainha" Mariana Crioula, a crioula de estimação de Dona Francisca Xavier. Seguiu-se a luta aos gritos de "Morrer sim, entregar não!"
E este acaba sendo o desfecho da história. Em 1839, o corpo de Manoel Congo balança na forca montada na freguesia de Paty do Alferes e os demais foram condenados a "650 açoites a cada um, dados a 50 por dia, na forma da Lei" além de "3 anos com gonzo de ferro ao pescoço". Este foi o fim de uma batalha mais o início de uma grande luta para a libertação do povo negro.
Salve, ó gloriosa Princesa Isabel, a redentora, libertadora que com a Lei Áurea nos presenteou. Meu coração explode dentro do peito e o grito de liberdade pela cidade ecoou.
E hoje a raça negra se reúne pra contar esta história, enaltecer a nação Malê por ter liderado este levante que tantas conquistas trouxe para os negros de então.
E entre choro e lamento, aplausos e conquistas, a nação da Mocidade independente de Inhaúma pede agô ao Pai Oxalá pra enaltecer este povo bravo na sua luta pela liberdade Ylê Saim, meu Pai, Ylê Saim à Nação Malê!
Roteiro de
desfile:
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Comissão de
Frente: "Os guerreiros malês" -
Em traje de gala, são os guerreiros africanos indo para a batalha pra defender sua nação e lutar pela liberdade negra.
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Alegoria 1 (Abre-Alas): "A Nação
malê no engenho do café" A alegoria é a representação do engenho cafeicultor. Sacas de café empilhadas formam uma espécie de "barricada" onde negros se protegem na batalha. Podemos ver também, animais de origem africana. Pés de café ladeiam a alegoria em alusão à economia da época. Ao fundo, a casa grande dominada pêlos escravos ladeada por palmeiras centenárias.
Destaques centrais: o Sr. de engenho / Sr.a. de engenho
Composições: Café - Riqueza
do engenho Cana-de-Açúcar - Riqueza do engenho Negras libertas (10) Negros entrincheirados (10)
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Ala 1: "O Café -
A riqueza do engenho" - Representa a cultura do café, a riqueza da Bahia e a principal moeda do Império na ocasião da revolta.
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Ala 2: "Os
feitores" - Representa os feitores de engenho com sua chibata na mão.
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Ala 3 : "Os
escravos de dentro" - Representa os escravos que trabalhavam na casa grande.
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Ala 4 : "O
negro que sofre" - Representa o escravo sendo castigado com grilhões no pescoço, corrente nas mãos e nos pés.
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Ala 5 : "Baianas -
As mães de santo" - São as iabás, zeladoras da causa negra e dos orixás que vão incensando o caminho da libertação.
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Ala 6 : "Bateria -
Os guerreiros africanos" - Representa a conspiração dos negros com o planejamento da Revolta dos Malês.
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Ala 7 : "Ala
das crianças - A semente dos Malês" - Mãe África, a semente da liberdade foi plantada. Representa â esperança do negro livre desde seu nascimento em meio à Nação Malê.
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Alegoria 2: "Ylê Saim: A
coroação do Rei e da Rainha negra" - A alegoria é ladeada por oxalás que representam a crença da raça negra. É um terreiro de candomblé onde acontece o Ylê Saim aos Reis negros. Eles estão sendo coroados. Tem alguidás, despachos, tridentes, Máscaras e flechas, cachimbos e preto velho. Ao centro da alegoria, temos um "Gongá" onde figuram como destaques o Rei Manoel Congo e a rainha Mariana Crioula. A alegoria é repleta de Orixás, abençoando os negros e sua luta pela liberdade.
Destaques centrais: Xangô, Nanã e Yemanjá
Composições: Oxum, Yansã, Oxossi, Obaluaê, Oxumarê,
Oxaguiã, Ogum, Exú, Pombo-Gira e Ossaim
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1° Casal de
Mestre-Sala e Porta-Bandeira: O Rei Manoel Congo e a Rainha Mariana Crioula pedem passagem para a liberdade dos negros e em traje de gala recebem seus súditos negros que lutam nos campos de batalha.
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Ala 8 : "O
ferreiro" - Representa a profissão de Manoel Congo.
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Ala 9 : "Até
Allah Abençoou" - É uma homenagem aos muçulmanos com inscrições árabes que foram encontradas entre os Malês revoltados.
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Ala 10: "Oxalá"
- Representa o rei dos Orixás abençoando a causa negra em prol da. liberdade.
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Ala 11 : "Morrer sim, entregar não!"
- São escravos esfarrapados peia luta contra os senhores de engenho com suas armas de guerra e passos africanos.
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Alegoria 3: "Mãos
abençoadas - A liberdade chegou" - A liberdade conquistada é representada por um negro com as correntes rompidas. Cavalos alados compõe a parte alta do carro enaltecem a princesa libertadora. Rosas coloridas decoram toda a alegoria com véus esvoaçantes.
Destaques centrais: A Lei que liberta
Composições: Liberdade de culto, liberdade de expressão,
mistura de raças, negros (10) e negras (10) livres
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Ala 11 : "A
liberdade" - O Negro livre faz suas orações ao rei sol. Inspirada nos pescadores baianos que foram precursores dá abolição da escravatura.
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Ala 13 : ''Abençoada
seja a Lei" - Representa a Lei Áurea que extinguiu a escravidão
no Brasil.
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Ala 14: Velha
Guarda
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Ala 15:
Compositores
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Ala 16:
Departamento Feminino, Diretoria e Convidados
Fontes de Pesquisas:
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