FICHA TÉCNICA 2003

 

Carnavalesco     Agnaldo Corrêa
Diretor de Carnaval     Jorge Mendonça
Diretor de Harmonia     Wanderley
Diretor de Evolução     Wanderley
Diretor de Bateria     Luiz Cláudio
Puxador de Samba Enredo     Maurício Sabiá
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Robertinho e Gláucia
Segundo Casal de M.S. e P. B.     Mauro e Cátia
Resp. Comissão de Frente     Renato Branco
Resp. Ala das Baianas     ................................................................
Resp. Ala das Crianças     ................................................................
Resp. Galeria da Velha Guarda     Álvaro Albano de Souza

 

SINOPSE 2003

Ilê Saim à nação malê

Introdução:

          Axé Mãe África, dos grilhões e das Senzalas Ouvem-se lamentos de dor. É a raça negra escravizada de sua pátria retirada para servir ao senhor. Abram-se as cortinas do passado, a história deste povo tio sofrido vou contar. Entre fugas e batalhas, os negros revoltados, vão buscar o seu legado nas ruas de Salvador. Chega de açoite, chega de lamento, a bravura e a resistência voam com a esperança em busca da liberdade. Vidas sacrificadas, sangue derramado nas ruas da cidade, preocupavam os senhores e a coroa imperial..., nada foi em vão. Negros escravizados, nesses versos meus cantados, encontram a liberdade tão esperada em meu coração! Salve a Nação Malê, guerreiros de fé e de força, que a ferro e a fogo, defenderam com bravura a causa da libertação. Tantas foram as lutas, revoluções e revoltas conduzidas pelo Rei Manoel! Congo...! Morrer sim, entregar não, pela causa negra, o direito de ser livre tão desejado, que o homem branco, com cruel tirania nos roubou, encontra hoje em meu peito o grito abafado de glória que na liberdade conquistou.
          Agô meu Pai, agô, Mariana Crioula, escrava de dentro é raptada para ser nossa Rainha. Neste ylê Saim, Pai Oxalá vem nos saldar e essa luta é protegida até pelo Deus AIah!
          O tempo passou, e com esperança renovada, a liberdade ansiada ao nosso povo chegou.
          E hoje, a Mocidade Independente de Inhaúma é luta, é forca e resistência para este povo sofrido, massacrado e aguerrido que hoje está aqui.
          A avenida se transforma em louvação. Aos nossos bravos guerreiros, um canto de adoração, que a liberdade conquistada não seja uma ilusão. Pois o negro hoje é força, fé e libertação, que a Mocidade Independente de Inhaúma trás dentro do coração. Ylê Saim meu Pai, Ylê Saim à Nação Malêü!

Sinopse:

          Agô meu pai, agô Dos grilhões e das senzalas ouve-se o lamento dos negros Malês... Dor e sofrimento deste povo sacrificado e escravizado na colonização deste Brasil...
          Hoje a raça negra, em agradecimento às conquistas, oferece esse Ylê Saim à nação M a lê peia brava luta iniciada na Bahia em 1835 que ficou conhecida como "A revolta dos Males".
          Tudo começou com a revolta de 1500 negros que ensangüentaram as ruas de salvador, e a onda de choque espalhou-se pelo império. Era a raça negra que buscava a preço de sangue a sua liberdade. Este grande levante mostrou que os negros reunidos são fortes, resistentes e corajosos. O medo estava no ar e os fazendeiros já não dormiam tranquilos. A revolta durou alguns anos e os malês ocuparam fazendas, tomaram feitores como reféns e libertaram negros irmãos. Inspirado neste vultuoso evento surge um grande personagem: Manoel Congo. De profissão, ferreiro, de fé, esperança, idealismo e liderança. Deu continuidade na brava luta e negros fugiam da fazenda de Manuel Francisco Xavier, na região cafeicultora de Vassouras. Inicialmente 80 negros. Ocuparam então a fazenda Maravilha e lá libertaram mais escravos. Daí ocuparam outra fazenda em Avelar, da propriedade de Paulo gomes Ribeiro, armaram-se de armas e mantimentos e seguiram .. eram agora 400! Qual era o objetivo? Formar um quilombo? Era possível... O importante era ser livre. O movimento agora fortificado tinha um "Rei" : Manoel Congo e uma "Rainha" Mariana Crioula, a crioula de estimação de Dona Francisca Xavier. Seguiu-se a luta aos gritos de "Morrer sim, entregar não!"
          E este acaba sendo o desfecho da história. Em 1839, o corpo de Manoel Congo balança na forca montada na freguesia de Paty do Alferes e os demais foram condenados a "650 açoites a cada um, dados a 50 por dia, na forma da Lei" além de "3 anos com gonzo de ferro ao pescoço". Este foi o fim de uma batalha mais o início de uma grande luta para a libertação do povo negro.
          Salve, ó gloriosa Princesa Isabel, a redentora, libertadora que com a Lei Áurea nos presenteou. Meu coração explode dentro do peito e o grito de liberdade pela cidade ecoou.
          E hoje a raça negra se reúne pra contar esta história, enaltecer a nação Malê por ter liderado este levante que tantas conquistas trouxe para os negros de então.
          E entre choro e lamento, aplausos e conquistas, a nação da Mocidade independente de Inhaúma pede agô ao Pai Oxalá pra enaltecer este povo bravo na sua luta pela liberdade Ylê Saim, meu Pai, Ylê Saim à Nação Malê!

Roteiro de desfile:

  • Comissão de Frente: "Os guerreiros malês" - Em traje de gala, são os guerreiros africanos indo para a batalha pra defender sua nação e lutar pela liberdade negra.

  • Alegoria 1 (Abre-Alas): "A Nação malê no engenho do café"
    A alegoria é a representação do engenho cafeicultor. Sacas de café empilhadas formam uma espécie de "barricada" onde negros se protegem na batalha. Podemos ver também, animais de origem africana. Pés de café ladeiam a alegoria em alusão à economia da época. Ao fundo, a casa grande dominada pêlos escravos ladeada por palmeiras centenárias.
    Destaques centrais: o Sr. de engenho / Sr.a. de engenho
    Composições: Café - Riqueza do engenho
    Cana-de-Açúcar - Riqueza do engenho
    Negras libertas (10)
    Negros entrincheirados (10)

  • Ala 1: "O Café - A riqueza do engenho" - Representa a cultura do café, a riqueza da Bahia e a principal moeda do Império na ocasião da revolta.

  • Ala 2: "Os feitores" - Representa os feitores de engenho com sua chibata na mão.

  • Ala 3 : "Os escravos de dentro" - Representa os escravos que trabalhavam na casa grande.

  • Ala 4 : "O negro que sofre" - Representa o escravo sendo castigado com grilhões no pescoço, corrente nas mãos e nos pés.

  • Ala 5 : "Baianas - As mães de santo" - São as  iabás, zeladoras da causa  negra e dos orixás que vão incensando o caminho da libertação.

  • Ala 6 : "Bateria - Os guerreiros africanos" - Representa a conspiração dos negros com o planejamento da Revolta dos Malês.

  • Ala 7 : "Ala das crianças - A semente dos Malês" - Mãe África, a semente da liberdade foi plantada. Representa â esperança do negro livre desde seu nascimento em meio à Nação Malê.

  • Alegoria 2: "Ylê Saim: A coroação do Rei e da Rainha negra" - A alegoria é ladeada por oxalás que representam a crença da raça negra. É um terreiro de candomblé onde acontece o Ylê Saim aos Reis negros. Eles estão sendo coroados. Tem alguidás, despachos, tridentes, Máscaras e flechas, cachimbos e preto velho. Ao centro da alegoria, temos um "Gongá" onde figuram como destaques o Rei Manoel Congo e a rainha Mariana Crioula. A alegoria é repleta de Orixás, abençoando os negros e sua luta pela liberdade.
    Destaques centrais: Xangô, Nanã e Yemanjá
    Composições: Oxum, Yansã, Oxossi, Obaluaê, Oxumarê, Oxaguiã, Ogum, Exú, Pombo-Gira e Ossaim

  • 1° Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: O Rei Manoel Congo e a Rainha Mariana Crioula pedem passagem para a liberdade dos negros e em traje de gala recebem seus súditos negros que lutam nos campos de batalha.

  • Ala 8 : "O ferreiro" - Representa a profissão de Manoel Congo.

  • Ala 9 : "Até Allah Abençoou" - É uma homenagem aos muçulmanos com inscrições árabes que foram encontradas entre os Malês revoltados.

  • Ala 10: "Oxalá" - Representa o  rei dos Orixás  abençoando a causa negra em prol da. liberdade.

  • Ala 11 : "Morrer sim, entregar não!" - São escravos esfarrapados peia luta contra os senhores de engenho com suas armas de guerra e passos africanos.

  • Alegoria 3: "Mãos abençoadas - A liberdade chegou" - A liberdade conquistada é representada por um negro com as correntes rompidas. Cavalos alados compõe a parte alta do carro enaltecem a princesa libertadora. Rosas coloridas decoram toda a alegoria com véus esvoaçantes.
    Destaques centrais: A Lei que liberta
    Composições: Liberdade de culto, liberdade de expressão, mistura de raças, negros (10) e negras (10) livres

  • Ala 11 : "A liberdade" - O  Negro  livre   faz  suas  orações  ao   rei  sol.   Inspirada   nos pescadores baianos que foram precursores dá abolição da escravatura.

  • Ala 13 : ''Abençoada seja a Lei" - Representa a Lei Áurea que extinguiu a escravidão no Brasil.

  • Ala 14: Velha Guarda

  • Ala 15: Compositores

  • Ala 16: Departamento Feminino, Diretoria e Convidados

Fontes de Pesquisas:

  • LP.C.N. - Instituto de Pesquisa da Cultura Negra

  • Revista Veja

  • Biblioteca Nacional

 

SAMBA ENREDO                                                2003
Enredo     Ilê Saim à nação malê
Compositores     Samuel, Rocha e Sereno

Ao desfolhar a nossa história
O grito de um povo ecoou, ecoou
Dos grilhões e das senzalas
Um lamento de sofrimento e dor
Bahia, um cenário colonial, da coroa imperial
Onde os negros africanos conspiravam
Desafiando a fidalguia
Sonhavam com o raiar de um novo dia
Revoltados com a sorte
Eles lutaram até a morte
Ylê Saim à nação Malê

Brava atitude, com união
A negritude lutou com a opressão
Agô me pai, aos orixás, minha oração

Abalou, os pilares da nobreza
O sacrifício não foi em vão
Pra conquistar um ideal
Outros guerreiros surgirão
Salve o Rei! Manuel Congo
Crioula Mariana, ousadia e valentia
Indo em busca de um sonho
Mas a voz não se calou, hoje eu canto uma exaltação
Glórias a princesa que afinal, assinou a redenção

Sou livre, sou negro, sou raiz
Nessa folia sou um rei, estou feliz
Nas Asas da liberdade

Vou Voar com a Mocidade