FICHA TÉCNICA 2011

 

Carnavalesco     Edson Siqueira
Diretor de Carnaval     Neil de Paula
Diretor de Harmonia     Jorge Ferreira
Diretor de Evolução     Jorge Ferreira
Diretor de Bateria     Negueti e Luiz Cláudio (Dinho)
Puxador de Samba Enredo     Raphael Bart e Fabian Costa
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Bruno e Claudinha
Segundo Casal de M.S. e P. B.     Erick e Letícia
Resp. Comissão de Frente     Neil de Paula
Resp. Ala das Baianas     Jaciara Jesus Monteiro
Resp. Ala das Crianças     João Luiz de Araújo Perez
Resp. Galeria de Velha Guarda     Álvaro Albano

 

SINOPSE 2011

Nem só de prata, nem só de ouro. Inhaúma revela seu tesouro

Justificativa:

          No Carnaval de 2011, a Mocidade Independente de Inhaúma irá exaltar as jóias e pedras preciosas. Muitas vezes quando ouvimos falar delas não imaginamos a quantidade de histórias que existem por trás de cada pedra, e muitas curiosidades também.
          Além do ouro e da prata muito usados na confecção de jóias, há também o diamante e as pedras preciosas, chamadas gemas. As gemas, utilizadas como objetos de decoração, adornos pessoais e até mesmo como amuletos da sorte ou de magia, fascinam o homem desde seus primórdios, com seu brilho, sua cor, sua raridade e até mesmo aqueles mistérios que as envolvem quanto aos seus poderes esotéricos. O Brasil é considerado uma das maiores províncias geomológicas do mundo. No solo brasileiro estão presentes todos os tipos existentes na crosta terrestre. Água-marinha, Esmeralda, Topázio, Turmalina e Diamante são as pedras preciosas mais encontradas.
          Caminhando pela história, a Mocidade de Inhaúma descobre que em seu próprio solo existem jóias tão preciosas quanto as que brotam da terra: sua galeria de fundadores, sua velha-guarda e sua comunidade guerreira. A safira do samba revela que seu grande tesouro é a sua base humana, que sustenta a vitalidade dessa agremiação.

Sinopse:

          O fascínio do homem em usar adornos preciosos e "mágicos" vem dos tempos mais remotos. Os materiais considerados belos, fascinantes ou raros foram utilizados para produzir as primeiras jóias. Daí a origem da imagem de riqueza que se associa à própria imagem da jóia.
          Formadas há bilhões de anos, as pedras preciosas têm diferentes composições químicas, que determinam sua cor, densidade, clivagem e aspecto. Por sua extrema beleza, os povos da antiguidade achavam que as pedras preciosas tinham poderes ocultos, capazes de trazer sorte, curar ou simplesmente tornar uma pessoa mais bonita.
          Uma jóia era utilizada normalmente como enfeite, mas também havia uma íntima ligação com forças místicas. O homem primitivo produzia as suas peças de adorno quando as estrelas se alinhavam em posições que eles consideravam favoráveis. Surgiam assim os amuletos com poderes mágicos e protetores.
          Em algumas sociedades, aos caçadores mais valentes eram concedidos colares com dentes e garras de animais ferozes, isso lhes dava um símbolo de poder.
          A atração que o ouro exerce sobre o homem é antiga. As primeiras jóias em ouro datam de 3.500 a.C., descobertas na região da antiga cidade de UR fundada pelos sumérios no vale do Eufrates.
          Na história cristã, por ocasião do nascimento do menino Jesus, um dos três Reis Magos, o Melchior, levou de presente ao filho de Deus um metal precioso: o ouro.
          Os egípcios deixaram peças elaboradas, em formas de escorpiões, escaravelhos, serpentes, repletas de simbolismo e misticismo. Eles foram os primeiros a aplicar cores às jóias, tendo dominado as técnicas de engaste de pedras e a descoberta de um novo material produzido pelas mãos do homem, o vidro colorido.
          Outras civilizações figuram com igual importância no cenário da joalheria. Os artesãos minóicos produzindo com excepcional cuidado contas estampadas em finas lâminas de ouro. A Grécia, a princípio restringia suas criações a motivos geométricos. O contato com os fenícios resultou na fusão de conhecimentos e tendências, surgindo então peças com motivos naturalistas, temas da mitologia.
          A cultura celta presenteando-nos com peças intrigantes e "magnéticas", com um design de espirais e arcos concêntricos de linhas sinuosas, invocando misteriosas forças da natureza.
          Na história do Brasil, o ciclo do ouro, diamantes e pedras preciosas fez com que nosso país passasse a ter novas riquezas. Teve importância decisiva na ocupação da região de Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás e Planalto Baiano. A mineração tornou-se a mais importante atividade econômica do Brasil-Colônia no século XVIII.

As pedras na Magia:

          Através da História, as pedras preciosas têm sido usadas, não apenas por sua beleza ou raridade, mas também por seus poderes secretos. Durante séculos, elas foram usadas como auxiliares indispensáveis para o aprimoramento da vida espiritual, assim como para aumentar a percepção psíquica, para inspirar amor e como poderosos agentes de cura.

As pedras no Zodíaco:

          Assim como as flores, as pedras preciosas também são relacionadas aos meses do ano, relacionadas com os signos do zodíaco. Há, pelo menos, uma pedra para cada mês, e cada uma tem um significado especial.

A arte milenar da joalheria:

          O homem contemporâneo não poderia desapontar seus ancestrais na evolução dessa arte. Hoje conhecemos técnicas que nos possibilitam maior liberdade de criação, mas toda a tecnologia desenvolvida não vale muito sem mentes criativas e de bom gosto por trás de todo o maquinário. O século XXI conta com grandes designers dando personalidade, irreverência e estilo às peças de joalheria.
          O mercado joalheiro atual está ampliando seu público-alvo. Empresas que antes ofereciam jóias para encantar apenas os ricos, agora também tentam atingir a classe média disposta a adquirir peças cujo papel principal é a vaidade e o desejo de atrair atenção. Ao comprar uma peça de grife o consumidor da classe media busca distinção e recolocação de status na sociedade.
          Atualmente, no Brasil, o mercado de jóias e pedras preciosas movimenta cerca de US$ 4 bilhões ao ano, sendo 55% para o mercado interno e 45% para exportações, de acordo com o IBGM. O Rio de Janeiro, principal exportador de jóias do Brasil. Empresas locais tem grande influência no exterior, como H. Stern e Amsterdam Sauer.
          Segundo Carla Pinheiro, presidente da Associação dos Joalheiros e Relojoeiros do Estado do Rio de Janeiro, "O design das jóias tem feito realmente o diferencial. O Brasil tem conquistado prêmios internacionais todo ano. Isso traz mercado para o produto de maior valor agregado, e a gente passa a competir pela qualidade e criatividade."
          E em 2011, a Mocidade Independente de Inhaúma irá revelar todo esse tesouro, através do seu enredo, uma verdadeira filigrana, mostrando que o carnaval e as escolas de samba podem contribuir muito para o enriquecimento da cultura do povo, jóia rara desta nação, contando esta brilhante história, de valor inestimável.
          Abram alas! A Safira do samba vai passar!

Desenvolvimento:

          Desde a pré-história, o homem usa objetos como acessórios. Primeiramente, eram feitos de seixos e ossos e se revestiam de um significado rústico-religioso. Muitas vezes, serviam como talismã e eram usados por homens e mulheres.
          Alguns tipos de mensagens são transmitidas e podem variar entre sua própria constituição; funções práticas; modos de uso; valores estéticos; significados enquanto signos de uma gramática visual culturalmente estabelecida; significados ideológicos.
          Aos poucos, deixaram de ter um significado apenas simbólico e passaram a ser considerados enfeites. Assim chegou-se às chamadas jóias, que foram se aperfeiçoando até chagarem aos dias de hoje.
          Para alguns povos, em várias fases de nossa história, a importância disso era possuir algo incomum, um valor que significasse uma grande dificuldade de obtenção, uma pena de um pássaro raro ou até a orelha de um inimigo. Poderia tanto ver no adereço do Rei seu poder, em muito ouro ou pérolas, significar a conquista de outras terras, assim como o adereço do guerreiro significando sua história de coragem. A joalheria sempre acompanhou a nobreza, foi inacessível à plebe por milênios. Os egípcios, os romanos, a nobreza européia e até nos nossos dias.
          Desde antes de Cristo já existem registros históricos do seu uso e até mesmo os Reis Magos o presentearam, quando o visitaram na ocasião de seu nascimento. São muitos os registros e referências bíblicas sobre o seu uso.
          Desde a Antiguidade elas são cultuadas,desejadas e incansavelmente procuradas.eram usadas por reis e potentados,símbolo de riqueza e poder;eram selecionadas por seu valor simbólico;o diamante ,por ser indestrutível;a pérola,por sua pureza;o flamejante rubi,por ser ligado à justiça, o topázio,pela nobreza e esplendor;a ametista por ser a pedra da proteção e do poder espiritual,usada pelos príncipes da Igreja. Quem lhes outorgou esse valor? os sacerdotes,mágicos,sábios,adivinhos,ligados ao poder espiritual e conhecedores de todos os segredos.O esquema de classificação das pedras era ligado aos planetas,que as influenciava muito fortemente.
           No Egito Antigo,a esmeralda simbolizava a ressurreição;quem a usava teria uma encarnação favorável. A turquesa oferecia fertilidade perpétua;era a pedra favorita dos faraós,que usava nos seus amuletos e talismãs. Dizem que as Tábuas da Lei,que Moisés recebeu de Jeová,foi esculpida numa única ametista.Ametista vem do grego a-methyst,aquela que protege da embriaguez,seja dos sentidos ou provocada por bebidas.
          O homem conhece o diamante há milhares de anos. Uma das doze pedras preciosas que o Cohen Gadol (Sumo Sacerdote) usava o Choshen (Peitoral) do Efod (veste do Sumo Sacerdote), representando as doze tribos de Israel, era um diamante.
          O Báal Shem Tov, cujo aniversário é a 18 de Elul, declarou que todo judeu é um "diamante", porque possui as qualidades naturais daquela gema; é duro e determinado (um povo que não se dobra), e inconquistável na sua profunda crença interior no Todo Poderoso.
          Algumas das pedras preciosas e sua relação com a História:

  • Água Marinha: O azul da água marinha simboliza a felicidade e a juventude. Esta pedra parece ter capturado a cor do oceano e os poderes revigoradores da água. Segundo a lenda sua origem é a arca do tesouro das sereias e ganha poderes quando imersa em água que o sol bateu. A tradição diz que ela garante um casamento feliz e faz de seu proprietário uma pessoa rica. Considerada o talismã dos marinheiros, também atribui-se a essa gema o poder de estimular a atividade intelectual. É o símbolo do "terceiro olho" dos místicos. Segundo a lenda, foi criada quando o deus grego do vinho, Dionísio, ficou irado com os homens e jurou lançar tigres contra o primeiro ser humano que cruzasse a sua frente. Uma mulher chamada Ametista, que se dirigia ao templo da deusa grega Diana, surgiu e foi atacada pelos tigres. A deusa Diana teve piedade da mulher e transformou-a em cristal, para que ela não sentisse mais dor. Arrependido, Dionísio derramou vinho sobre o cristal, tornando-o violeta.

  • Ametista: Gema muito apreciada, a ametista era tida na antigüidade como um amuleto capaz de dar sorte, estabilidade e proteger contra feitiços. Foi considerada também a protetora da sedução. Já de acordo com a tradição bíblica, a tonalidade violeta profunda dessa gema representava a perfeição. Por milênios a ametista foi a pedra mais desejada por clérigos e lordes. A imperatriz russa, Catarina, a Grande, enviou centenas de mineradores aos Urais para procurarem ametista sob seu patrocínio.

  • Esmeralda: A mais valiosa de todas as gemas verdes, é a pedra perfeita para as pessoas ambiciosas e apaixonadas. A esmeralda tem sido usada como ornamento desde 4000 A.C. As primeiras pedras foram extraídas do deserto do Egito, perto do Mar Vermelho, no que era conhecido como as minas de Cleópatra. Desde a antiguidade ela é considerada a pedra preciosa da primavera, logo, em algumas culturas também a associavam à juventude. As múmias reais do Egito eram muitas vezes enterradas com um cetro adornado com esmeraldas, para garantir ao morto uma juventude eterna. Os povos medievais acreditavam que a esmeralda trazia felicidade no amor e harmonia no lar. É daí que vêm a tradição de dar uma aliança de esmeralda à esposa no primeiro aniversário de casamento. uma das pedras mais valiosas, junto com o diamante e o rubi.

  • Rubi: Foi a gema mais valiosa do mundo por centenas de anos. Simboliza poder, coragem e respeito. É a pedra da vida e um protetor do amor. Considerada a pedra da emoção e da paixão (devido a sua cor avermelhada, como o sangue), o rubi é uma gema do grupo do coríndon. Desde a antigüidade, simbolizava a liberdade, a caridade e o poder divino. Era tida como a gema que aprisionava o Sol. Na Índia antiga era considerado "o rei" das pedras preciosas, e acreditava-se que, sendo de boa qualidade, era capaz de proteger quem o usasse contra todos os infortúnios. É considerada a mais preciosa das doze pedras criadas por Deus, quando ele fez todas as coisas. E está escrito na Bíblia - "a sabedoria é mais valiosa, igualmente aos rubis".

  • Safira: O nome safira deriva do hebraico Sapphir que significa a coisa mais bela. Em grego, significa "azul". Símbolo da fidelidade, verdade, sinceridade e lealdade (e por isso mesmo muito usada em alianças), a safira carrega o 'azul dos deuses'. Não é por acaso que os Persas acreditavam que a Terra repousava sob uma enorme safira, cujos reflexos davam a cor azul ao céu. Dizem que a safira apareceu pela primeira vez na Arábia. Nero, o imperador de Roma, recebeu de Derniero, o rei da Arábia, vária safiras e uma carta que explicava o significado da pedra.

  • Topázio: De acordo com os gregos, o topázio era capaz de transmitir força a quem o usasse. Já na Idade Média, acreditava-se que ele protegia contra todos os males.

  • Jade: Era considerado pedra sagrada na China antiga e na civilização maia. Seu nome vem do espanhol piedra de ijada. Ijada significa "flanco" em espanhol, e era uma referência às propriedades curativas que o jade exerceria sobre os rins. É a pedra mais apreciada no oriente.

  • Pérola: é uma esfera brilhante produzida por ostras quando um corpo estranho, normalmente um grão de areia, penetra no interior da ostra e é envolvido por uma secreção da ostra. As pérolas podem ser prateadas, creme, douradas, verdes, azuis ou negras. O uso de pérolas é antiquíssimo, tendo sido registrado na antiga escritura hindu Rig Veda.

  • Turquesa: provavelmente o nome é uma referência aos turcos, que comerciavam a pedra na Europa. A turquesa era a pedra nacional da Pérsia, e até hoje o Irã produz os melhores exemplares. Os antigos egípcios extraíam turquesa na península do Sinai para confeccionar jóias.

  • Diamante: é a pedra mais dura da natureza. Um diamante só pode ser cortado por outro diamante. Por este motivo, é utilizado na indústria como material cortante e perfurante. A maior parte do diamante extraído da natureza, 80%, é utilizada na indústria. Apenas 20% é utilizada na confecção de jóias. Símbolo de riqueza, é a joia preferida para as alianças de noivado e casamento. Simbolicamente, significa a indestrutibilidade do amor.

As pedras na História brasileira

          Por ocasião da descoberta do Brasil, Pero Vaz de Caminha enviou uma carta ao Rei de Portugal, relatando tudo aquilo que viu por aqui, entre outras coisas, afirmou que dificilmente haveria nesta terra qualquer metal precioso. Escreveu ele: (...) Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos.(...)....Ledo engano. Nem tudo Caminha viu.
          Os Bandeirantes: O movimento dos bandeirantes, ou simplesmente bandeiras, foi um movimento iniciado em meados do século XVII. Os bandeirantes foram, praticamente, os desbravadores do Brasil. Bartolomeu Bueno da Silva, Antônio Raposo Tavares, Manuel de Borba Gato e Fernão Dias Pais são alguns dos mais famosos bandeirantes.
          No início do movimento, os bandeirantes adentravam o país em busca de índios para serem escravizados. Depois que a escravidão de índios deixou de ser usual, ele passaram a procurar no interior do país metais preciosos. Foi aí que o ouro foi descoberto em Cuiabá e também em Minas Gerais. Goiás também teve suas cidades mineradoras como a antiga Vila Boa – atual Cidade de Goiás – e Pirenópolis. Os bandeirantes também capturavam escravos fugitivos que se embrenhavam dentro de matas para formar quilombos. O Quilombo dos Palmares, por exemplo, foi destruído por um grupo de bandeirantes.
          Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhangüera, foi o pioneiro na exploração dos sertões de Goiás. Seu filho de apenas 12 anos, também chamado Bartolomeu Bueno, participou de sua primeira expedição, em 1682. O Anhangüera ficou conhecido assim porque colocou fogo em aguardente e disse aos índios Goiases que era água. Os índios passaram a chamá-lo a partir de então de Anhangüera, que significa “Diabo Velho”.
          Fernão Dias Pais, conhecido como “caçador de esmeraldas”, ganhou do governador-geral do Brasil, Afonso Furtado, o direito de liderar uma expedição em busca de pedras preciosas, isso entre 1674 a 1681. Apesar disso, Ironicamente, Fernão vagou por anos pelo interior do Brasil à procura de esmeraldas, mas nunca as encontrou. Ao morrer, pensou as ter encontrado, mas, após sua morte, comprovou-se que as pedras verdes supostamente esmeraldas eram na verdade turmalinas.
          As descobertas de ouro e pedras preciosas no Brasil tornaram-se as mais importantes do Novo Mundo colonial. A corrida por minerais preciosos resultava na falta de gente para plantar e colher nas fazendas. Calcula-se que, ao longo de cem anos, foram garimpados dois milhões de quilos de ouro no país, e cerca de 2,4 milhões de quilates de diamante foram extraídos das rochas. Pelo menos 615 toneladas de ouro chegaram a Portugal até 1822. Toda essa fortuna não foi reinvestida no Brasil, nem em Portugal: passou para a Inglaterra, que vinha colhendo os frutos de sua Revolução Industrial.
          Em Minas Gerais, os índios botocudos guiaram os primeiros exploradores pela região, em busca de ouro. Minas ainda não tinha revelado todo o seu fascinante mundo dourado quando, em 1714, pequeninas pedras brilhantes foram encontradas no Arraial do Tijuco. Preciosas e raras. O diamante até então só era encontrado nas Índias. Dá para compreender o rebuliço que a descoberta não causou na época.
          De distante povoado o Arraial do Tijuco passou a centro do Distrito Diamantino (1730). Isso quer dizer que era governado sob um regime especial e isolado do restante das Minas Gerais. A Coroa portuguesa resolveu agir. Extinguiu a livre extração em 1740. Nasce a figura do contratador, a quem a realeza concedia o direito de explorar as lavras. Estes poucos homens tinham um enorme poder e influência; determinavam o ritmo de vida na região, da contratação de escravos ao mero posicionamento da torre de uma igreja.
          Estava montado o cenário para um dos mais lendários romances de Minas Gerais. Chica da Silva, dizem, era uma negra muito bonita, que fascinou o homem mais rico do Arraial do Tijuco, o comerciante de diamantes João Fernandes de Oliveira. Havia quem falasse que tinha fortuna maior que a do rei de Portugal. "A escrava que se fez rainha": assim ficou impregnada a imagem de Chica no imaginário popular.
          Pedras preciosas, junto com o ouro, deixavam os portos do Rio de Janeiro. Os navios vinham de Portugal carregados com pedras comuns, que serviam como lastro. Voltavam com ouro e diamantes. Ficavam as pedras comuns como pagamento.
          Ao contrário do Ciclo do Ouro, que declinou no final do séc. XVIII, o Ciclo do Diamante manteve sua exuberância por mais tempo. Ainda em 1831, ano em que o arraial passou a se chamar Vila Diamantina, a extração e comércio de diamante originava grandes riquezas.
          As Pedras na Magia e na Religião:

          Através da História, as pedras preciosas têm sido usadas, não apenas por sua beleza ou raridade, mas também por seus poderes secretos. Durante séculos, elas foram usadas como auxiliares indispensáveis para o aprimoramento da vida espiritual, assim como para aumentar a percepção psíquica, para inspirar amor e como poderosos agentes de cura.

          As pedras preciosas podem ser de grande auxílio na vida espiritual. Seus raios são puros e diretos. Todas as pedras possuem uma analogia com alguma parte da psique humana, o pensamento, o sentimento e a vontade.
          Os altares medievais eram ornamentados com sete tipos principais de pedras, sendo cada uma delas posicionadas em um lugar específico. A simbologia nela contida representava as sete virtudes do Espírito Santo. As pedras preciosas foram colocadas nas igrejas através dos tempos, não só como ornamentos, mas devido às suas radiações. As doze divindades principais da maioria das nações da antiguidade eram os doze espíritos planetários cujas vibrações se encontravam em determinadas cores e em certas gemas. Assim todas as doze pedras foram representadas, inclusive as pedras para o Sol e a Lua, bem como para um grande número de divindades menores.
          Os templos e palácios dos astecas, no México, eram ornados com gemas, principalmente de Rubis, Topázios e Esmeraldas.

As pedras no Zodíaco

          Assim como as flores, as pedras preciosas também são relacionadas aos meses do ano, relacionadas com os signos do zodíaco. Há, pelo menos, uma pedra para cada mês, e cada uma tem um significado especial.
          As pedras preciosas possuem uma vibração energética muito grande. Essa vibração é emitida pelo seu campo magnético é diferente a cada tipo de pedra. Os povos antigos já sabiam do seu poder, sendo utilizadas pela medicina Ayurveda em pó, infusões ou imersas em água, e eram utilizadas por monges dominicanos.
          O poder energético das pedras recebe influência direta dos planetas e se estende ao zodíaco. E é aí que surge o poder das pedras nos signos solares.
          As pedras para o signo de Áries são o jaspe e o rubi, mas também pode ser o cristal de rocha que tem um poder calmante. Segundo os antigos, o jaspe é uma pedra útil para doenças do fígado e pulmões, por isso levavam a pedra no dedo polegar. Já para os do signo de Touro as pedras da sorte são a esmeralda e a aventurina, esta que parece ser uma aliada contra patologias da garganta e as vias respiratórias. A pedra de Gêmeos é a ágata que ajuda a trazer bem estar no comércio, no trabalho, no jornalismo e na comunicação em geral.
          O amuleto de câncer são as pedras opala, pedra da lua, o cristal de rocha e também a pérola. Os países de religião islâmica acreditam que o cristal ajuda na cura de cólicas renais, na obesidade e também ajuda a aumentar o bom humor. As pedras de leão são o topázio, o âmbar amarelo, o olho de tigre e o crisoberilo. A de virgem é o quartzo rosa. Segundo as crenças, essa pedra ajuda em dificuldades na área afetiva e em problemas familiares. Os amuletos do signo de libra são o peridoto, a aventurina e a jade. A de escorpião é o jaspe. A de sagitário é a ametista, de capricórnio são todas as derivadas do ferro, mas também a turmalina negra. As de aquário são a opala irisado, o olho de gato e os lápis-lazúlis, que é uma pedra azul com vetas brancas. E por ultimo as pedras amuleto de peixes, que são duas, a água marina e a ametista.

A arte milenar da joalheria

          Os diversos tipos de gemas que fascinam nossos olhos, foram durante muito tempo símbolo de posição social. As jóias com gemas (pedras) são adquiridas, de maneira crescente, por prazer, em apreciação a sua beleza. Ainda hoje, o amor por uma pedra especial influi na sua aquisição.
          Jóias e moda, magia e beleza, sempre estiveram intrinsecamente ligadas na mente humana. Usadas por milênios como amuletos de proteção e talismãs, as jóias combinadas com a moda possuíam um papel fundamental, tal e qual nos dias de hoje, entre os povos civilizados e mesmo proto-civilizados. Desde as pedras gravadas com sinais misteriosos e mágicos até as peças atuais, com o único intuito de enfatizar a beleza, a importância das jóias como um complemento da moda não diminuiu em nada em milhares de anos.
          Através dos tempos, foram diversas as fontes de inspiração na composição estética de jóias, expressando sempre os ideais e os anseios da sociedade correspondente. A joalheria, uma das mais tradicionais artes decorativas, se destaca pela utilização de metais e pedras preciosas, cuja beleza e durabilidade, aliadas ao enorme simbolismo que carregam, sempre exerceram, desde a Antiguidade, um enorme fascínio sobre os homens.
          No delicado trabalho de filigrana, os ourives portugueses foram os melhores. Os motivos mais utilizados eram os desenhos da natureza do Novo Mundo, sobretudo pássaros e flores esculpidos em ouro e cravejados de pedras preciosas. No fim do Setecentos, a joalheria se sobressaiu por meio da criação de peças esplendorosas para a corte francesa de Napoleão I que se tornaram referência de luxo e riqueza para as demais sociedades.
          O incremento da utilização do ouro e de diamantes, além de rubis, esmeraldas e safiras, na produção de jóias refinadas ocorreu, sobretudo, a partir do século XVIII, com a descoberta das minas de metais e de pedras preciosas no Brasil. Desde então, a ourivesaria se firmou cada vez mais, atingindo alto grau de esplendor e disseminando, entre a nobreza européia e as camadas mais abastadas da população, o uso de jóias como forma de ostentação pública de riqueza e poder.
          A lapidação das pedras é muito antiga. É provável que os fenícios a tenham aprendido dos assírios. A lapidação de pedras preciosas sempre foi um privilégio de mestres lapidários, guardiões dos segredos da fantástica arte do facetamento e polimento manual de gemas.
          Cada vez que se faz uso consciente de um acessório, enfeite ou jóia, feito com pedras preciosas que contém todo o potencial das forças mágicas milenares, pode-se transformar essa energia em mais uma ferramenta para o trabalho de construção de um futuro bem sucedido. Desde tempos imemoriais o homem vem usando cores e formas em uma tentativa de controlar seu destino e influenciar a sorte. No decorrer dos anos esse esforço foi se consolidando e tornando-se mais sofisticado sem porém, perder a importância. Nessa época cibernética muito pouco desse conhecimento foi preservado porém o hábito persiste sem que se tenha consciência disso.
          O mercado joalheiro atual está ampliando seu público-alvo. Empresas que antes ofereciam jóias para encantar apenas os ricos, agora também tentam atingir a classe média disposta a adquirir peças cujo papel principal é a vaidade e o desejo de atrair atenção. Ao comprar uma peça de grife o consumidor da classe media busca distinção e recolocação de status na sociedade.
          Atualmente, no Brasil, o mercado de jóias e pedras preciosas movimenta cerca de US$ 4 bilhões ao ano, sendo 55% para o mercado interno e 45% para exportações, de acordo com o IBGM. O Rio de Janeiro, principal exportador de jóias do Brasil. Empresas locais tem grande influência no exterior, como H. Stern e Amsterdam Sauer.
          Segundo Carla Pinheiro, presidente da Associação dos Joalheiros e Relojoeiros do Estado do Rio de Janeiro, “O design das jóias tem feito realmente o diferencial. O Brasil tem conquistado prêmios internacionais todo ano. Isso traz mercado para o produto de maior valor agregado, e a gente passa a competir pela qualidade e criatividade.”
          E em 2011, a Mocidade Independente de Inhaúma irá revelar todo esse tesouro, através do seu enredo, uma verdadeira filigrana, mostrando que o carnaval e as escolas de samba podem contribuir muito para o enriquecimento da cultura do povo, jóia rara desta nação, contando esta brilhante história, de valor inestimável.
          Abram alas! A Safira do samba vai passar! Salve nossa velha-guarda, nossa galeria de fundadores e nossa comunidade aguerrida!!

Edson Siqueira

Bibliografia:

  • Gemas do Mundo – autor: Walter Schumman - Ed. Disal

  • Guia dos Minerais – autor: Walter Schumman – Ed. Disal

  • Minerais e Pedras preciosas do Brasil – autores: Carlos Cornejo e Andrea Bartorelli – Ed. Paulista

  • A Magia das Pedras Preciosas – autor: Mellie Uyldert – Ed. Pensamento

Roteiro do desfile:

Nome da Fantasia

Nome da ala

Descrição

Responsável pela ala

1° Setor: As pedras nas Antigas Civilizações

Comissão de Frente: Mago Melchior
          Na história cristã, por ocasião do nascimento do menino Jesus, um dos três Reis Magos, o Melchior, levou de presente ao filho de Deus um metal precioso: o ouro.

1

Homem Primitivo

Ala da escola

Desde a pré-história, o homem usa objetos como acessórios. Primeiramente, eram feitos de seixos e ossos e se revestiam de um significado rústico-religioso.

Escola

2

Egípcios

Ala da escola

Os egípcios deixaram peças elaboradas, em formas de escorpiões, escaravelhos, serpentes, repletas de simbolismo e misticismo. Eles foram os primeiros a aplicar cores às jóias.

 

3

Gregos

Ala da escola

A Grécia, a princípio restringia suas criações a motivos geométricos.  

4

Príncipes e princesas

Ala da escola

A joalheria sempre acompanhou a nobreza, foi inacessível à plebe por milênios.  

5

Persas

Ala da escola

A lapidação das pedras é muito antiga. É provável que os fenícios a tenham aprendido dos Persas. A turquesa era a pedra nacional da Pérsia  

6

Mascates

  A mascateação se tornou uma marca registrada do povo árabe.  
2° Setor: As pedras na história brasileira

7

Pero Vaz...nem tudo Caminha viu. Ou viu?

  Pero Vaz de Caminha enviou uma carta ao Rei de Portugal, relatando tudo aquilo que viu por aqui, entre outras coisas, afirmou que dificilmente haveria nesta terra qualquer metal precioso. Ledo engano. Logo vieram os olhos da cobiça portuguesa e inglesa e levaram quase tudo...  

8

Índios Botocudos

  Em Minas Gerais, os índios botocudos guiaram os primeiros exploradores pela região.  

1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Esmeraldas
          A mais preciosa das gemas verdes, procuradas por anos pelos Bandeirantes brasileiros.

Rainha da Bateria: Alessandra

9

Caçadores de esmeraldas

Bateria

Fernão Dias Pais, conhecido como “caçador de esmeraldas” vagou por anos pelo interior do Brasil à procura de esmeraldas, mas nunca as encontrou. Ao morrer, pensou as ter encontrado, mas, após sua morte, comprovou-se que as pedras verdes supostamente esmeraldas eram na verdade turmalinas.

Presidente da Ala da bateria: Dinho
Diretores: Negueti e Luiz Claudio

10

A Corte

Passistas

Minas ainda não tinha revelado todo o seu fascinante mundo dourado quando, em 1714, pequeninas pedras brilhantes foram encontradas no Arraial do Tijuco. Preciosas e raras. O diamante até então só era encontrado nas Índias. Dá para compreender o rebuliço que a descoberta não causou na época.

 

2º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Chica da Silva e o contratador de diamantes
          Chica da Silva, dizem, era uma negra muito bonita, que fascinou o homem mais rico do Arraial do Tijuco, o comerciante de diamantes João Fernandes de Oliveira. Havia quem falasse que tinha fortuna maior que a do rei de Portugal. "A escrava que se fez rainha": assim ficou impregnada a imagem de Chica no imaginário popular.

3° Setor: Gemas cobiçadas

11

Diamantes

 

Símbolo de riqueza, o diamante é considerado a pedra mais valiosa do mundo.

 

12

Rubis

 

Simboliza poder, coragem e respeito. É a pedra da vida e um protetor do amor e da paixão.

 

13

Pérolas e Águas Marinhas

 

O azul da água marinha simboliza a felicidade e a juventude. Esta pedra parece ter capturado a cor do oceano e os poderes revigoradores da água. As pérolas são esferas brilhantes produzidas por ostras, cujo uso é antiquíssimo e representam a pureza.

 
4° Setor: As pedras e a Magia

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A dança do Zodíaco

Baianas

Assim como as flores, as pedras preciosas também são relacionadas aos meses do ano, relacionadas com os signos do zodíaco. Há, pelo menos, uma pedra para cada mês, e cada uma tem um significado especial. Jaciara Jesus Monteiro

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Astecas

  Os templos e palácios dos astecas, no México, eram ornados com gemas, principalmente de Rubis, Topázios e Esmeraldas.  
5° Setor: Lapidando a beleza

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Garimpeiros

Crianças

As pedras extraídas pelos garimpeiros são brutas e precisam ser lapidadas. Assim como as crianças, para que possam ser adultos preciosos.

João Luiz de Araújo Perez

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Jóias lapidadas e cobiçadas

 

O mercado joalheiro atual está ampliando seu público-alvo. Empresas que antes ofereciam jóias para encantar apenas os ricos, agora também tentam atingir a classe média disposta a adquirir peças cujo papel principal é a vaidade e o desejo de atrair atenção. Ao comprar uma peça de grife o consumidor da classe media busca distinção e recolocação de status na sociedade.

 
6° Setor: A Safira do Samba e suas jóias raras

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Safira do Samba

Velha Guarda

A nobreza da Safira do Samba Álvaro Albano

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Compositores

   

 

SAMBA ENREDO                                                2011
Enredo     Nem só de prata, nem só de ouro. Inhaúma revela seu tesouro
Compositores     Sandrinho do Beco, Geléia, Malk, Miguelzinho PQD e Piu das Casinhas
Chegou a hora!
Meu diamante azul e branco vai passar.
Eu vejo um brilho em seu olhar.
Será rubi ou ametista a me guardar?

Oh, quanto esplendor!
Lá no Egito tem mistérios a desvendar.
São Faraós banhados em ouro
Nas esfinges o tesouro
Transmito a força, protesto o mal
O meu azul é divinal

Os bandeirantes partiram
Pro Eldorado encontrar
“Diabo Velho” é caçador
Fernão Dias com as pedras se enganou

Minas de Minas Gerais
Onde tudo começou
Foram guiados pelos índios
Explorando nosso solo colossal
No Reino Zodiacal
Cada pedra tem um destino a lhe guardar
Lapidadas com amor e sutileza
Vejam só quanta beleza
A Safira do samba vai passar!

A luz vai brilhar, eu sei!
O show vai continuar
Nem só de prata, nem só de ouro
Inhaúma hoje revela seu tesouro.