Ilu Ayê
Prefácio:
Há
nomes que extravasam a individualidade para adquirirem significado
mais amplo. Muitas vezes até se tornam legendas símbolos, Natalino
José do Nascimento, o Natal é um deles, Quem não conhece? O velho
Natal é muito mais que a sua própria pessoa. Ele é a Portela.
E mais que a Portela, as Escolas de Samba. Não há, atualmente, figura de maior grandiosidade no mundo do samba
que seu Natal, como carinhosamente os sambistas o chamam Ao Natal,
nossos respeitos, nossa gratidão, nossos reconhecimentos, pelo muito
que ele representa, não só para a Portela, nossa Escola, como
para todas as Escolas de Samba.
“Não foram só as religiões e cultos negros que sobreviveram no Brasil.
As suas instituições sociais, os seus hábitos e costumes, as peripécias
da sua vida no Continente Negro, os seus autos de caça, de guerra,
de amor -tudo isso tornou-se sobrevivência folclórica, no Novo Mundo.” (O Negro na Civilização Brasileira – Arthur Ramos)
“Não resta duvida que o Brasil é uma das nações do Novo Mundo que
tem sido mais influenciadas pela penetração do Negro”. (Richard Pattee)
“Encarar o Negro como um ser vivo, atuante, brasileiro, em todos os
aspectos do seu comportamento na sociedade. Ou seja, não apenas o
legado da África, mas a contribuição que o Negro deu ao passado e
esta dando no presente à conformação da nacionalidade, a aceitação
dos valores sociais que identificam o nosso povo.” (Ladinos e Crioulos – Edson Carneiro)
“O negro não é só uma máquina econômica: ele é, antes de tudo, é mal
grado sua ignorância, um objeto de ciência.” (Sylvio Romero)
“E o folclore negro continua a espera de seu interprete.” (Edson Carneiro)
Introdução:
Este
enredo é uma introdução a um estudo vasto e complexo: o Negro na Civilização
Brasileira. Com isto a Portela presta uma homenagem a bravura,
à coragem, à inteligência, a alegria do Negro brasileiro. Tanto quanto possível não nos fixaremos neste ou naquela episódio. Queremos
mostrar o todo. O imenso rio no qual o Negro africano desembocou em
nosso País. “Não nos aproximamos sequer das margens do grande rio de alegria e de
beleza que o escravo, com sangue e suor fez surgir nos cenários seus
sofrimentos. Mas o rio corre e, um dia, se misturará definitivamente a todas as águas
que formam a nacionalidade brasileira. Se não o explorarmos, se não
utilizarmos a sua energia, se não navegarmos em todo o seu curso, tanto
pior para nós.” A
Portela apresenta o Negro Brasileiro: sua face alegre
e descontraída, sua potencialidade e sua arte.
Sinopse:
Parte 1: África Distante
Ninguém sabe exatamente em que ano foram introduzidos os primeiros escravos
no Brasil. Sabe-se, contudo, que os primitivos engenhos de cana de açúcar
da Capitania de São Vicente, isto em torno de 1531, possuíam trabalhando
negros africanos. Mas foi em 1538 que veio da Guiné a primeira remessa
direta de Negros Escravos, num navio pertencente a Jorge Lopes Bixorda,
arrendário da Colônia. Por todos os sécu1os XVI, XVII e XVIII os Negros Africanos entraram
no Brasil. A escravidão, não só dos Mouros, mas dos Negros
em geral, estava sancionada na Metrópole, em leis especiais das Ordenações
Afonsinas (Século XVI), Manuelinas (começo do século XVI) e Felipina
(1603).
Procedência dos Negros Africanos
Dizer simplesmente da
África é vago. Sabemos o quanto é extenso
continente africano E quão inúmeras são as tribos, as raças africanas.
Mas para o branco senhor, não havia povos diversos, mas tão somente
Negros Escravos. E o que eles viam nos escravos era a saúde,
o vigor físico, Daí terem sido falhos os estudos de identificação da
procedência dos escravos. Entretanto, podemos dizer que os Negros provinham de uma zona mais ou
menos continua que se estendia do Golfo da Guiné até o Sudão e, descendo
para o Rio Congo, continuava para o leste ate as praias do Oceano Índico,
na chamada Contra-Costa. No começo do tráfico o maior número de escravos importados era de Angola,
do Congo e da Guiné. Quando se iniciou o tráfico na Bahia, a procedência
dominante era da Guiné e do Sudão Ocidental. Foi grande o numero de
Negros Nagôs (Iorubás), Minas (da Costa do Ouro), Gêges (daomeanos)
e Negros Maometanos, como haussás, tapas, mandingas, fulalis...
“Muitas tribos desapareceram sem deixar traço: rebolos, grúncis, caçanjis,
tapas, muxicongos, enquanto outras nos legaram apenas os gentílicos
já em acepções novas: mandiga, fulas, moçambique, banguela.
Os Nagôs e os Gêges, povos vizinhos da África, impuseram a.toda a massa
escrava a sua religião, que atualmente constitui o cerne dos cultos
populares brasileiros – candomblés, macumbas, xangôs, batuques.
Os angolenses em geral – e não uma tribo qualquer da Angola –nos brindaram
com a “capoeira”, a “pernada” e o “samba de roda”, jogos os dois primeiros,
o ultimo uma dança aberta a quem dela queira participar.
Os negros haussas, muçulmanos, que só por pouco tempo foram trazidos
para o Brasil, introduziram um tipo de culto especial, de orientação
maometana (male) já desaparecido e deixaram na Bahia uma maneira de
preparar arroz, arroz d’haussa, antes de atrair impiedosa reação policial
com as insurreições que naquela cidade provocaram.
Aos negros da Costa da Mina, em geral – depois que os traficantes aclimataram
ao Brasil o dendê e o quiabo – devem- se as iguarias chamadas baianas:
caruru, vatapá, efó, acarajé, abará, o arroz de cuxá do Maranhão e o
traje típico da baiana. Coube aos negros de angola contribuir para o maior numero de nomes de
lugares. No que se refere à totalidade de escravos, porém, a escravidão
preparou, irrecorrivelmente a sua maior realização.
ilu ayê, ilu ayê odara negro cantava na nação nagô depois chorou lamento de senzala tão longe estava de sua ilu ayê
ilu ayê e
odara são termos Nagôs. Ilu ayê é quase uma evocação. É a saudade da
África distante
a “terra da vida”. É aquela gente boa, aqui transplantada, era chamada
odara. (odara quer dizer: gente boa).
Os negros aqui aportados cantavam cantos de lamentos evocando a terra
distante – a sua Ilu Ayê. E foi grande o numero de negros aqui chegados. Quase incalculável. Oscilam
as avaliações entre 4 milhões e 15 a 18 milhões para o numero de es
cravos entrados no Brasil em quatro séculos. Aos poucos os negros foram se integrando. O negro foi se incorporando. De acordo com o interesse econômico nacional o negro galgou a sua acepção
social. No principio a extração do pau-brasil. A seguir, para as minas,
para as lavouras do algodão e do café. E sempre que a decadência se pronunciou na principal exploração econômica,
no açúcar, nas minas, nas lavouras do sul, o escravo teve mais lazer
e o senhor se viu obrigado a retirá-lo do campo, seja para serviços
domésticos, seja para transformá-lo em negro de aluguel ou em negro
de ganho até alforriá-lo de vez. Em suma, o rendimento menor da exploração
econômica trouxe o negro do campo para a cidade e cada vez urbanizou
maior numero de escravos. A integração do negro, foi dolorida, penosa. A princípio, quando de seus lamentos, os negros se referiam a
África
distante como se tivesse perdido para sempre a sua Ilu ayê. Porém,
ao longo do tempo foi ganhando amor à terra como a sua nova Ilu ayê.
Parte 2: Aculturação
Os maiores mercados de escravos se localizavam na Bahia, em Pernambuco,
no Maranhão e no Rio de Janeiro. Lá eram os escravos desembarcados nus
ou quase nus e distribuídos no trabalho. A seleção era feita de acordo
com a raça, a idade e o grau de resistência física. Os melhores negros, sudaneses aristocratas, ficaram na Bahia. Os Congos
e Minas espalharam-se pelos trabalhos de cana de açúcar, no Nordeste
do Café no Estado do Rio e São Paulo. Mais tarde, no século XVIII os
trabalhos das minas atraíram a grande massa de congos e angolanos que
se espalharam pelo Vale do Rio das Mortes. Os negros mais dóceis, as mulheres Minas e Gêges, foram aproveitadas
no serviço doméstico. Eschwege escreveu: “até agora o escravo tem sido pau de toda a obra:
lavrador, fabricante de açúcar e aguardente, animal de transporte, máquina
de britagem e de pulverização, cozinheiro, pajem, palafreneiro, sapateiro,
alfaiate, correio e carregador. É o único bem do homem livre, a cujas
necessidades ele provê. Sem seu auxílio o branco poderia considerar-se
pobre, mesmo que suas arcas regurgitassem de ouro. Com efeito, as terras
permaneceriam incultas e a mineração desapareceria, caso não existisse
o escravo que fizesse todos esses serviços. É ele quem cuidava da própria
alimentação do senhor, que, se assim não fosse, teria de viver miseravelmente,
ou de emigrar para outras terras, onde seu ouro tivesse alguma serventia”.
Poderia parecer exagero o trecho que transcrevemos. Mas não é. Aculturando-se
o negro construiu a Grandeza do Brasil.
Quando a febre de ouro, no trabalho de mineração o negro foi tudo. Os
brancos nada sabiam e se limitavam a vigiar. Escreveu ainda o barão
de Eschwege em 1933: “durante anos, a experiência e habilidade do negro
foram o único guia, sendo rejeitado tudo que não concordava com isto”.
Escreveu Edson Carneiro: “os brancos, sumidos na mais completa ignorância,
nem mesmo reconheceram, nas pedras com que marcavam os seus jogos familiares,
os diamantes que mais tarde os iriam enriquecer”. Ladinos os negros, muitos, conseguiram se aproveitar do esplendor da
mineração, para comprarem suas próprias liberdades.
A cana de açúcar, explorada em quase todo litoral e, especialmente no
nordeste, deu a uma pequena fração da escravaria os negros de
ofício, necessários à fabricação do açúcar e os serviços auxiliares
dos engenhos certo grau limitado de especialização. Os escravos da cidade,
parcialmente saídos das fileiras dos negros do ofício e dos escravos
domésticos, tiveram oportunidades desiguais de ascensão, dependente
da época e do lugar. Mas foi no trabalho de mineração que os escravos tiveram maior oportunidade
de ascensão social. O trabalho das minas formou especialistas, transformou o escravo, por
definição a mão de obra desqualificada, em minerador e, em proporção
menor, em comerciante. Ainda com relação à mineração, que nos consideramos um dos mais importantes
estágios no desenvolvimento do Brasil, lembramos que Minas Gerais, antes
subordinadas a São Paulo passou a constituir uma capitania (1722). A
população nacional, mais densa no norte antes das descobertas, concentrou-
se, preponderantemente no sul. A riqueza das minas deslocou o centro
administrativo da colônia, da Bahia para o Rio de Janeiro e elevou o
país a Vice-reino. Dizia ainda Edson Carneiro, com relação a este período: “o negro não
era apenas o minerador - Era o taverneiro, o comerciante de gêneros
alimentícios e, até o proprietário de escravos. Nas catas, empalmava
diamantes, engolindo-os, ocultando-os na boca, nos dedos dos pés, no
anus ou escondia o ouro na carapinha, com o que pagava a sua liberdade
e das mulheres e amigos. Taverneiros ou vendedores de gêneros ou de
guloseimas, servia de elementos de ligação entre os contrabandistas.
Antonia escrevia: “a mineração do ouro e do diamante foi certamente
a maior aventura coletiva do Brasil. Das cidades, vilas, recôncavos
e sertões do Brasil vão brancos, pardos e pretos...”
Na área do ouro as cantigas de trabalho tinham um nome próprio:
Vissungo. Quando se encerrou o ciclo da mineração o saldo foi bastante positivo:
tão geral foi a ascensão social do negro em Minas Gerais que a passagem
de escravo a cidadão se operou suavemente, sem choques nem episódios
marcantes. O povo habituara-se a valorizar os escravos e aceitá-los
na sociedade Ruth Landes situa bem o papel da negra durante a escravidão: dizia ela
que a negra fora, sem dúvidas o esteio econômico e emocional da família.
Enquanto o negro, no campo, na mineração e na vida urbana, estava sujeito
à tirania, a negra - a permanência e a reprodução da gente de cor –
se fixava, angariando simpatias, na casa do senhor. E despertando desejo.
Foi a miscigenação.
Essa Negra Fulô (Jorge de Lima)
Ora se deu que chegou (isso já faz muito tempo) no banquê dum meu avô uma negra bonitinha chamada negra fulô
essa negra fulô! essa negra fulô!
“Na cidade, nos serviços de ganho, ele desempenha qualquer trabalho.
Vemo-lo, por exemplo, a conduzir carroças, a transportar fardos, a varrer
lojas e ruas. Depois de libertos é que as suas aptidões se revelaram
melhor. Como ganhadores, nos trabalhos da cidade, eles se reuniam em
lugares especiais, o canto, e esperavam que fossem chamados para a condução
de volumes: cadeirinhas, pipas de vinhos, pianos e etc.”
Nos famosos cantos eles (os negros) demonstravam toas as suas aptidões. Assim escreve Manuel Querino: ficavam eles sentados em tripeças a conversar
até serem chamados para o desempenho de qualquer daqueles misteres (conduzir
cadeiras, pipas e etc...) Aí também se incumbiam eles de outros trabalhos:
preparavam rosários de coquilhos com borda de retrós de cores, pulseiras
de ouro, enfeitadas de búzios e outras de marroquim oleado: fabricavam
correntes de arame para prender papagaios, esteiras e chapéus de palha
de ouricori e bem assim vassouras de piaçavas; lavavam chapéus de chile
e de outra palha qualquer e consertavam chapéus de sol. Uma vez ou outra aparecia nos cantos o cabeleireiro ambulante que, não
só raspava a cabeça com também escanhoava o rosto dos parceiros. Nas horas de descanso entretinham-se a jogar o
A-i-ú. Cada canto era dirigido por um chefe que apelidavam de capitão, restringindo
suas funções a contratar e dirigir os serviços e a receber salários.
O Capitão do Mato
O Capitão-do-Mato sempre à cata dos negros que se evadiram das torturas
e dos maus tratos. A figura odienta, do aventureiro e Nômade capitão
do mato inspirava horror e nojo. O Capitão-do-Mato tinha a função de caçar os negros fugidos. O Banzo: o banzo e um estado psicológico que cometeu o negro no novo
mundo: é uma doença de tristeza, de nostalgia, uma espécie de suicídio
lento.
“No período da escravidão os sofrimentos e os castigos não lhes permitiam
quase nenhuma atividade espontânea.”
Entretanto nos escassos momentos de descanso os negros davam expansão
à sua capacidade criadora. Uma das primeiras conquistas do Negro foi
o direito de dançar (sambar). Existia, inclusive o dia de sambar,
que era o dia de descanso. Os negros viviam em habitações coletivas, a
senzala, construídas
nos fundos da casa grande.
Roda de Samba
é samba, é batuque, é reza é dança, é ladainha negro joga capoeira e faz louvação à rainha
Sob uma aparência angelical, as rodas de samba surgiam como simples
diversão dos escravos, florescendo nos campos nas fazendas e nos lugarejos
do interior. Tornando nomes regionais, nos vários estados do Brasil, amalgamando-se
com outras danças de origem européia e ameríndia, as danças negras
tornam- se de difícil discriminação para o etnólogo. Progressivamente
vão perdendo o seu caráter puro, de origem. Adquirem novos aspectos
e tomam novas denominações. O musicólogo e folclorista
Luciano Gallet fez a seguinte classificação
para as danças negras implantadas no Brasil. Ele as distribuiu em 17
espécies:
- Quimbête (Minas Gerais)
- Sarambeque (Minas Gerais)
- Sarambú (Minas Gerais)
- Sorongo (Minas Gerais e Bahia)
- Alujá (dança religiosa)
- Jequedé (dança religiosa)
- Cateretê (Minas Gerais, Saio Paulo e Rio)
- Caxambú (Minas Gerais)
- Batuque (nome generalizado)
- Samba - (Bahia, Rio, Pernambuco)
- Jongo (Estado do Rio)
- Lundu (inicialmente dança)
- Chiba (Estado do Rio)
- Cana Verde (Estado do Rio)
- Maracatu (Nordeste)
- Candomblé (Bahia)
- Côco de Zambê (Rio Grande do Norte)
Estas danças negras do tipo batuque se reduzem, afinal de contas, ao
motivo primitivo da dança-de-roda, de onde surge um dançador, que vai
para o meio do círculo, executando curiosos passos, com requebros do
corpo, em evoluções individuais e ao ritmo das palmas e dos instrumentos
de percussão a sua dança cessa, quando ele se dirige (com umbigada ou
não) à roda, escolhendo este ou aquele que lhe há de suceder, no centro
do círculo. Todas as danças, de origem ou influencia negra, confluíram numa forma
genérica que é o atual samba brasileiro, dança nacional. Diz Arthur Ramos:
“Creio ter havido três épocas ou etapas, em que se haja delineado uma
tendência à fixação de uma forma geral da dança negro-brasileira. Numa
primeira fase, vamos encontrar a forma genérica Batuque, que é a dança
de roda, com execuções individuais, originadas dos negros angola~angoleses.
Uma segunda fase assinala o aparecimento do maxixe, dança brasileira
que aproveitou o elemento negro dos batuques, incorporando-o a estilizações
hispano-americanas (habaneras) e européia (polca). Uma terceira fase,
atual, que está realizando um amplo conglomerado”.
A música vocal e instrumental dos Negros africanos exerceu extraordinária
influência em terras da América. Dos instrumentos musicais, temos o
tambor, no Brasil chamado tambaque ou atabaque, tornando outros nomes
conforme o lugar em procedência. Assim, há varias modalidades de atabaques,
de origem sudanesa ou bantu: batá, ilu, cuíca, tambor de jongo, ingono,
etc. Outros elementos de percussão: o ganzá, o adjá, o aguê, o agogô, o urucungo O samba é uma corruptela de semba, que quer dizer umbigada em Angola.
O Lundu
O lundu é um tipo de dança de origem africana que se nacionalizou no
Brasil, atingindo o auge no século XVIII. Era uma musica e dança de
plebe. Só mais tarde é que a classe média aderiu a ela. Comenta Mário de Andrade:
“A palavra “Lundu” está desaparecendo. Aqui no centro do país indica
especialmente uma cantiga praceana, de andamento mais vivo que o da
modinha e com texto de caráter cômico, irônico, indiscreto.”
A capoeira de angola
Ê ê viva meu mestre Yayá, que me ensinou Yoyô, a malandrage Yayá, a capoeirage Yayá, vorta do mundo Yoyô, que o mundo dá.
Este é o jogo da capoeira de angola. Este é um dos versos dos muitos
que os capoeiras cantam. Forma-se a roda com orquestra de berimbaus, pandeiros, chocalhos, mas
o berimbau, instrumento angolense de som especial, que caracteriza a
capoeira, e o único imprescindível. Um par de jogadores entra na roda
e vai agachar-se diante dos músicos. Os dois capoeiras, a partir deste
momento, não podem falar – e ali ficam agachados, enquanto os companheiros
cantam, como por exemplo, os versos de cima.
Os capoeiras são a este momento de espera o nome de preceito, mas os
espectadores se habituam a dizer que os jogadores estão rezando ou esperando
o santo. Depois, em certo momento, os capoeiras percorrem a marcha-marcha,
a roda e o primeiro movimento de ataque parte daquele que se encontra
à frente. O jogo solicita todo o corpo, mas especialmente as pernas
e pés. As mãos apenas equilibram o corpo, exceto no golpe de pescoço
(tronco), no dedo nos olhos e nos balões, quando sustentam o corpo do
adversário afim de atirá-lo, por cima da cabeça, para trás. As pernas
em que parece concentrar-se a agilidade máxima do capoeira, golpeiam
na rasteira e no rabo-d’arraia, na bananeira, na meia-lua, na tesoura,
na chapa de pé e na chibata, o pé caindo do alto, num arco de 45 graus.
Na Bahia se denomina o jogo da vadiação. A Capoeira de simples jogo passou a ser usada pelos negros como uma
forma de ataque e defesa, sendo assim reprimida.
Festas Populares
No Brasil, os negros adaptavam suas próprias instituições aos velhos
autos populares trazidos pelo colonizador português, sobrevivências
do velhos romances históricos, marítimos, mouriscos, cavalharescos,
novelescos.
Os Congos
Os autos populares dos Congos (cocumbis na Bahia) vêm do inicio do século
XVII e nada mais eram que sobrevivências de coroação de monarcas africanos
nas terras de origem. Escreveu Pereira da Costa que os primeiros destes Festejos datam de
24 de junho de 1706, segundo documentos da Irmandade de Nossa Senhora
do Rosário, de Vila de Iguaraçu, em Pernambuco.
“Nos moldes da monarquia portuguesa, compunha-se de Rei, Rainha, Secretário
de estado, Mestre de Campo, Arautos, Damas de Honra e Açafates; e um
serviço militar com marechais, brigadeiros, coronéis e todos os demais
postos do Exército.” Eram usuais os tratamentos de Majestade, Excelência e Senhoria. Os personagens são, portanto:
O rei, a rainha, o mamêto (príncipe suena, em algumas versões), o quimbôto
(feiticeiro), o Embaixador, o Capataz, Príncipes, Princesas, Guerreiros.
O brinquedo é o seguinte:
A Rainha envia os seus embaixadores a corte do Rei do Congo. Há várias
peripécias, no meio das quais surge o Mamêto que pede satisfações ao
Embaixador. Declara-se a luta. Morre o Mamêto (em algumas versões e
morte por uma entidade ameríndia: o Caboclo, de olho trágico e brandindo
um terrível tacape). Mas o Quimbôto tem o poder de ressuscitar o Mamêto,
fazendo-o com evocações, passos mágicos e cânticos que são respondidos
pelo coro. O Mamêto ressuscita em meio a grande alegria e o auto termina
com danças e cânticos que festejam o acontecimento.
O auto do congo não se conserva com sua pureza temática de origem. Vai
se fragmentando progressivamente. Ora permanece apenas a cena da coroação – são os congos.
Ora as embaixadas vão constituir o tema principal – os maracatus, os
festejos carnavalescos, etc... Ora é o tema da Rainha que se destaca – são as Taieiras. De uma forma
genérica, as Taieiras eram negras da Irmandade do Rosário que acompanhavam
as procissões vestidas de baianas. Estas festas populares consistiam
numa passeata processional com cânticos e instrumentos de origem africana.
A coroação simbólica do Rei e da Rainha terminaram por uma visita à
Igreja de Nossa Senhora do Rosário ou de São Benedito.
Além do aspecto de tradição folclórica estas festas do congo tinham
uma significação social: revelavam uma tendência do negro de se agruparem
para a sua defesa e organizarem pacificamente sua libertação.
Vamos encontrar depois estes agrupamentos nos
Ranchos e Ternos
da Bahia, isto é, reunião festiva dos negros por ocasião do Natal
e de Reis.
As Confrarias e Irmandades
As confrarias e irmandades católicas do negro continuam a tradição.
Existiram e existem várias destas confrarias no Rio e em outros pontos
do Brasil: de Nossa Senhora do Rosário, de Santa Efigênia, de São Domingos
de Gusmão, do Parto, e etc. Nestas confrarias e irmandades os negros contribuíam com uma quota,
produto de seu trabalho para a compra de sua carta de alforria.
Parte 3: Integração
negro não humilhe e nem se humilhe a ninguém todas as raças já foram escravas também.
A Abolição
A abolição resultou num atuar permanente de pequenas pressões e conquistas
até a assinatura final da Lei Áurea. Como vimos as Irmandades e Confraria e católicas dos Negros, contribuíram
para libertação de escravos comprando cartas de alforria, com dinheiro
arrecadado dos próprios negros. A maçonaria contribuiu para a alforria
dos escravos. Também a história de Chico Rei é bastante sugestiva. Os negros ainda
constituíam as chamadas Juntas de Alforrias. Os escravos se reuniam
nestas juntas sob a chefia daquele que inspirasse mais confiança. Caixas
de empréstimos e juntas de alforrias existiram em várias províncias
do Brasil, fundadas por negros escravos. Lideranças surgiram durante
toda a fase da campanha abolicionista: Luiz Gama, André Rebouças, José
Ferreira de Menezes, José do Patrocínio, Manuel Quirino, Rui Barbosa,
Castro Alves, Perdigão Malheiros, Luiza Regadas, Princesa Isabel, entre
outros. Escreveu Edson Carneiro:
“A Lei Àurea” - o fruto que pendia de apodrecido – passou quase
sem oposição do Parlamento, num tempo recorde de quatro dias. Precedia-a,
mais do que quarenta anos de campanha parlamentar e de agitação nacional,
a economia capitalista, implantada definitivamente no Império depois
de 1850, quando as grandes somas empregas no trafico de escravos encontraram
ocupação mais rendosa e útil em Bancos, empresas de navegação, industrias
e companhias de comércio. E, ao mesmo tempo aceleravam o processo abolicionista
e imprimiam razão e força às atividades de Luiz Gama, de José do Patrocínio,
de Tavares Bastos, de Joaquim Nabuco e de Rui Barbosa, a entrada de
imigrantes, as fugas de escravos, as alforrias compradas ou doadas,
a decadência da, lavoura, o numero cada vez maior de negros, livres
e escravos recrutados pela indústria nascente.
A contribuição dos negros nas artes
O negro na música
A dança e a música que os africanos introduziram no Brasil tiveram uma
origem religiosa e mágica. Surgiram de seus cultos religiosos e das
cerimônias rituais da vida social. A música e a dança envolveram toda
a sua vida. Podemos dizer que os povos que forneceram escravos para o Brasil tinham
a dança como instituição: danças religiosas, danças funerárias, autos
de caça, de guerra, de amor. Sudaneses e bantus transportaram até o Brasil as suas danças religiosas
e guerreiras. O quizomba, por exemplo, dança nupcial de Angola, exerceu
uma nítida influência nos sambas e batuques, danças negras brasileiras. Os autos da vida social dos negros são acompanhados de musica. No movimento de afirmação nativista de música brasileira, o contingente
maior foi o negro. Nas partes rítmica e melódica os processos são essencialmente
de inspiração negra. Muitos compositores brancos foram buscar na musica
do negro inspiração para suas composições. Entre eles podemos citar:
Alexandre Levy (1864 – 1892) que pode ser considerado o iniciador da
Escola Nacionalista da musica brasileira; Alberto Nepomuceno, que compôs
entre outras obras “Batuque”; Ernesto Nazaré, compositor dos
famosos ‘Tangos brasileiros” de influência negra;. Luciano Gallet; Heitor
Villa-Lobos, fértil em obras musicais de motivos folclóricos negros.
Não podemos deixar de citar a personalidade marcante do padre José Mauricio,
negro, considerado o primeiro chefe da escola musical brasileira. De
José Maurício, disse, o célebre Neuckomm, discípulo de Haydn
que ele era “o primeiro improvisador do mundo”. Entre suas obras citamos
o seu “Réquiem”. Lembramos ainda Caldas Barbosa e Francisco Braga, mulato, maestro de
renome, que tem entre outras obras, o Hino à Bandeira, Marabá, etc.
Negro na pintura, escultura e arquitetura
Os povos negros que vieram para o Brasil possuíam uma organização artística
de causar inveja, em suas terras de origem. A cultura material da Bacia do Gongo é esplendorosa. A cerâmica é desenvolvida
– e conhecida a suas em fabricação de vasos de barro, cestas de palha,
etc. Na Arte africana sua esculturas de barro e madeira, mascaras objetos
decorativos de uso diário, desenhos... Enchem hoje os museus da Europa.
Os povos do Golfo da Guiné possuem também uma cultura material bastante
desenvolvida. São famosos os trabalhos em bronze do Benin, os cobres
do Dohomei, os tecidos do Ashanti, as esculturas de madeira e os trabalhos
em metal da costa do Marfim, do Dohomei e da Nigéria. Todos estes povos trouxeram para o Brasil a sua arte e a sua técnica.
Na indumentária, os panos vistosos, as saias rodadas, os xales da costa,
os braceletes, argolões, etc. usados pelos Negros da Bahia tem procedência
Nigeriana. Outras influências do Sudão muçulmanos como a rodilha ou turbante e
miçangas e balagandãs originadas de Angola e do Congo, vem completar
a figura típica da baiana, esta figura popular do Brasil e obrigatória
nas Escolas de Samba. A pintura negra originaria transmitiu-se aos desenhos
utilizados na ornamentação dos Pegis ou templos religiosos, bem como
nas paredes das casas residenciais. Os trabalhos de escultura em madeira, da Nigéria foram continuados na
Bahia. Negros baianos, de legítima descendência iorubá, fazem suas esculturas
de madeiras, geralmente ídolos do culto. Os negros moçambiques eram hábeis ferreiros e transmitiram aos negros
brasileiros suas heranças traduzidas na fabricação de belíssimos trabalhos
em ferro. Também na fabricação de instrumentos de musica a contribuição dos negros
africanos foi sensacional. Já vimos, em outra parte do enredo, a série
de instrumentos, de feitios os mais variados que são usados no Brasil. Na arquitetura houve as sobrevivências ioruba e angolense nas construções
dos Pegis, ou casas de culto, ou na construção dos mocambos de barro
batido, tipos de habitações populares, ainda hoje existentes no Nordeste
brasileiro. Estas qualidades inatas de artista que possui o Negro brasileiro exercem
profunda influencia na historia da arte do Brasil. No princípio foram reprimidos na execução de sua arte. Por isso o negro
não pôde manifestar, no período colonial, os seus pendores artísticos,
escondendo as suas aptidões no recôndito das suas casas de oração, os
seus pegis, onde ele esculpia os ídolos africanos. Uma figura das mais representativa da arte negra no Brasil foi Antonio
Francisco Lisboa (1730 – 1814), o Aleijadinho, arquiteto e escultor,
o aleijadinho era mulato, filho de português e de uma negra escrava.
Nasceu em Sabará, cidade do Sul da província de Minas e em Vila Rica,
hoje cidade de Ouro Preto onde realizou seus principais trabalhos. Entre
suas obras mais famosas estão os doze profetas da Igreja de Nosso Senhor
de Matosinho em Congonhas do Campo. Trabalhava na solidão, apenas acompanhado
de um negro escravo, que o ajudava eficientemente. O cristo do Aleijadinho
e o único esculpido vivo querendo sair da Cruz. No mundo não há similar.
Citamos ainda: o notável escultor mulato Francisco Chagas, conhecido
como o Cabra, natural da Bahia; o mulato Valentim da Fonseca e Silva,
o Mestre Valentim (1750 – 1813) que enriqueceu as igrejas e jardins
do Rio de Janeiro, com sua arte delicada e perfeita; Pedro Américo,
na pintura, entre outros. Citamos também Athaíde, pintor, santeiro,
encadernador. Criou o azul brasileiro.
O negro nas letras e na ciência
Na literatura a influência do Negro foi riquíssima. Sabe-se que, na
África, os Negros possuem uma literatura oral, uma vasta série de contos,
legendas e poesias heróicas ou locais, que tem sido colhida por muitos
etnógrafos e folcloristas. Cada povo, cada tribo africana possui um
grupo de indivíduos, cuja função, pela inexistência da literatura escrita
e a conservação da tradição oral, à semelhança dos trovadores e menestréis
dos povos europeus, os autores anônimos da literatura popular. No período da escravidão vamos encontrar os narradores de contos populares,
a semelhança do Arokin ou do Akpalô de origem nigeriana. E não foram somente contos populares mas também adágios e provérbios,
enigmas e adivinhos, forma satírica de ditos populares, poesia popular
em geral. Os ditados populares hoje constituem uma ciência a paremiologia. Igualmente na poesia popular todo um folclore africano sobreviveu no
Brasil, nos engenhos, nas plantações ou nas cidades. Entre estes citamos o folclore do
Pai João, que é um símbolo.É
o preto velho dos engenhos, quase centenário, figura trôpega, fala engrolada
e olhos mansos. As Escolas de Samba de vez em quando retratam a figura do
Preto Velho. Tem havido, no Nordeste, cantadores populares negros famosos: Inácio
da Cantigueira, Teodoro Pereira, Manuel Caetano, etc. O regime da Escravidão, com toda a epopéia de um povo martirizado, criou
uma literatura: a literatura da escravidão. Cantaram motivos de escravidão: na poesia, entre outros,Vicente de Carvalho,
Luiz Guimarães, Raimundo Corrêa, na prosa Machado de Assis, José de
Alencar, Aluizio Azevedo... Não podemos deixar de citar, com destaque,
Castro Alves (1847 – 1871) o grande verbo da poesia nacional,
que enche todo o meio do século XIX. Tinha sangue africano nas veias.
Foi cognominado “o poeta dos Escravos”. “Poemas dos Escravos”, as “Vozes
d’África”e o “Navio Negreiro’.’ são suas melhores produções poéticas.
E também
Cruz e Souza (1863 – 1898), que liderou o movimento
simbólico da última década do século XIX. Cruz e Souza era um poeta
Negro que sofreu na vida os vexames decorrentes de sua cor. Deixou uma
obra vastíssima e sua influência foi enorme. Um dos maiores romancista
do Rio foi Lima Barreto, negro. Há também uma plêiade de jornalistas
negros da abolição como André Rebouças, José do Patrocínio, etc...
Na ciência e na filosofia o Negro e o mulato também muito se destacaram... André Rebouças, o grande líder abolicionista, negro, foi ainda um engenheiro
notável. Matemático, elaborou planos e realizou obras de vulto da engenharia
nacional. Na filosofia tivemos Tito Lívio de Castro, Tobias Barreto, Farias Britos,
grandes nomes que deixaram obra. Também Manuel Quirino, já citado por nós foi um estudioso da etnografia,
dedicando-se ao estudo do Negro no Brasil. Na Medicina, citamos, Juliano Moreira, negro, já falecido. Evaristo de Morais, um criminalista de renome, também era negro.
O negro como defensor do solo Brasileiro
A história militar do Brasil, desde a colonização até nossos dias, tem
a destacar nas suas páginas gloriosas a contribuição decisiva que trouxe
o Negro. Nas lutas de Palmares, nas insurreições dos quilombos ou nos
movimentos populares o seu sangue comprovou a fibra guerreira, a valentia
e destemor e o tirocínio militar, que trouxe do continente negro Como símbolo do negro nas lutas pela defesa do solo brasileiro citamos
Henrique Dias. Sobre ele escreveu Rocha Pombo: “aquela grande figura
de Henrique Dias, que tinha alma para comandar heróis, quanto não amargaria
nos próprios momentos em que lutava por uma geração para a qual a cor
ainda era um estigma que não havia heroísmo e grandeza moral que lavassem”.
Foi Henrique Dias o grande chefe negro que mercê de sua coragem, contribuiu
para a expulsão dos Holandeses de Pernambuco.
O negro na arte culinária
Artur Ramos nos ensina que “foi o negro sudanês, principalmente, quem
introduziu no Brasil o azeite de coco de dendê (elais gineensis), o
camarão seco, a pimenta malagueta, o inhame, as varias folhas para o
preparo de molhos, condimentos e pratos. E ainda modificou com seus
processos a cozinha indígena ou portuguesa”. E se houve certa resistência
do elemento branco para incorporar a sua cultura tais elementos africanos,
essas barreiras cederam até que no século XIX, o caruru, o vatapá, o
acarajé já se podiam considerar pratos nacionais.
Já várias comidas portuguesas ou indígenas foram no Brasil modificadas
pela condimentação ou pela técnica culinária do negro; alguns dos pratos
mais caracteristicamente brasileiros são de origem africana: a farofa,
o quibebe, o vatapá. É na cozinha baiana que a herança do negro foi mais marcante. Não é
somente do vatapá, do caruru, do acarajé, do efó, da moqueca que vive
a cozinha baiana. Outros pratos baianos de influencia negra: xinxim
de galinha, siri mole, frigideira de camarão ou de siri, acaça, abará,
aberém, arroz haussá, feijão de azeite, quibebe, bobó de inhame, feijão
de leite, escaldado de peru, efun-oguedê, sarapatel, mocotó, etc...
“O certo é que sem o dendê, sem o camarão, sem a malagueta, não existiria
a cozinha baiana. Sem a pedra de ralar, sem o pilão, a colher de pau,
o alguidar, a panela de barro, todos da mais pura e autentica origem
africana”.
negro é sensacional é todo a festa de um povo é dono do carnaval
Apoteose: Carnaval
“O fenômeno coletivo carnavalesco da Praça Onze é um conglomerado de
todo um inconsciente ancestral. Ali se reúnem periodicamente, velhas
imagens do continente negro que foram transplantadas para o Brasil.
O negro evadido dos engenhos, e das plantações, e das minas, e dos trabalhos
domésticos das cidades, e dos mocambos, e das favelas, e dos morros...
Vai mostrar na Praça Onze o seu inconsciente folclórico”.
Artur Ramos
É no carnaval que há uma verdadeira integração: “no carnaval os convencionalismos
desaparecem de certo modo. E por mais dirigido que seja, o carnaval
mostra-se uma festa em que as convenções cedem ao peso do realismo.
Nestes três dias a humanidade aparece tal qual é na realidade. Surge
sem complexos ou com eles à mostra, nessa catarse total. Há uma sociologia
de carnaval, não resta duvidas. Que o digam os mestres. Pelo menos o
carnaval brasileiro com suas variantes regionais, com os aspectos particulares
que oferece, no qual os preconceitos de toda a espécie se anulam no
ombro a ombro da multidão desvairada, ao compasso ou descompasso do
samba, nos saracoteios incríveis da coreografia da época”.
Diz a nossa querida e saudosa
Eneida que “há cento e dezessete
anos que o carnaval carioca faz o povo delirar de alegria; nenhuma outra
festa popular, em qualquer época, conseguiu, jamais, o que o carnaval
realiza em união social, em desvario coletivo, em contagiante delírio”.
Pretos, brancos, mulatos, cafuzos, caboclos vivem, nos dias carnavalescos,
o mesmo gingar de corpos, cantando as mesmas músicas, dançando os mesmos
passos, hoje de samba, ontem do maxixe ou da polca.
“As fronteiras, sempre tão nítidas das diferenças sociais, parecem desaparecer
momentaneamente, cessarem durante.os folguedos de Momo. Também não têm
importância as idades, pois o Reinado da Folia não arregimenta soldados,
contando seus dias de vida, não pede certidões de idade, não exige carteira
de identidade, de atestado de boa conduta”.
“Não importam as convicções políticas ou filosóficas; nenhuma importância
tem as religiões, os comportamentos sociais as certidões diversas O
carnaval exige apenas que seus vassalos a ele se entreguem simplesmente,
pelo amor à alegria, com vontade firme de brincar, pular e rir”.
Diz ainda a extraordinária Eneida: “nenhum outro povo brasileiro vive
o seu carnaval como o carioca; em nenhum outro Estado ele é encontrado
como aqui, delírio coletivo, alegria contagiante, passando dos salões
para a rua, no centro da cidade ou nos bairros e subúrbios, os foliões
carnavalescos brincam”. Quer isoladamente, fantasiados de sujos, pierrots
ou colombinas. Quer venham de palhaços, mascarados ou simplesmente de
calção. De fantasias baratas ou envergando caríssimas vestimentas, nos
cordões e blocos. Nas Escolas de Samba. Nos ranchos e frevos. Nas grandes
sociedades. Nas ruas e nos clubes. A palavra de ordem é uma só: alegria
e integração. E assim a
Portela fecha o seu enredo. Uma crônica despretensiosa
do Negro Brasileiro – sua vida, sua glória.
Sumário:
Ilú ayê (Terra da Vida)
Vindos de diversas regiões da África, chegaram ao Brasil, por todos
os séculos XVI, XVII e XVIII, milhares de negros africanos, que muito
contribuíram para o desenvolvimento de nosso país. Com eles vieram seus
costumes, crenças, danças e todo um manancial de cultura que, aos poucos,
foram se incorporando a nossa formação (aculturação). Os negros escravos
chamavam sua África Distante de Ilu Ayê, que no idioma nagô quer
dizer Terra da Vida, bem como a gente boa de lá, aqui transplantada,
de Odara. Os negros aqui aportados, no princípio, cantavam cantos
de lamentos evocando a terra distante – a sua Ilu Ayê – como se a tivesse
perdido para sempre. À medida que o tempo foi passando o negro
foi ganhando amor a sua nova terra (o Brasil) como se fora sua Ilu Ayê.
E foi participando, dando tudo de si. Doridamente foi adquirindo conquistas
e alegrias. Um dos primeiros direitos conquistados foi o dia de sambar,
quando organizavam rodas de samba. Depois fundaram Irmandades
e Associações e, em certas datas do ano, eram realizados seus folguedos
como os autos populares do congo, com todas suas variantes (inclusive
as Taieiras). Exteriorizavam ainda sua arte em danças como o Lundu ou
em jogos como a capoeira de Angola, etc... De conquista em conquista
o negro viu realizado o seu maior sonho que também era o de todos os
brasileiros, a abolição da escravatura. Aí então pode definitivamente
se misturar ao povo brasileiro (integração propriamente dita).
A contribuição de negros e mulatos se fez sentir com mais ênfase, em
todos os setores da Vida Nacional. E foi decisiva para a formação de
nossa raça que, sem preconceitos de espécie alguma, oferece ao mundo,
o maior espetáculo da terra que é o nosso carnaval “quando preconceitos
de toda a espécie se anulam no ombro a ombro de multidão desvairada,
no compasso ou descompasso do samba, nos saracoteios incríveis da coreografia
da época”
Apoio Bibliográfico:
-
História do Carnaval – Eneida
-
O Negro na Civilização Brasileira – Arthur Ramos
-
Antologia do Negro Brasileiro – Edson Carneiro
-
Escolas de Samba em Desfile (vida, paixão e sorte) - Hiram Araújo e
Amauri Jório
-
Ladinos e Crioulos – Edson Carneiro
-
A Sabedoria Popular do Brasil – Edson Carneiro
-
Samba e Cultura (edição especial) – Teses AESEG – Secretaria de Turismo
-
Enciclopédia Abril
-
Dicionário do Folclore Brasileiro – Luiz da Câmara Cascudo
-
Grandes Personagens da Nossa Hist6ria – Abril Cultural
-
Fenômenos importantes do populário de influência negra
-
Danças Dramáticas do Brasil – Mário de Andrade
-
Panorama da Musica Popular Brasileira – Ari Vasconcelos
-
Enciclopédia Barsa
-
Debret – Rugendas
-
Brasil pela imagem de Álvaro Marins
Uma Explicação:
Quando nos dispusemos a analisar a importância da
raça negra
na formação do povo brasileiro o fizemos libertos, tanto quanto possível
de quaisquer preconceitos. Jamais em nós se pensou permitir nenhuma
pretensão de ordem racista, política ou religiosa. Nossas alas
representativas dos negros vem mesclados de brancos e negros, sem cuidados
de selecionar somente negros ou pintar o branco de negro.
Curiosidades:
Alguns alimentos puramente africanos: São estes os principais alimentos de que o africano fazia abundantemente
uso, entre nós, e que você, em querendo, pode fazê-los:
Acarajé: A principal substancia empregada é o feijão fradinho,
depositado em água fria até que facilite a retirada do envoltório exterior,
sendo o fruto ralado na pedra. Isto posto, revolve-se a massa com uma colher de madeira e quando a
massa toma forma de pasta, adicionam-se-lhe, como temperos, a cebola
e o sal ralado. Depois de bem aquecida uma frigideira de barro, ai se derrama certa
quantidade de azeite de cheiro (azeite de dendê) e com a colher de madeira,
vão-se deitando pequenos nacos de massa, e com um ponteiro ou garfo
são rolados na frigideira até cozer a massa. O azeite é renovado todas
as vezes que é absorvido pela massa, a qual toma exteriormente a cor
do azeite. Ao acarajé acompanha um molho, preparado com pimenta malagueta,
seca, cebola e camarões, moído tudo isso na pedra e frigido em azeite
de cheiro, em outro vaso de barro. Arroz D ‘Haussá: Cozido o arroz n’água sem sal, mexe-se
com a colher de madeira até que se torne diluído, formando um só corpo,
e, em seguida adiciona-se um pouco de pó-de-arroz, para assegurar a
consistência. Prepara-se, depois, o molho em que entram como substância a pimenta
malagueta seca, cebola e camarões tudo ralado na pedra. Leva-se o molho ao fogo com azeite de cheiro e um pouco d’água até que
esta se evapore. Como complemento ao arroz de Haussá, o africano frigia pequenos pedaços
de carne de charque que eram espalhados sobre o arroz juntamente com
o molho. Efó: Corta-se a folha conhecida vulgarmente por língua
de vaca ou a mostarda e deita-se ao fogo a ferver com pouca água. Isto
feito, escoa-se a água, espreme-se a massa daí resultante e coloca-se
de novo na mesma vasilha com cebola, sal, camarões, pimenta malagueta
seca, tudo ralado conjuntamente na pedra, e, finalmente, o azeite de
cheiro. Prepara-se também o efó com peixe assado, ou com garoupa, caso em que
esta é cozida à parte. Ainda mais: como o peixe é assado sem sal, ralando-se respectivos temperos,
em quantidade suficiente, e leva-se tudo ao fogo. O africano empregava
ainda a folha de taioba no preparo do efó. Caruru: Em seu preparo observa-se o mesmo processo do
efó, podendo ser feito de quiabos, mostarda ou de taioba, ou de oió,
ou de outras gramíneas que a isso se prestem, como sejam as folhas dos
arbustos conhecidos, nesta capital (Bahia), por unha-de-gato, bertália,
bredo de Santo Antonio, capeba, etc., as quais se adicionam a garoupa,
o peixe assado ou a carne de charque e um pouco d’água que se não deixa
secar ao fogo. O caruru é ingerido com acaçá ou farinha de mandioca.
Xin-Xin: Morta a galinha, depena-se, lava-se bem, depois
de retirados os intestinos, e corta-se em pequenos pedaços. Deitam-se na vasilha ou panela para cozinhar com sal, alho e cebola
ralados. Logo que a galinha estiver cozida, adicionam-se camarões secos em quantidade,
sal se for preciso, cebola, sementes ou pevides de abóbora ou melancia,
tudo ralado na pedra, e o azeite de dendê. Aluá: O milho demorado n’água, depois de três dias dá
a esta um sabor acre, de azedume, pela fermentação. Coa-se a água, adicionam-se
pedaços de rapadura e, diluída esta, tem-se bebida agradável e refrigerante.
Dendê: Ê o milho branco cozido, ao qual se junta um pouco
de açúcar. Ado: É o milho torrado reduzido a pó e temperado com azeite
de cheiro, podendo-se-lhe juntar o mel de abelha. Olubô: Descascada e cortada a raiz da mandioca, em fatias
muito delgadas, são estas postas a secar ao sol. Na ocasião, são estas fatias levadas ao pilão, e aí trituradas e passadas
em peneira ou urupema. A água a ferver, derramada sobre o pó, produz
o olubó, que é uma espécie de pirão. Oguedë: É a banana denominada da terra no azeite de cheiro.
Ordem de Desfile:
Carro Abre-Alas: Motivos Africanos
Na parte anterior: o símbolo da Portela - A Águia Real pousada sobre
um pandeiro, desenvolvendo graciosos movimentos. O nome da Escola. O
enredo. Em toda a extensão do carro: numerosos dentes de elefante, estilizados,
contorcendo-se para o céu, evocando a pujança da Terra da Vida (a Ilu-Ayê).
Máscaras representativas das principais nações africanas. Acompanhando o Carro Abre-Alas, um grupo africano desenvolvendo danças
cerimoniais do ritual da fertilidade.
Parte 1: África Distante
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COMISSÃO DE FRENTE: Embaixadores de diversas nações africanas.
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Estandartes da Nação Nagô
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Guerreiros de Nagô – Ala dos Estudantes
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Estandartes de Angola
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Guerreiros de Angola – Ala do Donga
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Estandartes dos Haussás
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Guerreiros de Haussás – Ala dos Demolidores
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Guerreiros de Haussás – Ala do Conde
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Estandartes dos Minas
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Guerreiros de Minas – Ala Estamos aí bicho
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Guerreiros de Minas – Ala do Ketu
-
Guerreiros de Minas – Ala dos Azucrinados
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Guerreiras de Minas – Ala das Bacanas
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Guerreiras de Minas – Ala Minha doce namorada
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Guerreiros de Minas – Ala Bons Amigos
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Estandartes dos Gêges
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Guerreiros Gêges – Ala dos Cafonas
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Nobres Africanos – Ala Vai como Pode.
Parte 2: Aculturação
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Primeira alegoria: Tela chegada ao Brasil
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Feitores – Ala do Kabuletê
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Senhoras da Casa Grande e Capatazes – Ala Mocidade Rica
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Capataz – Destaque
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Senhor do Engenho – Ala dos Destemidos
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Trabalhadores do Engenho – Ala Eles Têm que Ver
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Senhor do Engenho – Ala do Segredo
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Trabalhadores das Minas – Ala Os Embrasados
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Senhora do Engenho – Destaque
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Senhor da Casa Grande – Ala Os Dez Mais
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Sinhazinhas – Ala Dragões da Aristocracia
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2ª Porta-Bandeira e Mestre-Sala
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Escravo de Ganho – Destaque
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Escravos de Ganho – Ala dos Nós Somos Assim
Segunda Alegoria: Tela Casa Grande – Representando a Casa Grande
Festas Populares do Negro (nas fazendas):
Festas Populares do Negro (na rua)
Parte 3: Integração
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Festa da Abolição – Alas conduzindo bandeiras e estandartes representativos
do evento.
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Princesa Isabel – Destaque
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Damas e Cavalheiros da Época – Ala dos Impecáveis
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Castro Alves – Destaque
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Festejos – Ala de Passistas
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José do Patrocínio – Destaque
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Luíza Regadas – Destaque
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Painéis mostrando a contribuição dos Negros nos diversos setores da
Arte.
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Baianas – Ala das Baianas
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Baianas quituteiras oferecendo comidas da cozinha afro-brasileira.
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Apoteose: carnaval
3ª Alegoria Rei Momo: A figura alegórica do Rei Momo saudando o povo
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1ª Porta-Bandeira e 1° Mestre-Sala
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Alas diversas representativas do carnaval: pierrots, colombinas, palhaços,
fantasias de luxo (destaques), confete, serpentinas, carnaval de rua
e carnaval de clubes.
Notas:
A bateria não tem posição fixa. Vem com trezentos componentes sobre
a direção de mestre Cinco. Sua fantasia representa o Negro como defensor
do solo brasileiro. Por uma questão de simplificação incluímos somente cinco tipos de
máscaras
que representam as principais “nações” aqui transplantadas.
Em sendo a escola do povo, o sambista é a figura de maior importância
para a Portela. Destarte, quaisquer desfilante que por méritos próprios
hajam adquirido projeção na vida nacional, na passarela da avenida ele
é tão considerado como qualquer sambista. Tem os mesmos valores que
os integrantes das nossas alas. Na Portela não há personalidades; há
sambistas. As alegorias são simples e leves, trazendo como cuidados a representatividade
do enredo e o bom gosto artístico. Nelas também participam ativamente
os sambistas da Portela. Apresentamos como Abre-Alas um grupo de africanos, representando as
danças cerimoniais, ligadas às organizações clâmicas, sobrevivências
totêmicas que exerceram profunda influência no Brasil. Este grupo representa
o ritual da fertilidade à semelhança dos ritos sexuais, dos quais uma
das danças mais típicas é o Qizomba e o Mampombo, espécie de dança erótica.
Os negros sudaneses e Bantus transportaram para o Brasil suas danças
religiosas e guerreiras. Os carros dos tímpanos e dos cantores vem decorados com motivos africanos.
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