Lendas e
Mistérios da Amazônia
Nas asas da alegria, a Águia da Portela alça vôo com a fantasia, sobrevoa
vislumbrando uma Amazônia lendária e misteriosa... Numa fantástica viagem,
apresenta a saga dessa "selva brasileira" e a cultura mitológica
do índio. E o despertar poético de uma ardente nação, de uma rica região
considerada o nosso "pulmão": a Amazônia dos contos míticos,
dos mitos das águas e das matas, dos fenômenos celestes tecidos na trama
da magia, que nascem e renascem a cada dia, preservando seus mistérios
e eternizando suas conquistas...
Falar da Amazônia é falar do Brasil, de um sonho brasileiro, de um sonho
doce e real. É falar da busca da essência humana, da sabedoria indígena
e da peregrinação de impetuosos homens a novas terras... O esplendor
da sua mitologia ergue das profundas águas dos rios e do interior das
matas o brilho e a riqueza da terra de Tupã, da pátria da Mãe Natureza,
de homens afortunados e de tantos outros brasileiros que em seu solo
vislumbraram os seus mistérios.
És a luz diáfana das lendas e dos mitos maravilhosos, que povoaram e
povoam o consciente imaginário de seu povo, enriquecendo-os a cada estória,
a cada conto, a cada causo, transformando o mais simples dos mortais
em herói, em semideus, em seres mágicos. Tu és a seiva da vida, a cultura
ancestral de uma nação indígena, a raiz que nos trouxe o céu e a terra,
o fogo, os rios e os peixes, os frutos, os pássaros, os animais; enfim,
a artimanha de caçar, pescar e cultivar os alimentos.
Essa
é a sua história e a sua cultura, embaladas pela fantasia. Hoje é um
enredo que traz alegria.
Lendas e Mistérios da Amazônia, riqueza das fábulas amazonenses, que
desponta na avenida com a sua sabedoria, desde a visão encantada dos
navegadores fenícios (um povo semita oriundo de uma estreita faixa da
costa do Levante desde Tartus até, mais ou menos, o sul do monte Carmelo,
região conhecida na Antigüidade por "Terras de Canaã") - acredita-se
terem sido eles os primeiros povos a ter contato com os "nativos"
da Amazônia.
Passando pelo origem do Eldorado - a lenda da existência de uma cidade
de ouro e pedras preciosas nas margens da lagoa sagrada, onde reinava
o Dragão da Lagoa; a origem das Águas do Rio Solimões - geradas do amor
entre o Sol e a Lua; a lenda da índia Maraí, que, encantada com Jaci
(a lua), é transformada em uma linda flor: a Vitória-régia; Iara, a
sereia do reino das águas, que, com seu canto irresistível, seduzia
os índios guerreiros da região; o reino da Cobra Grande e a origem da
Noite - a tentação toma conta dos três índios de Tucunha, que violam
o "coco mágico" e dele extraem uma resina negra que pouco
a pouco transforma o dia em noite; o surgimento do primeiro Beija-flor
e as Amazonas - lenda das índias guerreiras, que guardam para si o segredo
de um famoso amuleto: o muiraquitã; as lendas do Guaraná, do moleque
Saci e do homem Boto e do Uirapuru - um gracioso e colorido pássaro
com um canto doce e suave.
Amazônia é vida, é história, que não sai da memória, a fonte de tanta
beleza. Índios profetas, feiticeiros, homens guerreiros que trazem no
sangue o espírito aventureiro... Gente da terra, filhos primogênitos
da mãe natureza - dos encantos da mitologia e das lendas amazônicas.
Pois é da grandiosidade da selva, dos mistérios e do encanto das águas,
que fascinam homens e mulheres, velhos e crianças, que a Águia da Portela
estende seu manto azul e branco e pede passagem para homenagear e apresentar
as "Lendas e Mistérios da Amazônia", transformando a passarela
do samba num "mar de fantasias", num delirante paraíso, embelezando
a existência humana e acendendo as luzes da imaginação, a partir de
um encontro poético e universal chamado carnaval.
Carnavalesco:
Jorge Freitas
Pesquisa e texto: Marcos Souza
Justificativa
e roteiro de
desfile:
1º Setor
- Do Eldorado à magia do Rio Solimões
Comissão
de frente: Os Fenícios
Acredita-se que os fenícios foram os primeiros povos a ter contato com
os "nativos" da Amazônia - navegadores por excelência, povo
semita supostamente oriundo de uma estreita faixa da costa do Levante,
desde Tartus até, aproximadamente, o sul do Monte Carmelo, região
mediterrânea conhecida na Antigüidade por Terra de Canaã.
Alegoria 1 (Abre-Alas):
O Eldorado
A lenda do Eldorado, a tradicional cerimônia realizada na Lagoa Sagrada
(um dos afluentes do Rio Amazonas), na qual o cacique é iluminado pelo
Sol e lança para todos os lados os objetos de ouro e pedras preciosas,
que brilham como mil fogos...
1º Fantasia - Riquezas do Eldorado - Ala
Diz a lenda que durante muitos séculos, em algumas manhãs, a cerimônia
em homenagem ao Deus Sol se repetia, lançando ouro, pedras preciosas,
etc. ao fundo da lagoa - as riquezas do Eldorado.
2º Fantasia - Pedras Preciosas - Ala das baianas
O encanto das pedras preciosas, que enfeitam o Eldorado: a cidade cercada
de ouro por todos os lados.
3º Fantasia - Sol - Ala
O amor forte e ardente do Sol, apaixonado pela Lua.
4º Fantasia - Lua - Ala
O amor brando e iluminado da Lua, apaixonada pelo Sol.
5º Fantasia - Lágrimas da Lua - Ala
A grande tristeza da Lua, que não pode casar-se com o Sol.
6º Fantasia - Águas do Rio Solimões / Piranhas
- Ala
Das lágrimas da Lua, que chorou dias e noites após separar-se do seu amor,
o sol, nasceram as águas do Rio Solimões, um rio de piranhas...
Alegoria
2: As Águas do Rio Solimões
Então separaram-se, o Sol para um lado e a Lua para o outro; numa imensa
tristeza, a Lua chorou dias e noites, e foi então que suas lágrimas correram
por cima da terra, dando origem às águas do Rio Solimões.
2º Setor -
Reino das Águas e dos Igarapés
7º
Fantasia - A Estrela Marai - Ala
O fascínio que a bela índia Marai tinha pela Jaci (a Lua), que desejava
ardentemente se tornar uma estrela, para poder acariciá-la...
8º Fantasia - Espelho de Jaci - Ala
O brilho encantado de Jaci, refletido nas águas do pântano da grande Amazônia.
9º Fantasia - Vitória-Régia - Ala
O
grande amor que a índia Marai sentia pela lua. O desejo de tocá-la,
através da sua imagem luminosa refletida na água, causou-lhe um acidente:
foi engolida pelas águas e, assim, Jaci, sensibilizada, transformou-a
numa linda estrela d'água: a Vitória-Régia.
10º Fantasia - Tributo a Iara
Um tributo em homenagem à belíssima índia tupi Iara.
11º Fantasia - Os invasores - Ala
Os colonizadores europeus, homens perversos, que atacaram duramente a
jovem Iara, afogando-a nas águas do rio...
12º Fantasia - Espíritos das Águas - Ala
O espírito das águas, que através de um encantamento, transformou a linda
Iara em uma sereia do Reino das Águas, com um canto irresistível, que
seduzia os índios guerreiros da região.
Alegoria 3: O
Reino das Águas
Da estrela d'água Vitória-Régia e das sereias Iara Era tão grande o amor
que a índia Marai sentia pela lua, que o desejo de tocá-la, através da
sua imagem luminosa refletida na água, causou-lhe um acidente: foi engolida
pela águas e, assim, Jaci, a lua, transformou-a numa linda
estrela d'água: a Vitória-Régia. E o encanto do Espírito do Rio transformou
Iara em uma deidade: a Sereia do Reino das Águas, com um canto tão belo
e doce que hipnotiza e seduz todos os homens que a ouvem cantar... A lenda
da índia Iara até hoje exerce uma magia fascinante, uma visão maravilhosa,
nos homens da região do norte do Brasil.
3º Setor - O Reino
da Cobra Grande
13º Fantasia - Os servidores de Tucunha - Ala
Representa os três índios servidores de Tucunha que, tomados pela tentação,
violam o "coco mágico" e dele extraem uma resina negra que pouco
a pouco vai transformando o dia em noite.
1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira
Fantasia: Os filhos da noite
Os filhos da noite, nascidos do amor entre Tucunha e a filha da Cobra
Grande.
14º Fantasia - A Grande Escuridão - Ala
Representam os mistérios da noite...
15º Fantasia - A Cobra Grande - Ala de bateria
A grande cobra que reinava nas profundas águas do grande rio, onde dormiam
os mistérios da noite.
16º Fantasia - A estrela d' alva - Ala
Representam a estrela brilhante que anuncia a chegada da aurora...
17º Fantasia - Cujubin e Inhambu - Ala
Cujubin: Um pássaro de cabeça branca e patas vermelhas, que todas as manhãs
canta para anunciar o dia. Inhambu: um pássaro de cor cinza, que ao entardecer
canta para anunciar a noite.
Alegoria 4 : O
Reino da Cobra Grande
Um reino encantado do grande rio, criado pela magia da Cobra Grande. Um
reino onde permaneciam escondidos os mistérios da noite, dentro do coco
mágico de Tucumã, e do dia.
4º Setor - O primeiro
Beija-flor e as Amazonas
18º Fantasia - As borboletas - Ala
Representa a magia e o encanto do grande espírito, Deus Tupã, que
transforma em borboleta a alma dos índios mortos; pousando de flor em
flor, armazenando o néctar, para depois seguir viagem em direção ao céu.
19º Fantasia - O Beija-Flor - Ala
Coaciaba, que sofria com a morte de seu grande amor e de sua filha Guananbi,
pediu ao Grande Espírito que o transformasse numa ave ágil e veloz, que
pudesse levar suas almas consigo para o céu. E, assim, foi transformado
num belo beija-flor. Ainda reza a lenda que o beija-flor fora criado pelo
Deus Tupã para descobrir as cores do universo, libertando-as debaixo de
um imenso manto azul, colorindo o universo e espalhando alegria e felicidade
para o mundo.
2º Casal de mestre-sala e porta-bandeira
Fantasia : As flores da floresta
A sintonia de cores e aromas da Floresta Amazônica.
20º Fantasia - Primavera: a estação das flores
- Ala
Representando o período da festa de acasalamento ou festa da lua cheia,
realizada na tribo das Amazonas, quando recebem os índios das tribos vizinhas,
como forma de evitar a extinção do grupo.
21º Fantasia - O Reino das Pedras Verdes - Ala
Conta a lenda que no Reino das Pedras Verdes somente vivem mulheres -
as Amazonas. Caçam, pescam, fazem cerâmica, redes, tecidos, enfeites de
penas etc. É uma comunidade onde todos possuem tudo em comum.
22º Fantasia - As amazonas -Ala
Lindas índias, que guardam para si o segredo de um amuleto famoso: o
Muiraquitã.
Alegoria 5: O
Encanto entre as Amazonas, Borboletas e Beija-flores
A riqueza da vida das Amazonas - índias guerreiras, com o sangue aguerrido
à defesa cultural e, sobretudo, territorial da terra de Tupã. São as estórias
das mulheres guerreiras que, por esse mundo de meu Deus, seguem encantando
a todos... De encanto em encanto, o bater das asas das borboletas representa
o nascimento do primeiro beija-flor, uma ave ágil e veloz, que leva consigo
para o céu as almas indígenas e, abençoado por Tupã, descobre as cores
do universo, libertando-as debaixo de um imenso manto azul, colorindo
o universo e espalhando alegria e felicidade para o mundo.
5º Setor - Da lenda
do guaraná às aventuras do moleque Saci e do Homem Boto...
23º Fantasia - Cesto de frutas - Ala
As frutas de Aguiri, que se alimentava somente de frutas, todos os dias
saía pela floresta à procura delas, trazendo-as num cesto para distrubuí-las
entre seus amigos.
24º Fantasia - Jurupari - Ala
Representa o Deus da escuridão, o mal da floresta - que se transformou
em serpente venenosa e matou Aguiri.
25º Fantasia - Os olhos de Aguiri/Guaraná - Ala
A ordem de Tupã para que os olhos de Aguiri fossem arrancados e enterrados
debaixo de uma árvore seca, e deles nasceria um fruto. Assim foi feito,
e nasceu o fruto do guaraná...
26º Fantasia - Saci-pererê - Ala
Diz a lenda que o Saci-pererê é negrinho, de uma perna só, arteiro, de
olhos carbulantes, que usa uma carapuça vermelha à cabeça, cujo poder
mágico lhe é conferido. A lenda do saci-pererê é considerada uma das mais
conhecidas da região amazônica e, sobretudo, a preferida das crianças.
27º Fantasia - Forró - Ala
Diz a lenda que são as festas que o boto - transformado em homem - freqüentava
na beira do rio à procura de lindas mulheres...
28º Fantasia - O homem boto
O homem boto é um personagem das lendas amazônicas, que, além de sedutor,
está sempre pronto para fazer o bem...
Alegoria 6 - O
Homem Boto: o "Galã" das Margens do Rio
Representa a faculdade que o boto tem de transformar-se em homem e, nesta
condição, seduzir as moças do interior que costumam dançar nas festas
à beira de rio. O sedutor homem boto seduz também as que vão tomar banho
sozinhas nos rios amazônicos, principalmente se estiverem mestruadas,
e as que se atrevem a andar em pequenas canoas... Contudo, o homem boto
é um personagem das lendas amazônicas que está sempre pronto para fazer
o bem.
6º Setor - O canto
mágico do Uirapuru
29º Fantasia - Catuboré: a flauta encantada -
Ala
Homenagem a um jovem índio, não muito belo, que era admirado e desejado
por todas as moças de sua tribo, por tocar flauta maravilhosamente bem.
Por este motivo, deram-lhe o nome de "Catuboré: a flauta encantada".
30º Fantasia - A cobra venenosa - Ala
A cobra venenosa que picou o jovem Catuboré, dias antes do seu casamento,
causando uma infinita tristeza a todos de sua tribo, sobretudo em Mainá,
sua noiva.
31º Fantasia - Tupã - Ala
Tupã, o Deus da Amazônia, das águas, das matas, das cores, que com seus
poderes abençoava e abençoa todos os seres da floresta.
32º Fantasia - O canto do Uirapuru - Ala
A alma do jovem Catuboré é transformada no pássaro Uirapuru, que possui
um canto maravilhoso, uma paixão, semelhante ao som da flauta encantada,
e alegra todos os seres da Amazônia.
33º Fantasia - Peixes - Ala
Homenagem a todos os seres dos rios amazônicos - o reino das águas.
34º Fantasia - Onça - Ala
Homenagem a todos os seres das matas amazônicas - o reino da floresta.
35º Fantasia - Pássaros - Ala
Homenagem a todos os seres dos ares amazônicos - o reino celestial.
Alegoria 7 : O
Canto do Uirapuru Encanta a Tradição Portelense
O jovem Catuboré é transformado no pássaro Uirapuru - dono de canto maravilhoso,
doce e encantador, que contagia a todos na floresta, que se calam em sinal
de respeito e de admiração. Aqui, nesse encontro mágico e universal chamado
carnaval, o canto do uirapuru encanta a tradição portelense...
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