FICHA TÉCNICA 2008

 

Carnavalesco     Renato Lage e Márcia Lávia
Diretor de Carnaval     Luis Otávio Oliveira Novello
Diretor de Harmonia     Fernando Costa Patrício
Diretor de Evolução     Fernando Costa Patrício
Diretor de Bateria     Marco Antônio da Silva (Mestre Marcão)
Puxador de Samba Enredo     Melquisedeque Marins Marques (Quinho)
Primeiro Casal de M.S. e P. B.      Reinaldo Teixeira (Ronaldinho) e Gleice Brito (Gleice Simpatia)
Segundo Casal de M.S. e P. B.     Carlos Eduardo Júnior (Mosquito) e Mara Rosa
Terceiro Casal de M.S. e P. B.      Daniel Jofre e Luana Gomes
Resp. Comissão de Frente     Hélio Bejani e Irene Orazen
Resp. Ala das Baianas     Jurema Gastão
Resp. Ala das Crianças     Não teve
Resp. Galeria de Velha Guarda     Maria Aliano (Caboclinha)

 

SINOPSE 2008

O Rio de Janeiro continua sendo...

Justificativa:

          Rio de Janeiro cidade cantada em prosa e verso, quem te viu pela primeira vez há quinhentos anos, te vendo agora é tomado pelo mesmo encanto que ainda possuis. Cidade amada, feita para o mundo, hoje quem te canta é o Salgueiro porque tem o direito de cantar-te, como escola de samba que é carioca de fato. Escola que te sente pulsar na veia, que te tem em cada samba inventado e se inspira em teu modo de ser.
          Rio, o Salgueiro se vê como parte da tua história. Como pedra e como fonte da tua formação cultural e tem como dever, talvez nesta hora tão difícil, dissipar as nuvens que te escondem o sol, fazendo o que o Salgueiro sempre fez: impor o estandarte da alegria, te trazendo para a avenida num desfile de carnaval.
          E assim se faz a força do samba, como uma fábrica de sonhos e celebração da vida. E o Salgueiro sabe o seu papel. Vai abraçar esta cidade acolhedora, que resiste às idades e às épocas e tem como figura central o carioca. Personagem descrito por Fernando Sabino, não como alguém oriundo apenas do Rio, mas como “um estado de espírito, de alguém que tendo nascido em qualquer parte do Brasil (ou do mundo) mora no Rio de Janeiro e enche de vida as ruas da cidade.”
          Ruas cheias de promessa, de tipos, de amorosidade. Ruas onde se vive o improviso, a graça, a saborosa desordem. Onde ninguém parece ter o que fazer, e todos fazem à sua maneira o jeito único de ser o Rio. O Rio do carioca de Millôr “que pensa que não trabalha, mas é um virador por natureza”. O Rio informal que bebe e come ocupando as calçadas, que curte um bronzeado na laje, que faz do lugar público o verdadeiro lugar-comum.
          É longa a estrada dos afetos, cidade dos subúrbios e das canções a beira-mar. Teu lema é congregar, quando é sempre pessoal no tratamento. Tua vocação é para festa e não para animosidade. Teu dom é contemplar o que a natureza te deu e ninguém há de tirar. Os paredões de pedra, a crista das montanhas, o curso do sol sobre as ruas, sobre as praças, os corpos graciosos saindo do mar, o casario nos morros desafiando a gravidade.
          Rio lição de vida, espírito leve, olhar crítico, dá ao outro o teu humor, teu papo, tua música, o teu “macete”. Oferece a naturalidade em relação ao teu próprio corpo. Empresta teu jeito descolado na van, na lotada, no trem, no metrô. Ensina como driblar o adverso, o adversário, o mau tempo que insiste, mas não te vence. Rio me dá a tua mão, eu sou o Salgueiro, sou carioca e sei “que a vida é aqui e agora e que tristezas não pagam dívidas” como entrega de novo Millôr jogando de bate-pronto.

Desenvolvimento:

Quadro 1: A chegada dos portugueses – uma visão paradisíaca

          Imagine a cena: verão de 1502 e alguns privilegiados portugueses avistam o Pão de Açúcar e adentram a baía que pensavam ser um rio. O Rio de Janeiro descoberto no dia de São Sebastião era uma visão deslumbrante, pedaço do Paraíso cravado entre as montanhas e o mar.
          Foi uma chegada espetacular numa terra abundante de frutos, pássaros e peixes, habitada por uma gente feliz que tinha a natureza a seu favor e uma paisagem que encanta até hoje. Cidade de Estácio de Sá aos pés do morro Cara de Cão, cujo destino é alimentar a fantasia e ser permanentemente poesia.

Quadro 2: O centro embrionário da cidade

          Vida que segue, o Rio, cidade colonial calma e preguiçosa é sacudida pela chegada da família Real Portuguesa. De repente mais de quinze mil pessoas chegam da Europa. A cidade cresce, as caixas baixas viram sobrados, o comércio se expande e aparecem novos tipos humanos na paisagem.
          O Rio virou a sede do governo português e a cidade ganhou novas construções, como a Escola de Belas Artes, a Biblioteca Nacional, o Jardim Botânico. A população se desloca para onde hoje conhecemos como sendo o centro da cidade. A vida urbana e cultural toma impulso. São novos teatros, tabernas, missões de artistas estrangeiros que retratam a paisagem e a vida cotidiana da cidade.
          Dom João VI, Carlota Joaquina e as intrigas da corte entram para a História do Brasil.

Quadro 3: Portas abertas para o mundo

          A Praça Mauá torna-se a porta de entrada da cidade. O ir e vir de pessoas de várias nacionalidades a fizeram uma janela aberta para o mundo. Destino silencioso dos monges beneditinos que construíram a principal igreja barroca da cidade envolta pelo movimento do porto e o burburio da vida noturna. Testemunha do nascimento do samba e anfitriã da Era do Rádio à Praça Mauá é uma síntese histórica da mistura carioca.

Quadro 4: O Rio de boemia, arte e poesia

          A cidade agora se espalhava. A Lapa ganhara o seu contorno e o seu perfil de bairro boêmio e cultural. A figura do carioca já se esboçava. Esta criatura humana sem igual.
          Na condição de metrópole o Rio de Janeiro foi adquirindo ares europeus. Bares, cafés e confeitarias transformaram a vida no centro.
          E a cidade seguiu seu destino de crescer sempre mantendo o seu encanto inicial. Novas praças se abrem aos cidadãos, a cidade cresce na vertical e o Rio escorre para os lados, para Zona Sul e para a Zona Norte.

Quadro 5: A caminho do mar...

          Perfurando túneis, contornando morros, subindo ladeiras, a cidade chega ao outro lado do mar. Mas atlântico eternamente cantado por músicos e poetas, jamais esquecido por aqueles que se entregam aos seus encantos. Copacabana, Ipanema, Leblon, são mais do que nomes de bairros, são jóias que se levam no coração.
          E na extensão de areia, nos calçadões ensolarados, a vida parece leve. Ali, perfila o carioca, cheio de graça, o turista impressionado com tudo o que vê e as horas se tornam felizes. Foi com delicadeza que a natureza dotou esta cidade maravilhosa, sua gente, suas montanhas, seus entardeceres tocando profundamente a alma.

Quadro 6: De trem vou Rio-rindo...

          Rio zona norte das passarelas sobre a linha de trem. Das pipas enroladas nos fios de luz elétrica. Dos campos de futebol sob os viadutos.
          Rio longe do mar, mas perto de um jeito de ser diferente, do improviso, de tiradas, de cadências que geram sambas de roda e tocam os bailes funk. Rio também de Nossa Senhora Aparecida, da quermesse, do mix de todas as religiões. O subúrbio reserva a festa, o lugar perfeito entre o moderno e a tradição.

Quadro 7: O Rio de Janeiro, fevereiro e março...

          Rio é quase sinônimo do carnaval, como é de mulher bonita e de praia e de sol incomparáveis. E o carnaval do Rio reúne e congrega a todos, e a todos provoca o sentimento de sermos parecidos e iguais naquilo que nos une: o amor à cidade. E como disse o cronista João do Rio: “É este mesmo o sentimento imperturbável e indissolúvel, o único que, como a própria vida, resiste às idades e às épocas.”

Renato Lage e Márcia Lávia

 

SAMBA ENREDO                                                2008
Enredo     O Rio de Janeiro continua sendo
Compositores     Dudu Botelho, Marcelo Motta, Luiz Pião, Josemar Manfredini e João Conga
Canta meu Salgueiro!
Um "Rio de Amor" vai desaguar
Meus versos vêm no "Tom" da Poesia
Da beleza que irradia
E fez o lusitano se encantar
Paraíso de riquezas naturais
Coração do meu país
Seduzindo a nobreza
Terra de gente Feliz
Chega a Família Real
Dando um charme especial
O porto agita a Praça Mauá
Onde a semente do samba se fez brotar

Eu sou o Rei da Boemia
Carioca, sou da Lapa, Patrimônio cultural
E me banhei de alegria, tiro onda, dou meu jeito
Minha Vida é um carnaval

Divina obra-prima pra se admirar
Entre morros e ladeiras
A brisa embala as ondas do mar
Essa gente tão cheia de graça
O turista que leva saudade
E o redentor abençoando
Maravilhosa cidade
O Suburbano improvisando muito bem
Vai batucando na lotada ou no trem

E deixa o sol bronzear
No calor do meu Salgueiro
Eu sou raiz desse chão
E canto a minha emoção
Salve o Rio de Janeiro