A Zona Sul do Rio de Janeiro produz,
há 39 anos, num bairro musical e boêmio, o mais puro suco do samba
carioca. É a escola representativa da genuidade do povo da Zona Sul,
desde os meados de 1961, que se mistura no asfalto para batucar, sambar
e cantar.
A Escola que mistura boêmios,
adultos, velhos e crianças, abraçando toda a Zona Sul, para saudar
com alegria a ópera do povo no canto e no remelexo dos mais vibrantes
e sedutores com toda a sua irreverência.
Eis a São Clemente, de Ivo da
Rocha Gomes, que entra na Passarela do Samba, para manter sua tradição,
sua alegria, sua irreverência e respeito à sua história cultural.
Como tudo começou:
Em meados de 1953 um grupo de jovens do bairro de Botafogo,
admiradores da arte do futebol, participaram de uma equipe nas cores
azul e branca, que se chamava São Clemente Futebol Clube,
em homenagem à rua em que moravam. Frequentemente faziam excursões
para jogar em outras cidades.
Numa dessas excursões,
a Bananal / SP, o grupo reuniu-se em frente a Vila Gauí existente
até hoje na Rua São Clemente 176, e enquanto aguardavam os companheiros,
Ivo da Rocha Gomes, responsável pela equipe, avistou uma barrica
vazia de uvas, que de imediato transformou em instrumento musical
para uma animada batucada. À empolgação foi tanta, que Ivo da Rocha
Gomes resolveu criar o "bloco de sujo" que desfilava pelo
bairro de Botafogo com as cores azul e branca e o nome de São Clemente
Futebol Clube.
Desde 1984, a São Clemente
optou por uma linha de enredo que, comprovadamente, a define como
uma escola de samba preocupada com a problemática do povo brasileiro.
Naquele ano, no 2° Grupo, apresentou "Não corra, não mate,
não morra - O diabo está solto no asfalto", enredo que mostrava
a violência do trânsito nas grandes cidades. Dando continuidade
à proposta, em 1985, no 1° Grupo, desfilou com o enredo "Quem
casa, quer casa"; em 1986, apresentou "Pouca saúde e muita
saúva, os males do Brasil são"; em 1987, desfilou com "Capitães
do asfalto", abordando o tema da infância abandonada; em 1988,
"Quem avisa amigo é", um grito de alerta contra a violência
e, em 1989, "Made in Brazil!!! Yes, nós temos banana",
um hino de amor e fé no Brasill, e finalmente "E o samba sambou",
de 1990 (uma crítica aos próprios desfiles atuais das Escolas).
Carlos DAndrade,
juntamente com Roberto Costa, são os autores dos enredos citados,
exceção do de 1989, quando Roberto Costa se afastou para coordenar
os jurados da LIESA, retornando, novamente, à escola em 1990.
O porque do preto e amarelo:
A opção pelas cores preto e amarelo, ocorreu quando Ivo da Rocha
Gomes assistiu um jogo de futebol entre as equipes do seu querido
Fluminense e o time uruguaio do Penharol, gostou muito da combinação
de cores da camisa do time adversário, resolvendo, então, após consulta
a seus companheiros, substituir o azul e branco do então bloco carnavalesco
pelas atuais cores do G.R.E.S. São Clemente.
O saudoso Ivo da Rocha
Gomes, juntamente com joão Marinho e Ailton Teixeira, foram os idealizadores
e fundadores da escola de samba que tem o mesmo nome da rua onde
moravam: São Clemente. Todos moravam na Vila Ganhy, no bairro de
Botafogo. |