Meu querido VAZ LOBO...é bairro, é raça, é samba,
é UNIÃO
Introdução:
Quando lembramos que somos cariocas, lembramos
imediatamente do Pão-de-açúcar, do Corcovado, das praias e de outros
cartões-postais que marcam a imagem de nossa cidade. Claro, tudo isso
é fantástico, sentimos um orgulho impar de viver nessa terra abençoada
e maravilhosa, mas não podemos esquecer que temos nosso cantinho nessa
grande cidade, afinal, somos cariocas sim, mas cariocas de Vaz Lobo.
E
o que é ser carioca de Vaz Lobo? Morar em Vaz Lobo é viver intensamente
o samba, é lembrar com saudade dos artistas que aqui passaram, é cultivar
a verdadeira amizade, é sorrir o sorriso de nossos vizinhos e compartilhar
as dificuldades com quem precisar de nossa ajuda.
Hoje,
a União de Vaz Lobo, feliz por estar presente há mais de 70 anos nesse
bairro e fazer parte desta comunidade, demonstra, em forma de arte
popular, a história desse nosso pedaço de chão. Convocamos todos
os moradores de Vaz Lobo para uma grande festa. Convocamos todos nossos
amigos e vizinhos para juntos, repletos de orgulho e vaidade, cantarmos
nosso bairro, nossa origem, e nosso passado. Relembraremos juntos
a história de nossa terra e de nossa gente. Relembraremos a nossa
própria história, a história de nossos pais, de nossos avós, a história
de toda uma comunidade. Cantaremos juntos a história do NOSSO QUERIDO
VAZ LOBO.
Sinopse:
Criada em 1644 pelo padre Antônio Martins Loureiro,
a Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação do Irajá ocupava uma
vasta área de terra doada como sesmaria aos jesuítas.
Confiscadas
e vendidas em hasta pública em 1759, de acordo com a política adotada
pelo Marquês do Pombal, surgiram desta divisão várias fazendas, sítios
e chácaras, que por quase dois séculos abasteceram a cidade com os
mais diversos produtos agrícolas. Em uma dessas chácaras viveu o tenente-capitão
José Maria Vaz Lobo, que deixaria seu nome eternizado na memória da
região e de seus moradores.
Nas
terras de Vaz Lobo plantaram-se aipim, café e batata-doce. A área
destinada a agricultura se estendia até a subida dos morros, que possuíam
uma vegetação cerrada até a chegada da produção de carvão a "balão",
atividade que se tornaria comum em vários subúrbios do Rio do Janeiro.
Com
as reformas no centro da cidade vieram novos moradores. As antigas
fazendas, sítios e chácaras cederam lugar a novas ruas e praças. Pela
estrada Marechal Rangel passavam as linhas de bonde Madureira/Irajá
e Madureira/Penha. Inicialmente puxados a burro, esses bondes só foram
substituídos pelos elétricos em 1928, três anos após a chegada
da eletricidade na região, o que faz desses os últimos bondes puxados
por tração animal que deixaram de circular pelas ruas do Rio de Janeiro.
Mais tarde, a antiga estrada Marechal Rangel, via mais importante
do bairro, passaria a homenagear o ministro Edgar Romero, ilustre
morador da região que, vindo de Sergipe para a casa de um tio, tornou-se
Ministro do Tribunal de contas da União.
Apesar
do progresso, Vaz Lobo preservava seu bucólico ar suburbano. Ar suburbano
que serviu de cenário para personagens de Nelson Rodrigues. O comércio
prosperava a olhos vistos. O Cine Vaz Lobo se torna o principal ponto
de encontro da juventude. Os salões de sinuca despontam como centro
da boemia local. O futebol tem no time do Cajueiro seu principal representante.
Até hoje, craques anônimos desfilam seus talentos nas peladas realizadas
no antigo campo.
Nas
várias colinas que cercam o bairro, prosperaram manifestações populares
como o Jongo, a capoeira e o samba. Os antigos moradores lembram com
saudades da Unidos do Congonha, do Bloco Beijo na boca, Limoeiro e
do Prazer da Serrinha, embrião de onde surgiria o poderoso Império
Serrano.
Quando
chegava o carnaval o bairro se enfeitava. Suas praças eram decoradas
e o povo saía às ruas fantasiados de clóvis, colombinas, pierrot,
piratas e quaisquer outras fantasias que a criatividade local pudesse
conceber. São famosas, também, as tribos de índios que até hoje abrilhantam
nosso carnaval. O belo coreto, orgulho dos moradores, por várias
vezes o primeiro colocado nos concursos patrocinados pela prefeitura,
até hoje se mostra imponente ao lado do velho chafariz.
Nesse
bairro alegre e aconchegante, que hoje é ponto de encontro de jovens
universitários, nasceram grandes sambistas que marcaram época.
Poetas que deixaram seus nomes registrados na história dos desfiles
das escolas de samba e porta-bandeiras que encantaram o público com
suas mágicas danças.
Hoje,
a União de Vaz Lobo, como parte atuante dessa história, apresenta,
toda engalanada, a união dos vários segmentos da sociedade local.
Mostrando neste desfile de arte, com todo amor e carinho.......O meu
querido Vaz Lobo.
Academia do samba /
Comissão de carnaval
Bibliografia:
- CABRAL, Sérgio. As escolas de samba
do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro,
Ed. Lumiar, 1996.
- GANDRA, Edir. Jongo da Serrinha: Do
terreiro aos palcos. GGE, Rio de Janeiro, 1995
- GERSON, Brasil. História das ruas
do Rio. Editora livraria brasiliana, Rio de Janeiro, 1965
- VASCONCELOS, Francisco de. Império
Serrano - O primeiro decênio 1947/1956. Rio de Janeiro, Ensaios
de carnaval n. 2, 1991.
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