Uraiti, contando e cantando

Sinopse:

          Recebemos da mãe África generosa quantidade dos ingredientes que compõem nosso tão falado caldeirão cultural. Conhecimentos, saberes, procedimentos chegaram às terras brasileiras e nos foram transmitidos através da oralidade, como dizemos aqui; boca a boca. Magia, poesia, emoção, sentimentos verdadeiros, impregnados de filosofia, caracterizam o que denominamos sabedoria popular e que somente pelo poder da transmissão oral sobrevivem.

Quem foi ao vento perdeu, o assento.
Digo cuidado, prá depois, não dizer coitado.
Quem não tem cão, caça com gato.
De grão em grão, a galinha enche o papo.

          Nossos ditos populares, são de origem diversas, porém a forma de transmiti-los, herdamos de uma tradicional prática africana. Lá, em diversas regiões existem indivíduos que através da oralidade, são responsáveis pela transmissão de costumes e tradições. Contando estórias, entoando cantos, versando ou recitando. O GRIOT transmite a quem se dispõem a ouvi-lo, total conhecimento sobre o povo de uma determinada região. Pode ser considerado como um verdadeiro arquivo, uma biblioteca humana.
          No Brasil não temos caracterizada especificamente, a figura do Griot, porem a transmissão de conhecimentos, a preservação das tradições e a produção cultural popular, tem na palavra falada, seu mais poderoso instrumento.

Incrível, fantástico, extraordinário.
Estórias que metem medo.
Estórias que fazem rir.
Estórias que nos ensinam
Estórias prá boi dormir.

          Nosso povo desenvolveu na diversidade de nossa terra, comportamentos, estilos, filosofias, técnicas e manifestações artísticas que se movimentam freneticamente pela verbalização de nossos contadores de estórias, de causos, nossos cantores, pregoeiros, locutores, partideiros, ogans, rappers e repentistas.

Quem espalha vento colhe tempestade.
Quem conta um conto, aumenta um ponto.
Quem canta, seus males espanta.
E o cantor apanha, se falar palavra errada.

          Seja na poesia, na interpretação dos buzios, no partido alto, ou na lábia da malandragem, exaltamos a maestria com a qual velhos e novos Griots cantam, contam e nos encantam.

Axé Mãe África!!!

Sérgio Falcão e Da Penha

Sangue
Que corre na veia...
Herança de nossos ancestrais
África tem um "Q" de emoção
Em variadas formas de expressão
Tem batuque na festança
E poesia no ar
Provérbios oriundos da África
Hoje fazem parte da nossa cultura popular

Quem não tem dinheiro, conta história
Uraiti vem buscar sua vitória
Griot, poeta espiritual
Vem na magia do meu carnaval

Cantadores e repentistas
Tiram onda e são artistas
Com maestria no cantar
Em cada canto é um encanto
Oásis de prazer
Na lábia da malandragem
Arrepia bateria que eu quero ver

Oh" Mãe África
Eu sou um eterno aprendiz
E lá vou eu com meu livro de memórias
De boca em boca
Fazer nosso povo feliz