FICHA TÉCNICA 2003

 

Carnavalesco     Jorge Freitas
Diretor de Carnaval     Índio
Diretor de Harmonia     José Carlos Alves (Zezé)
Diretor de Evolução     José Carlos Alves (Zezé)
Diretor de Bateria     Amadeu Amaral (Mestre Mug)
Puxador de Samba Enredo     Jorge Tropical e Anderson dos Santos (Tinga)
Primeiro Casal de M.S. e P. B.     Carlos Leonardo Batista de Jesus (Léo) e Carla Cristina Rocha Santos (Carla)
Segundo Casal de M.S. e P. B.     Igor Leal e Barbara Marcelle
Resp. Comissão de Frente     Eduardo Boal
Resp. Ala das Baianas     Marlene Maria Bragança
Resp. Ala das Crianças     Marilene Furtado Barbosa

 

SINOPSE 2003

Oscar Niemeyer, o Arquiteto no Recanto da Princesa

Justificativa:

            O enredo versa sobre a vida e a obra do mais conceituado arquiteto brasileiro, Oscar Niemeyer, com alusão à Princesa Isabel, a redentora, assim chamada por ter assinado a lei áurea, abolindo a escravidão no Brasil.
            Oscar Niemeyer é carioca de Laranjeiras, estudou na Escola de Belas Artes e foi diplomado em 1934.
            Além de Brasília tem obras nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e em vários países de outros continentes.
            Foi militante ativo do Partido Comunista Brasileiro do qual se desligou junto com Luiz Carlos Prestes, mas permanece até hoje com os ideais.
            É autor de várias obras literárias e é considerado um pensador de opinião.
            O Recanto da Princesa ao qual se refere o enredo, obviamente é o bairro de Vila Isabel, criado pelo Barão de Drumonnd, onde será construído um centro cultural, projeto arquitetônico do nosso homenageado, e que certamente será uma marca na cidade do Rio de Janeiro.
            Para a criação do samba enredo não há obrigatoriedade de citação de datas, lugares, nem nomes de obras do autor. O importante é que seja uma exaltação poética e emocionante como é o grande arquiteto homenageado.

Martinho da Vila
Rio de Janeiro, 27 de agosto de 2002

Sinopse

            Em homenagem à princesa defensora da libertação dos escravos, no século XIX, o Barão de Drumond, nomeou o novo bairro que surgia, e que havia sido uma fazenda da família imperial, de Vila Isabel. Um bairro de elite, mas com idéias sociais e de liberdade, com esses pensamentos propagandeados e ecoando em cada esquina. A princesa Isabel, acabou assinando a Lei Áurea em 1888 e a gente recém liberta, comemorou nas ruas, a princesa e a liberdade que surgia.
            “ato de assinatura da Lei Áurea, acabou se transformando em uma grande manifestação de massa. A cerimônia foi marcada para o Palácio Imperial. Na hora prevista, dezenas de milhares de pessoas concentraram-se no Largo do Paço. (...) O ato propriamente dito, caracterizou-se por cenas pouco protocolares. José do Patrocínio, líder abolicionista, atirou-se ao chão para tentar beijar os pés da princesa. De toda a cidade chegavam flores, que quase soterravam a apertada sala. Enquanto isso, sem que soubesse como, toda a cidade se enfeitava, e multidões tomavam as ruas do Rio de Janeiro. (...) Nada foi exatamente previsto. A princesa pensava apenas em ir até a sacada do Palácio, a fim de saudar a multidão e logo, retornar a Petrópolis. Porém no percurso entre o palácio e a estação de trem, a rota da comitiva real acabou sendo alterada pelo entusiasmo popular e transformou-se num desfile triunfal pela cidade. Na sacada, Isabel e a corte luxuosa, em frente ao palácio, o povo e a esperança. A festa continuou noite adentro. Ricos, desfilavam em carruagens, remediados zanzavam pelo centro, negros batucavam nas praças. No outro dia, a festa continuou. A irmandade do Rosário dos negros, providenciou uma missa no Campo de Santana. Milhares de pessoas se acotovelavam na praça empunhando estandartes coloridos. Convocada as pressas, a família real com pareceu para assistir a cerimônia. No entanto, foi como vitória popular que a festa ficou na memória.” (Viagem pela História do Brasil)
            O tempo passou. Nas décadas seguintes, o “povo de Isabel” ocupou as ruas da cidade do Rio de Janeiro, excluído pela república oligárquica. Nas Laranjeiras, local preservado desta paisagem de pobreza, nascia nosso homenageado, Oscar Niemeyer. Criado no próprio bairro, Niemeyer preferiu, em sua juventude, mudar de ares. A Lapa, um símbolo do Rio, da Boemia e do povo, era seu local preferido. Por lá, encantou-se com os improvisos de uma gente que vivia, quando o óbvio seria apenas, sobreviver. Desde aquela época, já demonstrava sua aversão pelo óbvio. A beleza estava no inusitado das curvas da natureza, do linguajar malandro, das músicas e das mulheres brasileiras.
            Depois de formado na Escola Nacional de Belas Artes, Niemeyer freqüentou o escritório de Lúcio Costa. Participou da Comissão de Planejamento da construção do Ministério de Educação e Saúde, no Rio, com a supervisão de Corbusier. Na construção do complexo arquitetônico da Pampulha, MG, mostrou seu estilo. Revolucionando, consagrou-se, fazendo da curva, a melhor distância entre dois pontos. A mais bonita, a criativa, a que surpreende.
            “Também não me atrai a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai, é a curva livre e sensual. Curva do encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso de seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher perfeita.” (site deOscar Niemeyer)
            Entre os frutos e o reconhecimento deste primeiro grande trabalho, uma missão maior, a nova capital. O sonho de Juscelino, teria projeto urbanístico de Lúcio Costa, e em Niemeyer, o artista principal . O Palácio da Alvorada, a Catedral de Brasília, o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto, o Ministério da Justiça e o Palácio dos Arcos, levaram sua assinatura. Sendo difícil precisar qual seria o mais bonito, arrojado e sinuoso.
            Entretanto, o povo brasileiro, que um dia fora liberto por Isabel, continuava excluído, e isso incomodava. Entre suas lutas, o fim desta desigualdade, o nascimento de uma sociedade brasileira igualitária e justa, que seria concretizada através de uma inusitada curva à esquerda. A convicção e paixão por esta ideológica curva, levaram Oscar ao exílio nas décadas de 60 e 70. No exterior, a princípio um castigo imposto por quem governava o país, obteve mais prestígio internacional, ganhando prêmios e executando obras de importância mundial. Mesmo que já tivesse participado junto com Corbusier do projeto da sede da ONU em 1947, foi no período citado que ocorreu sua consagração, sendo responsável pelos traços de mais de 180 construções na América, Europa e norte da África. Perpetuando seu nome e o do Brasil, em mais de 20 países diferentes.
            De volta ao Brasil, suas obras eram mais que arte. Passaram a ter temas e funções sociais, levando seu trabalho ao povo, e para o bem dele. Escolas redentoras idealizadas por Darcy Ribeiro; O Sambódromo; O Palácio da Liberdade e da Democracia Tancredo Neves; O Memorial da América Latina, num resgate e preservação das culturas desses povos; o Museu de Arte Contemporânea em Niterói.
            Isabel, a princesa da liberdade, ficou na história e no nome de um bairro. O povo liberto por Isabel, infelizmente, não encontrou a igualdade. Entretanto, em nome do povo de Isabel, a comunidade de Vila Isabel, vai à avenida projetada pelo mestre, Louvar, agradecer e coroar o Gênio, o mito mundial, a lenda, o lutador, o homem Niemeyer, por ter cumprido a sua parte. O canto da poesia ( A vila de tantos poetas), num canto, à poesia de seus passos e de seus traços. O canto de gratidão, feito por essa gente do recanto da princesa.
            Nossa sede era nossa sede, mas foi saciada nessa fonte inesgotável de sabedoria e criatividade, chamada Oscar Niemeyer, que acaba de traçar mais uma curva social e cultural, mudando os rumos de nossa comunidade, hoje, o povo de Isabel...
Viva Niemeyer, Viva a princesa, Viva o povo, Viva a Vila

Jorge Freitas

 

SAMBA ENREDO                                                2003
Enredo     Oscar Niemeyer, o Arquiteto no Recanto da Princesa
Compositores     Jorge Tropical
O povo de Isabel
Vem coroar
Sob a luz das estrelas a brilhar
Um coração guerreiro de paz que nos traz
No silêncio do risco um grito de igualdade
Em seus ideais...
Essa paixão que invade a razão
Marco na Avenida projetada
Gênio à Alvorada - Capital
Arcos dos sonhos sociais
Lenda e mito memorial

É a Vila!... é a volta!... um canto no Boulevard!...
É a reviravolta do "Archi-teto"!...
"Artista-Concreto", um "Gauche-ereto"...
Filosofia de um partido a participar...

"Niemeyer brasileiro da gema"
Traços de um poema em construções
Cada coluna... belas artes...
Novo mundo de idéias curvas... realizações!
Lá no exterior se consagrou
A luta pelo povo jamais abandonou
Liberdade na expressão da emoção
O nosso manto estampado na vida
Desse nome singular
Que a comunidade abraça pra sambar

Um mundo melhor, pensamentos de amor
Colorindo a beleza do criador!...
Minha obra que é arte da natureza
Brota no recanto da princesa